quinta-feira, outubro 31, 2024

Será que é desta...?

 

A solução para retardar o envelhecimento estará mesmo a caminho...?

Creio que sim, que está mesmo a caminho. E só gostava era que chegassem a tempo de eu poder usufruir de alguns dos desenvolvimentos que vierem a mostrar-se efectivos, sem efeitos secundários, económicos, para uso geral. Admito que a cosmética venha a beber aí conhecimentos. 

Pelo que parece, o que está a descobrir-se abre caminho não apenas ao retardar do envelhecimento da pele mas também dos órgãos, nomeadamente o coração.

Notícias fantásticas. 

Daqui por não muito tempo a esperança de vida aumentará e creio que, por essa via, a qualidade de vida será incrementada (e as pessoas parecerão mais jovens até mais tarde). Assim a sociedade saiba adaptar-se (o que pode ser um desafio e tanto...). 

Aliás, as investigações em curso nas mais diversas áreas parecem abrir portas a um mundo novo. Sempre assim foi, mas agora, com as investigações em rede, com a partilha de informação disponível em qualquer lugar, a qualquer hora, com as sinergias que se criam, os avanços são mais rápidos, podem ser facilmente potenciados e, talvez por isso, parecem mais significativos.

E, no entanto, vejo estas boas notícias ao mesmo tempo que leio que morreu André Freire, pessoa que ouvia sempre com atenção. Segundo a notícia, foi operado a um ombro, supostamente uma operação pacífica, arranjou uma infecção na sequência da cirurgia e, num ápice, morreu. Fez-me muita impressão. Com tantos avanços científicos, tanta sofisticação e depois acontece uma coisa destas. Li que ainda na segunda-feira tinha estado a lançar um livro, certamente muito longe de pensar que estava a viver um dos seus últimos dias de vida. Por vezes a vida é ingrata, traiçoeira. E isso pode ser assustador.

Li ainda que André Freire foi operado na Luz mas que, face ao quadro, foi transferido para o São Francisco Xavier. 

Quando a coisa dá para o torto a valer, ainda bem que há o SNS. Infelizmente, neste caso, pelo triste desfecho, já não terá sido possível reverter o quadro. 

Lamento muito.

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New skin research could help slow signs of ageing | BBC News

Researchers have made a scientific discovery that could be used to slow the signs of ageing. 

The Human Cell Atlas project has discovered how the human body creates skin from a stem cell, and even reproduced small amounts of skin in a lab. 

As well as combatting ageing, the findings could also be used to produce artificial skin for transplantation and prevent scarring.

quarta-feira, outubro 30, 2024

Quais as causas para haver, em simultâneo, em vários países, uma crise na Habitação?

 

Até há relativamente pouco tempo não se ouvia falar em crise na Habitação. 

Aliás, há uns anos, antes da 'acalmia', mais concretamente em 2008, houve uma crise mas de sinal contrário. Se agora, o problema é a escassa oferta e, consequentemente, os preços muito elevados, há uns anos o que aconteceu foi o contrário: era área de forte investimento até que a dita bolha imobiliária rebentou, deixando os bancos entalados e, logo, o sistema financeiro a tremer.

Mas agora não é apenas em Portugal mas em vários países, alguns com ainda maior premência do que por cá, que as pessoas vêm para a rua gritar pelo direito a uma habitação digna. Casas não as há, quer para vender quer para alugar, pelo menos a valores compagináveis com os rendimentos da classe média baixa. Parece que as casas 'económicas' desapareceram. Há, sim, casas milionárias ou milionaríssimas que, estranhamente, também se vendem e arrendam bem, embora certamente a outra camada da população, se calhar, até, a estrangeiros.

Há pouco, estávamos a jantar e a ver, na RTP 3, o Jon Stewart com Josh Shapiro, Governador da Pennsylvania. E, para meu espanto, um dos temas abordados foi também o da crise da Habitação.

Ora o que há de comum entre Portugal, Espanha, França, Irlanda, Reino Unido... e Argentina, Canadá, Austrália, Estados Unidos... para que não haja casas disponíveis para a classe média e média-baixa?

A população está a aumentar de forma rápida, não orgânica? 

Em Portugal, o número de imigrantes é de ordem a justificar a escassez de casas? Até pode ser. Felizmente, a demografia anémica de Portugal está a ser compensada com os imigrantes. Já aqui o referi muitas vezes: tomara que por cá se mantenham e se instalem e formem família, de preferência com muitos filhos. Mas, na realidade, são centenas de milhares de pessoas que têm que ser alojadas.

Ou a crise da Habitação tem também a ver com o advento do turismo fora do âmbito hoteleiro? Estará a crise relacionada com a implantação de plataformas como o Airbnb (escrevo no plural pois não sei se não haverá mais)? Por todo o lado há casas que saíram do mercado do arrendamento tradicional ou em que provavelmente os donos desistiram de as pôr à venda pois o rendimento que obtêm com o alojamento local é bem mais atraente.

Gostaria de ver um estudo exaustivo sobre este tema, identificando, por um lado, o número de casas que seria necessário para alojar o acréscimo de população e, por outro, o número de casas que foram subtraídas do mercado habitacional por transferência para o mercado turístico. Creio que estes dois factores são transversais a todo o mundo dito ocidental (que acolhe imigrantes e turistas).

Penso que, com um estudo fundamentado e com números exactos e uma distribuição geográfica das carências, seria mais fácil encontrar soluções.

O que me confunde é que ouço frequentemente dizer que o problema não é a falta de casas. Não sei se há nuances semânticas nisto. Não vale dizer que há casas, são é de gama alta. Se a população que se queixa de falta de casa é gente com fracos rendimentos, o facto de haver casas de 1 milhão ou com rendas de mais 2 mil euros não vem ao caso. Nem vale dizer que há casas, por exemplo podem usar-se conventos ou quartéis, pois instalações dessas poderão ser reconvertidas para hotéis mas dificilmente para apartamentos (digo eu).

Ou seja, penso que tem que haver um mapeamento exacto do que falta e das suas características e localização. 

E também não vale a pena tentar travar o que não é travável, tal como o turismo que se se instala em alojamentos locais. Quando muito consegue racionalizar-se, mas não travar. Pode, também quando muito, tornar-se o arrendamento habitacional mais atractivo para os senhorios (impostos mais baixos, por exemplo). Mas nunca a solução passará por aí.

Seja como for, em abstracto, creio que o que há é fomentar a construção rápida, económica e bem pensada de construção de habitação, não direi social mas para uma população de baixos rendimentos. E isto deveria ser pensado de forma articulada, discutido, entregue a quem sabe: equipas mistas de arquitectos, sociólogos, engenheiros civis e engenheiros urbanistas. 

Não pode ser feita uma coisa às três pancadas, na periferia. Não queremos, certamente ter mais bairros sociais, indistintos, nos limites das cidades, futuros ghetos. 

Creio que há técnicas de construção económicas e seguras que não têm que ser necessariamente ruinosas para os empreendedores. Ainda agora vi que em Estarreja, numa fábrica, estão a apostar em técnicas económicas e sustentáveis para a construção. Tem que haver investigação e investimento forte nestas áreas.

Não creio que tenha que ser construção pública. Pode ser. Mas não tem que ser forçosamente pois as naturais limitações orçamentais do Estado não devem ser um travão para a resolução deste grande problema. 

Agora que se perceba de que é que efectivamente se está a falar, quais as causas, de que é que se precisa exactamente. E que se perceba que isto é um tema global. Que se aprenda com os outros, no que for de aprender. 

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Partilho um vídeo sobre o tema. Contudo não são abordadas possíveis causas que me parecem bastante prováveis como as que referi (o disruptivo e não linear crescimento da população pela incorporação de imigrantes no tecido social e o grande afluxo turístico que se aloja em casas que antes eram habitacionais).

The Global Housing Crisis in 5 Minutes

The global housing market has reached boiling point. Prices are going through the roof, home-ownership rates are at all-time lows, and supply is consistently below what is needed. As we go through multiple global cities, we investigate the main problems with the housing market, as well as the possible solutions.


terça-feira, outubro 29, 2024

O Ministro Sarmento para além de não gostar muito da verdade, de misturar alhos com bugalhos (confunde, por exemplo, gestão de tesouraria com gestão orçamental) e de dizer que as cativações dele não são bem cativações, tem uma outra particularidade: não sabe falar. Por exemplo, diz "póssamos". É abaixo de mau.
Para compensar, peço muita desculpa mas tenho mesmo que invocar Puttin' on the Ritz

 

Foi a minha filha que me chamou a atenção e, como eu não tinha visto, até me enviou um vídeo que fez. Só que, por nabice minha, não consigo aqui incorporá-lo. Mas é uma cena verdadeiramente badalhoca: o Sarmento parece dirigir-se a esse outro que, com o que tem feito e dito, tem evidenciado ser uma nódoa na nossa democracia. Às tantas, com aquele seu arzinho ladino de chico-esperto, Sarmento diz: 'Quando descobrirmos qual o programa eleitoral que o Chega defende, talvez póssamos falar de programas eleitorais'. Ventura ri-se.

E eu só tenho pena de não poder correr com ambos, um do Governo e outro da Assembleia. É que não se aguenta. É mau de mais.

Já houve um tempo em que o Governo era formado por gente culta, inteligente, competente, e em que os deputados eram gente de bem, os melhores representantes da população, gente digna, séria, bem educada, bem formada. Agora é isto. Claro que haverá gente de bem, claro, uns quantos que ainda se aproveitam (felizmente), mas depois há um rebotalho que é isto. 

O que as televisões nos mostram é uma dor de alma: uns são mentirosos, outros mentalmente desonestos, outros broncos, e agora até isto, gente que nem falar sabe. Caraças. E há casos em que a mesma pessoa consegue ser isto tudo ao mesmo tempo. Um desastre.

A democracia, ao contrário da tirania, é benevolente, inclusiva, tolerante, avessa a linhas vermelhas. Portanto, gentilmente fecha os olhos às violações, aos atentados contra os seus mais valiosos princípios, abre as portas a quem tudo faz para a desgastar e, talvez, devorar.

Um dia ainda se fará essa reflexão. 

Esta queixa-crime colectiva contra André Ventura e Pedro Pinto é um bom passo nessa direcção. Não deveríamos deixar passar actuações como as destes dois. Mas muito mais se deveria fazer. 

E deveria haver também uma qualquer acção pública de denúncia contra os crimes contra a língua portuguesa praticados por gente paga com o dinheiro dos nossos impostos e que supostamente nos representa e/ou governa.

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Como fico doente com isto, tenho que respirar outros ares.

Pode ser isto.

Morecambe and Wise - Puttin' On The Ritz (1960s)


segunda-feira, outubro 28, 2024

O tempo dos cogumelos

 











Hesitei ao dar o título a este post. Pensei em escrever 'o tempo da magia'. Para mim, o que se passa é mágico. Até há pouco tempo a terra estava seca. Agora, com as chuvas, todos os dias dela irrompem estes pequenos seres. 

Já ontem aqui falei neles. Aliás, todos os anos, por estas alturas, falo deles. Fascinam-me. Nascem já feitos. Vêem-se a levantar a terra e as folhas secas que têm em cima. Se são grandes, nascem logo grandes. E, apesar de virem de dentro da terra molhada, vêm limpos. Os brancos, por exemplo, vêm imaculados. Dá ideia que depois sacodem os grãos de terra pois aparecem polvilhados mas depois ficam limpinhos.


E, com o auxílio da Lens do Google, já vi que tenho cá uns lindos branquinhos que são super-venenosos, nomeadamente os que aqui mostro. Vamos ter que arrancá-los pois embora o nosso cão nunca tenha mostrado interesse por cogumelos, não fico descansada enquanto eles ali estiverem.

Alguns, no dia ou dias seguintes, aparecem com bocados a menos, presumo que haja quem ande por ali a banquetear-se.




A propósito, há bocado fiz iscas para o jantar. Quando ia cozinhar, resolvi ir apanhar umas folhinhas de louro e um pé de alecrim. Mas, com a mudança da hora, já era de noite. Liguei a lanterna do telemóvel e lá fui. Pois bem, digo-vos: fez-me um bocado de impressão. Ao pé de mim, ouvi correr. Não sei se era gato, coelho ou outro bicho mas nitidamente ouvi uns pezinhos a correrem ao meu lado. Depois uns barulhinhos não identificados. Voltei rapidamente enquanto pensava que para a próxima tenho que me abastecer durante o dia. Nem tão cedo me apanham em incursões nocturnas...

Mas não é só da terra que irrompem os cogumelos. Até das nesguinhas de musgo que se formam de  pequenas brechas nos caminhos de pedra eles nascem. Uma coisa extraordinária (mágica, não é?)

Depois, ou porque são comidos ou porque secam, ao fim de poucos dias desaparecem. Nem fica rasto deles.

Fiz não sei quantas fotografias. Encanto-me.

E, ao fim do dia, com o sol dourado por entre as árvores, foi aquela paz que me invade e que me deixa feliz e agradecida.


E portanto, para resumir, o que posso dizer é que por aqui ando, tranquila, descansada e bem disposta, um misto de estar de férias, de ser turista e de ser uma criança à descoberta de tudo.

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Desejo-vos uma boa semana a começar já nesta segunda-feira.

Saúde. Boa disposição. Paz.

domingo, outubro 27, 2024

A pessoa por detrás do Peçanha

 

Não se espantem por eu andar a passar ao lado dos temas da actualidade mas estou mais numa de peace and love, por exemplo a ver cogumelos (que irrompem aos montes por todo o lado -- uns gigantes como naves espaciais, outros gordos como farófias, outros pequenos e robustos como anõezinhos bem alimentados, outros que não parecem o que suponho que sejam), a andar a ver os reflexos de luz nas límpidas gotas de água que pendem das folhas, a fotografar tudo o que mexe e tudo o que está imóvel. 

Para além disso, de noite ouvimos um barulho não identificado e, acto contínuo, o cão desatou a ladrar freneticamente. Assustei-me, claro, o meu marido foi passar revista à casa e etc. Não descobriu nada mas ficámos intrigados. Com isso, claro que fiquei sem sono. Só voltei a adormecer já quase amanhecia. Por isso, agora que liguei o computador e me instalei no sofá, estou só a adormecer, estou com o computador no colo há séculos e tem sido uma luta, a maior parte do tempo a dormir.

Praticamente não tenho vi televisão, pois não se aguenta. Li o Expresso de ponta a ponta, por vezes em rápida diagonal, outras vezes bem devagarinho. 

E agora à noite estive a ver alguns vídeos bem interessantes, entre os quais uma entrevista a António Tabet, um dos meus preferidos da Porta dos Fundos.

Como sempre, só posso concluir que quem vê caras não vê corações. A vida dele, um miúdo pequeno a cuidar do pai com cancro, a mãe, viúva (na altura com um filho bebé, para além dos mais velhos, o António, na altura com 15 e outro com 13), que se passou e mandou o filho de 13 para casa dos avós e a ele para fora de casa, depois a andar de casa em casa, não foi nada fácil. Como tudo foi incorporado até se tornar um humorista como ele é é extraordinário.

A entrevista é longa, e ainda bem, e ouve-se de gosto do princípio ao fim, por vezes a rir. Por exemplo, como se viu livre de um ameaçador grandão que estava a barrar-lhe a passagem, incorporando a personagem do 'policial Peçanha' é de gargalhada.

Antonio Tabet fala sobre relação difícil com a mãe, personagem Peçanha e trote no 1º emprego

O roteirista e ator Antonio Tabet é o convidado desta semana do “Desculpe Alguma Coisa”, videocast da escritora Tati Bernardi em Universal UOL. Tabet conta como foi expulso de casa aos 16 anos, após perder seu pai para um câncer agressivo no cérebro. Humorista, ele relembra o policial que inspirou seu personagem “Peçanha”, esclarece seu posicionamento político e diz que o humor paga um preço que nenhum político pagou com a polarização política.  


E agora acho que vou mesmo dormir.

(Obrigada pelos comentários e não levem a mal não responder a cada um, está bem?)

sábado, outubro 26, 2024

Há uma coisa que eu não compreendo: quem compra os livros ou lê as crónicas do Gonçalo M. Tavares gosta do que lê? A sério...?
Pergunto.
.

 

Este fim de semana, por uma vez desde há séculos, comprámos o Expresso. Estava curiosa com uma coisa. Muita parra e pouca uva. De facto aquele jornalista, ou lá o que é, é um tretas. Nem vou comentar junto do meu marido pois ele bem me avisou. De facto. Tipo mais tangas.

Contudo não se perdeu tudo pois, de caminho, estive a ler o resto. Deliciei-me com aqueles de quem sempre gostei, de que continuo a gostar e de quem, tenho a certeza, sempre gostarei.

E espantei-me, uma vez mais, com a vacuidade e o disparate pegado do que o Gonçalo M. Tavares escreve. E fiquei, de novo, na dúvida: serei mentecapta? insensível? ceguinha perante a qualidade? 

É que, se há tanta gente que gosta, quem sabe se o problema não é meu...

O que eu gostava mesto é que algum dos admiradores dele viesse aqui e me explicasse. A sério. Gostava mesmo de saber.

Ando há anos a tentar perceber porque é que o Moedas é tão valorizado

 

E ainda não percebi. Aliás, cada vez percebo menos.

sexta-feira, outubro 25, 2024

Marcelo, o big Chief das Forças Armadas, não diz nada depois do pseudo-ministro Rangel, num dos seus bem conhecidos ataques de histeria, ter destratado o chefe do Estado-Maior da Força Aérea?
Não vai andar por aí a mandar recados e dizer que é preciso cortar os ramos mortos das árvores?
Depois de ter feito a cama ao Galamba (que a única coisa de que é acusado é de ser um bom Ministro e ter defendido os interesses do País), agora vai ficar calado perante as diversas maçãs podres que há no cesto do Governo do Mentenegro?
Pergunto.

 

As pessoas desclassificam-se quando se mostram não isentas, não objectivas, tendenciosas, manipuladoras (estou a aprender com o Lentão, enunciando palavras sinónimas ou afins para parecer que se referem a muitas coisas).

Como muito bem diz o nosso Presidente Marcelo, o mundo gira a grande velocidade e tudo ganha grandes proporções muito rapidamente, tão rapidamente quanto os mesmos factos caem no esquecimento e perdem relevância. Mas eu, como sou antiga e ainda não me deixei contaminar pelas sôfregas redes sociais, não me esqueço muito facilmente. E não me esqueço, nem perdoo, a vergonhosa campanha que Marcelo fez contra João Galamba. 

Contudo, como, ao mesmo tempo, sou optimista e ingénua, ainda espero que Marcelo venha retratar-se em público, pedir desculpa pelo que fez e condenar a forma indecorosa como Galamba viu a casa revistada, bem como pedir desculpa pela pouca vergonha de o terem escutado ao longo de quatro anos. Poderá dizer que não foi por ordem dele ou que não sabia. Não colhe. Marcelo mete-se em tudo, tenta influenciar todos. Se faz campanhas públicas para apear ministros (e um primeiro-ministro), bem pode fazê-lo quando o cumprimento dos mais elementares princípios do Estado de Direito estão em causa. Apearam o pobre Galamba, humilharam-no, condenaram-no na praça pública. 

Mas não foi só Galamba a ser crucificado por Marcelo. O que fez com a Ministra Constança Urbano de Sousa foi identicamente imoral, desumano e indesculpável. E também ainda não ouvi a Marcelo uma palavra de pedido de desculpas públicas.

E agora em que há ministros do seu Governo (sim, seu) a portarem-se vergonhosamente, ministros incompetentes, mentirosos e mal educados, não diz nada?

Nem no absurdo, caricato e estapafúrdio caso do Rangel vai deixar passar? Vai deixar que essa criatura (a ser verdade o que se lê em notícias não desmentidas) chame burros e camelos aos militares e diga que só fazem merda? Vai deixar que desacate e destrate altas patentes em frente a subordinados?

Não pode.

Os spins da equipa do Mentenegro não deixam a Mini-strinha da Administração Interna abrir a boca porque toda a gente sabe que ela não sabe falar.
Mas, pergunto eu, acham que o Leitão Amaro sabe...? Acham mesmo que ele sabe falar...?
Pergunto porque não consigo perceber.

 

O Lentão, como o Ricardo Araújo Pereira lhe chama, não é capaz de dizer uma frase completa. Nem completa nem correcta. Perde-se em sinónimos como se estivesse a fazer um esforço para ser preciso, mas o tempo verbal nunca condiz, e, se o sujeito é singular, o verbo aparece no plural, se o sujeito é masculino, o adjectivo é feminino, e isto já para não falar, na interrupção ou na mudança de agulha a meio da frase, fazendo com que não haja um raciocínio que saia alinhado ou que faça sentido. Para parecer que vão fazer muitas coisas, vai dizendo sinónimos da coisa, tudo devagar, desprovido de substância. Vamos fazer, pôr em prática, lançar, pôr no terreno e vamos fazer tudo em todas as vertentes. 

Se lhe pedem informações concretas, Mas o quê? Pode concretizar?, aí é que a coisa se ensarilha. A gente percebe que o menino não sabe, não faz ideia. Mas disfarça, julga que somos parvos, e continua a desfiar palavras desconexas, desemparelhadas, ocas. 

O tema hoje tinha a ver, naturalmente, com os tumultos nos bairros pobres da periferia. Tema, portanto, para a pseudo-ministra Blasco. Pois bem, as televisões mostravam o Lentão, a duras custas, a tentar parir uma frase completa enquanto a cabecinha da dita, com um sorrisinho aluado, aparecia num plano abaixo, ao lado dele, como se não tivesse nada a dizer sobre o tema. 

Uma indigência.

Em situações complexas como esta que vivemos, temos abéculas destas no Governo. Caraças.

quinta-feira, outubro 24, 2024

Ah que bom poder estar em casa, descansada...

 

Já aqui falei nisso muitas vezes: casei-me com vinte anos. Estudava (ia às aulas, fazia trabalhos, tinha exames) em metade do dia e, na outra metade, dava aulas. 

Depois fui trabalhar para uma empresa. Usava diversos transportes públicos e, numa parte do percurso, uma carrinha da empresa. Saía de casa às sete e picos da manhã e chegava às sete e tal da tarde e, como coincidiu com o inverno, já era de noite. Entretanto engravidei. E ali andava eu. E até aproveitava um dos transportes para fazer rosetas de lã em crochet para fazer mantinhas para o berço. 

Depois nasceu a minha filha. Mudei de local de trabalho mas continuei a usar diversos transportes, aliás ainda mais, pois, antes de ir trabalhar, ia deixar a bebé a casa da minha sogra. E ao fim do dia a mesma coisa. Com ela ao colo, com sacos, em eléctricos, em autocarros. O meu marido estava na altura na Marinha e não conseguia andar ele a levar a nossa filha. Além do mais, eu amamentei-a até tarde. Ou seja, dava-lhe de mamar antes de ir trabalhar e, à tarde, mal chegava a casa da minha sogra, dava-lhe outra vez de mamar.

E logo a seguir engravidei do meu filho e aí levava-o a ele, levava-a a ela ao colégio. Felizmente (felizmente, neste sentido), entretanto o meu marido já estava a trabalhar numa empresa e já conseguia participar nesta logística, aliviando-me um pouco.

Nessa altura comecei a ter muito mais trabalho, com muitas reuniões, indo de vez em quando para fora de Lisboa e, por vezes, para fora do País.

Ou seja, não conseguia ter tempo de qualidade em casa.

Nessa altura os nossos filhos ainda não namoravam nem tinham os seus próprios compromissos, salvo algumas festas de anos ou práticas desportivas. Por isso, tínhamos margem para, ao fim de semana, combinar almoçaradas, picnics e passeios com amigos. E tínhamos também que visitar a família. Nessa altura ainda estavam todos vivos. Por isso, nem ao fim de semana eu conseguia estar calmamente em casa.

Quando vinham as férias, e geralmente nunca conseguíamos ter mais que três semanas, íamos sempre pelo menos uma semana para o Algarve, outra semana íamos passear e lá conseguíamos estar cerca de uma semana em casa para ir à praia por cá. Quando eu pensava o que queria fazer nas férias, o que eu gostaria mesmo era de ficar em casa, Mas, claro, em especial com crianças pequenas ou adolescentes, fazer praia era fundamental. Além disso, também gostava de passear.

E depois arranjámos a casa no campo e, por isso, os fins de semana passaram a ser lá mas era uma logística complicada, carregados de comida e toda a espécie de tralha. E havia obras, andávamos a plantar arvores, a família também ia muito lá.

Depois veio o tempo da velhice e das doenças dos pais de ambos, o que nos exigia visitas, trabalhos, fazer compras e ir lá levar, etc. 

Até ao fim (salvo os tempos do confinamento e do teletrabalho) diariamente saía cedo de casa e chegava ao fim do dia. Horas e horas de trabalho, rematadas e iniciadas com horas de trânsito. 

Quando estava a aproximar-se o tempo de nos reformarmos, o meu maior sonho era poder ficar em casa sossegada. 

Contudo, mal me reformei, tive um problema num joelho que me obrigou a exames e tratamentos, depois veio a Covid e o sono que nos trouxe, depois vieram as crises da minha mãe, estando duas vezes internada, depois veio aquele período em que eu julgava que ela andava constantemente com crises de hipocondria e várias vezes fui com ela para o hospital passando lá a noite inteira à espera. O desfecho foi o que eu não esperava, ao descobrir que, afinal, estava mesmo doente e de forma terminal. 

A seguir veio o calvário de esvaziar a sua casa.

Portanto, só recentemente me vi com disponibilidade para ficar em casa sem encargos, sem afazeres, sem preocupações. De vez em quando sinto que o meu corpo e a minha mente ainda não aprenderam esta nova realidade pois parece que ainda receio que venha alguma má notícia, parece que ainda receio afastar-me muito pois 'pode acontecer alguma coisa'. Mas, finalmente, começo a usar os meus dias para fazer aquilo de que gosto.

Por exemplo, hoje, depois do pequeno almoço, pus-me 'à verão' e fui sentar-me ao sol. Levei um chapéu e um livro. Ouvia os passarinhos enquanto lia. Uma maravilha. Entretanto, o meu marido foi desbastar um bocado de uma sebe para podermos ter mais sol no sítio onde eu estava. 

Depois fomos ao supermercado, ele foi comprar uns jeans e trouxemos o almoço de lá.

Aqui já em casa, almoçámos e fui outra vez sentar-me ao sol a ler. Depois vim para casa, estive a fazer coisas que devia. Mas tudo tranquilamente, na boa, sem pressas, sem stresses. 

Ao fim da tarde, a temperatura amena, a luz muito dourada, os passarinhos a esvoaçarem junto a mim, o cão sentado ao meu lado, pensei que finalmente, ao fim de tanto e tanto tempo, posso usar descansadamente a minha casa.

E é tão bom, tão, tão bom. Sinto-me feliz, agradecida.


quarta-feira, outubro 23, 2024

Escrever

 

Já aqui o confessei: nunca li nenhum livro de Stephen King. Basta serem best sellers para eu dar um salto atrás. Reconheço: tenho os meus preconceitos. Depois, o género terror ou fantástico envolvendo fenómenos paranormais também não me atrai e tenho ideia que os livros dele são assim. Se calhar, estou a ser influenciada pelas capas. Acho que nem nunca folheei algum, No entanto, algum mérito deve ter para se vender como vende e para ter várias obras adaptadas a cinema.

Quando aqui falei nisso, o Leitor Moraisalex comentou e deixou-me curiosa

Por isso, quando a Rosário Pedreira recomendou o livro Escrever, memórias de um ofício, achei que seria um bom livro para começar. 

E se já aqui referi que estava a lê-lo de forma corrida na parte autobiográfica, agora é mesmo com prazer que leio a parte da escrita (recomendações práticas, o seu exemplo, como transforma vivências reais em enredos, etc). 

Na componente biográfica tinha sido muito evidente a sua fantástica franqueza. Sem lamechice, sem moralismo, sem autopiedade, de forma muito linear e pragmática falou das dificuldades por que passou, falou do seu alcoolismo e da sua dependência de drogas e da forma como saiu de qualquer das provações. E agora na parte da escrita é puro gozo. E falo em gozo pois para ele escrever é um prazer, um divertimento, uma alegria. Não há dramatismo, não há angústia. Não há ortodoxia, não há arrogância. Há trabalho, persistência, humildade e há prazer.

A forma como fala da gramática seria muito bem acolhida pelos meus netos que se queixam do que lhes ensinam como se fosse matéria destituída de interesse. Aposto que aulas dadas por alguém que tenha uma abordagem como a dele, com exemplos comparativos, seria pura diversão da qual dificilmente se esqueceriam.

A par do que vai falando de gramática, do vocabulário e daquilo a que se poderá chamar a arte ou a inteligência criativa, Stephen King vai exemplificando com parágrafos ou pequenos excertos de escritores que todos conhecemos, desde os clássicos aos actuais, desde os consensuais ou mais marginais.

À medida que vou lendo vou assinalando as páginas em que há passagens que me parecem relevantes. Tinha até pensado transcrever algumas delas. Mas são muitas. Tenho preguiça... Se puderem comprem o livro pois vale bem a pena.

Por isso, vou antes partilhar dois vídeos em que dá para apreciar o seu estilo.

Stephen King Reveals His Top Five Stephen King Stories


What Ya' Readin'? with Stephen King


terça-feira, outubro 22, 2024

Os tipos do PSD são mal educados e arrogantes, não têm ética, são incompetentes e têm alergia à verdade
-- A palavra ao meu marido --

 

Após o congresso laranja, após a novela do orçamento (que me parece ir continuar na especialidade), após as acusações entre o Ventura e o Montenegro, após a atuação do PSD e do governo, confirmo a minha opinião de que esta gente não sabe  governar, muito menos na situação de minoria em que se encontra (situação essa que ainda não interiorizaram).  

Senão, vejamos:

Como é possível que o líder parlamentar do PSD seja constantemente mal educado e arrogante para as oposições? O que ele afirma e como afirma são de uma arrogância e de uma falta de educação que dizem bem da forma como o PSD se posiciona. 

A birra do  Rangel com chefias da Força Aérea, em público, revela que não deve ser ministro quem quer. É preciso saber estar e não mimetizar, nas cerimónias públicas, os histerismos exibidos anteriormente em comentários televisivos. Deplorável!

Mas a arrogância é também constante nos discursos do Montenegro (por exemplo, o que disse sobre os jornalistas teria dado origem a uma revolta das redações no passado recente), na forma como se recusa a responder aos jornalistas quando não lhe interessa abordar assuntos difíceis ou nas intervenções parlamentares.

O Moedas é outro exemplo acabado do mesmo.

A falta de ética revela-se em muitas coisas, como por exemplo, no que o Sarmento disse e contradisse sobre as contas públicas. 

Mas nada me parece mais desprezível do que apropriarem-se de medidas do PS afirmando "à cara podre" que são do PSD, sem referirem nem ao de leve que as mesmas já existem. O Montenegro voltou a fazer a mesma coisa no congresso do fim de semana. 

Mas não se ficam pela apropriação de ideias e iniciativas do PS. Como estão a apostar em eleições, também apresentam medidas suportadas em "ideias" do Chega, sem o referirem, para ver se conquistam os votos da  extrema direita. Para o PSD tentar ganhar eleições vale tudo, até "tirar olhos".

Sobre incompetência também estamos falados. Basta relembrar as Ministras da Saúde e da Administração Interna e os Ministros da Defesa e da Educação (afinal bastava mudar de governo para não haver problemas no início das aulas e continuamos  a ter dezenas de milhares de estudantes sem professores). 

Relativamente à "alergia â verdade" o rol é extensíssimo mesmo que nos detenhamos apenas no Montenegro. 

O que disse e desdisse sobre o choque fiscal, sobre o tempo necessário para a resolução dos problemas da saúde e da educação, sobre o crescimento da economia na legislatura em que assentou todo o programa económico (e que em seis meses passou de 3,4% no último ano para 1,8% e cuja média é inferior à media durante os governos do PS, mesmo tendo havido uma pandemia), a desfaçatez com que toma como suas medidas alheias  ou "o não é não" que afinal termina numa proposta de acordo com o Chega (estou convencido que neste caso quem falta menos à verdade é o Ventura) são as exemplos mais do que suficientes para confirmar que existe uma enorme "alergia à verdade" neste governo.

Eu sei que a comunicação social tem levado o governo ao colo e que a única coisa que o Montenegro tem feito é distribuir dinheiro a torto e a direito. A comunicação de direita presente nos meios de comunicação que desancou e desanca o PS continua ativa e nos mesmos sítios, mas caramba, será que a oposição, em vez de se deixar enredar pelo PSD e pela comunicação social, não tem bastas razões para fazer politica à séria e demonstrar a ineficácia e a vacuidade do governo? Tem com certeza!

segunda-feira, outubro 21, 2024

Sobre o comício do Montenegro, do (pouco) que vi pouca coisa tenho a dizer até porque o que vi foi coisa poucochinha. Só se for congratulá-lo por, no meio daquele empolgamento todo, não se ter posto a gabar o tamanho do pénis de alguma figura conhecida de Braga, por exemplo de algum arcebispo.

 

Se calhar é porque, apesar de tudo, o Luís tem algum controlo sobre o que diz. Não muito, não muito... já o Marcelo se queixou disso ao dizer que ele dá muito trabalho. Mas, apesar de tudo, sempre é mais atinado de boca que o Rangel e o Moedas, duas coisinhas histriónicas que estão bem uma para a outra e que abrilhantariam com alegria os comícios do Trump. 

Por isso admirei-me por essas duas coisinhas não o terem feito. Se calhar não viram o Trump em Pennsylvania, senão talvez tivessem seguido os seus bons exemplos ao gabar os dotes físicos e a 'macheza' de um certo falecido Arnold Palmer natural do sítio em que estava a decorrer o comício. 

Mas, para a próxima, como qualquer deles -- deles todos, Mentenegro incluído -- não tem nada de jeito a dizer e como parece que se limitam a desavergonhadamente apropriar-se de ideias já legisladas e postas em prática pelo PS (ou que estavam em vias disso, não fosse a Gago e o Marcelo terem arranjado maneira de correr com o Costa e, logo, com o Governo) e a despudoradamente apregoá-las como se fossem suas ou a cavalgar ideias do Chega, talvez os vejamos mesmo a subir ao púlpito para gabar a pila gigante de algum ilustre brácaro. E, sendo Braga um sagrado coito de arcebispos, ficar-lhes-ia bem destacar algum  deles. 

Aqui fica o vídeo para aprenderem como é. 

Bizarre moment Trump talks about golf legend Arnold Palmer's manhood at Pennsylvania rally

Trump was campaigning in Latrobe, Pennsylvania, where Palmer was born in 1929 and learned to golf from his father, who suffered from polio and was head pro and greenskeeper at the local country club. Politicians saluting Palmer in his hometown is nothing new, but Trump spent 12 full minutes doing so at the top of his speech.


domingo, outubro 20, 2024

Sábado assim-assim.
E receita de frango a que não sei que nome dar

 

Logo de manhã tive notícia que um amigo está numa situação clínica muito complicada e, pelo que é, ficámos todos preocupados. Fiquei em estado de choque e, como eu, todos os amigos. E porque vejo os que são médicos tão preocupados ainda mais temo que a situação seja mesmo crítica. Todo o dia tenho andado com esta apreensão. Ele é daquelas pessoas de quem ninguém poderia alguma vez pensar que lhe acontecesse uma destas. Muito jovial, muito alegre, com um aspecto saudável, cheio de energia e irreverência. E, de repente, está mal.

Portanto, o meu dia ficou um pouco toldado.

Não há dúvida de que, quando estamos bem, devemos dar graças por isso, curtir a generosidade da vida, degustar a felicidade. É que, de um momento para o outro, pode haver uma guinada de pouca sorte... Portanto, que, ao menos, tenhamos sempre a sensação de que não andámos a ser parvos e a desperdiçar o que tínhamos de bom à nossa disposição e não soubemos aproveitar bem.

Enfim...

Acresce que antes de ontem dei um jeito ao pé e, na sequência, ficou dorido e, para me provar que era a sério, inchou. O peito do pé todo gordo, a sola do pé também inchada e um dos dedos também reboludo. Nem conseguia dobrar ou mexer os dedos. Nem fiz programas familiares para estar com o pé no ar e com gelo. Agora já está melhor. Esta coisa de pôr os pés ao alto e de os refrescarmos geralmente dá bom resultado. Também pus aquela pomada Diclofenac, que penso que é o genérico do Voltaren, e que também é eficaz,

Como estou assim a modos que levemente jururu, pensando no meu amigo que está tão mal, vou ficar-me por dizer o que fiz para o almoço pois ficou saboroso e creio que saudável. E é simples de fazer.

Como foi só para dois, as quantidades são inferiores às que uso quando é para o quartel.

Meio frango do campo. É relevante ser frango do campo pois a carne tem outra textura e outro sabor.

Num tacho coloquei água, um pouco de sal, uma cebola bem grande aos bocados, dois alhos franceses (apenas as partes de baixo pois comprei uma embalagem com eles sem a rama verde) também aos bocados, cenouras às rodelas e o frango cortado aos bocados (tinha pensado fazer uma canja pelo que tinha pedido no talho para o cortar assim).

Deixei cozer durante talvez uma hora ou quase. O frango do campo tem a carne mais rija. Se fosse frango normal, metade do tempo seria suficiente.

Quando vi que o frango estava já quase macio, juntei três batatas, um bocado de abóbora, uma quantidade generosa de feijões verdes, uma boa quantidade de salsa e mais umas três cenouras às rodelinhas. Temperei com um pouco de açafrão e um pouco de pimentão doce -- pouco para nem se dar por eles, mas o suficiente para ficar com um gostinho saboroso e não facilmente identificável. 

No outro dia, quando fiz os rolos de carne (ainda não disse como fiz... a ver se um dia destes o digo pois ficou bom), recheei um com maçã e farinheira de porco preto do Alentejo. Só usei meia farinheira. Por isso, sobrou metade que hoje juntei ao cozinhado.

Quando os legumes estavam cozinhados, juntei um frasco de grão de bico cozido e uns bons ramos de hortelã. Misturei tudo e desliguei.

Para quem não está tão habituado, um pormenor: quando junto as coisas, ponho o lume no máximo até ferver. Depois, cozinho tudo com o lume no mínimo.

Ficou com um caldinho bom que, depois de comermos os sólidos, apanhámos com colher.

Deu para o nosso almoço e, como estava preguiçosa, repetimos e deu para o nosso jantar. E ainda sobrou um pouco mas que já não dará para os dois.

Para sobremesa, e agora falo só por mim, comi dióspiro. Adoro dióspiro. Não comi inteiro. A cada refeição cortei meio às rodelas e em cada rodela coloquei um niquinho de queijo de cabra. Fica delicioso.

E pronto. Nada mais a reportar.

Ah, sim, tenho andado a ler o Escrever do Stephen King que, até ver, é a sua auto-biografia. Vou agora entrar na parte em que creio que vai falar, em particular, na sua actividade de escrever. Nunca tinha lido nada escrito por ele. Lê-se muito bem, é uma escrita sincera, sem rodeios, com sentido de humor. Não é uma peça de alta literatura mas também não sei se é suposto ser. E, cá para mim, aqui e ali, tem algumas pequenas arestas que presumo que resultem de uma tradução não extraordinariamente refinada. Mas, seja como for, tenho lido bem.

E é isto. Hoje não comento os comentários, estou um bocado off. Mas agradeço-os.

Um bom domingo a todos. 

sábado, outubro 19, 2024

As duas razões pelas quais uma pila se abstém: ou não tem vontade ou não consegue -- Pedro Mexia dixit
[E, já agora, uma questão que envolve a ejaculação precoce das pilas impulsivas]

 

Estava a ouvir o Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer quando João Miguel Tavares, a propósito da atitude dos partidos sobre a decisão que iriam tomar aquando da votação relativa ao Orçamento, usou a metáfora da comparação de pilas. Diz ele que até parece que quem vote contra com mais veemência será quem melhor faz oposição. Nesse contexto, naturalmente os principais intervenientes seriam Ventura com o seu rotundo não e Pedro Nuno Santos que, depois de enunciar todos os motivos para votar contra, aplicou-lhe um 'não obstante' e comunicou que a sua decisão será abster-se.

Nesse momento, Pedro Mexia, sempre com aquele seu ar de quem não está nem aí, se sai com a observação que acima citei. Claro que desatei a rir. Nem mais. E bate muito certo com o que ontem escrevi.

É que Pedro Nuno Santos sabe (ou intui) que lhe falta a energia, a pedalada, o punch, para se impor numa campanha (em que a imprensa e a teia de comentadores está feita com a AD, em que a maltosa da AD e do Chega não se ensaia nada para falsidades e manipulações, em que Marcelo continuará a ser Marcelo). Por isso, porque lhe falta a vontade ou porque sabe que não conseguiria, absteve-se.

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Mas, seguindo no carril das pilas e, na senda do que em tempos escrevi sobre alguma malta que, na nossa política, por aí anda a padecer de ejaculação precoce, uma pergunta faço eu: se é apenas na 2ª feira que Pedro Nuno Santos vai propor à Comissão Política o voto abstencionista do PS, porque é que já fez o anúncio ao País com pompa e circunstância como se já houvesse uma decisão oficial e escriturada? 

Não está a desvalorizar completamente a independência e relevância da Comissão Política do PS? O que lá vão fazer? Missa de corpo presente? São meros verbos de encher? 

E, se por um qualquer desalinhamento cósmico, a Direcção Política do PS decidir num outro sentido, com que cara vai ficar o não-impulsivo Pedro Nuno Santos? Ou tem um certo lado masoquista e gosta de fazer anúncios que mais não são do que passos em falso como naquela opereta bufa do aeroporto? Aparecer-nos-ia, outra vez, com o rabo entre as pernas, a confessar que se tinha precipitado? 

Note-se: estou a perguntar. E não são perguntas retóricas. Pergunto pois gostava mesmo de saber qual a resposta.

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E, se só agora aqui chegou e lhe apetece uma peixeirada, é descer. O Rangel está aí em baixo para a servir.

Ministro Paulo Rangel grita ofensas a general
-- Como agora se diz, é o 'Paulo Rangel a ser o Paulo Rangel

 

Ao fazer pesquisas google no telemóvel, aparecem-me notícias. Acredito que isto resulta de alguma parametrização ou ausência dela que fiz no telemóvel, mas, como não me incomoda, não tirei ainda isso a limpo. 

E, provavelmente porque clico mais numas que noutras, o algoritmo vai aferindo o meu grau de curiosidade e o que mais a desperta e vai refinando o cardápio que coloca à minha disposição.

Hoje, a notícia que me aparecia à cabeça era a que usei em epígrafe e que tem como subtítulo o seguinte: 

Cartaxo Alves, chefe da força aérea, fez Rangel saber que não era local e momento para discutir.

Abri, pois, a notícia (que constava do Correio da Manhã). Admito que, ainda assim*, seja credível tanto mais que conhecemos bem os desmandos e os arroubos da criatura que Montenegro, vá lá a gente perceber porquê, achou por bem levar a ministro dos Negócios Estrangeiros (e, volto a dizer, abstenho-me de aqui invocar a possível razão, baseada no que um amigo, antigo ministro mas de outra área, dizia ser o nome, na gíria, do ministério ao qual Rangel pelos vistos anda a arranjar problemas). 

Reza assim a dita notícia:

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, "destratou de forma ofensiva e aos gritos" o chefe da Força Aérea, general Cartaxo Alves, no dia 4 de outubro, em Figo Maduro, na chegada do voo de repatriamento de portugueses do Líbano.

A notícia foi avançada pelo ‘Tal&Qual’ e confirmada ontem ao CM por fontes que presenciaram a situação constrangedora: militares, polícias e elementos da AIMA. O ministro estava descontente com uma questão protocolar à sua chegada e "atacou o general de uma forma desequilibrada". (...)

Pensei: Ora cá está, 'o Rangel a ser Rangel'. Ou: 'pode alguém ser quem não é?'

Pode o dito, de vez em quando, fazer um esforço para ser levado a sério mas conhecemo-lo, o pé puxa-o, e muito, para o chinelo. Deve ter sido o que aconteceu. Desceu do tacão e armou peixeirada. Deve ter sido lindo. Gostava de ver o General Cartaxo Alves a tentar pô-lo em sentido enquanto, certamente, tinha era vontade de lhe aplicar um calduço.

Uma vergonha.

[* - Ainda agora, ao falar com o meu filho e ao tecer um comentário no qual mostrei algum receio por uma certa situação, ele ficou espantado e, meio incrédulo, perguntou se eu andava a ler o Correio da Manhã. E, quando eu lhe disse que às vezes sim, cedendo à tentação despertada pelo algoritmo, ficou apreensivo, incomodado, disse que eu tinha que vencer o algoritmo pois, segundo ele, ler o Correio da Manhã estupidifica. E estava verdadeiramente incomodado, às tantas já imaginando a mãe feita totó, assustada com tudo e a dizer mal de tudo, julgando que o mundo é o antro de desgraças que o Correio da Manhã pinta. Sosseguei-o: ainda não estou assim. Estou reformada mas ainda não formatada pelos alarmismos do CM. Mas, no caso em concreto que aqui hoje me trouxe, não sei se os outros jornais, ditos de referência, noticiaram o disentérico destempero do nosso despenteado desministro Rangel.]

sexta-feira, outubro 18, 2024

Ai Pedro Nuno Santos...

 

Passo por cima da sacanagem suprema da PGR (com ou sem o respaldo do Marcelo) ao empurrar António Costa do Governo, passo por cima da campanha vergonhosa que Marcelo fez contra o PS e que culminou nas dissoluções da Assembleia da República -- e dirijo-me directamente à escolha do sucessor de Costa.

Se tivesse aparecido, por exemplo, uma Mariana Vieira da Silva, não teria dúvidas em achar que seria uma excelente líder para o PS. Assim, entre Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro, se eu fosse militante do PS, teria votado no segundo. Parece-me mais ponderado e melhor posicionado para dar resposta aos anseios da classe média, seja à instalada seja a que pretende lá chegar.

Na altura das eleições, pareceu-me que Pedro Nuno Santos (PNS) não estava a perceber que o PS não tem que tentar agradar ao eleitorado do PCP e do BE tanto mais que este eleitorado está cada vez mais reduzido. A população que decide eleições e que deveria ser o alvo das propostas do PS posiciona-se em quadrantes que PNS parece ainda não ter compreendido bem. 

PNS parece também ainda não ter compreendido que, ao deixar a resposta aos anseios dos jovens e da população mais qualificada para outros partidos e ao estar essencialmente conotado com a camada etária mais sénior, está a traçar aquele percurso que leva, devagarinho, à irrelevância. 

E as eleições confirmaram isto que estou a dizer. E, ainda que à tangente, foi a AD que levou a melhor. Conseguiu-o com base em acusações pouco sérias e populistas e em promessas vãs e falsas mas já se percebeu que a malta, em especial os menos informados, gostam é de quem lhes promete o céu e mais um par de botas.

Claro que Montenegro, ao armar-se em campeão e ao achar que podia governar à vontadinha, também começou, logo na noite das eleições, a trilhar o caminho da próxima crise.

E Pedro Nuno Santos ao enunciar logo, a quente, uma série de determinações, começou a mostrar um problema de que padece (de forma, aparentemente, incurável): uma tentação irreprimível de dar tiros nos pés.

Seguiu-se o que se tem visto: o Governo a cavalgar os bons resultados deixados pelo PS mas, sempre que pode, desavergonhadamente a querer ficar com os louros, anunciando grandes medidas como suas quando praticamente estavam todas em curso ou em vias disso no governo de António Costa. E, noutros casos, dá o dito por não dito, não conseguindo resolver o que dizia que resolveria em 60 dias. E já nem falo nos saneamentos políticos, geralmente precedidos de ataques e humilhações, por vezes públicos, aos saneados.

E depois, quando têm ideias das quais fazem bandeira, percebe-se que são ideias obtusas, ineficazes e que conduzem a desequilíbrios nas contas (exemplo disso é a isenção do IMT para jovens que levou a uma subida do preço das casas ou a maior burrice de que há memória e que dá pelo nome de IRS jovem em que, como as notícias têm dado conta, dará borlas de dezenas de milhares de euros a futebolistas ou a todos os 'jovens' que têm bons ordenados).

Face a isso como tem agido PNS? 

Frequentemente tropeça nas próprias pernas, ensarilha-se em argumentos palavrosos, anuncia coisas desnecessárias, frequentemente tendo que voltar atrás. Por exemplo, em vez de esperar para ver o Orçamento e só depois se pronunciar, enfiou-se numa saia justa ao reduzir o seu critério de decisão a duas medidas, depois reformulou e já eram essas duas, mas atamancadas, mais três a reboque, e depois já nem se percebia bem o que queria.

Já se percebeu que o Governo da AD é fraco, em algumas pastas, escandalosamente fraco, assenta em pressupostos errados e disparatados e não vai levar a lado nenhum. Pelo contrário, atira dinheiro a rodos para cima de meio mundo, traça políticas que não alavancam estímulos à economia e que desequilibram as contas e, afinal, em vez de estimular o crescimento do PIB (coisa em que o Sarmento, com base em fezadas, apostava), agora aponta para um PIB anémico e estagnado. 

Face a isto, qual a posição do PS?

Custa-me dizer isto (e custa-me especialmente porque acho que ele é esforçado e, sobretudo, parece-me uma pessoa pura) mas o que vejo é que PNS mostrou não ter arcaboiço ou estaleca ou o que queiram para desmontar de forma cabal o que ali está e para se afirmar assertivamente perante o eleitorado, perante o País.

Se houvesse eleições agora -- com a capacidade de comunicação do Governo, uma boa capacidade, e a boa imprensa que tem (a mesma imprensa babosa e, por vezes, sabuja, que ajudou a deitar abaixo o PS e que levou o PSD ao colo) e com a inabilidade de PNS --, não seria claro que o resultado fosse estável e favorável ao desenvolvimento sustentável.

Um líder forte, de ideias bem estruturadas, provavelmente não se tinha enfiado no labirinto em que o PNS se meteu e, provavelmente, avançaria de peito feito para o que desse e viesse não deixando passar o OE. Mas não é o caso.

Assim, tomou a decisão que se encaixa neste panorama: depois de dançar o vira e o corridinho ao longo de não sei quanto tempo e, mesmo hoje, quando falou ao País, chegou ao fim da comunicação e, numa pirueta, anunciou que vai deixar passar o OE e deixar que o Montenegro passeie no parque por mais um ano e tal ou dois.

E eu, com o PNS como Secretário-Geral do PS, acho que a decisão não podia ser outra. Pelo menos, pode ser que haja tempo para uma de duas: para ver se amadurece e atina ou, alternativamente, para o PS pôr uma pessoa mais focada e mais estruturada no lugar dele.

No outro dia, o Montenegro passeou no parque com Madame Avillez.
Ontem foi o Sarmento que certamente foi levado ao colo pelo José Gomes Ferreira.
Claro que não vimos: seria duplo enjoo.

 

E agora, na SIC, para comentar o que o Pedro Nuno Santos vai anunciar está uma fontinha de Belém, Miss Ângela Silva, e o eterno putativo ministro das finanças laranja, José Gomes Ferreira.

A SIC feita cão a andar à volta do próprio rabo.

NB: as minúsculas onde seria suposto ver-se maiúsculas não é por acaso).

quinta-feira, outubro 17, 2024

Jubilados e Reformados
- A palavra a um Leitor, a quem agradeço -


A propósito do post no qual me indignei com o privilégio com o qual Madame Gago se regala, recebi hoje um comentário, que muito agradeço, muito exaustivo, que descreve a situação e o que a envolve (não especificamente o caso da dita Madama mas a dos funcionários de Estado que têm a inacreditável possibilidade de optar entre a condição de jubilado e a de reformado): 

A ex-PGR jubilou-se, não se reformou. 

Determinadas categorias de funcionários do Estado, como os Magistrados (Juízes e Procuradores), Diplomatas (Ministros Plenipotenciários e Embaixadores), Professores Universitários, por exemplo têm, nos termos da Lei, a possibilidade de escolher, quando atingem o limite de idade, entre serem jubilados, ou reformados. 

Na jubilação mantêm-se as regalias e deveres dos colegas no activo, a par do último salário que auferiam até à jubilação, o qual é actualizado de igual forma dos seus colegas no activo e continuam a receber, no caso dos Magistrados, um suplemento de compensação, auferindo assim um valor mais elevado enquanto jubilados, comparativamente a quem se reforma pela Segurança Social. 

Por outro lado, o jubilado é pago pela Caixa Geral de Aposentação (CGA) e não pela Segurança Social (SS). No caso, por exemplo, dos Diplomatas jubilados, o jubilado mantém deveres perante a hierarquia do MNE, podendo ser chamado por exemplo para consultas, etc, e não pode exercer quaisquer outras funções ou actividades, por exemplo, no sector privado e outros, ao contrário do diplomata reformado. No caso dos militares, só podem ser reformados, não existe a figura da jubilação.

Nesse sentido, a ex-PGR optando por se jubilar, naturalmente terá de usufruir do seu último salário, juntamente com as regalias que lhe estavam associadas – nos termos da Lei em vigor. O mesmo para com os juízes dos tribunais da Relação e do Supremo (e do Tribunal Administrativo e Tribunal de Contas, por exemplo). E assim sucederá e sucedeu igualmente com o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e seus antecessores, situação de quem ninguém se queixou, curiosamente.

Por último, um outro aspecto. Contrariamente ao que faz a Segurança Social, que utiliza uma taxa anual de formação da pensão que varia entre os 2% e os 2,3%, a Caixa Geral de Aposentações (CGA), contrariando a Lei, e criando mais uma desigualdade entre trabalhadores da Função Pública e do Sector Privado, aplica apenas a taxa de 2%.

Em resumo, a jubilação dos Magistrados está inserida na Lei, bem como a de outras determinadas categorias de funcionários do Estado, como atrás se menciona e releva. Situação esta que não foi objecto de qualquer proposta de alteração pelos Deputados da Assembleia da Republica, a quem compete proceder a alterações na Lei e quem fez aprovar esta Lei em vigor.

Fica o esclarecimento.

Mariana Vieira da Silva no NOW -- clareza, assertividade, lucidez, boa atitude, perspicácia

 

Um dia os militantes do PS irão perceber que esta mulher tem tudo para ser uma grande líder. Nessa altura, os portugueses perceberão que dificilmente haverá melhor primeiro-ministro.

Nota: André Coelho Lima também com uma postura muito correcta. E Pedro Mourinho, um bom moderador. 

PS: E atenção ao elevado nível de cativações (parece que o maior de sempre) no OE do Sarmento Pança, o mesmo menino que antes tão crítico era das ditas. E atenção à discrepância de valores e de previsões entre o que os espertos da AD apresentaram no programa eleitoral e o que agora apresentam a Bruxelas. Um dia vai ficar bem claro os vendedores de banha da cobra e os tangas que são.

Debate a ver todas as 4ªas feiras, a seguir às 21h (não sei exactamente a que hora), no Now. 

quarta-feira, outubro 16, 2024

Tomar o destino nas mãos.
Fazer reviver um solo morto
Mudar o clima
Sentir como suas as palavras: I am the master of my fate. I am the captain of my soul.

 

Hoje, por aqui, chove que dá gosto. Por isso, talvez não seja o melhor dia para falar da falta de água, de solos desidratados, sem vegetação e, logo, sem vida animal, terras desertificadas, populações em êxodo. Mas sabemos que é essa a progressão em curso -- a menos que saibamos perceber a natureza, respeitar e guardar o que a ela dá, aprender a o milagre da regeneração.

Transformar terras áridas em solos férteis é daqueles projectos que penso que deveriam ser amplamente divulgados, financiados, acarinhados.

O vídeo abaixo explica bem o que está a ser feito por aquelas bandas, a alegria que traz à população, a esperança que traz, o futuro com que poderão sonhar. Querendo, podem pôr-se legendas em português, embora apenas de autotradução automática, ou seja sem grande qualidade. Ainda assim, faço questão em partilhá-lo.

A genius way to restore dead soil

Soil is vital for plant growth, supports biodiversity, filters water, and keeps ecosystems balanced. But in Kenya, worsening droughts have left the soil damaged and dry, threatening both nature and local communities.
In our 20th Planet Wild mission, we're supporting a surprisingly simple method to help transform these barren lands into thriving ecosystems. 
A special thanks to Dr. Rob Thompson / University of Reading for providing us with additional footage.
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Invictus

I am the master of my fate. I am the captain of my soul.


terça-feira, outubro 15, 2024

O primeiro cogumelo, um pesadelo, o stress de domingo de manhã.
E, para um momento simpático, a bela casa de Daniela Mercury e Malu Verçosa

 

Já vi um primeiro cogumelo grande e, por sinal, já um pouco danificado. Antes já tinha visto alguns pequeninos, surgidos com as primeiras chuvas. Mas este prenuncia que muitos mais estão para vir. Isso enche-me sempre de felicidade pois vejo como esta terra se fez mulher, parideira, fértil, generosa, dando vida a muitos seres.

E choveu muito. Estávamos na rua quando desabou uma carga de água. O cão chegou a casa feito um pinto. E depois foi a tourada do costume primeiro que me deixasse limpá-lo: tenta arrancar-me a toalha, salta, rodopia, põe-se de pé com ela na boca. Uma festa.

Mas, tirando esse momento de super energia, como em todas as segundas-feiras em que, no domingo, temos a casa cheia, o cão só quer dormir. Assim estou eu. É que, ainda por cima, acordei muito cedo com um pesadelo e depois não voltei a adormecer. Foi outra vez aquela cena em que desespero com o que tenho para fazer temendo não me despachar a tempo. Desta vez estava fora, tinha ido em serviço. No dia de vir embora, uma carrinha ia buscar-nos para nos levar ao aeroporto. E eu não dava a mala feita. As coisas não cabiam na mala. E encontrava camisolas e casacos do meu marido e não percebia como era possível, achava que tinha trazido, por engano, uma mala dele. Por isso, as minhas coisas não cabiam. Depois, para me maquilhar, ia a uma casa de banho no corredor pois tinha espelhos e luz. Mas estava cheia, tinha que desistir. Depois não tinha tempo para tomar o pequeno almoço e tinha visto uma mesa que devia ter sido de pequeno-almoço descentralizado, no hall junto aos elevadores, mas já só tinha pastéis de nata. Eu ao pequeno almoço só como fruta e iogurte mas não tinha outro remédio senão comer um pastel de nata. E já estava na hora da carrinha partir e eu ainda tinha a mala por fechar, queria lavar os dentes, arranjar-me minimamente e não conseguia. Quando acordei ainda estava nesta azáfama e a tentar perceber como é que tinha tanta roupa do meu marido na minha mala.

Enfim. isto deve ter sido porque no domingo, precisando eu do forno para os meus cozinhados, o meu marido, que tinha resolvido fazer uns bolos que viu no programa da Joana Barrios no 24 Kitchen, ainda estava de roda deles quando fui para a cozinha e mobilizou o forno para ele, fazendo com que os meus tabuleiros só fossem para o forno quase uma hora depois da hora que eu queria. Gosto de fazer tudo antes da hora para, quando o pessoal chega, estar tudo pronto, pratos, acompanhamentos, molhos, saladas, frutas, etc. E, portanto, fiquei em stress com os meus planos atrapalhados. E gosto de estar sozinha, a mexer-me de um lado para o outro e não tê-lo a lavar louça quando preciso de lavar legumes. Portanto, deve ter sido isso que me deu a volta ao miolo e, de noite, deu naquela confusão.

A ver se amanhã ou outro dia conto como fiz os rolos de carnes, um recheado com maçã e farinheira e outro com mozzarella fresca e transparências de bacon. E também os doces que o meu marido fez. Hoje estou cheia de sono...

Mas, antes de desligar o computador, deixo-vos com a simpática casa do simpático casal Daniela Mercury e Malu Verçosa. É sempre bom visitarmos uma casa bonita.

Tour pela casa repleta de afeto de Daniela Mercury e Malu Verçosa | CASA VOGUE


Um rendez-vous
Nº 5, o meu perfume. Uma questão de fidelidade.

 

Também gosto do Chance. Ou do Nº 19. Nos perfumes, já aqui o confessei diversas vezes: sou Chanel. Mas nada chega aos calcanhares do Nº 5.

Dizem que é quente. Não é. Nada. Subtil, misterioso, único. Metamorfoseia-se. Pelo menos em mim, na minha pele, isso acontece,

Um toquezinho e chega. O que é bom pouco basta. 

Chamo a atenção para o vestuário da Margot Robbie, um maravilhoso tecido, um maravilhoso corte, uma maravilhosa cor.

In the new N°5 film, See You at 5, Luca Guadagnino's lens follows Margot Robbie along the roads of California. The story of two lovers' missed connections, where the road to get there is just as important as the rendez-vous itself. Will there be a rendez-vous waiting at the end of the journey? Or is the rendez-vous itself the journey?


domingo, outubro 13, 2024

Digam-me que isto não é verdade! Digam-me, se faz favor!
A ser verdade, é um escândalo, é uma vergonha, é inadmissível!

 

Eu -- que sou pensionista da Segurança Social, que vi o meu ordenado esquartejado de todas as maneiras possíveis e imaginárias de tal forma que julguei que se tinham fortemente enganado (desconhecia todos os artifícios que existem na lei para poderem cortar de qualquer maneira) e que, apesar de ter muitos, muitos, anos de serviço, tenho uma pensão muito inferior ao que ganhava quando estava a trabalhar --, leio o que Vital Moreira escreveu no Causa Nossa e fico perplexa. 

A minha primeira reacção é: Não pode ser verdade! Não acredito! Seria indecente demais! Se fosse assim, já alguém teria denunciado tamanha aberração. 

Mas depois penso que o Vital Moreira é pessoa informada, cuidadosa. Não ia escrever uma coisa destas se não fosse verdade. Então, tento fazer um esforço para acreditar mas, palavra de honra, só me apetece desatar a dizer asneiras a a distribuir pontapés. Mas como não tenho nenhum destes juízes, escandalosos privilegiados, abusadores sem vergonha, à minha frente, guardo a indignação para mim e venho para aqui desabafar.

Transcrevo:

O problema da pensão da ex-PGR (e dos magistrados superiores do MP em geral, quando "jubilados") não é somente o seu elevado montante, no caso o maior do setor público, mas sim o facto de as suas pensões serem equivalentes ao último vencimento bruto no ativo (sem dedução da contribuição para a segurança social!...), e de assim se manterem todo o tempo. Ou seja, é maior a pensão de aposentado do que a remuneração líquida no ativo!

(...)

Se o regime de pensão dos "jubilados" é um privilégio dificilmente justificável no caso dos juízes, torna-se num superprivilégio sem nenhuma justificação no caso dos magistrados do MP.

(...)

Em Portugal, os privilégios corporativos tendem a assumir-se como direitos adquiridos irrevogáveis.

(...)

Um leitor acrescenta a «manutenção pelos pensionistas do chamado "subsídio de compensação" (cerca de 900€), relativamente ao qual, durante anos a fio, através de decisões judiciais, em benefício próprio, decidiram que não era tributado em sede de IRS». Inicialmente atribuído aos magistrados deslocados como compensação no caso de falta de "casa de função", foi depois estendido a todos, convolado em compensação da exclusividade das funções (como se esta não fosse já levada em conta no montante da remuneração). De facto, perante um poder político frágil, não há limite para a imaginação na captura de benefícios pelas corporações profissionais privilegiadas.


Texto completo aqui: Privilégios (22): As pensões dos magistrados do MP "jubilados"

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Só espero que isto gere uma onda de indignação geral e que seja imediatamente revogado. Quem são os juízes para terem privilégios que o resto da população não tem? Quem, caraças? Esta Lucília Gago que só fez porcaria enquanto Procuradora geral (e mesmo que tivesse sido exemplar!) o que é que é mais que eu para ter privilégios que eu (e o comum dos mortais) não tem?

Digam-me qual é o partido que vai acabar com isto imediatamente (e com outros privilégios que por aí haja) para eu saber em quem devo votar nas próximas eleições

sábado, outubro 12, 2024

Sobre Montenegro, ele mesmo, e ministros e todos os comentadores virem para as televisões acusar André Ventura de estar a mentir, tenho a dizer que, neste caso em concreto, não estou certa de que o mentiroso seja o presidente do Chega e não o do PSD...

 

Ventura refere pormenores, dá datas, horas, locais, diz quem é que pode testemunhar a veracidade do que diz, relata o que Montenegro disse, nomeadamente a forma desagradável como se referia a Pedro Nuno Santos ou a sugestão para que Ventura saísse de S. Bento pela porta das traseiras. 

Por muito questionável que seja o comportamento usual de Ventura, tenho muitas dúvidas que fosse capaz de inventar uma coisa destas, olhos nos olhos, de frente para as câmaras, com tanto pormenor e com informações que, se não forem verdadeiras, facilmente poderiam ser desmentidas (como Ventura refere, tem no seu telemóvel os telefonemas recebidos da parte de Montenegro ou do seu Chefe de Gabinete, e há todo o staff de S. Bento que pode confirmar a presença de Ventura nas datas que ele refere.

E depois há outra coisa: não é Montenegro também useiro e vezeiro a faltar à verdade? E a fazê-lo com o maior descaramento? Não foi ele que veio apregoar um colossal choque fiscal que, afinal, não era nada daquilo? E quantas vezes já o apanhámos a jogar com as palavras para parecer que não disse o que todos dissemos? E não se aproveitou, à socapa e pela calada, os bons resultados da governação socialista? E não permitiu ele que o seu Sarmento Pança viesse dizer mentiras a propósito das contas públicas? 

Poder-se-á dizer que Ventura é um populista compulsivo, que sabe cavalgar a onda do medo tão fácil de instilar nos menos informados, que é capaz de dar o dito por não dito para se manter sob a luz dos holofotes, que parece que tem por intuito rebentar com o regime. 

Mas a ser verdade o que agora diz, se de facto se provar que Montenegro se portou de forma pouco séria, que é um mentiroso descarado, não vem isso reforçar o que já se vem percebendo na conduta do Primeiro-Ministro? E pode ter-se um Primeiro-Ministro em que não se pode confiar? 

Pela parte que me toca, acho muito desagradável.

Talvez o mentiroso, seja ele qual for, esteja bem para o tal outro que tinha reuniões com um jornalista, relatava jantares, confidenciando o que um e outro tinham dito, chegava até ao pormenor de dizer o que se tinha comido, uma bela vichyssoise... e, afinal, era tudo mentira, aquele jantar nem sequer tinha acontecido.

Gosto sempre de ouvir o que diz este médico, o Dr. Drauzio Varella

 

Geralmente são vídeos dele, em que fala sobre temas de saúde, explica os mecanismos da doença ou da cura, aconselha de forma simples e acessível. Mas aqui está à conversa com Antonio Tabet, que eu gosto imenso na Porta dos Fundos, e é outro prazer ouvi-lo.

Drauzio Varella reflete sobre a morte: 'Acho que não tenho medo de morrer'


sexta-feira, outubro 11, 2024

Os da 'bolha' acham-se porta-vozes dos 'Portugueses' e dizem, à boca-cheia, que os 'Portugueses não querem eleições'.
Azarinho.
A mais recente sondagem diz que a maioria dos inquiridos acha que, se o OE não for aprovado, é preferível haver eleições...
Conclusão: os da 'bolha' ainda não perceberam que não pescam nada do que os Portugueses pensam...?

 

Marcelo dá dois passos e, se lhe puserem um microfone à frente da boca, diz 'os portugueses não perceberiam', 'os portugueses não querem' e todas as declinações possíveis do que 'os portugueses querem'. Depois vem o Marques Mendes e com aquele seu ar sonso e bonzinho, enche o peitaça de ar e diz 'os portugueses não iam compreender' e por aí continua, repetindo o mote que o chefe Marcel lançou. E depois vêm todos os outros e outras que, dentro da bolha, esbracejam, nadam, andam de boca aberta, em carneirinho, repetindo-se uns aos outros, e o mantra é sempre o mesmo: 'os portugueses não iam compreender', 'os portugueses não querem eleições'.

Na bolha respiram o ar uns dos outros, o ar viciado, e aparentemente também se alimentam do que uns e outros mastigam. Inteligência circular -- infelizmente, sem oxigénio a evitar a putrefacção.

E depois vem uma sondagem e constata-se o óbvio: se não houver OE a maior parte da malta acha que mais vale que haja eleições.

Não é que alguém com dois dedos de testa goste de andar sempre em eleições. Não gosta -- mas também não as teme. E a isto chama-se pragmatismo. Apenas pragmatismo. 

Se estes que por aí andam, na praça pública, a insultar-se uns aos outros (catavento, mentiroso, quis negociar comigo, não quis nada negociar com ele, mente, mente) assim continuarem, sem que ninguém se entenda, uma pouca-vergonha, e, nos intervalos, se o Luís Mentenegro mais o seu Sarmento Pança continuarem a distribuir dinheiro a rodos, despejando money para cima da malta toda, aumentando a despesa pública à cara-podre como há décadas não se via, e se virmos que não passa disto, então não será preferível que se tente encontrar um quadro político mais equilibrado?

Marcelo não deveria ter previsto este caldinho, este granel, antes de andar a dissolver Assembleias, antes andar a destruir maiorias absolutas, antes de obrigar a malta a andar a votar sem necessidade nenhuma? Claro, claro que devia. A Marcelo se deve este lindo panorama.

O que eu gostava é que os directores das televisões percebessem que a malta da bolha já fede e lhes desse uma corrida em osso. É que da boca deles já só sai jaca, ainda por cima jaca regurgitada.

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E queiram descer e, já agora, se souberem, digam quem é o mentiroso encartado: o Ventura ou o Montenegro.