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segunda-feira, outubro 31, 2022

Segredo para um coração feliz

 


As romãs estão grandes, pesadas. Tenho que as ir apanhando apesar de a casca ainda não estar bem tingida. Como estão tão grandes e pesadas, a casca de algumas abre e vão caindo bagos. Outras tombam e rebentam na queda. Mas já estão boas. Levei outra vez à minha mãe. Disse que ia dar uma grande ao meu tio. Fui agora pesar uma delas para não escrever aqui uma coisa fora da realidade. Pesava 538gr. 

De manhã, ao pequeno-almoço, junto bagos ao abacate, ao muesli e ao kefir. Ao almoço ou o jantar junto bagos à salada. Gosto bastante. Dão frescura e crocância. Comer só romã não tem muita graça, acho. Mas misturada é uma bela mais-valia.

As laranjas também vão caindo. Ainda pouco maduras, impossíveis de aproveitar. A casca também abre e caem deixando os gomos desfeitos no chão. Se calhar estão desabituadas de tanta água da chuva.

Com as limas a mesma coisa mas caem intactas. Uso-as para fazer chá e para temperar em vez do limão. Gosto muito de limas, são sumarentas, cítricas e com um toque a canela.

O jardim está muito verde, viçoso, húmido, e todos os dias temos que ir à socapa inspeccionar a aparição de mais cogumelos. Rebentam e crescem de um dia para outro. Há-os brancos, pequenos, pé filamentar, alguns mal se vêem, parecem pintinhas brancas, mas também os há castanhos, grandes, gordos. E há uns muito dissimulados, espessos como madeira, colados aos troncos. Temos sempre medo que o cãobeludo lhes chame um figo e não fazemos ideia do efeito que produziriam.

E hoje à tarde finalmente pusemos umas novas iluminações solares que, no outro dia, comprei. 

Uma é uma grinalda com bolas brancas de papel que, quando se iluminam, ficam com uma cor quente, bonita. A outra é um projector com sensor. E a terceira, a mais controversa, é uma fita daquelas que se ilumina em pontinhos corridos. 

O meu marido, se, em geral, tende a ter mente aberta, nestas coisas é assaz conservador. Conservador e minimalista. Isto de eu querer ter grinaldas ou fitas luminosas no jardim tira-o do sério. A mim não. Sou toda a favor de energias renováveis; e ter luzinhas que se acendem à noite depois de terem acumulado energia durante o dia parece-me muito bem. Acabei eu por colocar quase sozinha a grinalda e a fita pois ele teme que o jardim fique a dar-se ares de natal. Não gosta, é avesso a excessos, a pimpineirices, a gracinhas. Não gosta nada. Sobriedade é o seu nome do meio. Como não adoptei para mim nenhum dos seus nomes, sobriedade comigo não consta. Pelo menos, nestas coisas.

A grinalda ficou junto à vedação no terraço da cozinha. Assim há sempre luz. E acho que até fica com um ar bem bonito e acolhedor. O projector foi pacífico, ficou a apontar para a porta lateral e foi ele que o pôs.  O que deu luta mais a sério foi a fita das luzinhas. Quando comprei, pensei que fossem luzinhas brancas e só quando cheguei a casa é que, vendo a embalagem, fiquei na dúvida se não serão luzinhas às cores. Resolvi ir trocar. Ele disse que não era preciso, que se poriam pelo natal. Mas eu acho que não, se não é para trocar, vamos esperar pelo natal porquê? No corredor lateral que dá acesso ao jardim das traseiras, perto da porta do lado, achei que se poderia colocar no muro, entre floreiras suspensas. Creio que nem se vê da rua. Nem assim ele queria pôr. Pus eu. Consideremos que está ali a título experimental. Se se vir da rua e for feio, retiro e logo se vê. Mas agora quero ver como fica. As outras, entretanto, já estão acesas. Presumo que o botão da fita não ficou ligado. Amanhã tratarei disso.

Tenho ainda a reportar que enquanto dava atenção ao francês que a minha menina linda estava a praticar, o mais novo foi para o meu computador. Disse que ia jogar ou ver vídeos. Deixei, claro. Passado um bocado vi-o a teclar furiosamente. Perguntei o que estava a fazer. A irmã disse: 'está a ver se descobre o teu código de acesso'. Fui ver. O teclado bloqueado. Tanto para mexeu e carregou que o teclado bloqueou, não tugia nem mugia. E foi ela, sozinha, que resolveu tudo. Apenas fui solicitada para escrever a password de desbloqueio de ecrã no teclado virtual que ela invocou, indo depois às definições de teclado.

Gera-se sempre uma tal dinâmica que cada um chama e mexe para seu lado. Quando damos por ela já fizeram das suas. O meu marido diz: deixa-los mexer em tudo, fazem o que querem, por isso não te admires. O mais novo, então, é exímio em deixar-nos às escuras. Já por duas vezes nos deixou sem conseguir ver televisão tal a jardinagem que fez nos comandos da box ou da televisão.

Em contrapartida, a irmã está cada vez mais decidida: ela põe a mesa, ela serve os pratos, ela arranja a comida ao irmão mais novo e, no fim, quer ser ela a lavar a louça. E lava tudo com rapidez e perícia, mesmo tachos e frigideiras. E acelera-me para eu ir limpando e arrumando ao ritmo a que ela lava. Ao lanche também quis ser ela a tratar de tudo e, quando resolveram querer ovos mexidos, quis ser ela a fazê-los. Batidos com água, conforme aprendeu com o pai.

Pelo meio, houve pinturas de halloween e não apenas fui a pintora como eu própria acabei com cara de bruxa. Os trabalhos de casa que eram para ser feitos e o estudo que era para ter acontecido ficaram um pouco comprometidos, claro. Não consigo arranjar determinação para os forçar ao que quer que seja. Já dei para esse peditório. Agora é a vez dos pais deles.

E este domingo de manhã, aproveitando a aberta do bom tempo, fomos passear e apanhar sol para a beira-mar com a minha mãe. Muita gente, muita vida. As pessoas começam a curtir o ar livre. Adoro isso. E a minha mãe, toda jovem e fresca, lesta na passada, conversadora e animada, também gosta.

Há bocado, ao fim da tarde, já hora nova, fui para o terraço onde habitualmente nos juntamos para tomar as refeições ao ar livre ou conversar. Fui ver anoitecer, ver as luzinhas solares (que ali estão desde o verão e que, na altura, também deram bastante luta) começarem a iluminar o espaço. Estava sozinha com o computador a ver se via o The Good Doctor. Mas distraí-me e não vi. Fiquei-me pela contemplação do momento. Um pássaro passou por ali. Silêncio. Anoiteceu. Soube-me tão bem estar ali, uma tranquilidade total. Pensei que me sinto bem, que os meus se sentem bem -- e que não peço muito mais que isso. Pensei também que, se um dia me der para tentar meditar, naquele momento em que é suposto pensarmos em situações ou lugares aprazíveis, vou pensar em instantes assim, instantes de serenidade e paz.


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Tenho pena que o vídeo abaixo não tenha legendas em português. A experiência de vida de Lize Venter é impressionante e um exemplo. Depois de uma infância marcada por um sofrimento obscuro, violada por um irmão mais velho, eis que agora consegue o apaziguamento que lhe permite ter o coração feliz. Muito bonito.

Secret to a happy heart - Finding Wonderland

Trigger Warning - This film contains reference to sexual abuse, which may be triggering for some viewers.  If you have been affected by a similar issue and you need someone to talk to, please reach out to an organisation or individual near you for help.  Take care.

“The secret is to surround yourself with people who make your heart smile. It’s then, only then, that you’ll find Wonderland”

Our relationships teach us about so much more than the hearts of the ones we love - they teach us about ourselves.  Relationships show us how to love and be loved, as well as who we want to be in life and who we don't. 

Surround yourself with those who bring out the best in you. The ones who not only want to see you smile but also try to make you smile when you’re down. The ones who try to make your day brighter. The ones who know your value and your worth and remind you of it. The ones who help you bloom.

And have the courage to be a good friend to those who choose you.


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Nesta noite de eleições brasileiras, as imagens são pinturas de Tarsila do Amaral e vêm ao som de Choro N° 1 (Heitor Villa-Lobos) pelas mãos de Turibio Santos

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Nota: Obviamente ficaria angustiada, desgostosa e preocupada se ganhasse o troglodita do Bolsonaro. É um Trump em versão ainda mais abestalhada e ainda mais ignorantão. Uma calamidade para o Brasil e para a humanidade. Foi, pois, com alívio que vi que foi derrotado. Que não volte. Que não faça estragos nem alimente ódios agora que se foi.

Mas tenho que ser sincera: não fico especialmente feliz com a vitória de Lula. Acho que o Brasil mereceria melhor. Não percebo como um país tão grande, tão incrível e diverso como o Brasil não consegue melhor do que um Lula para se posicionar contra o obscurantismo populista, violento, grosseiro e perigoso de um Bolsonaro. 

Mas, enfim, é o que é. 

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Uma boa semana a começar já nesta segunda-feira
Saúde. Serenidade. Felicidade. Paz.

segunda-feira, maio 16, 2022

Искать там! Но хочешь ли ты увидеть...?
- e outras little coisinhas, incluindo o Zelelinkas in heaven e uma casa deliciosamente colorida

 


A meio da semana fomos até ao campo. Saímos de cá ao fim do dia, dormimos lá e nesse dia trabalhámos a partir de lá. Como tive uma reunião gigante nesse dia, mais de metade do dia foi à vida. 

Claro que a primeira coisa que fiz quando lá cheguei foi ir à procura do esquilo. Como é bom de ver já não o vi na árvore em que estava no dia em que foi descoberto.

Contudo, não apenas debaixo dos outros pinheiros onde já tinha visto as pinhas escaroladas, já lá estava mais uma porção delas em igual estado como, debaixo de um outro, a cena era a mesma. Lots and lots of pinhas roídas. Portanto, mantenho que não deve ser um único esquilo mas uma comunidade de fofinhos. 

Aqui dá para ver como é uma pinha normal e como fica depois de roída


Isso deixa-me feliz. Feliz mas desconsolada porque não consigo descobri-los. Tenho que ir para lá com mais tempo para tentar tirar a dúvida a limpo. É que viemos ao fim do dia e, a bem dizer, ando sempre com os minutos contados. Ora isso não é compaginável com a disponibilidade necessária para que os bichinhos se acheguem.

O fim de semana foi tranquilo. Passeámos, descansámos. O meu marido esteve na horta a desmanchar lá umas coisas enquanto eu fiquei a ler. 

Entretanto, quando estávamos a caminhar à beira da praia vi uns cadeirões feitos com paletes pintadas. Como na horta há umas três ou quatro paletes, fiquei com ideia de fazer um desses cadeirões, pintar, arranjar umas almofadas, ter ali uma zona de chill out. Não sei se pinte uma ripa de cada cor, azul claro, verde claro, branco, ou se tudo de branco ou se tudo de azul escuro, por exemplo, ou verde-relva. Inclino-me para uma mescla de verde-água clarinho e um verde-azulado também clarinho. Tenho que fechar os olhos e tentar imaginar.

Também ando com ideia de levantar o jasmim amarelo e pô-lo a passar por cima de uma pérgula. Não sei é como fazer isso. Há lá atrás uns barrotes e umas ripas e umas redes. Não sei é se têm a dimensão suficiente. Por mim, atirava-me já a isso. O meu marido teme estas minhas ideias pois diz que sobram sempre para ele. Mas claro que sim. Obviamente não tenho força para barrotes ou para pregar ripas em barrotes. Já para não falar que não sei como pregar os barrotes ao muro e aos pilares. Ou seja, estou em crer que, com estas minhas ideias, abri nova frente de batalha.

Já agora: por falar em frente de batalha. 


Quando o meu ursinho peludo é valente e brincalhão e fofo eu às vezes chamo-lhe Zelelinskyy ou Zelelinkas. Mas agora, quando se porta mal, chamo-lhe Putin. E bem podem os PCP's ou os pró-Kremlin vir protestar que eu chamo e chamo e chamo mesmo. Mesmo que me perguntem porque é que não chamo isso ao gato assanhado que vi no outro dia na rua ou ao pastor-alemão que aqui ao lado ladra com voz de poucos amigos, não quero saber. Quanto muito, porque apesar de tudo não tem nada a ver com o outro, o pêro-saloio que invadiu a Ucrânia, adoço a coisa e chamo-lhe Putini. 'Ai! Seu feio! Isso faz-se? Ai, ai, ai! Putini mais feio! Zango-me contigo! Pára! Mas tu queres ver...?'. Só quando ele ouve esta de 'Mas tu queres ver...?' é que ele pára e fica sossegado, a olhar.

Na volta é isto que têm que dizer ao outro:' Olha lá! Mas tu queres ver?', que é como quem diz: 'Искать там! Но хочешь ли ты увидеть...?'. Na volta assustava-se e ficava parado à espera do que viria por aí.

Bem. Daqui a nada começa o meu dia de trabalho pelo que. com vossa licença, vou à deita. 

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Mas, antes, deixem que partilhe convosco um vídeo com uma bacana, muito bacana, muito boa onda, a mostrar a sua casa colorida e feliz.

Most Colorful Home in America

You've never seen anything like this Washington, D.C. house...I promise. Imagine an old home from the 1700s right in the middle of a bustling city filled with things like a Disney crown that's been to Buckingham Palace, a goat statue wearing false eyelashes, and collections of curiosities like pink gnomes and plastic bunnies. It's truly a magical home. 

The home belongs to former Vogue editor Deb Waterman Johns, her husband, Ben, and their four kids. Deb is the co-founder of SCOUT, a brand known for stylish, functional, and affordable bags. She has more than four decades of experience in the fashion industry and her love of pattern, color and design is on full display at her whimsical Georgetown home. 

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Fotos feitas in heaven

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Desejo-vos uma boa semana a começar já por esta segunda-feira

Tudo a andar bem. Saúde. Boa sorte. Paz.

quarta-feira, fevereiro 26, 2020

As estantes deles. E alguns dos livros que arranjaram guarida in heaven. E o que os livros que escolhemos dizem de nós.
E outras coisas.





Há sempres partes dos meus dias de que aqui não falo. Mesmo quando parece que falo de muito, em geral aquilo de que falo não é senão o que se passa in between. Geralmente também não falo do que me preocupa enquanto me preocupa. Quanto muito, falo quando já não estou preocupada. 

De vez em quando sou surpreendida com comentários que nem chego a publicar ou mails nos quais as pessoas querem mostrar-me que conseguiram traçar as linhas que juntam os pontos que me definem e só falta desenharem o que pensam ser o meu retrato robot. Pasmo. Mas, se calhar, pasmo porque sei que o que omito é mais do que o que revelo. Mas aos ousados que me escrevem a evidenciar a prova da sua inteligência não passa pela cabeça que jamais se pode traçar um perfil e, muito menos, enchê-lo com carne e espírito, quando, na realidade, pouco se sabe de uma pessoa.

Mesmo que eu aqui expusesse os meus dados biográficos, o meu curriculum vitae detalhado, a minha ficha clínica e as actas das reuniões em que participo não se poderia concluir muito. A vida de uma pessoa é sempre tão mais do que aquilo que parece ser.

Mais: mesmo de pessoas cuja vida se pode consultar na wikipedia, que têm presença regular na comunicação social e na vida pública e mesmo quando praticam um estilo quase confessional, dificilmente se pode concluir que as conhecemos. Por exemplo, quem nos garante que, em privado, não se desdobram em disfarces ou que cultivam segredos ou que alimentam vícios inconfessáveis ou que escondem amores intangíveis? Ninguém garante.

Portanto, ninguém conhece ninguém, excepto, quanto muito, quando se trata de pessoas bidimensionais, desinteressantes até à quinta derivada, pessoas que se comprazem numa vida de inutilidade absoluta. Conheço pessoas assim. Olha-se e dir-se-ia que são pessoas que vivem vidas absurdas de tão desprovidas e nulas que são e, no entanto, são felizes nas suas rotinas e gestos inúteis. Dou por mim a pensar que, justamente, talvez sejam essas as pessoas que me melhor interpretam o absurdo ofício que é viver. 

Estou com isto pois hoje, de tarde, estando no campo, dei por mim a olhar alguns dos livros que por lá param. Geralmente são livros que levo para ler e que acho que é melhor lá ficarem para os completar no fim de semana seguinte ou para quando tiver tempo. Ou livros que acho que é melhor que estejam à mão quando quiser ir ler à sombra. Ou livros que quero ler com mais tempo, talvez nas férias. E pensei: será que, por estes livros desirmanados, alguém poderia decifrar o meu ADN?

Fui buscar a máquina e fotografei alguns dos montinhos. Ao ver agora as fotografias descobri alguns, poucos, uns dois ou três se tanto, que não sei bem o que são. Provavelmente esses ficaram justamente por não saber isso mesmo: o que são e onde melhor se encaixarão. 

Já agora, a propósito, um apontamento confessional: andei a ver aquilo de que a casa está precisada. E é tanto. Falta-me tempo para deitar mão a isso mas não poderemos adiar por muito mais. A parte mais antiga precisa de pintura por fora e por dentro, as madeiras do chão e do tecto precisam de óleo protector. Se calhar no chão, cera. Gosto muito do cheiro da cera. Dá mais trabalho mas o cheirinho é um consolo.

Também estive a abrir os roupeiros dos quartos que eram dos meus filhos e constatei que estão cheios de roupas que eram deles. Penso que jamais as voltarão a usar mas, com alguma esperança, iludo-me que, talvez um dia aos miúdos, os seus filhos, lhes dê jeito usar alguma daquela roupa, ou porque se sujaram  ou porque se molharam. Mas tenho que rever o que ali está pois o mais provável é que tenha os armários cheios de coisas inúteis.

Entretanto, a minha filha pediu que tentasse encontrar os seus livros de pautas de quando estudou piano. Por isso, fui ver a grande estante que está na despensa e que, quando comprámos a casa, estava em lugar de destaque na sala da lareira, e descobri não apenas imensos livros e brinquedos de ambos, de vários escalões etários, bem como cadernos e livros da escola -- e também pensei que não sei se faz sentido ter aquilo tudo ali, entocado e inútil. E, como sempre acontece quando procuramos alguma coisa, tudo menos pautas. Fui, então, à casinha lá fora onde estão as máquinas de cortar mato, a serra eléctrica, tintas, uma mesa de ping-pong, uma mesa de plástico desmontada e uma grande arca antiga, de sândalo, trabalhada, e para a qual nunca descobri um lugar digno e visível. Pensei que talvez as pautas ali estivessem. Mas não. Estava um grande saco com cobertores e um outro com lençóis bordados e com rendas. E isso encheu-me de pena. Eram de tias do meu marido, talvez até dos avós. Na altura, tive pena de deitar fora coisas que eram tão estimadas e que estavam numa casa tão bonita, tão bem cuidada. O meu marido queria deitar fora, dizia que nunca iríamos utilizar. Não fui capaz. Mas agora, ao ver que tinha posto ali as coisas e que nunca mais delas me tinha lembrado, pensei também que tenho que repensar algumas decisões. Guardo coisas que penso que têm memórias associadas a elas, coisas que, daqui por algum tempo, alguém possa gostar de conhecer. Mas quem? Quando? 

Mesmo os livros. Receio o que um dia lhes venha a acontecer. As pessoas têm as suas casas e elas não são elásticas, podem não conseguir acomodar o que lhes possa ser destinado. Vi quando foi dos meus avós, de qualquer deles. Nenhum dos meus primos quis ficar com alguma coisa. Disseram que não tinham onde pôr. Pude ficar com tudo o que quis mas, verdade seja dita, pude porque tenho uma casa no campo, com espaço.

Ao ir agora escolher uma música para ouvir enquanto escrevo, o YouTube tinha para me mostrar estantes em casa de pessoas conhecidas. Claro que vi todos os vídeos, e com que interesse os vi. Uma estante é um mundo e o amor que se tem a cada um dos livros que ali está transporta um pouco de nós para aquele lugar que, para quem ama livros, é do domínio do sagrado.
Mas fico a pensar, tal como penso em relação a mim: o que acontecerá quando a pessoa for desta para melhor e alguém se vir a braços com tudo isto, tendo que dar destino a todos estes volumes? 
Há coisas que fazemos que só fariam sentido se vivêssemos eternamente. Assim é tudo meio louco. E o melhor é nem pensar nisso.

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E estas são algumas das estantes de alguns deles








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As fotografias foram feitas esta terça-feira in heaven e achei que uma Bachianas Brasileira de Villa-Lobos vinha mesmo aqui a calhar
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Desejo-vos uma bela quarta-feira


segunda-feira, dezembro 10, 2018

A vez dos mais pequenos: indefesos e jaunes


Tão bem que se esteve este domingo in heaven: um solinho primaveril, um calorzinho suave, um cheirinho bom.

O meu marido, como sempre, madrugou, nem dei por ele. Sai e vai fazer as suas incursões pelos bosques ainda tingidos pelas cores recém amanhecidas e orvalhadas. 

Eu não. Eu deixo-me dormir até o corpo querer. Acordei tarde, preguicei, andei nas calminhas pela casa. Vi os progressos no tapete, arrumei algumas coisas, tomei o pequeno almoço, bebi um café bem quentinho, li mais um pouco das palavras ditas por Graça Morais. A seguir chegou o meu marido. Depois do seu passeio já tinha começado a queimar mato e ramos. Então, quando fui passear, estava aquele perfume que o fumo transporta levando o cheiro da madeira a arder misturado com o do eucalipto, dos pinheiros, do alecrim. 



Gosto muito desse perfume. É o cheiro do campo mais profundo, os elemntos em comunhão: a terra, o ar e o fogo. E a água -- porque a terra está húmida, verde, macia.

Andei devagarinho, olhando as árvores, os arbustos, as florzinhas que começam a despontar no alecrim, junto ao musgo. Dá-me ideia que há cada vez mais pássaros. Cantam, cantam. Uma indiscritível paz.

Então reparei que os cogumelos tinham desaparecido. Fui espreitar os lugares onde, no último dia, tinha visto aqueles maiores, os recantos onde estavam grandes grupos deles. Nem um. Baixei-me a ver se havia vestígios. Nada.

Continuei. Se há momentos bons na minha vida, e felizmente há muitos, são momentos assim, caminhando entre as árvores, em plena serenidade, ouvindo o silêncio temperado pelo canto dos pássaros, pelo toque dos sinos ao longe, sentindo a aragem perfumada, sem tempo.

E assim fui, andando, devagar, fotografando.

E, então, reparei numas pintinhas quase brancas. Entre a caruma, entre folhinhas secas, umas pintinhas clarinhas. Baixei-me. Ajoelhei-me na terra.

Surpresa, surpresa. Eram uns cogumelos pequenininhos. Nem queria acreditar. Como é que eu nunca tinha visto? Que triste cegueira.

Então descobri vários. Ínfimos. Tão bonitos, tão indefesos. Quantos terei eu já pisado? Sem perceber que estão ali, avançando devagar mas à toa, se calhar destruindo aqueles serzinhos tão facilmente destrtuíveis.






As fotografias não mostram bem quão pequeninos são. Tive que me encostar ao chão, fazer zoom. Que encanto. Tão bonitos, tão incrivelmente perfeitos. E frágeis. E efémeros. Estava a vê-los e a pensar que, se calhar, para a semana já terão desaparecido.

Pensei: como podem 'objectos' tão maravilhosos ser, por vezes, fatais? Tentadores, mortais. Mas não sei se estes são desses. Só que, mesmo que não sejam, não seria capaz de ter vontade de comê-los. Só contemplá-los, descobrir a maravilha que são.

E, ao ir assim, muito atenta, muito, muito atenta, vi uma pequena manchinha amarela e brilhante. Uma folha molhada? Baixei-me. Afastei uns pauzinhos que estavam por cima. Um cogumelo. Amarelo. Irreal. Lindo. Amarelinho, amarelinho.

De novo quase deitada sobre a caruma, de novo com zoom, olhei fascinada a nova descoberta. Intrigada pensei: mas sempre os houve? Bichinhos lindos, tingidos de luz, nascidos da terra cheios de cor? E eu nunca, nunca, nunca sequer suspeitei da sua existência. Parecem de brincar, parecem inventados, postos ali só para desafiar a minha desatenção.


E. mais à frente, mais dois. Junto a uma fina rede de orvalho, um vulnerável tecido de quase invisíveis fios de água, ali estavam dois cogumelos minúsculos, amarelinhos, dourados, improváveis aparições.


E logo mais à frente mais dois. Um encavalitado no outro, como que a brincarem, um a rir com os dentinhos à vista. Rendilhados por debaixo, macios, pequenas preciosidades que um qualquer deus ali deixou.


Naturalmente, com a descoberta de jóias assim, feitas de água e luz e ténues fios da mais frágil, breve e dourada substância, eu fico maravilhada. Quantas mais coisas eu desconheço e que estão junto a mim, sob os meus passos, querendo que o meu olhar nelas pouse? Como podemos achar que sabemos tudo, que sabemos muito, quando, na verdade, não sabemos nada, não vemos nada? Temos que olhar devagar, com tempo, temos que ter a humildade de nos baixarmos, de andar rente à terra. O mundo é tão incrivelmente maravilhoso e nós não o olhamos com o amor e devoção que ele merece. Que pena que tenho por terem passado tantos anos que desperdicei sem ver o que parece invisível mas que é tão cheio de beleza e vida, tão cheio de milagres.


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Antes de me despedir, permitam que partilhe convosco um bailado lindíssimo: Infra

Edward Watson e Marianela Nuñez dançam o pas de deux final numa coreografia de Wayne McGregor com música de Max Richter



E porque me apetece ouvir falar de beleza:

Endymion...A Thing of Beauty de John Keats (lido por Tom O'Bedlam)


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Todas as fotografias foram feitas este domingo in heaven. A última, que -- não sei porquê -- me parece quase dramática, mostra o tronco do plátano grande. Eu estava deitada na mesa de pedra que está debaixo dele a ver chegar a noite enquanto os pássaros entoavam a última valsa do dia.

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Desejo-vos uma semana muito feliz, a começar já por esta segunda-feira.

Desejo que haja saúde, alegria e beleza na vossa vida.

quinta-feira, março 15, 2018

Sentir tudo aquilo de que se sente falta





Um dia de verão, numa ilha de Quarnero, um daqueles dias absolutos cuja beleza marinha dá um sentido de glória mas também um aperto doloroso, porque, tal como já se disse acerca do amor, faz sentir tudo aquilo de que se sente falta.
[Claudio Magris] 
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Excerto de Instântaneos de Claudio Magris
Fotografia de Sheila Metzner
Anu Komsi interpreta Villa-Lobos

segunda-feira, outubro 03, 2016

Lavoura arcaica






Onde tinha eu a cabeça? que feno era esse que fazia a cama, mais macio, mais cheiroso, mais tranquilo, me deitando no dorso profundo dos estábulos e dos currais? que feno era esse que me guardava em repouso, entorpecido pela língua larga de uma vaca extremosa, me ruminando carícias na pele adormecida? que feno era esse que me esvaía em calmos sonhos, sobrevoando a queimadura das urtigas e me embalando com o vento no lençol imenso da floração dos pastos? que sono era esse tão frugal, tão imberbe, só sugando nos mamilos o caldo mais fino dos pomares? que frutos tão conclusos assim moles resistentes quando mordidos e repuxados no sono dos meus dentes? que grãos mais brancos e seráficos, debulhando sorrisos plácidos, se a varejeira do meu sonho verde me saía pelos lábios? que semente mais escondida, mais paciente! que hibernação mais demorada! que sol mais esquecido, que rês mais adolescente, que sono mais abandonado entre mourões, entre mugidos! onde eu tinha a cabeça? não tenho outra pergunta nessas madrugadas inteiras em claro em que abro a janela e tenho ímpetos de acender círios em fileiras sobre as asas úmidas e silenciosas de uma brisa azul que feito um cachecol alado corre sempre na mesma hora a atmosfera; não era o meu sono, como um antigo pomo, todo feito de horas maduras? que resinas se dissolviam na danação do espaço, me fustigando sorrateiras a relva delicada das narinas? que sopro súbito e quente me ergueu os cílios de repente? que salto, que potro inopinado e sem sossego correu com o meu corpo em galope levitado? essas as perguntas que vou perguntando em ordem e sem saber a quem pergunto, escavando a terra sob a luz precoce da minha janela, feito um madrugador enlouquecido que na temperatura mais caída da manhã se desfaz das cobertas do leito uterino e se põe descalço e em jejum a arrumar blocos de pedra numa prateleira: (...)

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Excerto do surpreendente (e envolvente) livro 'Lavoura arcaica' de Raduan Nassar, prémio Camões 2016.


Maria Bethânia interpreta Melodia Sentimental de Dora Vasconcellos / Heitor Villa-Lobos

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E queiram ir descendo, por favor, caso vos apeteça ver navios e o MATT pousado na margem


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domingo, maio 10, 2015

Diz-me qual a tua flor preferida e dir-te-ei quem és


Não sei se é ciência exacta mas, afinal, o que é que nesta vida o é? Nestas matérias, tudo é aquilo que quisermos - e o resto é conversa.

Meredith Waga Perez, dona da Belle Fleur em Nova Iorque, com toda a sua experiência e, certamente, já de olhinhos wide shut, deve tirar na hora a pinta a quem lhe compra flores - e a isto é capaz de se chamar estatística ou psicologia (ou uma coisa dessas, mais coisa menos coisa, ou é capaz de ser a mistura de umas quantas disciplinas arraçadas de quelque chose) - mas, seja como for, é capaz de ser para se levar quase a sério.

Vou resumir e cingir-me apenas a algumas flores.

Por uma questão de seriedade, os meus Caros, se fazem favor, param aqui e pensam qual a vossa flor preferida porque senão, batoteiros como me parece que, volta e meia, são, lêem tudo e depois é que escolhem. Ná, isso não vale. Por isso, vá, pensem lá na florzinha e só depois é que vão por aí abaixo,certo?

Para se inspirarem enquanto pensam, deixo-vos com a sugestão que um prezado Leitor me enviou e a quem agradeço a gentileza..



Villa Lobos - da Bachiana nº 5 - Amel Brahim

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Bem. Então vamos lá aos ensinamentos da Meredith. Diz ela que:



Quem prefere as tulipas: o seu guarda-roupa, os seus gostos, e a sua experiência de vida devem ser tão variáveis como as da palete de cores das tulipas. Pode ser uma socialite, mas é certamente um camaleão com origens desconhecidas.

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Os gladíolos são a flor da escolha. Quem os prefere são os aventureiros.

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Quem prefere orquídeas tem mistérios, gostos exóticos, e é uma pessoa subtil.

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Quem prefere cravos mostra ter gosto por matérias intemporais e revela subtileza no estudo de filosofia ou novas línguas.

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Quem prefere hortênsias é de humores. Revela contenção ao falar do seu património, trabalho ou círculos sociais. Prefere o verão.

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Quem prefere magnólias é alguém raro, gracioso e, provavelmente, provém de uma família poderosa.

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Quem prefere lírios é certamente uma pessoa muito independente. E é provável que tenha umas belas pernas e uma boa colecção de saltos altos (... depois de ler isto, aposto que os homens que achavam que preferiam lírios, já estão a disfarçar)

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Finalmente quem prefere as rosas (como é o meu caso): aventura e viagens são um apelo permanente. Diferentes culturas e as suas características autênticas são um fascínio. Renasce em cada estação mas sempre com estilo.

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[O artigo completo da Harper's Bazaar pode ser visto aqui]

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E que venham as rosas (que já não é sem tempo).



The Dior Gardens - Rose de Granville



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La Vie en Rose - Miss Dior, dirigido por Sofia Coppola e interpretado por Natalie Portman

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A Red Red Rose de Robert Burns (lido por Tom O'Bedlam)

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E, assim sendo e nada mais tendo a declarar, por aqui me despeço.

Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo dia de domingo. 

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PS: Não sei como vai estar o tempo mas, se estiver como esteve este sábado, só vos digo que esteve um belo dia de praia - e a água bem boa.

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segunda-feira, junho 25, 2012

Eu, no alto da minha torre, rodeada de azul, recebendo a visita das gaivotas


Música, por favor

Heitor Villa-Lobos, 5ª Bachiana Brasileira - Amel Brahim Djelloul, soprano e Gautier Capuçon, violoncelo

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Impedida que, neste momento, estou de sair de passeio dando largas ao meu lado de gata vadia que gosta de andar pelas margens do rio, olhando as larguezas e os navios que passam, ouvindo o lancinante  lamento das correntes dos barcos atracados, aspirando a maresia cheirosa e fresca, levanto-me de vez em quando para, da janela, olhar o grande espaço que se desdobra perante mim.

Podia já estar habituada a tanta beleza mas não estou. 

Abro a janela, sinto o ar do exterior e olho a toda a volta. Se o céu está limpo, os horizontes expandem-se e o meu olhar vai até muito longe.

Como posso eu alguma vez prender-me a minudências se o meu olhar está habituado a ver longe, tão longe?

Ontem eu estava encantada porque o rio estava provocantemente azul, porque o céu reflectia o rio.






A rive gauche e, no rio, azul, azul, um veleiro tão elegante, tão belo, com umas velas tão brancas.
E reparem no pequeno ponto escuro no canto superior esquerdo



Gosto de ver os veleiros, gosto de ver como as velas se arqueiam, se dobram e desdobram e se enchem de vento. Quando o vento está de feição, num instante os veleiros atravessam o rio, atravessam prédios e eu, se estou com a máquina a fotografar, tenho que esperar que saiam de trás dos telhados e apareçam de novo, garbosos, ligeiros.






Um outro veleiro se junta ao primeiro e ao fundo há outros pequenos veleiros brancos e há as serras,
subtis, esbatendo-se para não roubar protagonismo ao Tejo, destacando-se a de Palmela



Por vezes passam navios de passageiros e deixam um rasto de espuma branca. À pressa, fotografo esses rastos efémeros que atravessam o rio. As velas brancas, as casas brancas do lado de lá e os rastos brancos são breves pontos de luz que brilham neste vasto espaço azul.

Logo a seguir passam três apressadas figurinhas, três graças, três senhoritas atrasadas para a missa.






Com que pressa atravessaram estes barcos o Tejo, alinhados e eficientes, indiferentes à beleza  da paisagem



São os pequenos rebocadores que ajudam a acostagem e as manobras dos grandes navios. Estes já tinham cumprido a sua missão, estavam de regresso a casa e assim percebi a pressa que levavam.

Olhei então na direcção do Barreiro e do Lavradio. Onde antes havia fábricas, chaminés mostrando a laboração, há agora armazéns, centros comerciais, casas. Subsiste apenas uma ou outra unidade que ainda resiste teimosa. Mas nada, nada que se compare à actividade de anos atrás. Ali funcionava o núcleo histórico da indústria portuguesa, o núcleo duro da cintura industrial.






Grande cargueiro, certamente à espera de vez para acostar. Por trás a zona anteriormente industrializada
do Barreiro/Lavradio



Visto de longe, agora vêem-se apenas os grandes tanques de líquidos, combustíveis, óleos, etc. Pode pensar-se que não haver fumo é bom para a paisagem e para o ambiente. Mas sabemos o que isso também significa: não apenas milhares de postos de trabalho a menos mas, sobretudo, uma quase total dependência das importações. (Além disso, nos últimos anos, grande parte das vezes o fumo que se vê nas instalações fabris é apenas vapor de água).

Mas, se repararam no pequeno ponto escuro na primeira fotografia, digo-vos agora: ao longo de todo este tempo, eu estava a seguir o voo da gaivota que ali andava, volteando, dançando como uma louca. Seguia os veleiros, rodopiava, vinha até à margem, voltava ao rio. E eu a segui-la, as fotografais desfocadas tal a rapidez com que ela, gaivota livre, deslizava no ar.







Ei-la, a gaivota de longas asas, voando na minha direcção, belíssima, belíssima, deslizando livre, livre


Até que, num instante, num brevíssimo instante, voou para cá e maravilhou-me durante largos instantes aqui, à minha frente, tão rápida, tão perto. E eu que, naquele momento, não esperava tão inesperada visita, senti-me  agradecida, emocionada, obrigada, obrigada, e era como se eu voasse com ela, bailarina intangível, ser magnífico, ser alado com uma alma igual à minha.

Depois deu meia volta e regressou ao Tejo. Fechei então a janela e regressei também ao meu poiso.

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Se estiverem para aí virados, teria todo o gosto em receber-vos também lá no meu Ginjal e Lisboa. Hoje as minhas palavras pousam num ombro, como um sonho, em volta de um poema de Inês Dias. E dou início à semana dedicada ao compositor Heitor Villa-Lobos, uma maravilha.

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Finalmente, os meus votos: tenham, Caros Leitores, uma semana muito boa, começando já esta segunda feira. 
Que se rodeiem de beleza e de graça e que se sintam abençoados é o que vos desejo.