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sábado, fevereiro 24, 2018

O conselho a reter é este: não comam o vigário


Os restaurantes todos cheios. Liga-se a reservar e a resposta é sempre esta: Lamentamos mas já não nos é possível, estamos cheios, já não aceitamos reservas para hoje. Todos cheios. É bom sinal. Mas é uma maçada. O do peixe: cheio. O japonês: cheio. O tradicional: cheio. O de street food: cheio. É certo que era sexta-feira à noite mas ser sexta-feira à noite desculpa tudo? 

E é bom que se saiba: restaurantes cheios é bom sinal. E o dinheiro a girar é coisa boa e coisa e tal. E isso tudo. Mas sai uma pessoa da fisioterapia, depois de uma coça na cicatriz e de reestruturexes daquelas em que até o sangue corre em direcção à sargeta, e pensa: sexta-feira que é sexta-feira é cheia de desobrigações e bora lá mas é dar uma esticada e tudo no relax e numa de zen mood... E, na volta, é isto.

Mas pronto, não me queixo que estou de barriga cheia. Manuris e gyros e petisquinhos bons. Nada de maîtres fru-frus, é verdade, mas que importa isso?
O maître grego é para cima da minha idade, usa cabelo comprido em tom de platina, é agordalhado, usa um avental grande muito pouco alinhado e no fim da noite vem sentar-se à porta, de perna aberta, a fumar um cigarro, a pensar nas ilhas distantes e a aspirar o ar fresco que vem do mar.
Mas este foi-me o segundo do dia. No ginásio da fisioterapia, eu a puxar elásticos e aparece-me ao lado um outro igual mas em tronco nu. Olho e nem quero acreditar. Pêlo de alto a baixo e em todo o perímetro. Grande, quase gordo e ostensivamente peludo. Eu a puxar elásticos e ele a fazer o mesmo, naquele descaramento capilar. Tenho que falar com a chefe do serviço a dizer que não devem aceitar pacientes naquela condição. Ou se depilam ou vestem uma bata. Pêlos parciais ainda vá que não vá. Agora uma de tony ramos assim, ali, a despropósito, uma coisa frondosa daquela boa maneira... ele era costas, ele era ombros, ele era peito e barriga, ele era braços... e nas axilas...? -- nunca vi coisa daquela proporção... Parece-me muito impróprio, pronto. Eu a tentar ser boa aluna, concentrada nos movimentos, e com o fisioterapeuta a mandar-me olhar para a frente, para o espelho, e aquele macacão, naquela exuberância pelórica, ali quase ao meu lado a fazer o mesmo. Que confusão que aquilo me fez.
Já, no outro dia, outra situação. Sento-me numa cadeira a fazer roldanas e em minha frente uma senhora muito marquesa e muito donzela sai-se com esta: Até que enfim tenho uma companheira de roldanas... E fez um sorriso beatífico. Depois, enquanto um braço levantava e outro baixava e assim alternadamente, semi-cerrava os olhos como se aquilo a deleitasse. Depois entreabria-os e sorria-me com ar cúmplice. E eu, tentando corresponder e a pensar: deverei sentir-me irmanada...? deverei sentir-me um bff dela? Depois levantou-se, semi-cerrou os olhos para se despedir de mim, fez um sorrisinho angélico ou ternurento, nem sei, e afastou-se como se fosse nas nuvens.
Mas, pronto, voltando ao grego. Ao restaurante, mais concretamente.

Não me apareceu nenhum frangote oferecido, nenhum galaroz tentador, nenhum pato bravo, nenhum peru emborrachado, nenhum porco amansado, nenhum boi de estimação. Nada disso. Muito menos servidos em travessa com o pó mal limpo. Certo que há arquitectos na família mas a verdade é que não seja por isso e, de resto, frescuras não é comigo. Tiropitas, manuris, frutos secos, licor de vinho doce, carne grega (não sei de que bicho e prefiro nem pensar nisso). E depois iogurte com mel e nozes. Tá-se. Ou melhor: Teve-se. Do verbo tar, bem entendido.

Na mesa atrás de mim, dois belos exemplares masculinos mas só com olhos um para o outro. E eu só os tinha para quem estava à minha frente pelo que não sei quem mais lá estava. Vigário não vi nenhum. Mas, se estivesse, já sabia que não devia prová-lo. Ouvi bem o conselho. Mas, de qualquer forma não me tentaria. E não porque pudesse estar fora de prazo mas porque, a mim, padres só dos que cantam canto gregoriano. Gostos.

E pronto. Por ora, nada mais a acrescentar. Só que, ao contrário da senhora do restaurante abaixo, acho que não é provável que eu volte a engravidar. De um vigário, pelo menos, não. 



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E queiram, por favor, descer para testemunharem uma conversa privada entre dois ilustres juízes
Nao é coisa que se faça mas, em tempos de voyeurismo, q s f.

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quarta-feira, janeiro 24, 2018

Como um simples saco de caroços de cerejas pode contribuir para a nossa (quase....) felicidade


Bom. Agora que já arrumei o Marcelo (que aqui me apareceu de braço dado com o pinókio) e mais os photoshopes criativos, já posso dedicar-me à minha saúde. Preparem-se que vem aí um post que faz juz à já minha provecta idade. Vou falar de mim, de uma minha maleita. Para o quadro ficar mais perfeito deveria estar com um abatanado pingado entre mãos e a devorar uma meia torrada mas se nunca o fiz até hoje, não é agora que vou estrear-me.


Já vos contei. No fim do verão começou a doer-me um ombro. Não tendo conseguido ter férias dignas desse nome, no pouco tempo livre que tinha podava árvores como se não houvesse amanhã (porque, com o calor bravo que estava e sem se poderem usar máquinas de corte, na necessidade de desbastar árvores e mato, o trabalho era feito à mão). Não liguei à dor. Nadei, varri, arrastei ramos de árvores até ao monte. Tudo. Isto para não falar em andar com o bebé ao colo que isso, santa paciência, ninguém me tira.

Disse-me a fisiatra quando eu, já o outono se estava a extinguir e a dor sem passar, fui consultá-la e lhe disse que achava que tinha alguma fraqueza de músculo ou mal de articulações: 'Acha?! Se eu fosse esquiar e esquiasse de manhã à noite sem antes me ter preparado para tal esforço físico, de certeza que arranjava, no mínimo, alguma rotura de tendão ou entorse. Qual mal, qual fraqueza...? Exagerou foi na dose.'

Pronto. Seja. A verdade é que a ressonância revelou de tudo um pouco: rotura parcial de um tendão e bursite e mais uma data de coisas. 

Explicou-me ela ainda que, andando eu há meses com aquela rotura no tendão e com inflamação, a bursite se tinha formado e mais não sei o quê. E que a dor tem que ser respeitada e tal e coiso. E que, por andar em contenção, para não me doer tanto, já estava a ficar com a articulação congelada (ou os músculos?)  e mais não sei o quê. Portanto, a ver se a coisa vai lá com fisioterapia. Senão, consulta do ombro e talvez artroscopia. É o vais. Portanto fisioterapia: calor húmido, laser, ondas curtas, ionizações, mobilizações.

Quem me vê, toda na dissimulação (que coitadinha é que não), não desconfia de nada pois só levantar o braço, rodá-lo para trás (apertar o soutien atrás é uma dor...), levantar o braço para tirar o ticket no parque público e coisas assim é que é mau. De resto, ando na maior, tudo na normalidade, é como se nada se passasse. 

De noite, na cama, também é mau. Há meses que durmo sobre o outro lado. É que nem de barriga para cima.

E está a custar a curar. Sempre que ela me mobiliza demais, parece que venho de lá pior. Quer que eu faça movimentos pendulares durante o dia. Como? Levanto-me a meio das reuniões, dobro-me e ponho-me a balouçar o braço? Haveria de ser lindo.

Mas não me queixo. Quando lá chego, tarde, de noite, depois do stress do trânsito e da dificuldade em arranjar lugar para estacionar, deito-me no gabinete, põem-me uma toalha com almofada de calor húmido e é tiro e queda. A dormir, num instantinho.

Depois acordo com um 'Tá-se bem, hein...?' e, estremunhada, confesso que já estava até a sonhar. 

O calor húmido não é só no ombro. A fisioterapeuta cismou que me achava com a ombradura tensa. Justificava-me: 'Como não? Dói-me... Na volta, mesmo sem querer, encolho-me'. Chamou a auxiliar e pediu calor também para as cervicais. Melhor ainda. Por mim, podia até cobrir-me de calor húmido da cabeça aos pés.

No outro dia, perguntei: 'Em casa como é que posso fazer isto?'. Diz-me ela: 'Na Natura vendem uns sacos curvos, mesmo para pôr à volta do pescoço, com caroços de cerejas. Humedece, põe no micro-ondas durante 1 a 2 minutos. Depois põe. Vai ver que gosta'. Gostei logo, só mesmo de ouvir.

E loguinho lá caída. 'Sacos de sementes, tem?', perguntei. Tinha. Mostrou-me um saquinho lindo, de veludo em lilás clarinho. Cheiroso, macio. Peguei, já rendida. Mas, ao pegar, senti a miudeza dos interiores. 'Isto são caroços de cereja...?', perguntei, desconfiada. 'Pediu-me de sementes', explicou ela. Rectifiquei o pedido. Tinha, claro.

Já cá o tenho. À volta do pescoço, uma quentura boa. O pior é o cheiro. Não gosto. Tomara que não se entranhe. Parece que cheira a colchão de palha. O das sementes de alfazema devia ser bem melhor. Assim sou bem capaz de ficar com o pescoço a cheirar a galinha. A galinha velha, querem lá ver.


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domingo, maio 07, 2017

Nutricionismo, fisiatria, fisioterapia
- por exemplo





Bem queria cá ter vindo mais cedo mas isto não é fácil. As voltas que eu já dei hoje. Até o IRS dos meus pais já está despachado. As compras de supermercado também (mas à tangente: entrámos estava aquilo a minutos de fechar). E íamos para pintar lá umas coisas no campo mas, afinal, não deu. Fomos mas, o que era para estar pronto, não estava. O senhor ainda lá estava a telhar o telheiro que está a ser arranjado. Parece que choveu quase todos os dias, não conseguiu trabalhar. Não sei.

No meio de tudo, enquanto no carro e durante mais um bocado, ainda me encantei com a Virginia Woolf. Depois fiquei a pensar em qualquer será o factor que torna alguém um escritor de qualidade. Não tem a ver com a imaginação pois pode, apenas, escrever sobre memórias e, ainda assim, apesar de descrever vidas mais ou menos rotineiras ou acontecimentos relativamente banais, prender a atenção do leitor ou dar-lhe vontade de reler algumas passagens para contemplar melhor como se atingiu o reforço do sentido (do que o autor quis dizer) através do enleio de algumas palavras, conjugadas de forma especialmente bela. O livro é 'Momentos de Vida' que, no original, é Moments of Being. O livro, além do mais, tem uma bela capa e sobrecapa, uma boa paginação, fotografias, e, estou em crer, uma cuidada tradução pois o que se lê soa bem e a nota inicial da tradutora, Eugénia Antunes, revela uma sensibilidade e uma preocupação que me agradaram.

Mas o tema deste post não tem nada a ver com esta introdução. A bem dizer, o post começa agora.


A cena é que cada vez mais acho que vivemos assentes em ortodoxias que não ajudam nada à nossa qualidade de vida. Impantes do nosso saber, viramos a cara ao que desconhecemos como se, ao não vermos, tivessemos a comprovação da não existência.

Quando se perde campo visual -- e sei disto porque o meu pai, com o AVC, perdeu metade -- ignora-se o que se passa na parte que a visão não reconhece. É como se metade do que temos pela frente estivesse também nas nossas costas. 

Assim somos com grande parte do que existe -- e ignoramos.
Que parte dos alimentos que alegremente consumimos são prejudiciais à nossa específica condição -- desconhecemos. Que esticar o braço, a ver se aquilo dá um estalo que vai aliviar a dor no ombro, só agrava o problema -- desconhecemos.
E estou apenas a dar alguns exemplos. 
Há profissões que apenas recentemente começaram a sair da sombra apesar de, quando exercidas com profissionalismo, trazerem a quem delas beneficia significativas melhorias na sua qualidade de vida.

Fisiatria e fisioterapia são duas delas.
O tempo que perdi e as chatices que tive enquanto não dei com uma fisiatra que soube interpretar a minha lesão e me tratou como deve ser, ou o que eu aprendi e como melhorei com a fisioterapia. Estou em crer que se frequentássemos, de quando em vez, a fisoterapia, sob recomendação de um fisiatra, quantos comprimidos e dores não evitaríamos.
Outra é a de nutricionista. Já há um par de anos tinha ido a uma nutricionista. Fui uma única vez, fiquei bem melhor, até a nível estético. De número 42 passei a 40 e a 38, e toda eu me sentia levezinha, o peso de antes.

Mas perdi a disciplina e, além do mais, tenho gostos que não ajudam muito. Voltei ao 42. Não se pode dizer que esteja gorda, acho que nem pouco mais ou menos (mas isto sou eu a dizer...), mas vejo que não 'estou na linha' como queria. Adoro fruta e iogurtes e flocos de aveia e frutos secos. Um dia, para mim, começa bem com uma banana, uma laranja, um kiwi, um iogurte (e dos magros, com frutos e cereias, activia). Se puder, ao almoço, acompanhar a refeição com um copo de sumo de fruta natural, tanto melhor. 

Ora, tudo isso tem açúcar que não acaba. Não uso açúcar de pacote há anos mas consumo açúcar natural na fruta ou o que vem no muesli ou no iogurte. E, como não gasto calorias na proporção em que as acumulo, o resultado traduz-se em mais centímetros no perímetro abdominal. 

Mais. Não há ano que passe sem que tenha uma tendinite. Ou é um ombro, ou um torcicolo. O ano passado até uma tendinopatia insercional nos isquiáticos eu tive. Geralmente isto acontece uma ou duas vezes por ano. Pode ser apenas durante quatro ou cinco dias mas são dias de dores terríveis e brufen. Contudo, da última vez, porque soube agir, não me impediu de trabalhar e não tive que tomar nenhum anti-inflamatório: bastou não fazer certos movimentos e, ao fim do dia, pôr gelo.

Para além do peso que quero perder, também falei nisto à nutricionista. 

E, portanto, agora estou a seguir um regime que visa perder alguma gordura abdominal -- que é onde a gordura se me deposita, e que, não sendo nada de mais, é, ainda assim, desnecessária -- e combater a inflamação. E estou animada com os resultados que hei-de obter.

Conheço pessoas que, por seguirem um regime prescrito por nutricionistas, deixaram de tomar o omeprazol que tomavam há anos, nunca mais tiveram refluxo, azia ou mau estar intestinal; outras que passaram a sentir um nível estável de energia, quando antes sentiam moleza e abulia; ou que voltaram a ter um corpo com contornos definidos quando antes era uma sucessão de pneus. E homens que deixaram de ter uma barrigona a rebentar pelos botões da camisa ou uma papada gorda que lhes desvirtuava as feições.

Contei à minha mãe que, até revisão, terei que, de manhã, comer proteina (ovos, por exemplo) e legumes ou saladas e, de fruta, por exemplo, pera abacate, e, se quiser, umas amêndias. Nem lacticínios nem hidratos de carbono, nem açúcares. O primeiro mês é o mais violento pois o objectivo é consumir a gordura depositada. A minha mãe disse: olha, quando eras pequena, gostavas de comer sopa ao pequeno-almoço. Pois era, já nem me lembravaNunca gostei, e nunca comi, torradas ou pão com o que quer que fosse ou café com leite, essas coisas de que toda a gente gosta. Ou era sopa ou papa de aveia ou iogurte ou fruta.

Vamos ver se consigo ser disciplinada e se, depois deste mês mais radical, encontro um equilíbrio entre aquilo de que mais gosto e o que é indicado. Para já sinto a falta do iogurte e do queijo. 

Não descrevo a dieta que me foi prescrita pois ela é indicada para a minha circunstância que não será, certamente, igual a de todos quantos me lêem -- e não quero induzir ninguém em erro.

O que posso, isso sim, é recomendar, a quem possa, que vá ouvir a opinião de um nutricionista sobre qual o seu regime alimentar adequado, e que, em caso de dores musculares ou nas articulações, não se fique apenas pelas consultas de ortopedistas ou reumatologistas e ouça também a opinião de um fisiatra.


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Lá em cima é a Rita Redshoes com 'Mulher', um vídeo que Leitora a quem muito agradeço me enviou e onde aparece uma amiga sua, por sinal, pessoa com um ar bem simpático.


As fotografias foram feitas nesta tarde de sábado in heaven.

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E a ver se consigo cá voltar com a Doris.

Até já.
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