terça-feira, março 11, 2025

Foi pena a Sandra Felgueiras não ter perguntado ao Montenegro quanto é que a mulher e os filhos recebem como 'ordenado' da Spinumviva e quais as despesas que estão a ser imputadas à empresa? Eletricidade, água, comunicações da casa? Limpeza da casa? Combustível dos carros da família? Etc, etc, etc. Por acaso, estou curiosa.

 

Eu sei que Montenegro já confessou que fez o mesmo que qualquer português. Mas está certamente a referir-se, como Vital Moreira também o diz, aos profissionais liberais que criam empresas para pagar menos ou nenhuns impostos e, em cima disso, ainda reaverem o IVA das facturas que contabilizam na empresa.

Mas Montenegro, como Primeiro Ministro, pode comparar-se a quem usa esse estratagema para pagar menos impostos? 

Não deveria ser eticamente imaculado? A ser verdade que na Spinumviva eram (ou são) parqueadas todas as despesas da família contabilisticamente elegíveis, até porque a 'sede' da empresa era a sua própria casa e o contacto da empresa era o seu próprio telemóvel, qual a sua motivação para apelar ao bom cumprimento fiscal?

(Não admira que queiram é aliviar o IRC... Ah pois...)

Já agora, Senhores Jornalistas: não querem fazer uma investigação e ver quantos médicos do SNS (e do privado, já agora) são facturados, como tarefeiros, através de empresas que, no fundo, são apenas uma extensão de si próprios, a extensão que lhes permite que o rendimento seja da empresa que, atafulhada de despesas pessoais, acaba por não dar lucro e, portanto, não paga IRC, e eles, como funcionários da empresa. recebem ordenado baixinho que mal paga IRS (e é se pagar)? Claro que esses habilidosos também podem meter como gerentes a mulher e os filhos, e todos ganham um ordenadozeco que, como é baixo, não paga IRS, mas que, sendo limpo -- e tudo somado -- já é coisa que se vê.

Mas, voltando aos médicos, com o valor absurdo que esta ministra ofereceu aos 'tarefeiros', não será que muitos estão a 'sair' do SNS para lá estarem a trabalhar na mesma mas como tarefeiros, ganhando em dois carrinhos, não apenas através do valor que o SNS lhes paga à hora como através do benefício fiscal que obtêm através das suas empresas?

E, já agora, Senhores Jornalistas: não seria de investigar se mais dirigentes da área da Saúde, especialmente os nomeados pela Ministra Ana Paula Martins, não estarão a acumular o ordenado de dirigentes com umas horinhas feitas como tarefeiros? Acreditam que foi só o Gandra d'Almeida? 

E, de qualquer maneira, não são apenas os médicos a praticar, creio que em larga escala, esta habilidade. Diria eu que também advogados, consultores, etc -- todos os que conseguem fazer isso conseguindo assim quase não pagar impostos.

Quando é que alguém se interessa a sério sobre a maria barbuda que é, na verdade, a nossa política fiscal?

Quando é que alguém simplifica e baixa globalmente o IRS para que espertezas saloias destas deixem de fazer sentido? 

E quando é que a inspecção fiscal cai em cima destes esquemas....?

Mas... como...? Se, na volta, se calhar, o próprio Primeiro Ministro pratica esta habilidade... Eu não sei se pratica, se não pratica, mas penso que é um tema que a CPI deveria analisar com cuidado. É que, a bem da higiene pública e da sanidade democrática, não deveriam subsistir dúvidas.

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E sobre o RGPD e o trabalho que, segundo diz o Montenegro, a Spinumviva presta, poderão descer até ao post que se segue.

Sei muito bem o que é o RGPD (Regulamento Geral de Protecção de Dados). Deu trabalho antes de entrar em vigor, em 2018. Depois disso, salvo uma ou outra questãozeca pontual, é como se nem existisse. Uma empresa gastar 54.000 € por ano com outra empresa -- quando tem equipa jurídica interna -- é a modos que um mistério.

 

Antes de 2018 as empresas focaram-se a fundo nos processos em que se 'mexe' em dados pessoais. Todos os processos tiveram que ser 'mapeados', tudo teve que ficar documentado. Como as empresas continuavam a trabalhar, contrataram-se empresas externas para entrevistar pessoas, para documentar, para avaliar da necessidade de usar dados pessoais (de clientes, de fornecedores, de colaboradores ou potenciais colaboradores, etc). 

Devo dizer que fui responsável pelo tema, a um nível 'macro', digamos assim, em várias empresas.

A partir do momento em que o RGPD entrou em vigor, em 2018, com tudo conforme -- o regulamento da empresa exposto nos respectivos sites, os formulários referindo que a aceitação de algumas condições teriam implícita a aceitação das regras, etc,, etc. -- o tema deixou de dar trabalho e chatices.

Agora, caso surja algum novo processo, o que em empresas já estabilizadas pouco acontece, segue-se o guião estabelecido e garante-se a conformidade. Contudo, vamos supor que há alguma queixa, alguma denúncia, de que há algum uso indevido de dados pessoais -- aí, geralmente, nas empresas há um DPO (Data Protection Officer) que avalia a situação e, em caso de dúvidas, o departamento Jurídico avalia melhor. Só em casos bicudos se pede parecer ou apoio externo.

Ora, se bem percebo, a Spinumviva recebe cerca de 11.000 €/mês (divididos por 4 avenças) por serviços relacionados com os dados pessoais que, na prática, não percebo ao certo o que são.

Montenegro, fazendo o que lhe é habitual, entra em pormenores que servem para empatar, para atirar areia para os olhos, descrevendo as funções de um DPO ou a lista de tarefas que aparecem descritas em termos de RGPD. Até o RGPD entrar em vigor, todos nós andámos às voltas com aquelas descrições. A partir de 2018 percebeu-se que a montanha tinha parido um rato. Portanto, é mais do que certo que na Spinumviva ninguém faz, mensalmente, nada do que ele para ali desfia.

Nota: Isto não quer dizer que o RGPD não valha nada. Vale. Por exemplo, o Facebook, se pegar em dados dos seus utilizadores e os vender a outras empresas, deve avaliar bem se nas cláusulas que as pessoas aceitaram (mesmo que as não tenham lido) está explícita a autorização para isso. Caso contrário, estará a usar indevidamente dados pessoais e deverá ser multada. Identicamente, se uma autarquia vender ou 'ceder' dados dos munícipes (morada, números de telefone, consumos, etc), sem autorização destes, a uma qualquer empresa, estará igualmente a infringir o RGPD. As grandes sanções que a violação do RGPD pode desencadear têm como fundamento situações gravosas deste tipo. 

Agora uma empresa normal, bem gerida, com os processos bem montados e documentados, em que ninguém usa dados pessoais de ninguém para usos indevidos, nem se lembra, e bem, do RGPD.

NOta: No título falei dos 54.000€ a título de exemplo (é a verba que, segundo as notícias, a Solverde paga à Spinumviva).

segunda-feira, março 10, 2025

Quando Paulo Portas fala em nome dos portugueses baseia-se em quê? Fez uma sondagem só para ele?
A que propósito enche a boca para dizer: 'Os portugueses não percebem' ou 'Os portugueses não querem'?
Ele, que nunca conseguiu nada enquanto líder partidário, sabe lá interpretar o sentir ou o pensar dos portugueses...

 

E depois, tendo engolido a cartilha da equipa de comunicação de Montenegro, o forever irrevogável Portas põe nas mãos do PS a decisão de não haver crise. E a entrevistadora, a simpática Andreia Vale, esquecendo-se de ser jornalista, não foi capaz de lhe dizer que está equivocado pois quem tem nas mãos essa decisão é o Montenegro que foi quem entregou uma Moção de Confiança, fadada à rejeição. Ele que a retire.

Só palhaçadas. 

Sinto falta de políticos sérios, cultos, eticamente irrepreensíveis, corajosos, com visão. 

Tirando alguns, poucos, que se encontram mais ou menos retirados, certamente fartos da cambada que por aí anda a trocar tintas, a vender banha da cobra e a poluir o espaço mediático, só se veem alguns decentes que parece que não conseguem falar suficientemente alto para se fazerem ouvir sobre o permanente ruído da marabunta.

Caraças.

Vou fazer zapping (vou em busca do 'Isto é gozar com quem trabalha'). Eu ainda consigo fazer algum esforço para ouvir o Portas e demais aves papagaias que por aí andam a papagaiar, mas o meu marido fica furioso, não está para ser aturar quem atenta contra a inteligência alheia.

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E transcrevo um comentário, pertinente, e que já aqui tinha sido deixado há dias:

Volto a uma pergunta anterior: porque razão o site da Assembleia da República deixou de publicar os registos de interesses?

É ir ao site, escolher o nome de um deputado. Vê-se quantas legislaturas fez, as comissões a que pertence, a biografia, e no cantinho direito está lá uma ligação para os registos de interesses. Se tiver feito várias legislaturas vemos em que sociedades tinha quotas ou lá o que eles entendem que deve ser publicado. Abre-se para esta legislatura e zero. Porquê?

Aqui fica a dica. Alguém sabe responder?

domingo, março 09, 2025

Alô, alô, senhor ministro Pinto Luz: não faça o número gago do agarrem-me senão eu bato-te. Fica ridículo.
Se, como diz, "O PSD não quer eleições, o primeiro-ministro não quer eleições e os portugueses não querem eleições", porque é que o seu chefe entregou na AR uma moção de censura?
Já pensou que o melhor para o País seria o PSD livrar-se do Montenegro? Ora puxe lá um bocadinho pela cabeça.

 

A narrativa que o PSD arranjou para tentar fazer-nos uma lavagem ao cérebro aí está no terreno, a toda a força. Tudo o que é papagaio anda a propagandear, com a ajuda da comunicação social, que a culpa de tudo é do PS.

Eu só espero que, maioritariamente, os portugueses não sejam tão acéfalos como estes papagaios sem vergonha na cara e mostrem, veementemente, que não engolem tudo o que lhes dão a comer. E que mandem o Montenegro -- que depois de se ter escondido atrás da mulher e dos filhos, agora anda a esconder-se atrás destes ministrecos -- de volta para Espinho para poder fazer fretes à vontade à Solverde, à gasolineira do pai do candidato à Camara de Braga, por sinal, marido da célebre Inês Patrícia, e a outros clientes do género.

Alguém devia fazer ver a esta gentinha que andar a poluir o ar que respiramos não é uma boa estratégia.

É pena que as vozes inteligentes sejam tão poucas e tão pouco escutadas. Pena, pena.É que, de uma coisa, não subsistam dúvidas. Como muito bem diz C.: "Por mais piruetas que as agências de comunicação façam, é esse rosto de chico-esperto que  vai ser impresso nos cartazes."

E qual o papel dos jornalistas? Transcreverem ipsis verbis a lenga-lenga engendrada para enganar os pacóvios ou exercer um mínimo de contraditório? Não sabem o que é exercer o contraditório? E são descerebrados a ponto de não serem capazes de desmontar retóricas enganosas?

Muito do que é o populismo ou votos dados a quem só anda cá para enganar o Zé Pagode deve-se a esta Comunicação Social que vai atrás de todos os ossos que lhe atiram.

De facto a estupidez é um mal generalizado e, pior, para o qual ainda não se descobriu o antídoto. Caraças.

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[E, se estiverem para aí virados, queiram, por favor continuar a descer pois há mais aqui, onde se fala da longa manus e do alter ego, do Montenegro -- como tão bem Vital Moreira escreveu]

Uma palavrinha e um conselho aos desesperados do PSD a propósito da longa manus e do alter ego de Luís Montenegro

 

As televisões têm estado encharcadas de papagaios e começámos a perceber que os inteligentes da equipa de comunicação do PSD pariram um aborto mas, sem perceberem que o nado-morto infelizmente não tinha pernas para andar, puseram os ministros e os caceteiros com ele ao colo. 

(Imagem mais triste. Não vou aprofundá-la muito mais.)

Mas, ainda assim, deu para perceber que a ideia peregrina é atirar o enrolo criado pelo Montenegro para cima do PS. 

Como o PSD é assim -- um saco de gatos que, quando toca a reunir e a defender os lugares a que se alaparam, unem-se a sério e papagueiam a cartilha que lhes distribuem -- nem querem saber da triste figura que andam a fazer e repetem as parvoíces que os da comunicação engendraram.

Mas eu, que estou de fora, daqui lhes envio a verdade-verdadinha que a malta do lado de cá, os votantes, apreenderam:

1 - O PS deixou passar o programa de Governo

2 - O PS safou a macacada em que o PSD se envolveu ao não conseguir, sequer, eleger o Presidente da Assembleia da República

3 - O PS deixou passar o OE 2025

4 - O PS não deixou passar a Moção de Censura que o Chega apresentou, salvando o Governo

5 - O PS não deixou passar a Moção de Censura que o PCP apresentou, salvando o Governo

6 - O PS avisou profilaticamente que não deixaria passar uma Moção de Confiança, avisando que era sensato que o Governo não fosse por aí

7 - Tendo o PSD provocadoramente -- ou numa tentativa patética de evitar uma Comissão de Inquérito -- apresentado uma Moção de Confiança, o PS veio publicamente sugerir ao Governo que retirasse a Moção

Portanto -- branco é galinha o pôs -- o PS não pode ser, de forma alguma, responsabilizado pela crise que Montenegro está a provocar. Clarinho como água.

Se Montenegro e demais tropa fandanga insistirem nessa narrativa patranheira estarão apenas a demonstrar ao País aquilo que já todos sabemos: para além de tudo, padecem de uma grande desonestidade intelectual.

E a desonestidade intelectual em cima de todas as notícias que têm vindo a lume -- e não desmentidas -- que dão conta de esquemas e mais esquemas (sendo que o escrutínio de alguns  eventualmente poderá vir a passar para a alçada do MP), é coisa que costuma indispor severamente os eleitores.

Recomendo a leitura do inequívoco texto O caso Montenegro (7): A empresa "avatar", de Vital Moreira, cuja leitura integral recomendo e onde se lê, por exemplo: 

- não tendo nenhuma autonomia em relação ao seu fundador, a Spinumviva não era mais do que uma metamorfose na apresentação externa daquele, um "avatar" do advogado Luís Montenegro, para continuar a sua atividade profissional e beneficiar do seus proventos.

- a Spinumviva é uma ficção de sociedade comercial, sendo verdadeiramente uma longa manus ou um alter ego de Montenegro.

- Esta extraordinária declaração de Luís Montenegro, de que «não fez nem mais nem menos do que faz qualquer português» é uma confissão implícita. Na verdade, como escrevi no início deste "caso", aquilo que muitos profissionais liberais fazem - que é criar empresas pessoais/familiares para prestarem os seus serviços em nome delas, serem pagos através delas e beneficiarem de redução de impostos e da imputação de despesas pessoais - podia ser feito pelo advogado Luís Montenegro, mas não podia ser continuado pelo PM, sob pena de violação da exclusividade a que está obrigado e de conflito de interesses, entre o interesse público que lhe cabe de prosseguir e os interesses económicos dos clientes que lhe pagam as generosas avenças.  Ao contrário do que defende Montenegro, o PM não pode fazer o que "qualquer português" pode fazer, quanto mais não seja por uma questão de ética política, que neste caso foi manifestamente posta na gaveta.

Aqui chegados, eu poderia elencar todas as irresponsabilidades, incompetências e descaramentos em que o Governo Montenegro tem sido pródigo. Poderia até dizer que se cair, não se perde nada. Mas não é isso que agora está em causa. 

O que está agora em cima da mesa é que, fruto das trapalhadas do Montenegro (repito: do Montenegro, exclusivamente do Montenegro) e da impossibilidade de as defender, este está a atirar o País para uma crise que, muito provavelmente, nos vai atirar para novas eleições.

Ora, face ao desespero em que vejo as hostes do PSD, o que sugiro é o seguinte:

Hipótese A

a) O Montenegro, se é homenzinho (reparem que não falo em homem, não peço tanto, falo apenas em homenzinho), deve apresentar uma Moção de Confiança interna (isto é, no PSD), de votação anónima

b) Mais do que certamente, essa moção será chumbada. A malta do PSD por vezes parece que não tem os alqueires bem medidos (muito sinceramente, com todo o respeito, (sic), deixem que diga que, ao quererem atirar as culpas da cagada em que o Montenegro se deixou afogar para cima do PS, parecem completamente parvos), mas não são burros de todo. Por isso, devem estar furibundos, sentindo-se fornicados de todo com o caldinho do Montenegro e só por pudor não correm com ele a pontapé. 

c) Com o tapete tirado pelo PSD, Montenegro terá forçosamente que se demitir.  

d) Com o Montenegro de volta a Espinho, Marcelo poderá perguntar ao PSD se quer apresentar algum nome para Primeiro-Ministro. Havendo um, talvez a legislatura consiga arrastar-se por mais algum tempo

Hipótese B

Em alternativa, Marcelo, se resolver lembrar-se que ainda está em funções, pode chamar o Montenegro e dizer-lhe que já chega, que antes que se descubram mais cegadas, é melhor que desampare a loja, que vá enrolar clientes para Espinho. E pode chamar o que ainda se mantiver de pé do PSD e perguntar-lhes se há lá alguém que se aproveite para Primeiro Ministro.

Claro que os timings são curtos, que não somos como os ingleses que num dia votam e no dia seguinte os vencedores já estão a tomar posse, tudo na base de atar e pôr ao fumeiro. Mas, ainda assim, em querendo, alguma corda aos sapatos talvez se pudesse dar

Errata: Lá em cima, na alínea b da Hipótese 1, enganei-me a escrever uma palavra. Como sou uma pessoa bem comportada, aqui está como deve ser: caguada. Assim já não estou a dizer nomes feios.

sábado, março 08, 2025

Se eu fosse eu

 

Há um texto muito conhecido de Clarice Lispector que explora essa possibilidade. Reza assim:

Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase “se eu fosse eu”, que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir. 

E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.

Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.

“Se eu fosse eu” parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.

Neste caso paradoxal em que Montenegro, para não se desenredar a ele próprio, enredou todo o País, se eu fosse eu -- e se eu tivesse poderes mágicos para conseguir que se fizesse o que eu queria -- haveria algumas coisas que eu faria de imediato:

1ª - Corria com o Montenegro do PSD. O quanto antes.

O caciquismo laranja no seu pior, vestígios daquele cavaquismo que, em seu tempo, alastrou por todo o País, o amiguismo feito de esquemas, e aquele espírito videirinho em que se fala por meias palavras ou, de preferência, nem se fala para que possa sempre dizer-se que não foi isso que disse, em que uma mão lava a outra, em que há sempre quem contrate alguém para que um dia que seja necessário e etc. -- tudo isso vejo em Montenegro. Das pessoas mais incompetentes que conheci até hoje, um que era cavaquista, que estava administrador de uma empresa, tendo já passado por outras administrações, sem saber fazer nada de nada de nada (nem se esforçar por isso). Amigo de um amigo. Falava muito do Marques Mendes e do outro de que já nem me lembro o nome, um ministro com bigode que também andou metido em trabalhos. Este artista de que falo tinha uma bela casa, tinha uma outra bela casa, tinha um belo carro, a empresa pagava-lhe motorista, exigência dele, frequentava todos os convívios em que os amigos dos amigos estavam, gostava de ostentar o seu poder. Mas, fazia género, dá ideia que se considerava mesmo um bom trabalhador. 

Um fulano como Montenegro está a ser muito mau para o País mas também para o PSD. Não sei se, neste momento, há alguém de jeito no PSD para suceder a Montenegro mas, mondando bem, talvez descubram alguém que seja um bocadinho melhor que ele.

2ª - Arranjava maneira de seguir uma sugestão que Leitor bem pensante aqui teve a amabilidade de deixar: avançava com José Luís Carneiro como candidato a Primeiro-Ministro

Pedro Nuno Santos é um bom rapaz, é boa pessoa, é bem intencionado, é voluntarista, parece genuinamente honesto -- mas, em minha opinião, falta-lhe uma qualquer quelque chose. Parece que ainda não está sólido, parece que lhe falta pulso, punch, mão firme. 

Contudo, que não se faça confusão: entre Montenegro e Pedro Nuno Santos, claro que Pedro Nuno Santos. Estão em planos diferentes. O plano de Montenegro é o dos chicos-espertos, que usam a política para engrossar (ou, pelo menos, manter) a sua carteira de clientes. O plano de Pedro Nuno Santos é um plano em que há ainda utopia, desejo de uma vida ao serviço do País, há alguma nobreza na forma como se entrega de corpo e alma. Mas ainda não está no ponto. 

3ª - Arranjava maneira de ter uma direita decente, liberal, democrática. Havendo uma direita moderna, arejada, talvez esvaziasse a direita civilizada que se bandeou para o Chega

4ª - Tentava ter uma esquerda moderna, inteligente, lúcida, com compreensão para o que são os reais problemas das pessoas, uma esquerda despretensiosa, não ortodoxa, aberta. Talvez se conseguisse esvaziar o que resta do PCP, o que resta do BE, do PAN e do Livre, e criar uma força política nova, com os pés assentes da realidade actual (não no passado, não noutra qualquer geografia). Talvez assim a esquerda ganhasse força e talvez conseguisse cativar os que só encontraram 'amparo' junto do Chega.

Com um panorama político assim, acredito que o País seria outra coisa, seria governável, inteligente e eficazmente governável.

De qualquer forma, mesmo que a reorganização da esquerda e da direita não fossem para já, parece-me que seria saudável para o País que a 1ª e a 2ª medida fossem, desde já, seguidas. A 1ª seria não apenas saudável como higiénica.

Tirando isso, claro que havia ainda outra coisa:

5ª - Também gostava que tivéssemos um Presidente da República em acção e agindo de acordo com a Constituição e com o bom senso, e com uma visão rigorosa e ponderada cobre o País e sobre o Mundo. Mas, no actual contexto, acho que esta já seria talvez pedir de mais.

Mas o Tozé Seguro anda por aí a mandar bocas em que qualidade? Não se enxerga...

 

Só porque o ingénuo Pedro Nuno Santos teve a infeliz ideia de referir o nome dele, deu em pôr-se em bicos de pés como se alguém estivesse à espera dele.

Não está. Nunca acrescentou nada e, passados tantos anos, continua a ser a mesma nulidade.

Mas não se enxerga. Por aí anda a falar como se já fosse Presidente da República. Caraças, quando os carapaus têm tosse é uma tristeza de ver.

sexta-feira, março 07, 2025

O queixo de Christiane Amanpour até caiu ao ouvir Mélanie Joly, a Ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá

 

Uma grande e muito interessante entrevista. 

Tempos tempestuosos estes.

O mundo chocalha, estremece.... mas reajusta-se. 

Talvez não seja mau de todo. É aquilo que há quem diga: deus escreve direito por linhas tortas.

[Está traduzida]

'My jaw is dropped': Canadian official's interview stuns Amanpour

Canadian Foreign Minister Mélanie Joly talks to CNN's Christiane Amanpour about Trump's ideas on trade, military cooperation, annexation and more

Vladdy Daddy

 

The Lincoln Project is a leading pro-democracy organization in the United States — dedicated to the preservation, protection, and defense of democracy. Our fight against Trumpism is only beginning. We must combat these forces everywhere and at all times — our democracy depends on it. 

quinta-feira, março 06, 2025

O que aí vem

 

Não vejo como é que o PSD vai aceitar que quem irresponsavelmente atirou o País para eleições antecipadas, depois de andar a tentar esconder o que já estava à vista de toda a gente (e ando a ouvir dizer com alguma insistência que ainda mais está para vir a lume), seja o líder que vai conduzir a campanha eleitoral que aí vem.

Além disso, começam a ouvir-se outros nomes no seio do partido. Portanto, não sei se a instabilidade dentro do PSD não virá juntar-se à instabilidade em que Montenegro lançou o país.

Acresce que o tipo parece não ter noção. Faz coisas de uma leviandade que não lembram ao diabo. Baldou-se a uma cimeira da maior relevância e, ao mesmo tempo, é visto a transportar o carrinho dos tacos de golf enquanto, ao lado, o amigo da Solverde vai de mãozinhas. Podendo alojar-se na Residência Oficial de S. Bento, fica num hotel cujos custos não se percebe como paga com o ordenado que ganha, hotel esse onde se passam todos os grandes eventos do PSD, levando a que já haja quem tema que ainda venha a saber-se que está a ter um tratamento 'especial'. Dá ideia que é aquela mania que tem que quer, pode e manda e não tem que dar satisfações a ninguém. Aliás, na Assembleia da República, até deixou sair que 'tem mais que fazer do que estar ali a dar explicações'. Talvez por isso nem se tenha dado ao trabalho de informar o Presidente da República que ia fazer um anúncio no sábado à noite, rodeado pelo governo, que, mais que certamente, ia atirar o País para nova crise. Uma desconsideração um bocado surreal demais.

Portanto, sendo o menino do calibre que já se viu, o PSD vai aceitar ser conduzido para o desastre eleitoral sem tugir nem mugir?

Do CDS não falo. Não existe.

Do lado do PS, tenho algumas dúvidas. Numa lógica de que há que ter estabilidade, o Partido Socialista tem feito de tudo para que não haja crise: deixou passar tudo o que o PSD quis e agora queria tudo menos eleições. Pedro Nuno Santos queria fazer uns Estados Gerais ao longo de 1 ano para daí emergir um Programa de Iniciativas que desse origem a um programa de governo e uma equipa ministerial. Portanto, eleições agora é tudo o que o PS fez tudo para evitar. 

Mas as coisas são o que são. Num mundo ideal fazem-se as coisas ponderadamente, com tempo, step by step. Mas o mundo real geralmente atropela o mundo ideal. Portanto, situemo-nos no âmbito em que estamos, ou seja, no meio da confusão.

Sempre achei o José Luís Carneiro mais sólido, mais estruturado, do que o Pedro Nuno Santos. Mas não foi isso que o PS quis. Portanto, é Pedro Nuno Santos que tem que ir à luta. E só espero que se saiba rodear dos melhores. Há nos quadros do PS gente muito capaz, há que saber contar com eles. E há que saber recrutar gente capaz na sociedade civil, não necessariamente dentro do partido. Os timings são apertados, a conjuntura internacional é do caraças -- ou seja, nada disto é para meninos. Portanto, há o PS tem que dar ao pedal e manter a cabeça no lugar. 

Quanto ao PCP, tudo o que faz é ao lado, é cada vez mais uma nulidade, nem vale a pena pensar nisso. 

O Bloco está esvaziado, não sei se ainda consegue tracção para ir à luta.

O Livre não consegue agarrar senão um eleitorado restrito, mais intelectual e purista. Uma base eleitoral exígua.

A Iniciativa Eleitoral tem sabido manter-se sóbria, com intervenções racionais, sem embandeirar em arco, sem ceder a facilitismos. Provavelmente continuará a aguentar-se e talvez até a subir junto do eleitorado mais jovem e mais escolado.

Sobra o Chega. Nesta perspetiva, isto é, nas próximas eleições, para mim uma incógnita. André Ventura tem uma agilidade e habilidade mental notáveis. Consegue sacudir de si todos os escândalos que têm recaído sobre os seus deputados. É aquilo que se diz: nestes partidos, escândalos que não ferem o líder, não abalam as opções de voto dos simpatizantes. E, neste caso concreto, André Ventura pode capitalizar dizendo que, ao apresentar a 1ª moção de censura, fê-lo cedo demais pois o tempo (e não foi preciso muito) veio a dar-lhe razão. André Ventura consegue ocupar a agenda mediática: é sempre o primeiro a falar para a opinião pública, é sempre o primeiro a pronunciar-se e sabe falar com clareza e eficácia. Compreende-se que uma parte significativa da população se sinta confortável a votar nele.

Mais do que termos medo de André Ventura ou mostrarmos nojo do Chega, penso que o mais inteligente é perceber como é que a forma de comunicação deste partido e desta pessoa são tão eficazes. Abstraiamo-nos da demagogia, do populismo, da falta de vergonha e fixemo-nos na eficácia, no sentido de oportunidade, na construção das frases e na escolha das palavras. Talvez haja ilações que possam ser úteis.

Uma coisa é certa: a política de amiguismo, de nomeações por filiações partidárias, os 'tachos', levadas a cabo por partidos que têm ocupado o poder merecem profundo repúdio por parte da população. Ventura cavalga em cima disso. Mas o PS deveria interiorizar também estes princípios pois são essas práticas que minam a confiança do eleitorado.

Tirando isso, o que se me oferece dizer sobre tudo isto é que, para já, coitado do Marques Mendes. Ganda nóia.

Coitado do Marques Mendes...

 

Anos e anos a fazer a homilia dominical para ver se tinha a mesma sorte que o amigo Marcelo... e agora acontece uma destas...

terça-feira, março 04, 2025

O comentador e o chico esperto -- ou melhor, Marcelo e Montenegro
-- A palavra ao meu marido --

 

Sempre achei que o Montenegro é um chico esperto que, com maior ou menor falta de ética, tem enganado os portugueses. 

Recordemos, e só cito dois exemplos: 

  • o choque fiscal prometido e reprometido na campanha eleitoral e que nunca existiu 
  • e as prometidas "rápidas melhoras" na Saúde num prazo de 60 dias que, de facto, com a sua intervenção se tornaram num "estado muito grave" ao fim de dez meses. 

Agora descobrimos que o Montenegro também, na sua vida privada, usa e abusa, da chico espertice (e veremos se, em alguns casos, não será mesmo ilegalidade). A criação de uma empresa que está por provar se, entre outros objectivos, não será para pagar menos impostos, continuar a receber avenças sendo primeiro-ministro, entre as quais uma avença de uma empresa cuja  atividade depende de uma licença emitida pelo governo, comprar apartamentos através de contas bancárias cujo saldo parece ter sido criteriosamente gerido para as transferências não poderem ser escrutinadas vão muito para além da chico espertice. A olho nu parecem incompatíveis com a função de PM, parecem de uma falta de ética inimaginável e deverão, na minha opinião, ser investigadas por quem de direito (AT, Ordem dos Advogados e MP) para se verificarem se a legislação está a ser cumprida (por muitíssimo menos, e, na realidade, ainda está para se perceber porquê, o João Galamba foi escutado pelo MP durante quatro anos). 

Mas o Luís Montenegro ainda foi mais longe. Para tentar salvar a pele, meteu a mulher e os filhos "ao barulho", o que ultrapassa todos os limites (só o Marcelo se pode "orgulhar" de ter feito a mesma coisa). 

Por mais voltas que tentem dar, por mais vezes que digam que o País não aguenta outra crise politica 

(a referência ao Guiness feita pelo Marques Mendes é de gargalhada. As dissoluções que houve até hoje não foram da responsabilidade do seu amigo Marcelo que ele sempre apoiou na homilia semanal? Foram, foram!), 

o Montenegro ou se demite ou tem que ser demitido já!

Já agora, ao Marcelo aplica-se o ditado "quem semeia ventos colhe tempestades". Fez todos os possíveis para correr com António Costa (ainda está por esclarecer quem foi o autor "moral" do parágrafo metido â última hora no comunicado pela PGR que originou a demissão do António Costa) e saiu-lhe o Luís Montenegro que não lhe liga patavina (no caso do comunicado de sábado até me parece má educação) e só lhe cria problemas. 

E o tipo que comentava tudo e todos, corria ou tentava correr com ministros e secretários de estado, falava em "ramos pobres", visitou um beco e uma casa de gelados, saía por uma porta do palácio e entrava por outra "se calhar" só para fazer "comentários" â malta da comunicação social, agora não diz nada. Pelos vistos, acha que não dar posse a uma secretária de estado cujo marido estava a ser investigado é muito mais relevante do que o pântano atual causado pelo Luís Montenegro. 

Sr. Presidente, poupe-nos a esta novela faça alguma coisa: demita o Montenegro. E se lhe é difícil encontrar uma solução, o problema é seu. Ninguém o mandou demitir um governo que tinha maioria absoluta, ninguém. A sua atuação neste caso é mais uma confirmação para a opinião pública de que o Presidente Marcelo é o pior presidente da democracia portuguesa.

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Nota: o Público tem hoje um artigo sobre as nomeações na Saúde. De tudo o que se sabe, todas têm sido feitas pela cor do cartão partidário -- e a ministra, com a habitual cara de pau, diz que as nomeações não são feitas a pedido do PSD. Como dizia um colega meu, "mentiroso sou eu e não minto tanto". 

Gerir unidades de saúde que movimentam milhares de funcionários e centenas de milhões de orçamento sem qualquer experiência em gestão, seja em gestão hospitalar ou não, é caminho certo para o desastre. Mas os novos nomeados têm alguma dessa experiência? Basta por exemplo ver a experiência de gestão que tem, para citar um único exemplo, o novo CEO da ULS Almada/Seixal. 

Também valeria a pena os jornalistas investigarem:

1 - Os custos das demissões dos novos gestores 

2 - e se não existirão esquemas para os novos gestores auferiram mais proventos do que o salário. 

Não devem esquecer os esquemas "tipo" Gandra d`Almeida que, sendo dirigente do INEM, trabalhava como tarefeiro em Hospitais Públicos. Não haverá acordos desses com outros gestores contratados?

Depois das conclusões do IGAS sobre  a greve do INEM e depois do que a ministra disse no Parlamento qual a razão para não se demitir? Será porque, na realidade, em ética sai ao chefe, ao Luís Montenegro? 

E o Marcelo, achará que este caso também não  merece comentários? 

E quando é se vai escalpelizar a contabilidade da empresa do Mentenegro?
Pergunto

 

Volto a dizer: seria muito interessante ver a contabilidade da Spinumviva. Não estão lá debitadas as despesas da água, da luz, dos carros, dos combustíveis, das limpezas, etc, da casa do Mentenegro? E restaurantes, hotéis usados pela família? E não está a reaver IVA de faturas pessoais? Ou seja, a empresa não é um veículo para o Mentenegro e família pagarem menos impostos? Seria interessante verificar. Aliás, como sugere Vital Moreira, seria de homem se Montenegro pedisse, ele próprio, uma auditoria à sua empresa -- e a tornasse pública.

segunda-feira, março 03, 2025

Presidente Marcelo... cu-cu...!

 

Está escondido, Presidente Marcelo...? Ou anda a brincar às escondidas...?

É brincadeirinha destes tempos de Carnaval, é?  É que o seu amigo e correligionário Mentenegro também anda escondido dos palcos internacionais. Que saiba, nos últimos já é a terceira vez que se balda. Não convém também perceber que coisa estranha é essa? Estão os dois a brincar? Quiçá até a brincar um com o outro? 

E já nem falo das incompetências grosseiras do Governo do Mentenegro -- agora, cingindo-me aos últimos dias depois de todas as palhaçadas do 'seu' menino, depois das mentiras, das meias verdades, das chico-espertices, das cobardias, com o país inteiro perplexo com tamanha falta de coerência e de vergonha, o Senhor Presidente não acha que a sua palavra e a sua acção são necessárias?

Tanto e tão injustamente andou atrás de ministros competentes do Governo Costa, tantas demissões na prática exigiu, tantas dissoluções por razões só suas, e agora, perante um descalabro destes, fica calado? Passivo? Inerte? A assobiar para o lado?

Ou está à espera que a gente o encontre...?

Cu-cu...!

domingo, março 02, 2025

Chico-esperto. Manhoso. Cobardolas

 

Todas as opiniões são subjectivas. A minha também é. 

Sendo uma pessoa atenta e que tenta estar informada, é natural que forme uma opinião sobre os agentes políticos.

Sobre Montenegro desde há muito que tenho uma opinião. Contudo, agora que, fruto das suas funções, ele está mais exposto, passei a conhecer melhor a forma como actua. 

Em especial desde a campanha eleitoral e, sobretudo, desde que é primeiro-ministro, o que tenho visto é um daqueles videirinhos, chico-espertos, daqueles manhosos que acham que enganam os outros, daqueles que usam frequentemente a palavra 'sinceramente' para dizer coisas que sabemos que não são verdade, escuda-se atrás de questões familiares, e, como se isso não fosse já mau demais, foge. Desculpa-se com condições técnicas para não responder ou para não participar em videoconferências, balda-se a conferências internacionais, balda-se a responder às perguntas que lhe fazem, foge das perguntas, atira responsabilidades que são suas para cima dos outros e, mesmo num momento crítico em que se apresenta ao País numa comunicação na casa oficial do primeiro-ministro, consegue vir dizer coisa nenhuma e acabar sem que ninguém tivesse percebido qual a sua intenção ou o que vai fazer. Ou seja, porta-se cobardemente.

Claro que também avalio o desempenho deste governo como uma lástima. Apregoou como seu o que foi trabalho de outros, o que apregoou que resolvia em 3 meses não apenas não foi resolvido como está pior do que antes, etc., etc., etc.

Ou seja, quer as suas políticas são más para o País como a sua presença à frente do Governo é, sob todos os pontos de vista, uma desgraça.

E acabo com o que venho perguntando: e Marcelo? O que diz? Acha Marcelo que há alguma estabilidade? Acha Marcelo que Montenegro tem condições para continuar à frente do Governo?

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Quanto ao Pedro Nuno Santos fez a mesma coisa que fez em relação ao Orçamento: falou antes de tempo, neste caso a propósito da moção de censura que os comunistas, estupidamente, vão apresentar. Caraças. 

Confirma-se: Mentenegro é um brincalhão. E também se confirma: toma-nos mesmo por parvos

 

Nada a dizer, Senhor Presidente?

Nada? Nada? Nada mesmo...?

No meio da catrefada de parvoíces que disse, típicas do chico-esperto que é -- e mais uma vez numa de toca e foge -- e depois de atirar areia às pázadas para os nossos olhos, ainda consegue provocar o PS. Mais uma vez, porta-se mal. Mal, mal, muito mal. Se há coisa de que o PS pode ser acusado é de ter andado a tratar o desgoverno Mentenegro com demasiados paninhos quentes.

Vamos agora ver o que se segue. Vamos ver se o Pedro Nuno Santos se porta como deve ser.

sábado, março 01, 2025

Mas o Montenegro toma-nos por parvos ou quê...?

 

Lido agora na conta de Instagram de Miguel Pratas Roque:

José Sócrates está acusado por ter recebido, depois de ter cessado funções, pagamentos de um amigo para facilitar decisões públicas favoráveis às empresas desse amigo.

Manuel Pinho foi condenado por ter recebido pagamentos pelo Banco Espírito Santo, relativos a comissões e créditos anteriores à sua entrada no governo, enquanto era ministro da Economia, através de uma off-shore de que era beneficiária ("beneficiary owner") a própria mulher.
  • O que seria se José Sócrates estivesse a receber pagamentos mensais de vários grupos económicos enquanto era Primeiro-Ministro? 
  • O que seria se José Sócrates tivesse tido um amigo, médico e dono de um grupo empresarial de saúde (que já empregou a ministra e a secretaria da Saúde), que lhe pagasse férias e o albergasse numa casa de luxo que lhe pertence, no litoral nordestino brasileiro?
  • O que seria se José Sócrates tivesse passado férias e fins de semana, a convite de um amigo que é dono de casinos e de uma cadeia de hotéis?
  • O que seria se Manuel Pinho tivesse recebido pagamentos de grupos económicos, não por serviços alegadamente prestados antes de ser ministro, mas por serviços que o mesmo assume estarem a ser prestados enquanto exerce essa função?
Percebem, agora, a gravidade da situação? Onde anda a histeria coletiva do espaço mediático? Obre anda o Presidente da República que, antes, se preocupava com trocas de agressões, num ministério? Onde anda o Ministério Público?

Hoje, descobriu-se que os grandes especialistas contratados por Luís Montenegro trabalhavam, como advogada e jurista, no escritório de Hugo Soares e João Rodrigues, marido da primeira, que é candidato do PSD à câmara de Braga. Em comunicado, a empresa do Primeiro-Ministro tentou ocultar a identidade da advogada, chamando-lhe apenas Inês Patrícia e não Inês Varajão Borges.

São estes os grandes "especialistas" contratados?...

Mal foi emitido o comunicado, o site do escritório de advogados de Hugo Soares foi abaixo, ficando indisponível. A tentativa de ocultação de Inês Varajão Borges é apenas infantil.

Só quem não tem ponta de decoro e de vergonha na cara pode manter-se em funções.

E só quem gosta de ser feito de parva/o pode tolerar isto.

Marcelo sente-se enrodilhado, sem saber o que fazer no CASO Montenegro?
-- Depois de o ter levado ao colo até S. Bento, agora não sabe como livrar-se dele?
Uma dupla cujo final político é triste

 

Note-se: até ver, com o que se sabe, o caso Montenegro é político. Falta de ética, violação do princípio de não conflito de interesses, encobrimento, aparentemente não respeitar a obrigatoriedade de não receber rendimentos de outras fontes que não a de ser Primeiro-Ministro. Embora já se fale no possível interesse do Ministério Público em fazer umas certas averiguações. Mas não é essa vertente que, para já, aqui me traz.

Se o tema fosse criminal, eu diria, como sempre digo, que o Montenegro seria inocente até prova em contrário. Os julgamentos fazem-se nos tribunais e não na rua.

Mas o tema a que me refiro é de confiança, respeito, dignidade, moral, ética. E aí, sim, a avaliação de um governante em exercício é feita, em primeiro lugar, na rua. Claro que, também, na Assembleia da República (mas, a primeira aproximação veio pela mão do Chega e chegou prematuramente, quando ainda não se sabia da missa a metade, pelo que a moção de censura foi chumbada).

Claro que há também a questão da (in)competência e, aí, a menos que se trate de casos deveras graves que requeiram a intervenção da Assembleia da República e do Presidente da República, a avaliação deve ser feita nas urnas, no tempo devido.

Mas, volto a dizer, não estou a falar nem da competência nem de questões criminais. Estou a falar da questão da 'percepção', tão cara ao Montenegro. E aí há que ajuizar qual a percepção que a 'malta', em geral, tem da sua idoneidade, da sua credibilidade, da sua honorabilidade. Se a malta em geral, de forma unânime (só o ouvi o Núncio a defendê-lo e isso não conta -- e, ainda assim, foi uma defesa mais abstracta do que dele), o vê como um chico-esperto, um videirinho que pensa que pode disfarçar as coisas que faz com conversa da treta, areia para os olhos ('um terreno com duas oliveiras', por exemplo), com habilidades jurídicas (ainda por cima mal feitas, nulas), então que condições tem Montenegro para se manter como Primeiro-Ministro?

Já antes tinha ouvido o Lobo Xavier dar-lhe um par de machadadas fatais. Mas este sábado vi o Miguel Morgado, um ferrenho militante e quase acéfalo defensor de tudo o que vem do PSD, enterrar de vez o Montenegro. O que ele disse deixou-me estupefacta. Se o Miguel Morgado se refere a Montenegro como um político medíocre ou diz que é impossível um primeiro-ministro pedir escusa seja do que for, não sei quem vai apoiá-lo caso ele queira manter-se em funções.

É uma chatice haver uma crise política numa altura destas. Claro que é. Ninguém a quer. Mas mais 'chato' é ter um primeiro-ministro sem credibilidade, em quem os portugueses não confiam.

O espectáculo que Trump, esse bully asqueroso, e J.D. Vance, um porcalhão mal-educado, deram na Casa Branca é uma coisa obscena.
Mais uma vez Zelenskyy provou que é um homem (e até dá vontade de escrever o H em maiúscula), um homem que os tem no sítio

 

O espectáculo vergonhoso, com duas bestas a humilharem e a quererem vergar um homem que há 3 anos se aguenta de pé apesar da violenta guerra a que o seu País tem estado sujeito, foi surpreendente. Mas não foi só isso que Trump e J.D. Vance fizeram: na verdade, humilharam todos os americanos e os Estados Unidos enquanto nação. Chamarem estúpido a Biden, como Trump já o fez repetidamente, gozar com Obama, dizer mentiras em catadupa, proferir ameaças, ofensas, falar com Zelenskyy como se ele fosse um jogador de cartas e a Ucrânia um tabuleiro, é uma vergonha, uma vergonha a nível mundial, uma vergonha nunca vista.

Não sei como é que os americanos, democratas ou republicanos, digerem um espectáculo tão vexante. Não sei se não se sentirão tentados a acabar com a ruína moral que representa a presença de Trump como presidente dos Estados Unidos.

Em contrapartida, perante aquela vergonha, Zelenskyy manteve-se fiel a si próprio: inteiro, frontal, humilde mas firme. 

Para a história Trump ficará como um palhaço. Putin como um psicopata, um assassino. E Zelenskyy como um herói. 

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E as reacções aparecem por todos os lados. Aqui está uma:

Trump and Vance ATTACK Zelenskyy in Oval Office and Align U.S. with PUTIN

Rick Wilson reacts to the disgraceful Oval Office meeting between Donald Trump, JD Vance, and Volodymyr Zelenskyy. Today's Oval Office spectacle wasn't about showing strength, it was about surrendering to Putin. Trump and JD Vance have sold out America.