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segunda-feira, janeiro 31, 2022

E aquela reunião que a Catarina marcou para dia 31, para fazer ajoelhar o Costa...? Tenho curiosidade.

[Legislativas 2022 - Post Nº 5]

 

Já apareceu aquele pobre coitado que costuma avançar quando a coisa dá para o tordo e a Catarina e as Manas Mortáguas não sabem bem como descalçar a bota, o Pedro Filipe Soares. Disse qualquer coisa pouco relevante pois não é tão artista como elas.

Será que a Catarina agora o vai mandar ir bater à porta do Costa a ver se o Costa o atende...?

Também já ouvi a Marisa Matias e dizer que o Costa é que causou a crise política. Então o Marcelo anunciou que dissolvia a Assembleia se o Orçamento chumbasse... o Bloco juntou-se à direita e ao PCP e chumbaram... e ela ainda vem com essa conversa...? Ainda não perceberam que os portugueses não são burros e continuam a tentar fazer de conta que não fizeram o que fizeram...

[Mas, enfim, vamos com calma. A ver se temos resultados palpáveis. Por enquanto ainda estamos no domínio das sondagens]

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E queiram continuar a descer, pf

segunda-feira, janeiro 25, 2021

O que vesti e calcei e com o que me perfumei para ir votar.
Mas, antes, umas observações sobre as eleições


Na hora de Marcelo, justo vencedor, mostro a minha preocupação pela votação no André Ventura e, pela razão oposta, no João Ferreira

 

Há, no resultado das eleições, um dado que muito me preocupa: a alienação,  estupidez e a falta de personalidade de parte tão significativa de população portuguesa. Refiro-me aos que votaram no André Ventura, e foram muitos, sem que ele tenha qualquer programa, ideia concreta ou boa fé. André Ventura é um mero troca-tintas, diz uma coisa e o seu contrário, sem fundamentar, sem se preocupar em sustentar o que diz, é uma criatura que a única coisa que tem para oferecer é a sua ostensiva má-fé, o gosto pelo insulto, pela maledicência gratuita, pela mentira, pelo comportamento rasteiro. Nada mais é do que isto. E, no entanto, parte significativa da população portuguesa votou nele. Porque o fazem não sei a não ser que, muito provavelmente, seja gente estúpida, que não pense, aquela gente que tem em comum com ele a maledicência e o facilidade em ofender os outros.

Mas há uma outra parte da população portuguesa que igualmente me preocupa: a que é constituída por quem não faz outra coisa senão dar-lhe palco. O animal diz uma asneira e parte das pessoas salta a criticá-lo, a repetir o que ele diz. O animal está sempre na televisão. O animal lançou uma estúpida atoarda contra os lábios pintados da Marisa e meio mundo veio colocá-lo sob os holofotes, ou auto-pintando lábios de encarnado ou lançando movimentos em volta dessa parvoíce. Em publicidade é isto que funciona: falem mal de mim mas falem de mim. E é publicidade ao Ventura que fazem os que repetem o que diz, os que o criticam e falam, falam, falam do que ele diz. E ele sempre, sempre na televisão, nos jornais, nas redes sociais. 

Ora, com populistas como André Ventura só há uma coisa a fazer: votá-lo ao desprezo. Ao desprezo. Se ele se meter com o batom ou com o raio que o parta a resposta só pode ser uma: zero. Não comentar, não lhe dar troco, não lhe dar trela, não lhe dar palco. Ignorá-lo. 

Portanto, há muita gente que deve pôr a mão na sua consciência ao ver  percentagem de votos que o parvalhão teve. Porque não tenhamos dúvidas: André Ventura é um parvalhão. Só será uma ameaça se lhe derem palco.

Uma outra palavra: sendo eu tradicionalmente votante PS -- não por ser militante mas por ser, em geral, o partido que melhor representa aquilo em que acredito -- tenho a dizer que tenho pena que, uma vez mais, não haja mais pessoas a verem que João Ferreira é uma pessoa de grande valor, um homem digno e inteligente e um homem de bem. Nem nas legislativas nem nas presidenciais alguma vez votei ou no PCP ou em candidatos do PCP. Não obstante, é com isenção e objectividade que aqui digo que gostaria que João Ferreira renovasse o PCP, talvez dando-lhe um banho de modernidade, e ajudasse a redesenhar a esquerda em Portugal. 

Se por vezes o BE tem coisas que se aproveitem, em regra foge-lhes o pé para o populismo. Quando a imaturidade política tem apetência por palco e quando a essa mistura se junta a cagança de uma superioridade moral, temos um partido que faz da deslealdade e da conflitualidade o seu modo de estar. Pode haver quem se reveja no estilo, quem se arvore em exemplo que os outros devem seguir, quem se ache acima dos outros e com direito a exercer punição contra os não seguidores. Contudo, é população que tende a diminuir pois aturar o pedantismo ideológico de Mortáguas e Catarinas cansa. E a Marisa é aquela bloquista simpática que não aquece nem arrefece. Tirando isso nada há no Bloco. Há o cardeal que anda a pregar pelos bastidores mas também é missa que cada vez menos gente ninguém segue. A esquerda séria, humanista, democrata não se revê nisto. Ou seja, à esquerda do PS o que há é o BE, em declínio, e o PCP, estagnado, a caminho da extinção, ou seja um conjunto a tender para coisa nenhuma deixando espaço livre para que os populistas invadam esse espaço. Há, pois, um espaço que está cada vez mais livre e que deveria ser ocupado por uma esquerda moderna, criativa, mais ágil e mais inovadora. E João Ferreira tem cabeça e pedalada para liderar essa mudança da esquerda-esquerda em Portugal.

Quanto a Marcelo, digno e justo vencedor, fico contente que tenha ganho. Não há, de entre os candidatos, quem melhor pudesse desempenhar o cargo que ele. Não tenho nada a ver com o PSD e muitas vezes o tenho criticado, em especial quando coloca a sua necessidade de afecto ou de atenção acima da lealdade institucional. Mas penso que é culto, inteligente, digno, humanista e com boas maneiras, em regra não nos envergonhando quando nos representa no exterior ou junto de estrangeiros. E tem sabido interpretar bem a Constituição e tem conseguido pôr o interesse nacional acima das suas próprias tendências partidárias. Se assim continuar, não me arrependerei de ter votado nele. Desejo-lhe boa sorte, saúde e força para fazer um segundo mandato tão bom ou melhor que o primeiro. As circunstâncias são do pior que há mas ele sabe de história, de política e do sentir do povo o suficiente para saber conduzir a sua acção. Pelo menos, é com isso que estou a contar.

E, por ora, é isto. Dos outros candidatos pouco tenho a dizer. 

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Quanto ao perfume com que me perfumei: Agua de Loewe. Explico porquê: Top notes are Bergamot, Yuzu, Tangerine and Palisander Rosewood; middle notes are Tea, Spicy Notes and White Pepper; base notes are Cedar, White Musk, Sandalwood and Amber

De resto, sobre o que estava à vista. Jeans justos, em cinzento. Blusinha em azul-alfazema claro. Blusão de cabedal castanho escuro forrado, por dentro, a sede beige-escuro. Skechers. Brincos: umas pequenas pérolas.

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Saúde

quarta-feira, janeiro 13, 2021

Uma pétala de rosa caindo no abismo

 



Continuam os dias de trabalho pesado, apesar de pouco sair de casa. O meu marido, à tarde, disse: 'Hoje a coisa não correu bem'. Perguntei: 'Como assim?'. Esclareceu: 'Estavas com a assertividade nos máximos'. Não percebi. Explicou: 'A malta levou pela medida grossa'. Perguntei a que se referia em concreto. Respondeu, com sorrisinho irónico: 'Acho que não escapou nenhum. Parece-me que foi a manhã toda. Levaram todos'. Ainda quis que me dissesse qual o tema, para perceber com quem estaria eu a falar. Disse que não percebia as palavras, mas que o tom de voz falava por si.  Acabei por confirmar que, pensando bem, tirando numa breve reunião de meia-hora, em todas as outras expressei a minha contrariedade. Por exemplo, uma faz telefonemas que são de meia-hora se a agente a interromper, senão são de uma hora no mínimo, para dizer que tem muito que fazer e que não tem tempo para fazer tudo o que é preciso. E passa o dia a fazer telefonemas destes. Se não os fizer, é tempo que lhe sobra para trabalhar. Como não mostrar arrelia com uma pessoa que não percebe isto? Ou um que tem mil coisas para fazer e que, em vez de se concentrar a fazê-las, se põe a fazer outras? Ou um que mal tem uma ideia vai a correr dizê-la a toda a gente, criando expectativas infundadas, lançando confusão e, quando lhe pergunto se já falou com alguém, bem sabendo eu que sim, me diz com cara de pau, mentindo à descarada, que com certeza que não. Claro que se eu tivesse estudado diplomacia ou tivesse aprendido a ser beata e paciente, passava por tudo isto sem me torcer nem me amolgar. Assim, é o que é. 

Tinha pensado que teria tempo para redigir um documento que amanhã queria partilhar para colher opiniões mas, com tanta reunião e tantos telefonemas, não consegui. Ainda pensei que talvez agora. Mas não me apetece. 

Só intervalei para fazer o jantar. Fiz assim:

Num tacho coloquei azeite e cortei duas cebolas aos bocados. Frigi ao de leve com duas folhas de louro fresco. Juntei um pequeno morceau de bacon aos bocadinhos e deixei que alourasse. Depois juntei quatro lindos tomates maduros. Por cima, três pernas grandes de frango do campo. Por cima, um pouco de sal, um alho francês às rodelas largas e mais um tomate maduro. Reguei com um pouco de vinho tinto e juntei salsa em quantidade generosa. Cozinhou nos próprios sucos até que vi a carne a querer despegar dos ossos. Juntei ervilhas congeladas. Cozinharam um pouco. Verti, então, o caldo que se tinha formado para uma chávena de pequeno almoço. Completei com água até encher. Juntei mais três chávenas de água. Quando ferveu, juntei duas chávenas de basmati. Quando estava seco, desliguei. O meu marido andava de roda da cozinha a dizer que cheirava bem, querendo saber o que era. Soube-nos bem ao jantar, acompanhado de salada de alface e canónigos. Depois comi uma tangerina. Rematei com um quadrado de chocolate bem preto (82% de cacau)

Tirando estas minhas coisas, tenho ainda a reportar uma coisa: não sei que é feito dos meus óculos brancos que me dão muito jeito para conduzir à noite. Já corri tudo -- e nada. O meu marido diz que se espantava é se eu soubesse deles. Não comento. Andavam sempre no carro, aqueles óculos. Mas mudei de carro ao mesmo tempo que mudei de casa e agora não faço ideia. O meu marido disse: na volta ainda estão no saco com as coisas que tiraste do outro carro. Não digo que não. Mas qual saco? À hora de almoço fui à cave ver se, nos sacos que estão pendurados no cabide de pé, encontrava alguma coisa. Nada. Sacos vazios, sacos de desporto, sacos de praia. Às tantas, um estava fofo, com coisas lá dentro. Abri: duas toalhas de praia, uma delas parece que ainda um pouco húmida. Nem queria acreditar. Não devia estar húmida senão cheirava a bolor e não, cheirava bem. Deve ser do frio que parecia húmida. Qualquer dia haveria de querer saber das toalhas e não fazer ideia delas. Calhou bem achá-las. Já as coloquei dentro da máquina. Num outro encontrei duas pens e um espelhinho de carteira que andava perdido há anos. Acabei por subir para almoçar. Dos óculos nem sinal.

Não vi o debate entre todos. Não me apeteceu. Não consigo ver a Ana Gomes a imitar o Herman José a fazer de Ana Gomes e, ao mesmo tempo, prestar atenção ao que diz. Não consigo, acho que a imitação dela não é credível. Não tenho paciência para a Marisa a fazer de conta que está a candidatar-se para o parlamento ou para o governo. Não tenho paciência para as tiradas simpáticas e nulas do Tino. Não tenho paciência para o tal senhor Mayan que parece ser gigante e deslocado. Não tenho paciência para o João Ferreira porque tenho pena que ele não tenha uma votação fantástica pois tem boa cabeça e uma dignidade tocante e era bom que evitasse o achincalhante declínio do PCP. Não tenho paciência para ouvir o porco imundo que, ao merecer a preferência de tanta gente, demonstra a mais triste de todas as realidades: há muito português mais estúpido e burro que uma porta. E não tenho paciência para ouvir o Marcelo porque já o conheço de ginjeira e sei que, se for como no primeiro mandato, apesar de todas as patetices que fazem parte do seu lado mais catavento, saberá interpretar o querer dos portugueses e saberá manter o equilíbrio interno ao mesmo tempo que não nos envergonhará quando representa o país perante o exterior, e porque o meu sentido de voto já está mais do que decidido. Portanto, não poderei comentar o debate. Terei perdido alguma coisa?

E agora vou espreitar vídeos. Qualquer dia ainda me torno seguidora de influencers. Mas não de uns influencers quaisquer. Hoje o algoritmo trouxe-me nova entrevista com Bethânia, desta vez a cargo de uma tal Naná, bem simpática por sinal. Já me arregimentei ao canal da Naná.

E o que Bethânia diz, senhores, que mulher, que carisma...!

Gostei de tudo mas não posso deixar de destacar o que ela diz do que é a poesia: não apenas o que respiguei para o título como também o que o seu mano Caetano diz: poesia não serve para dormir, poesia acorda.

Naná se derrete, olhando com devoção a grande diva, beijando as mãos da deusa da imensa cabeleira. Uma vez mais é um vídeo um pouco longo mas em que cada minutinho vale ouro.

Mas, antes, um curtinho em que Bethânia pergunta a Naná porquê esta série de entrevistas. E eu, que não fazia ideia de quem era Naná, vejo-a aqui toda vulnerável, toda dengosa, também seduzindo, fazendo amor com as palavras. Bonito de ver. Cá para mim, Naná é que nem eu que do amor gosto é dele carregadinho de expoente. 


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Pinturas de Joan Mitchell na companhia de Yo-Yo Ma - Bach: Cello Suite No. 1 in G Major, Prélude

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E dias felizes apesar dos confinamentos e de tudo o resto.
Saúde.

segunda-feira, maio 27, 2019

As Europeias 2019 em Portugal:
breve balanço à moda da UJM


Bem. Já falaram todos os líderes partidários e o Presidente Marcelo já rematou e, portanto, está na altura de eu me pronunciar. Há bocado já tinha botado faladura mas foi sobre sondagens. Agora já posso basear-me em factos. Para isto não ficar longo para além da conta, vou cingir-me aos que terão assento no Parlamento Europeu. O Sande e o Santana, o Rui Tavares, o Arrocha e o Ventura talvez sejam vistos num outro dia.

E, sobre os cinco contemplados de hoje, o que me ocorre dizer é que:


1. O Ambiente está na ordem do dia e ainda bem. A Europa está a acordar para a necessidade de salvar o Planeta e isso é mais do que bom, é vital. E presumo que o aumento dos votos no PAN também vá nesse sentido. Já confessei que não conheço o programa nem a actuação do partido mas provavelmente devia informar-me melhor. Ouvi há pouco o líder do PAN, de quem nem sequer sei o nome, e gostei de vê-lo, quer na indumentária quer no que disse. Não falou muito mas, no pouco que disse, não detectei disparates -- e isso não é despiciente. Será partido a seguir pois aparentemente tem sabido captar e interpretar a preocupação geral com o clima, com a sustentabilidade do planeta. Para mim foi uma surpresa.


2. O resultado do CDS enquadrou a ambição aparvalhada de Cristas. Sempre a apregoar que é a verdadeira líder da oposição e candidata a primeira-ministra, o país mostrou-lhe que, quanto muito, lhe arranja um lugar como porteira. Sempre desagradável, sempre armada em boa, sempre acusatória e agressiva, sempre a mostrar que não se enxerga, Cristas foi relegada para um lugarzinho entre a CDU e o PAN. No discurso mostrou-se a modos que meio desorientada, sem perceber bem qual o tom a usar. Humildade não é com ela mas deve ter começado a perceber que quem nasce para lagartixa nunca chega a jacaré. Foi Nuno Melo que assumiu claramente a derrota mas no meio do entusiasmo dos agradecimentos já todos aplaudiam como que esquecidos de que não tinham grande motivo para palminhas. E eu só penso numa coisa: baldas como é, se o Melo já antes era um faltista de primeira, agora que vê o partido a esboroar-se e farto de por lá andar, é que vai ser lindo. Nas legislativas o desastre deve repetir-se.


3. O resultado do PCP foi fraco e o discurso de Jerónimo de Sousa foi deslocado. Falou como se estivesse em campanha para as legislativas e não a acabar de sair de mais uma derrota eleitoral. Tentei perceber qual era a dele mas não captei: quase como se quisesse desvalorizar o que tinha acontecido e, para desviar as atenções, se pusesse a aproveitar o tempo de antena para vender o peixe dele. Mas não fez sentido. Desvalorizar a importância do Parlamento Europeu e escamotear o mau resultado só lhe fica mal. Dá ideia que são zombies, que estão em extinção e não percebem. Mas, digo de novo: dá-me pena. Há no PCP gente nova, com qualidade. Mas, enquanto não se libertarem do pesado lastro do passado, das raízes históricas que o tempo tem provado não darem planta que dê bom fruto, não irão a lado nenhum. O PCP continua agarrado a um sindicalismo que já representa apenas uma pequena parte dos trabalhadores, agarrado a uma conversa antiquada, onde campeiam também amizades que cerceiam a liberdade necessária para se modernizarem. Ou o PCP consegue libertar-se dos velhos do Restelo ou irá fazer companhia à Cristas.


4. O resultado do BE foi bastante bom. Já é o terceiro partido. Como disse há pouco, penso que o deve sobretudo à Marisa que não regateia afectos, abraços apertados, beijinhos a rodos. Com a Cristas e o seu compangnon de route sempre a despejarem provocações, insultos, trocadilhos a destilar fel e uma agressividade inusitada, o País preferiu desviar dali o olhar e focar-se nesta dupla feminina que não ofende, não insulta, não agride e, pelo contrário, distribui sorrisos, ternura e compreensão. Já o disse muitas vezes e repito: o BE tem mérito e tem apresentado boas propostas. Mas Catarina Martins tem uma pulsão populista, dizendo e oferecendo o que os seus ouvintes querem ouvir, e omitindo a impossibilidade de cumprir o que promete sem ir prejudicar outros, ou, outras vezes, bramindo contra incertos (ou contra banqueiros ou capitalistas em geral), sabendo que, com isso, colhe votos. Têm também provado que não olham a meios para atingir os fins, chegando a ser desagradavelmente desleais. Têm contado com a benevolência de António Costa que, assim como assim, tem preferido pôr-lhes a mão por baixo pois mais vale tê-las por perto do que saírem por aí, numa clara deriva populista. Claro que, se isso acontecesse, o eleitorado veria de que é que a casa gasta e o sex appeal do BE minguaria, passando a haver mais pessoas disponíveis para outras ofertas populistas que surgissem -- e é isso que o Costa (e o Prof. Marcelo) quer, e bem, evitar. O BE tem ainda a favor o de ser um partido marcadamente feminino -- Catarina Martins, Marisa Matias, as gémeas Mortágua -- e o País estar disponível para ver mulheres em lugares de poder, coisa na qual os outros partidos deveriam pensar.


5. Sobre o PSD nem sei bem o que dizer. Um disparate pegado, aquilo ali. O Rangel, coitado, esse trauliteirozito, um caceteirozito que, à mínima, fica histérico, é o que é -- e, quando as pessoas são assim, a responsabilidade não é delas mas de quem não o percebe e as convoca para coisas para as quais elas não dão. Alguém espera de uma galinha que ela suba às árvores e desate a pipilar lá de cima? Piada teve um jornalista que, no fim, querendo referir o tom irónico de alguma coisa que o Rangel tinha dito, disse erótico. E, a seguir ao erótico Rangel, que se apresentou sozinho, num cenário desolado, apareceu, então, o macho alfa do partido. Espadeirou à esquerda e à direita, distribuíu canelada, desatou à cabeçada. Não sei bem contra quem em particular pois vi o Rui Rio furibundo, enraivecido, com tudo, inclusivamente quando alguém lhe perguntou se achava que tinha condições para se manter à frente do partido. Ficou a mais de 10% de distância do PS e ficou claro que o País não tem saudades de quem tratou mal os portugueses sem que, com isso, tenha feito bem ao País. Enquanto Rio espumava, mostrando que não sabe ser empático, a plateia mostrava um conjunto de pessoas que vem dos tempos do cavaquismo ou do passismo. O PSD é outro partido que não tem sabido regenerar-se. É pena. Acredito que há muita gente decente que preferia ter um PSD mais arejado, menos preconceituoso, mais alinhado com os tempos modernos e que há-de estar a desesperar por ver o tempo a passar sem que a renovação aconteça. A continuar assim, nas legislativas ainda será pior. Rui Rio já está nitidamente a prazo.


6. O PS ganhou e não foi por poucochinho, foi por uma diferença expressiva mas, ainda assim, não espectacular. Digamos que ganhou bem e com justiça. E o discurso de ambos, Pedro Marques e António Costa, foi de natural alegria. Mostraram ter os pés na terra e a ambição de quem sente que há ainda muito caminho para andar. Contudo, para que se afirme com mais energia, o PS tem que saber limpar algumas nódoas que ainda lhe sujam a lapela. Como todos os grandes partidos com implantação nacional, regional e etc, e com anos de poder a todos esses níveis, o PS tem dentro de si, como o tem o PSD, um historial de amiguismo. Não haverá tantos caciques como entres as hostes laranjas mas há ainda alguma daquela lógica corporativista que desagrada aos eleitores. Deveria trabalhar para poder ostentar na lapela o emblema da ética e da honradez a toda a prova. E, sendo os tempos de mudança, com desafios de vários tipos e todos eles complexos, o PS deve saber abrir-se à sociedade. E deve cativar os jovens, muitos jovens. E deve saber atrair gente que saiba pensar, gente que saiba interpretar as preocupações e os anseios de hoje e de amanhã. E deve atrair mais mulheres. Quer dentro de portas quer na Europa, o PS deve saber aproveitar o voto de confiança dos portugueses e surgir como um partido com quem se possa contar para construir o futuro.

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E todos os partidos têm que saber falar às pessoas sem arrogância, não tratando as pessoas como se fossem crianças ignorantes, não cavalgando ondas e populismos. E todos têm que limpar do seu seio tudo o que seja duvidoso, oportunista, pouco sério. Um dos grandes inimigos da democracia é a abstenção e a abstenção alimenta-se do desalento que vem de as pessoas acharem que 'é tudo igual', que 'andam todos ao mesmo'. E esse deverá ser também o trabalho de Marcelo: em conjunto com os partidos, mobilizarem os eleitores. Que reflictam nas formas criativas e eficazes de trazer as pessoas para o debate público, para a intervenção política, e que consigam que, nas próximas eleições, já seja visível uma maior participação -- isso é o que desejo.

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Coloquei aqui pinturas de Botero porque foi o que me ocorreu. A política é uma coisa séria mas não tem que ser vista de forma ensimesmada.

E, pronto, já disse o que tinha a dizer. E, assim sendo, com vossa licença, vou sair daqui a dançar em pontas para ir pregar para outra freguesia.


E a todos desejo uma semana em grande, a começar já por esta segunda-feira.

domingo, maio 26, 2019

Foi um bom fds cá por casa: Sporting no sábado, PS no domingo
[E avanço já com um ou outro comentário às projecções conhecidas]


Podendo parecer que não, sou muito prudente nos meus festejos: no que se refere às eleições, ainda quero ver os resultados eles-mesmos. 

Para já só quero dizer que:

1 - Quanto à Final da Taça:

a) Como só entrei na sala para dar sorte para o último penalti (estive a ler o jornal noutro lado), só posso comentar a emoção do Varandas e a tristeza do Sérgio Conceição que só foi maculada pela sua falta de educação ao não cumprimentar o vencedor. 

b) Também pude testemunhar a alegria do meu marido a gritar ao telefone 'Viv'ó Sporting!' e o menino mais crescido, do outro lado, a cantar, todo contente. E senti-me contagiada.

2 - Quanto às projecções dos resultados das eleições em Portugal, só posso dizer que:

a) Lamento a abstenção e lamento a nula intervenção da Comissão das Eleições que deveria ter exigido aos partidos que, em vez de fazerem figuras tristes, fossem elucidativos e convincentes junto dos eleitores. Há instituições que são tão inertes que, se é para serem assim, mais valia não existirem que outros fariam melhor o seu papel (o Banco de Portugal é outro caso mas isso agora não interessa para nada)

b) Acho um piadão aos resultados esperados para o PSD e para o CDS que andaram armados em vizinhas intriguistas, inventando que as coisas estavam a correr mal ao PS. Um piadão. Não me admiro nem um bocado mas terei pena se as percentagens reais não forem ainda inferiores aos das projecções. O PSD e o CDS, antiga PàF, já provaram que não sabem estar no poder nem na oposição. Estão desadaptados a estes tempos. Tudo o que fazem, fazem mal. Na verdade, temos que reconhecer que já não contribuem com nada de relevante para a sociedade. No entanto, ressalvo que isto que digo, digo-o em geral, em relação à orientação e à praxis dos dois partidos. Contudo, tenho ouvido dizer que há um deputado europeu do PSD que é muito bom. Chama-se José Manuel Fernandes e, a ser verdade o que conhecidos meus afiançam, espero que seja eleito.

c) Curioso, muito curioso, é o que se espera para o PAN. Não se lhes ouve nunca nada e afinal agora isto. De resto, quando preenchi aquele questionário, percebi que, sem o saber, na volta, estou perto deles. Ignorância minha que desconheço ao que vêm e se são gente estruturada e competente. Mas acharei também um piadão se, qualquer dia, o PAN valer mais que o CDS. A Cristas, toda cheia de cagança, armada em rã que se imagina um boi (sendo mulher, deveria dizer 'vaca' mas, enfim, não quero ser deselegante), a serem verdade as projecções, leva um balde água fria pela cabeça abaixo que só pode fazer-lhe bem. Ao Nuno Melo isso é capaz de lhe estragar o penteado mas azarinho, falta-me a capacidade de sentir solidariedade quanto ao penteado do agricultor Melo.

d) Será bom o resultado do BE se a projecção bater certo. Até pode ser que ela seja uma boa deputada europeia, não digo que não, não sei. Mas uma coisa sei: Marisa é a versão feminina do Marcelo. Muito afecto. Muito abraço. Muito beijinho. Presumo que, mais do que a intervenção política real do BE, seja o efeito 'afecto' de Marisa que tenha alavancado esta votação nela. Além disso, a Catarina Martins pode ter forte e preocupante pendor populista mas sabe exprimir-se bem, camuflando o populismo com uma conversa que aparenta moderação. 

e) Se for verdade o resultado do PCP, tenho pena. Não me identifico com o conservadorismo e com uma linguagem e uma visão antiquada do mundo mas reconheço a honestidade dos comunistas e a honradez com que respeitam compromissos. Mas pecam por muitas coisas (por exemplo, o que tenho sabido do mau perder do PCP na Câmara de Almada que perdeu para o PS incomoda-me pois temo que não tenha só a ver com o mau feitio do ex-presidente mas com uma postura ressabiada do partido). Independentemente disso, tenho pena que o PCP venha perdendo relevância de uma forma tão continuada. Não têm sabido adaptar-se aos novos tempos. Até a malta nova tem uma conversa muito agarrada ao passado. Ou percebem isso, ou não tarda estão com zero deputados no Parlamento Europeu.

f) Fico contente que o PS ganhe e gostava que a contagem de votos situasse o partido com um resultado na banda superior das expectativas. Seria justo. Significa que a maioria dos votantes reconhecem o valor do trabalho e da visão do PS. É bom que agora não se deslumbrem, que trabalhem muito, que trabalhem mais, que se limpem de amiguismos, que se limpem de ovelhas ranhosas que ainda existem aqui e ali. Um bom trabalho e uma visão aberta ao futuro não devem ser maculados por casos que sujam a barra dos socialistas.

g) Fico contente que em Portugal estejamos longe do pesadelo de outros países em que a extrema direita e os nacionalismos ameaçam perturbar o equilíbrio e o desenvolvimento europeus.

E só espero que, de facto, Costa consiga mobilizar uma geringonça europeia, unindo-se com quem puder unir-se, por forma a erguer uma barreira ao avanço da extrema direita e dos nacionalismos que ganham força na Hungria, em França, em Itália, em Espanha e... e... e...

E fico também contente se se confirmar que os Verdes, os defensores do planeta, da ecologia, do respeito pela qualidade de vida saudável, inclusiva e sustentável ganhe expressão.

Quanto ao resto, vou esperar pelos resultados.

segunda-feira, janeiro 25, 2016

Dia 24 de janeiro de 2015, dia da eleição de Marcelo Rebelo de Sousa para Presidente da República - um breve apontamento: as toilettes do dia


1. António Costa à civil e primeiro-ministro


Quando vi o António Costa a votar, salvo erro numa assembleia de voto na Bobadela, fiquei morta de riso. Não foi tanto aquelas calças todas largueironas que comecei por pensar que eram da Decathlon, daquelas que têm mil bolsos de lado, mas que depois me pareceu que seriam, sim, de bombazina. Também não foi a camisola encarnada, encarnada. Nem foi o facto de ir de colete impermeável sem mangas. Foi, isso sim, o facto de o colete ser, nitidamnete, de uma era em que ele devia pesar menos 30 kg. Justinho, justinho. Mas nem foi só isso. Foi o facto, de estando justo, justo, o levar com o fecho corrido. Assim se apresentou ele às urnas: de calças largueironas escuras, camisola (de malha?) encarnada e de apertado colete impermeável sem mangas, cintado, todo estrelicado. Uma coisa nunca vista. Sabia que ia ser filmado e, ainda assim, se marimbou. É típico dele. Não faz mal nenhum. Mas é de ir às lágrimas a maneira como ele se aperalta quando está por conta dele.

Agora acabei de vê-lo, com Marcelo já presidente confirmado, já vestido à primeiro-ministro, arranjadinho, todo aprumadinho. Ou seja, quando tem que fazer o sacrifício de se vestir bem, parece que já consegue.


2. Marisa Matias, in spring white


Gostei de a ver, cabelo esticado, vestida de branco, de mangas curtas. Sorridente, primaveril, bonita, com aquela sua bela voz rouca.

O meu marido, que achava que não fazia sentido eu votar nela (problema dele e não meu, claro), à falta de melhor, provavelmente querendo demonstrar que lhe falta gravitas, dizia-me que ela se ri demais, que se abraça demais a toda a gente, que está sempre a mexer no cabelo, que põe o cabelo de lado e ri, que mexe no cabelo e ri. Não liguei a nada disso nem acho que ele ligue mas, se eu quiser ser objectiva, diria que, à Marisa, se quisesse ter mais uma mão cheia de votos, talvez lhe bastasse perder um pouco o hábito (o tique?) de mexer tantas vezes no cabelo ou sorrir de forma tão derretida quando quer ser simpática. Admito que a pessoas mais conservadoras faça um bocado confusão a perspectiva de ter uma mulher presidente com esta atitude corporal. Digo isto mas não sei. O que sei é que a toilette que escolheu para esta noite de eleições foi muito elegante, muito adequada.


3. Paulo Portas, in street style


Não prestei atenção ao que Paulo Portas disse. Não me interessa. Tal como não prestei atenção ao que o Manequim dos Fanqueiros II, Passos Coelho de seu nome, apareceu a dizer. Mas reparei na toilette casual do ex-irrevogável, todo ele street style. Já fez o switch, já não é estadista. Agora faz de conta que não está nem aí, que já está a lançar uma carreira de empreendedor, a lançar empresas ou lá o que foi que ele disse (ou que alguém disse por ele). Todo de camisa e pullover, de blusão. Confesso que gostei de o ver assim. Gosto de ver os homens vestidos assim, ao fim de semana ou em férias. Mas pronto, de facto é fim-de-semana e se Paulo Portas já não está na política e foi ali só mesmo para cumprir uma formalidade, pois então está bem, que use o street style que a gente percebe.

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Sobre o resultado das eleições, comentado em cima das contagens, é favor descer até ao post já a seguir.

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Marcelo Presidente. Pois não sei o que diga. ..... [Post em permanente actualização]



O que sei é que gostei de ver o famoso escritor José Rodrigues dos Santos a abrir o telejornal numa excitação, quase saltava do ecrã para fora tal o entusiasmo por ter o candidato-comentador praticamente eleito.

Tirando isso, achei graça às tias todas eufóricas ali na Faculdade de Direito. Sempre comedidas, quando as tias soltam a franga é isto: um desatino. Saltaram, riram, abraçaram-se como umas alegres meninas da campanha.

Também achei graça ao Eduardo Barroso: todo contente pelo resultado do amigo. Acredito: Marcelo deve ser um bom amigo. Quanto a vir a ser um bom presidente tenho dúvidas mas, tal a insustentabilidade das alternativas, que dificilmente ele não ganharia. Teve a comunicação social com ele ao colo desde o primeiro dia, como não faria ele disto um passeio na avenida?


Pena deve ter uma das suas mais fiéis promotoras, a Judite, por ter que estar a aturar uns quantos comentadores em vez de estar aos abraços e beijinhos com o seu querido Professor.

Mais? O KO na Mariazinha que ficou completamente fora de Belém. Não percebo o Vera Jardim. O que é que ele ainda não percebeu? Alguém teve culpa nisto? Só se for ele e ela e os outros que não perceberam que não se deviam ter metido nisto. O que tinham para oferecer? Nada, a não ser uma amostra do que é o aparelho socialista. 

E mais? O Tino. Muita gente do 'povo' revê-se no estilo simples, genuíno do Tino. Na volta ainda ultrapassa a pimpolha.

E mais ainda? Parece que a Marisa vai ter um belo resultado. Expectável. Lançou-se com energia e mostrou que é uma lutadora. Cavalgou um bocado demagogicamente aquilo das subvenções mas, enfim, será, não tarda, uma voz importante na democracia portuguesa.

Quanto ao Nóvoa? Um bom homem, um homem da cultura. Mas fica-me a impressão que é a kind of a catavento em versão levezinha, utópica. Desde o início que acho que a este bom homem falta qualquer coisa (e nem me estou a referir ao facto de ele não barbear o pescoço e prolongar a barba até onde ela quiser). De qualquer forma, obteve, ao que parece, um resultado digno.

Do Edgar? Tenho pena do resultado. É também um bom homem. Merecia mais. Mas, enfim, falta-lhe algum brilho. O pó de algumas ideias bafientas ainda lhe retira algum lustro (como é possível ainda não conseguir demarcar-se da maluquice do regime da Coreia do Norte?). Há coisas que o PCP ainda não percebeu: os tempos mudaram! A esquerda hoje é uma esquerda que quer mudança. Enquanto o PCP não fizer avançar a malta nova (e deixar de lhes exigir que carreguem com o peso de dogmas antigos) a coisa não vai lá.

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O tal Cândido, que até não tem má figura e que fala como se estivesse a imitar o Eanes, continua a queixar-se. Não se percebe de quê. Desde o primeiro dia que anda a refilar. Que criatura mais chata. Como será conviver no dia a dia com um chato destes?

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O Marcelo deve andar em órbita, a recolher inputs, mil telefonemas, mil sms, a traçar conjecturas, a pensar em cinquenta comprimentos de onda diferentes, uma agitex. Parece que os resultados já o confirmam como Presidente mas ele continua sem aparecer. Ou então, dado que o zapping aqui em casa impera, não o apanhámos nalguma mudança de canal. Tempo não me vai faltar para o ver.

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O José Rodrigues dos Santos, de dedo em riste, corado de tanto júbilo, rejubilante, diz que o Tino vai ter mais votos que o Edgar. Parece que sonha com sangue, este escritor: o corte de cabeça do Jerónimo, por exemplo? 

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Tenho dificuldade em dizer alguma coisa sobre aquele senhor dos óculos bizarros: acho que se meteu nisto a ver se pegava. Mas nunca percebi onde queria ele pegar-se. Mas talvez o contratem para fazer presenças: o que não faltam são pessoas parvas nas empresas que gostam de contratar pessoas assim, na base do senhor Jorge Sequeira.

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Olha, tinha-me esquecido do Paulo de Morais. É um homem que toca uma nota só: monocórdico até dizer chega. Isso e a farta cabeleira provocam um efeito qualquer em mim que nem sei bem explicar: parece que o coloco num buraco negro, sem querer ignoro-o. No fundo, apesar de dizer algumas coisas que batem certo, parece que o que não bate é que, por causa disso, tenha achado que fazia sentido candidatar-se.
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Já cá volto.

A quem aqui chegou e tenha vontade de espraiar a vista, aconselho que desça até à beira do Tejo.

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quarta-feira, janeiro 20, 2016

Debate na RTP entre os candidatos às eleições presidenciais: Marisa Matias



No debate, Marisa Matias mostrou que tem ideias, que tem uma visão, rasgo, energia, coragem. Entrou em força, sem vacilar e foi em frente. 


A cada questão falou sem tibieza, sem meias palavras. 

Não quer Portugal a participar em operações de guerra mas, sim, em acções de apoio às populações ou de reconstrução em situações de guerra; não quer para Portugal soluções para o sistema financeiro que penalizam os contribuintes e que não foram impostas por Bruxelas aos outros países; que não concorda e acha vergonhosas as subvenções vitalícias; que quer restituir a dignidade aos portugueses. Etc. A cada questão, ela ergueu a espada da justiça e foi à liça. Gostei de a ver. Gostei de ver como os outros a olhavam com alguma surpresa e, talvez, algum receio.

Se até ontem estive hesitante -- pois não sabia se ela terá distanciamento e maturidade para ser uma Presidente acima dos interesses partidários ou da ideologia que segue  -- agora, depois de ter visto o debate, considero que, de todos os que vão a votos, ela será a pessoa que maiores benefícios trará ao País. Nunca votei no Bloco de Esquerda mas, nestas eleições em que não se está a votar em partidos mas em pessoas, acho que a Marisa parece ter a visão, a preparação, a competência, a determinação, a coragem, o modernismo, o humanismo e a cabeça fresca de que Portugal está tão precisado.


Assim, no debate, numa escala de 0 a 10, a ela dou-lhe 9. Não dou 10 porque ainda lhe falta algum brilhantismo, algum toque de ironia, alguma subtileza. Mas, com o tempo, lá chegará.

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Apontamento genérico sobre o debate

Fui talvez generosa em todas as notas que dei já que não houve ali grandes estrelas, daquelas altamente inspiradoras. Um Obama, por exemplo, metia qualquer um no bolso, e em três tempos. Mas pontuei face às circunstâncias e ao que me pareceu ser o valor relativo de cada um dos participantes. De resto, o debate em si, talvez dado o elevado número de candidatos, não permitia grandes rasgos nem fundamentadas trocas de opinião. Contudo, melhor ter havido do que se não tivéssemos tido oportunidade de os ter junto uns dos outros e, para além disso, permitiu ver a habilidade de cada um em levar a conversa para os assuntos que lhes eram mais caros. Portanto, do mal o menos. E, portanto, foi assente nesse terreno que formulei as minhas opiniões. 
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NB: Como se poderá inferir a partir do que escrevi, por aí abaixo, caso tenham paciência, encontrarão a minha opinião a propósito de cada um dos participantes no debate.

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terça-feira, janeiro 19, 2016

Marcelo acha que a criança tem as unhas muito grandes, que tem mesmo que as cortar. O Cavaco não diz nada, diz que já deu para este peditório, quer lá ele saber que a malta se abstenha.



Tirando isso, só a Maria de Belém que diz que, do PS, é ela que é a Candidata. Esquece-se do Hênrí, do Tino e do Cândido (e não sei se o outro estranho dos óculos também não será). Portanto, alguém que esclareça a pimpolha.

E não tenho mais nada a dizer a não ser que nunca me aconteceu tal coisa: estou a dias de umas eleições e não faço ideia do meu sentido de voto. 

Continuo como estava no princípio: ou o Nóvoa, que, até agora, não me convenceu por aí além, ou na Marisa, que não faço ideia se daria uma boa presidente (o meu marido encolhe os ombros, e com ar de quem não gosta de grandes manifestações afectuosas, diz que ela se ri muito, que se abraça muito, que lhe parece tudo muito e, como se uma coisa tivesse a ver com outra, pergunta-me: mas tu achas que ela alguma vez poderia ser Presidente da República?). Pois. Mas eu acho que o PS geriu este assunto com os pés, ao Nóvoa acho que lhe falta um je ne sais quoi e na pimpolha sonsinha nem pensar. Ora a Marisa parece-me genuína, esforçada, bem intencionada, bem informada, trabalhadora, com uma visão moderna do mundo. Portanto, se é para o Marcelo ir mesmo para Belém, como tudo parece apontar, ainda estou mas é capaz de ajudar a atirar mais umas pedradas para o charco e votar nela. Tenho até domingo para me decidir.

(Entretanto, para ir sentindo o ar do tempo, vou lendo declarações de voto alheias).

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira.

domingo, janeiro 10, 2016

Marcelo, o Zelig português, começa a campanha na Sede de campanha de Sampaio da Nóvoa. E não, não é anedota, é mesmo verdade. Comeu um palmier, fez conversa de treta e saíu sem se perceber qual é a dele. Quer ser original mas, lamento, a mim parece-me apenas ridículo


Cheguei a casa há pouco, mudei de roupa, arrumei umas coisas, vim até aqui e liguei a televisão. Eis senão quando vejo o comentador Marcelo entre cartazes do Nóvoa. O jornalista fez a gentileza de esclarecer: para cúmulo da palermice, o comentador estava a começar a campanha visitando a sede da campanha de Nóvoa em Santarém. Com o ar superior e blasé de quem visita a casa de um parente remediado, fez um vago elogio de circunstância ou até como que sugeriu que estavam a viver acima das possibilidades, 'Mas está muito bem, isto é bom. Isto antes era o quê?' mas, sempre andando, hiperactivo, sem interesse pela resposta. A seguir rapinou uma miniatura de palmier e, mostrando que é mesmo o discípulo de Cavaco, com a boca cheia, pôs-se a falar. Pretende ele criar a sensação que está em casa, que para ele é tudo familiaridade -- mas, pelo menos aos meus olhos, o que consegue é cobrir-se de ridículo.


Chegou à rua, de boné, a gabar-se que já tinha comido um palmier. As televisões atrás (digo televisões mas não sei; pelo menos a SIC era), as senhoras na rua todas contentes por cumprimentarem uma celebridade, e ele todo babado. Uma, mais afoita, disse-lhe que não tinha gostado de o ver com Maria de Belém. Com ar de kalimero respondeu : 'Mas ela estava a dizer mal de mim... queria que eu fizesse o quê...?'. Ela insistiu: 'Pois, mas eu estava habituada a si de outra maneira' e, aí, ele raspou-se a grande velocidade para não lhe dar hipótese a ela dizer mais alguma coisa que as televisões pudessem captar.

A seguir vi-o num lar, todo derretido em cima dos velhinhos, e a SIC com ele ao colo, e ele a fazer-se engraçadinho, uma autêntica celebridade a fazer presenças. Vi-o depois a fazer-se fotografar ao pé de crianças acabadas de sair da piscina.

Numa de Zelig em registo acelerado, agora está a fazer-se passar por Lady Di e diz que vai fazer a Campanha do Coração. 


Pelos vistos a campanha não vai passar desta paródia (ou melhor, desta tristeza).

Instado pelos jornalistas a pronunciar-se sobre o que António Costa disse, como é usual nele, fingiu que gostou, virou as palavras do avesso e acabou a agradecer. Um artista na arte do malabarismo.
A propósito, li o artigo que leitor, a quem agradeço, me enviou por mail:
Perante um conflito de interesses, há que ajustar a interpretação. Mais para a esquerda ou mais para a direita, há várias argumentações possíveis e algumas podem dar mais jeito do que outras. Escolhamos as que mais nos convêm. Depois de o ouvir naquele anfiteatro durante dois anos, pouco me espantou nos seguintes. Elogiar não é o mesmo que apoiar? Fumar não é o mesmo que inalar? Na cabeça de Marcelo, claro que não. É possível, de facto, dizer tudo e o seu contrário, sempre com um enorme sorriso na cara. (...)
Na verdade, nunca se lhe viram obras marcantes nem pensamento próprio – era brilhante, isso sim, na comunicação do pensamento alheio. 
(...)
Ná... Cá para mim o candidato-comentador está a mostrar ser pouco mais do que um daqueles participantes de programas de televisão que, quando vão à rua, têm as pessoas a quererem autógrafos e uma selfie. De resto, o que se tem visto é um saco cheio de restos.

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Volto para dizer que, para mim, entre Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa: Sampaio da Nóvoa. E não foi pelo debate na TVI, com a Judite Sousa de permeio, já que o debate mostrou que Nóvoa é mais afável do que a sonsinha Belém, mais ponderado, terá talvez um carácter mais nobre (a Belém tem-me parecido mesquinhazinha) mas não consigo concluir muito mais que isso já que, em traços largos, as opiniões de ambos parecem não distar muito umas das outras.


Portanto, continuo com a mesma dúvida: Nóvoa ou Marisa? E a minha dúvida reside em que ainda não percebi se a Marisa já tem a maturidade necessária para decisões complexas que, porventura, venham a ser necessárias ou se tem a capacidade de se pôr acima de questões partidárias pois, quando a vejo, parece que ainda está muito no seu papel de deputada. 


Portanto, quanto à minha decisão de voto, ainda não posso dizer mais do que isto.

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E não sei se hoje há mais debates mas, da minha parte, por ora estou fora de jogo. Aqui na sala vê-se o futsal e, vá lá perceber porquê, parece que isto desperta mesmo interesse a alguém. Ainda por cima, joga o Sporting -- uau.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo dia de domingo.

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sábado, janeiro 09, 2016

Ricardo Costa para Tino de Rans, na festa dos 15 anos da SIC N: 'O que toda a gente se pergunta é: o que é que você está aqui a fazer?'. Resposta do Tino de Rans, 'Eu estou aqui porque a SIC me convidou'. Boa.


Ganda Tino. Poderia dizer que até me lembrei daquela graça chinesa que diz que enquanto uns apontam e olham as estrelas, outros, quando apontam, olham para a ponta do dedo. Não digo o que, na dita graça, se chama a uns e a outros nem digo qual deles é quem, se o Mano Costa se o Tino.

Tirando isso, fiquei a saber que, do debate (que não vi) entre o comentador Marcelo Rebelo de Sousa e a fofinha Maria de Belém, a Maria de Belém ficou afónica. Será que perdeu a tramontana, desceu do salto, arreou a canastra e despejou o abecedário inteiro em cima do Marcelo? Terá perdido a cabeça e desatado ao grito com o Zelig? Pois não sei. Ouvi que, a conselho médico, foi para casa descansar as cordas vocais para ver se consegue aguentar-se com Sampaio da Nóvoa.


Marcelo não, não perdeu o pio. Por ali anda, na festa, todos de pé de um lado para o outro, a darem entrevistas, jogando conversa fora, e ele igual ao Henrique Neto, sem tirar nem pôr o de Morais, o espelho do Bernardo Ferrão, gémeo univitelino da Marisa, a cara chapada do camera man, farinha do mesmo saco do Louçã. Talvez não venha a ser o próximo Presidente da República mas vai, certamente, ser um caso de estudo.

Marisa Matias está com um penteado muito bonito, que a favorece e está de preto, muito bem, sexy e bem disposta.

Está também ali um ser de outro planeta. No outro dia não sabia quem era e agora continuo sem saber. Também não sei de onde veio e para onde vai, nem tão pouco o que faz ali. Aquele ser bizarro tem estampado no rosto e da armação dos óculos a dúvida existencial da espécie humana. Parece que é psicólogo e que se chama Jorge Sequeira mas não sei se, bem vistas as coisas, não será como o tal que dizia que era do FMI e que deu um grande baile ao Nicolau Santos. 


Também vi um senhor com bom ar e já fui ver que é médico e também do PS. Chama-se Cândido Ferreira e parece que abandonou um debate em directo, em sinal de protesto. Agora, ali no meio da festa, falou outra vez com ar indignado. Não percebi bem a razão da zanga, não sei se é de haver tanto candidato se é da qualidade dos croquetes.

Tirando isso, acho que nada. A quadrilha do Eixo do Mal está no Expresso da Meia-Noite especial e a Clara Ferreira Alves, também in full black, está em grande estilo, a pele esticada e reluzente, sem rugas, bem conservada, toda ela sapiência e, agradeçamos-lhe, continua a ter paciência para aturar os colegas.


Antes disto vi António Costa na Quadratura do Círculo: em boa forma, tranquilo, convincente, bem preparado. Os colegas de programa questionaram-no e ele esclareceu-os. Gostei. Sem segredinhos, sem pose, sem sinais de superioridade. Um fulano civilizado, deste tempo. Nem é de bom tom compará-lo com o antecessor, aquele láparo desqualificado que até o padrinho renegou. Nem vale a pena recordar que, em tempos, houve um outro primeiro-ministro, um tal que está prestes a sair de Belém e que vai sair pelas ruas da amargura, com imagem negativa, uma impopularidade como nunca se viu. Não. António Costa está num outro patamar. Acredito que nunca envergonhará os portugueses.


E, sobre política, televisão e cassetes piratas, para já é isto. Não tendo mais nada a declarar, fecho este post fazendo coro com os meus Leitores que têm entrado no Um Jeito Manso através da pergunta:

Onde anda a Ana Lourenço? Ou: O que é feito da Ana Lourenço da SIC?


Pois não sei. Anda por ali, na festa, a Clara de Sousa, anda aquela moça forte com cabelo cor-de-laranja que às vezes vejo na converseta com o Cláudio Ramos, andam umas poucas e outros tantos - e nada de Ana Lourenço. Será que pifou? Ela andava irritadiça, parecia ter vontade de bater nos convidados. Também a achei, de vez em quando, mais cheiinha do que costume e pensei: Estará grávida? Não sabia nessa altura, nem sei agora. Se voltar que volte com melhor humor, é o que eu desejo.

Bem, e desta é que não tenho mais nada a dizer sobre estes magnos assuntos a não ser que o que eu estimo é o que eu desejo.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo sábado.

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terça-feira, dezembro 08, 2015

Entrevista de Marcelo Rebelo de Sousa na SIC: o candidato-comentador não aqueceu nem arrefeceu. E a propósito: em que candidado a PR é que vou votar? Nóvoa? Marisa? ...?


Como habitualmente, apanhei a entrevista de Marcelo Rebelo de Sousa na SIC com Clara de Sousa e Anselmo Crespo enquanto jantávamos -- e já a entrevista devia ir a meio. Portanto, não ouvi tudo, não acompanhei de início o desenrolar da narrativa mas, do que ouvi, nada de novo a registar. 


Histriónico como sempre -- embora em exercício de contenção --, sempre aquela linguagem gestual que lhe é tão característica, a cada pergunta sempre a fugir-lhe a conversa para os tiques de comentador, referindo várias hipóteses, analisando-as, sempre com aquela pretensão de parecer ser equidistante de tudo. Aliás, em vez de Marcelo, o candidato-comentador, também poderia referir-me a ele como o candidato-bissectriz.

Em relação ao que era como comentador, perdeu um bocado a graça pois o comedimento a que se obriga parece que não lhe assenta bem. É como com os quilos a mais do Rangel: agora que os perdeu parece que fica a boiar dentro do corpo, como se alguém se tivesse esquecido de lhe adaptar o corpo e a mente ao novo visual. 

Assim está o Marcelo: não é candidato nem é comentador, ou seja, não é carne nem é peixe. É um híbrido pouco convincente.

  • Já não tem a piada que tinha quando, sendo laranja por dentro e por fora, fazia exercícios de mímica e prestidigitação para parecer rosa, encarnado, azul, incolor, etc., 
  • e não tem a compostura e o perfil que se espera de um presidente. 

A entrevista, pelo menos na parte que vi, foi mais na base da música, violinos para entreter o pagode. Não é da linha radical-lapariana, não se quer ver colado às pafinhas, isso é notório -- mas não entusiasma, não se impõe. A gente olha-o e vê ali uma companhia agradável que entretém os convidados, que anima uma sala -- não um Presidente da República.

Clara de Sousa olhava-o com ar meio desconsolado como se pensasse que, assim como assim, mais valia que ele continuasse na televisão, que ela até estava capaz de despachar o Mendes dos Vistos Gold e, ao domingo, passar a tê-lo a ele -- isto se conseguisse apartá-lo da sempiterna fã Judite Sousa.

Agora, para ser sincera, uma coisa vos digo: enquanto tenho aversão por Cavaco -- que aquilo ali não tem cultura, boas maneiras, sentido de Estado ou elevação de espírito para o cargo que ocupa -- já com o Marcelo, da minha parte, não há essa sensação de ter que comer uma coisa estragada. Vendo-o e ouvindo-o, não sinto alergia até à medula nem sinto vergonha só de pensar nos seus modos. 
Estou a escrever e a lembrar-me de quando o Cavaco se alambazou com a mão da então Princesa Letizia, certamente deixando a mão da rapariga toda babada. A Dona Cavaca até ficou esparvoada com o despropósito do esposo, parecia até estar com medo que ele desatasse a lamber a mão da pobre coitada. Uma vergonha nacional.
Enfim.

Acho que há melhor escolha para a Presidência do que o Marcelo, acho que a Presidência iria ser um poço de intrigas mas, até ver, não me vejo a sentir ânsias face às suas intervenções como sentia perante as inconveniências e provincianices do Cavaco.

Quanto à minha escolha, tenho a confessar que ainda não me decidi. Devo dizer que o meu coração balança um pouco. Provavelmente vou decidir-me pelo Nóvoa que me parece um homem inteiro e bem preparado mas, para ser honesta, acho uma certa piada à Marisa Matias. Acho que tem nervo, empatia e determinação e acho que o País está mais do que precisado de oxigénio, sangue novo, irreverência, sensibilidade e bom senso. Acho que ainda lhe deve faltar calo, vivência política, etc - mas tenho que pensar bem pois quero escolher em consciência. A seu tempo tomarei uma decisão e depois logo vos conto.

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Já agora: dois pequenos vídeos que ilustram um pouco de como é cada um dos acima referidos

Marisa Matias - Refugiados nas mãos de merceeiros


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António Nóvoa - e o significado do 'obrigado'.



Muita pinta.

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E, assim sendo, fico-me por aqui, desejando-vos um bom dia feriado.

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