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segunda-feira, setembro 15, 2025

Pode uma pessoa ser um perigoso íman, cujo efeito electrizante e perturbador sobrevive à sua morte?

 

Partilho um vídeo de Agosto de 2023 por continuar a ser actual. Nessa altura, tal como antes e tal como depois e, na verdade, tal como agora, Epstein continua a ser um mistério que ninguém consegue deslindar. Jornalistas de todo o lado têm investigado a fundo e a conclusão é sempre a mesma: não conseguem perceber que pessoa era aquela, como se movia por tantos e tão poderosos meios, de onde lhe vinha a fabulosa fortuna, como atraía tantas pessoas que pareciam decentes e que, no entanto, sabendo-o um pedófilo compulsivo já condenado, continuavam a frequentar as suas casas e a manter tão dedicada amizade com ele.

Eric Weinsten está na mesma e conclui que para tal só pode haver uma explicação: acha ele que Jeffrey Epstein era uma construção, um ser forjado, era a pessoa que aparecia mas que, na realidade, atrás dele estaria uma estrutura, provavelmente os serviços secretos. Não é uma dúvida inédita. Que ele seria um agente da CIA ou da Mossad, um agente treinado para agir na base da chantagem -- e que 'agarraria' pelos testículos (pardon my french) tudo o que era gente poderosa, da política aos negócios, passando por cientistas, gente relevante do mundo universitário -- é rumor que circula desde há muito.

Não sei, claro. Se meio mundo que o investiga não consegue agarrar as pontas e ir atrás delas, claro que não era eu que ia saber. 

O que sei é que talvez algumas séries ou filmes que se façam sobre ele venham, através da ficção, revelar-nos algo de mais concreto do que hoje há.

E o que sei também é que, apesar de Epstein ter sido encontrado morto numa cela -- em que toda a gente que conhece o lugar e que o conhecia a ele diz que era impossível ter sido um suicídio e que tais ideias não lhe passavam pela cabeça -- o tema tem tais difusos contornos que continua a marcar o dia a dia da política americana, com muita gente a dizer que grande parte do que Trump faz é para desviar as atenções do tema pois toda a gente, Magas incluídos, querem que os ficheiros do caso sejam divulgados.

Seja como for, aqui fica o registo desta curiosa entrevista. 

[E aqui fica prometido que amanhã contarei como fiz as almôndegas a la italiana que, felizmente, foram consensualmente aprovadas e que não apenas foram servidas ao almoço como, com um ligeiro twist, vieram a ser também parte substancial do lanche ajantarado. Hoje já é tarde, se me ponho a dar a receita completa, deito-me tarde de mais. E agora vou tomar um relaxante muscular. O que tomei ontem, ao deitar, fez-me bem, mas a seguir ao almoço, tive que tomar um ben-u-ron de 1gr. Fiquei melhor enquanto fez efeito mas agora já estou, outra vez, bem apanhada. Portanto, mesmo que estejam para aí a lamber-se por umas almôndegas bem cheias de molho, bem italianadas, terão que esperar por amanhã. Mas guardem um bocadinho de pão para ensoparem no molhinho, ok? Quem vos avisa, vosso amigo é.]

The Night I Realised Epstein Wasn’t Normal - Eric Weinstein


E, já agora, um vídeo muito recente que faz uma resenha corrida de alguns factos e 'achados' relativos a esta personagem misteriosa.

The DISTURBING THINGS Found Jeffrey Epstein's Home


Desejo-vos uma boa semana a começar já por esta segunda feira.

sábado, agosto 30, 2025

Trump está a apodrecer? Epstein, o pedófilo compulsivo, tomava testosterona? Ghislaine apenas tinha por missão arranjar massagistas para Epstein, de preferência bem novinhas? Trump vai conceder perdão a uma traficante sexual de menores?
Isso e muito mais no saboroso podcast do The Daily Beast com a encantadora Joanna Coles e o fantástico Michael Wolff

 

Tenho andado bastante ocupada, já contei, mas, sempre que posso, e agora posso, intervalo. Ou seja, como agora parece que as coisas estão a encarrilar, fico logo a sentir-me de férias, com vontade de vadiar, de preguiçar. 

Para a semana vou ter mais um daqueles episódios numa repartição pública para os quais vou em modo panela de pressão, como se só estivesse à espera que me ofereçam o pretexto para lhes cair em cima a pés juntos. Mas, ao mesmo tempo, forço-me a enfaixar-me numa camisa de forças de humildade e resiliência pois sei que dependo da boa vontade de burocratas que já provaram à saciedade que são quadrados, retrógrados, embirrantes, quezilentos, prepotentes, daqueles que parece que também estão à espera que a gente lhes dê pretexto para pedirem mais cinquenta papéis, um dos quais, inevitavelmente não temos ali connosco. Portanto, forço-me a assimilar que tenho é que ir em modo bolinha baixa. E isso, só por si, encanita-me e não é pouco. Portanto, tento não pensar no assunto.

E, assim sendo, neste ínterim, rego, varro, fotografo, faço videozinhos para o instagram que deixam o meu marido a navegar na ambiguidade, entre o sorridente e o resignado, como se não percebesse o objectivo mas também já não estranhasse e até achasse graça ao absurdo. E, à noite, vejo alguns vídeos sobre temas que me interessam. E há muitos. 

A minha insaciável curiosidade deveria fazer dilatar o tempo para que eu conseguisse ver tudo o que me interessa. E, se calhar, deveria ir partilhando aqui, convosco, os vídeos que despertam o meu interesse. Mas não sei se faz sentido isso. Tenho que pensar. No outro dia vi um vídeo sobre um tema de física que me deixou a salivar e que me tem levado a ver outros, tão misteriosos e poéticos que nem parecem lidar com partículas elementares e com as leis que regem os seus movimentos. Ora não sei se é tema que desperte interesse por aí além a quem ande ocupado com temas mais concretos e emergentes...

Mas um dos podcasts que gosto sempre de ouvir/ver é um sobre esse buraco negro e putrefacto que é a cabeça do Trump: Inside Trump's Head, do Daily Beast.

Partilho o episódio que vi hoje. É longuito e creio que não dá para legendar. Mas para quem esteja familiarizado com o inglês, dá para acompanhar muito bem pois falam a um ritmo educado e têm uma boa dicção. É todo um outro mundo, um mundo em que ninguém fala verdade e em que as relações entre uns e outros são suspeitas, estranhas, indecifráveis. E em que um dos intervenientes é talvez o homem mais ridiculamente poderoso (e perigoso) do mundo.

White House Raging at Trump's Health Crisis: Michael Wolff | Inside Trump's Head

Joanna Coles and Michael Wolff dig into the explosive Trump DOJ transcripts of Ghislaine Maxwell’s meeting with Todd Blanche and what they reveal about Jeffrey Epstein’s finances, Donald Trump’s anxieties, and more. From the talk in the White House of Trump “keeling over” and the President’s obsession with Ghislaine Maxwell, the conversation unpacks Trump’s paranoia, monied moves, and lingering ties to Epstein’s world. With fresh Epstein details overlooked by the mainstream media found within Maxwell’s proffer, Wolff explains how Trump’s past scandals keep colliding with his present.


Desejo-vos um belo sábado

sexta-feira, agosto 29, 2025

Felca, o Senhor Influencer

 

Virou a mesa, destapou a tampa, atirou a bomba para cima da mesa. Mais de 49 milhões de pessoas já viram o seu vídeo Adultização. É obra. Na sequência na sua denúncia pública, já se legislou e a polícia já actuou. 

Ao ver este jovem (tem 27 anos) com uma figura algo bizarra a agir de forma tão determinada e corajosa, a demonstrar um sentido ético de responsabilidade cívica, fico a pensar que isto, sim, isto é um influencer a sério.

O tema que ele estudou e denunciou é tema que a mim me revolve as entranhas, me petrifica, me assusta a sério pois é como uma onda gigante a que dificilmente se consegue resistir caso nos passe por cima, ou, pior, se passar por cima de crianças. A única coisa a fazer é fugir, não estar por perto. Mas não é fácil pois o poder dos algoritmos e a difusão generalizada das redes tornam os perigos grandes demais.

Felizmente alguém como um improvável Felca -- e digo isto na maior ignorância pois só recentemente sobre a sua existência -- veio denunciar a exposição de crianças e adolescentes nas redes sociais, muitas vezes pela mão dos próprios pais, a adultização, a exploração a chantagem, os riscos tremendos das redes sociais que colocam os indefesos na rota dos predadores, dos pedófilos, dos criminosos de toda a espécie.

Sobre o Felca, transcrevo da wikipedia:

Felipe Bressanim Pereira (Londrina, 25 de julho de 1998), mais conhecido como Felca, é um youtuber, influenciador digital e humorista brasileiro. Conhecido por seus vídeos de reação e sátiras de tendências da internet, começou sua carreira como streamer em 2012, produzindo vídeos de jogos eletrônicos. Com o tempo, reformulou seu conteúdo e passou a criar vídeos humorísticos, principalmente com tom autodepreciativo.

Ganhou notoriedade em 2023 ao testar a base "We Pink", de Virgínia Fonseca,[1][2] e com vídeos criticando lives de NPC no TikTok,[3] que lhe renderam 31 mil reais, doando todo o valor arrecadado para instituições de caridade.[4] Em 2025, desmantelou uma rede de exploração sexual de menores com um único vídeo sobre adultização,[5] no qual denunciou várias pessoas associadas à exploração sexual de menores de idade na Internet, entre elas, o influenciador Hytalo Santos, que perdeu sua conta no Instagram após a repercussão negativa, e rendeu debates sobre a criação de leis para combater a exploração sexual de menores na Internet. (...)

Mas calo-me já e partilho uma conversa elucidativa na qual Bial eleva ainda mais o Felca a figura pública de excelência. 

Felca à conversa com o Bial sobre Adultização  


E, claro, aqui está o vídeo Adultização que, por muito que nos custe, tem mesmo que ser visto (a bem da compreensão deste fenómeno e a bem da defesa das nossas crianças e dos nossos jovens)

Adultificação



quarta-feira, agosto 06, 2025

Papa João Paulo II, Fidel Castro, Woody Allen, Mick Jagger, etc., etc. -- todos em fotografias com Epstein na sua galeria de conhecidos e amigos

 

Ver mais imagens da casa de Epstein em NY aqui ou aqui

Se há personagens misteriosos e fascinantes, sem dúvida que Epstein é um deles. Já vi uma série na Netflix sobre ele, já li muitos artigos, já ouvi entrevistas com quem o conheceu bem, e, no ponto em que estou, o meu desconhecimento sobre a sua vida e sobre a sua motivação permanecem totais.

Vejo que ninguém conseguiu descortinar a proveniência da sua extraordinária fortuna. Identificam-se algumas parcelas, mas nada que atinja a totalidade, identificam-se algumas alavancas (pessoas a quem ele pode ter burlado ou manipulado) mas, identicamente, nada que justifique o brutal amontoado de bens. Em tudo o que vejo e leio a conclusão é a mesma: não se compreende de onde veio toda a sua extraordinária fortuna.

Há muita gente que pensa que parte da sua fortuna proveio de chantagem. Havia câmaras por todo o lado. Milhares de horas de gravações. Muitas fotografias, algumas guardadas no seu cofre. Para alguma coisa seriam. Mas pode a chantagem atingir valores desta natureza? E, de resto, nas fotografias, se algumas daquelas pessoas estavam a ser chantageadas, pareciam felizes por sê-lo.

Já ouvi diversas referências a ele ter sido apontado como um activo da Mossad e/ou da CIA, que interviria em situações de chantagem, e isso justificaria parte do secretismo de que as denúncias e os processos judiciais sempre parecem ter estado revestidos. Mas, sendo tudo secreto, como saber se isso é verdade ou se é mais uma das muitas teorias da conspiração em que a cultura americana é fértil?

E é tudo muito estranho. Vindo de uma família 'normal', sem riqueza, não acabou nenhuma licenciatura mas, não se percebe como, conseguiu enganar um prestigiado colégio onde deu aulas de matemática. Por ser lá professor, foi contratado como analista financeiro para uma empresa. Depois, por lá trabalhar e por desviado dinheiro, foi contratado por quem queria uma pessoa com o perfil dele, ambicioso, inteligente, fura-vidas, sem escrúpulos. Aí geria um esquema fraudulento em pirâmide e, claro, pessoa de 'confiança, cativante, insinuante, tornou-se próximo do big boss, a que se aliou e com quem burlou meio mundo. Quando a fraude foi descoberta, o big boss foi preso, mas ele, milagre, safou-se. E assim foi andando e, em pouco tempo, já tinha conseguido comprar casarões, mansões, um big rancho, uma ilha privada, um avião, um helicóptero, arte a gosto e a eito, pagar a não sei quantos funcionários, pagar 200 dólares a cada miúda que ia fazer um serviço e 200 a cada miúda que arranjava outra, e era normal haver desses serviços três vezes por dia, pois, segundo diziam, sexualmente, era insaciável -- e, sempre, em tudo, à grande e à francesa. 

Pelo meio, tudo o que era CEO das grandes empresas americanas, políticos e académicos e gente do cinema, cientistas, prémios Nobel, realeza, tudo estava caído nos encontros que ele organizava, uns meramente de tertúlia (embora sempre houvesse meninas a circularem pelas casas), outros de pedofilia pura e dura. Toda a gente lhe conhecia a fama. E mesmo depois de ter sido condenado e cumprido uma pena (ridiculamente baixa), ou seja, mesmo depois de ser público que era comprovadamente um pedófilo compulsivo, continuou a reunir em volta de si a habitual corte de amigos e admiradores. Como se ser pedófilo fosse coisa de somenos. Foram identificadas centenas de vítimas mas admite-se que possam ultrapassar as mil. Não só abusava delas como as traficava. Ele e o seu alter ego feminino, a sinistra Ghislaine Maxwell, presença constante na sua vida. 

Era também um conhecido filantropo. Oferecia dinheiro a rodos para partidos, para associações de beneficência, para pagar estudos e investigações, para bolsas. Dizem que parecia sempre bem informado e toda a gente gostava de falar com ele. Prestava atenção, parecia ter estudado os assuntos. Diziam-no uma pessoa interessante, interessada, afável, cativante. 

Apesar da sua reputação e do seu cadastro, parecia que as pessoas gostavam de ser vistas com ele. Ou, então, era ele que gostava de ser visto com elas. Nesta história não consigo perceber os contornos de nada.

Nas revelações que hoje vieram a público no The New York Times e já com reflexo noutros media, nas molduras de uma das suas incríveis casas, em Nova Iorque, há fotografias dele a visitar o Papa, dele com Fidel Castro, dele com Musk, dele com Mick Jagger, dele com Woody Allen. Muitas fotografias. Não se vê ninguém com ar de ter sido torturado para ali estar a sorrir. Todos parecem felizes, aparentemente descontraídos e orgulhosos por estarem em tão importante companhia. 

Leio que era visita do Palácio Real britânico e que, aparentemente, emprestou dinheiro a Sarah Ferguson, a ex do Príncipe Andrew. A teia de amizades vai sendo revelada, parece infinita. E inexplicável. Como chegou ele a tanta gente? E para quê?

E depois há o seu grande amigo, Best Friend Forever, Trump. Li que se zangaram não por Epstein ter 'roubado' uma menina de 16 anos que trabalhava em Mar-a-Lago mas porque Trump deu cabo de um negócio imobiliário milionário que Epstein queria fechar. Dizem que Trump seria testa de ferro de oligarcas russos. E aqui entram os russos, de mão dada com Trump? Outra teoria da conspiração? Ou outra vertente do mistério?

Questiona-se também qual o papel de Melania no meio deste filme. E as hipóteses que tenho ouvido são todas igualmente bizarras. E, também aqui, o mistério tem contornos imprecisos.

Os grandes jornais americanos não estão a largar o que a Justiça americana, pela mão de Trump, anda a querer esconder.

Não sei se alguma vez vamos perceber os contornos desta história mirabolante mas, pelo que se vê, entretanto vamos continuar a ser brindados com novos episódios que, em vez de revelarem, ainda adensam mais o mistério sobre esta estranha nebulosa.

Para quem não consegue ver o artigo que hoje está a bombar no NY Times, aqui fica um vídeo onde se fala disso.

A Disturbing New Look at Jeffrey Epstein's NYC Mansion

New photos reveal strange statues, cryptic and disturbing letters, and the presence of long-rumored hidden cameras inside the townhouse on Manhattan's Upper East Side. 


Desejo-vos dias felizes

domingo, julho 27, 2025

O micro pénis


Peço desculpa se choco alguém. Acredito que as almas mais sensíveis, que nunca viram uma coisa desta triste dimensão, fiquem perturbadas. Mas não tenho culpa se a pintora o retratou fielmente.
Make American Great Again’: Illma Gore’s rendition of Donald Trump. Photograph: Courtesy of Illma Gore para o The Guardian

As revelações sucedem-se, as suposições são lançadas na praça pública em catadupa. O passado persegue-o e, quanto mais ele tenta fugir dele, mais ele vem atrás, assanhado, para lhe morder as canelas. Hoje, no Instagram apareceu-me um vídeo em que Katie Johnson que, na altura, 'trabalhava' para Epstein, descreve como foi desvirginada, à bruta, por Trump, tinha ela apenas 13 anos, a idade que a filha dele tinha nessa altura.

No meio deste vendaval, Melania está, como sempre, desaparecida. Deve estar também cheia de medo. Tomara, também sabe demais. Viver com um animal já de si deve ser mau para além da conta. Imagine-se o que será atravessar uma crise destas que remexe num passado que ela também deve querer esquecer.

Trump é um troglodita, um corrupto, um egoísta, um ignorante, um psicopata destituído de empatia, um joguete nas mãos de Putin e de Netanyahu. Trump está a destruir a credibilidade americana, está a minar, pela base, os já de si instáveis equilíbrios geopolíticos, está a fazer mal a milhões de pessoas, está a desrespeitar a dignidade de muita e muita gente, está a agir prepotentemente junto de outros países, está a revelar-se rude e mal educado, está a revelar-se cada vez mais autoritário, vingativo, déspota, está a alimentar o sonho de muitos mini-trumps espalhados por todo o mundo. Parece que talvez por se sentir acossado ou por a idade estar a retirar-lhe alguns filtros, se importa cada vez menos de parecer um fascista, um nazi. E um vendido.

Mas se agora começa a dar mostras de começar a sentir-se encurralado, com o escândalo Epstein a cercá-lo por todos os lados e a toda a hora, a verdade é que, narcisista como é, o ser gozado parece deixá-lo ainda mais fora de si. O episódio em que se goza com o seu micro pénis deixou-o ao rubro. O big guy que se acha o máximo, ver-se assim ridicularizado é, para ele, um vexame que o deixa ainda mais desnorteado. E talvez seja mesmo este o caminho: tirá-lo do sério, pagar-lhe da mesma moeda, ridicularizá-lo a torto e a direito.

Com a malta do MAGA a ficar indisposta e com a trajectória que isto está a seguir, quero crer que o filho da mãe (que agora já quer impor políticas anti-imigração aos países da União Europeia sob pena de nos fustigar com a porcaria das tarifas) não se aguente por muito mais tempo. 

Tentei ter aqui um vídeo que tem dado que falar e que, dizem, anda a deixá-lo de cabeça perdida. Mas não é possível, aparece-me a mensagem que, por ter conteúdo sexual explícito, só se consegue ver no youtube. 

Por isso, se quiserem ver, carreguem AQUI

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Desejo-vos um bom dia de domingo

sábado, julho 26, 2025

Uma história chocante cujo perímetro não se conhece

 

Volto ao tema. Toda a história é tão rocambolesca, tão fora de tudo, tão grave, tão fora de órbita que fico sem saber como digerir o que se vai sabendo. Sinto uma grande curiosidade, uma grande estupefacção, e, a todo o momento, uma profunda repulsa. 

Para começar, causa-me um espanto total que não tenham seguido o dinheiro. Geralmente o caminho do dinheiro aponta a direcção para onde se deve olhar. Milhares de transações a perfazer milhares de milhões e, aparentemente, ninguém se preocupou em saber quem é que pagava a Epstein e porque lhe pagavam verbas milionárias. 

Depois, perante a dimensão do escândalo, perante a incompreensão sobre as origens da estratosférica fortuna de Epstein, perante o número de jovens usadas e abusadas (já ouvi falar em mais de mil; aliás até já ouvi falar em mais de duas mil) e perante as revelações que algumas fizeram, também não compreendo porque é que o caso foi analisado como o caso de um pedófilo e de uma cúmplice -- bizarra criatura, sempre agarrada a ele, sempre derretida como uma namorada in love, e que, afinal, era quem lhe arranjava as meninas, explicando-lhes o que haviam de fazer para lhe agradarem --, e não como uma rede constituída por uma cambada de pedófilos alimentada por aquela dupla. 

Uma das jovens, entretanto uma mulher triste e revoltada que entretanto se suicidou, falou em políticos, empresários, académicos e realezas. Se calhar é mesmo verdade que meio mundo frequentou aquela pouca vergonha, ex-presidentes e futuros presidentes, reitores, CEOs e príncipes. Se calhar por isso é que esconderam tantas verdades difíceis.

Ouvi que chegavam à ilha aviões com meninas vindas dos países de leste. Vi também vídeos antigos de Trump a gabar-se de que gostava de jovenzinhas. Punha como limite os 12 anos. Hoje vi um vídeo em que se sabe que Steve Bannon tem 15 horas de gravações. Bannon? A que propósito também o Bannon? Tanta gente envolvida.

Agora ofereceram imunidade parcial a Ghislaine Maxwell para ela falar. Mais uma verdade chocante. Mas para ela dizer o quê? O que for conveniente a Trump? Para incriminar uns e limpar a barra a outros? E colocam até a hipótese de a ilibar completamente. Escândalos atrás de escândalos, lixo e mais lixo (onde antes havia luxo).

Tudo inacreditável. 

Como é possível que num país supostamente civilizado aconteçam coisas assim? Alguma vez o saberemos?

Quem mais soçobrará antes que se saiba tudo?

Mas, como já no outro dia disse, por mais pedófilos que apareçam mortos, as verdadeiras vítimas são e sempre serão as mulheres que um dia, quando eram meninas, foram usadas e abusadas por gente que não presta.

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Epstein's brother wants to see Bannon's unseen footage of his brother

The New York Times is reporting that an accuser of Jeffrey Epstein spoke with the FBI twice to report sexual assault by Epstein and to alert them of his connections to powerful men including Donald Trump. Also, Epstein's brother wants to see Steven Bannon's alleged 15 hours of unseen footage of his brother. NBC News White House Correspondent Vaughn Hillyard, MSNBC Legal Correspondent Lisa Rubin and New York Times National Reporter Mike Baker, join Katy Tur with the latest details.


Ghislaine Maxwell has been granted limited immunity to talk to Department of Justice

Jeffrey Epstein accomplice Ghislaine Maxwell was granted limited immunity to talk to Deputy Attorney General Todd Blanche in two days of meetings this week, according to a source familiar with the arrangement.

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Um sábado feliz

terça-feira, julho 22, 2025

Uma tragédia cujo fim é imprevisível

 

Há vidas fadadas a serem divulgadas, escrutinadas, ficcionadas. Prestam-se à especulação, a teorias da conspiração, a análises psicológicas, a ódios e a paixões. Inspiram cumplicidades, medos - sentimentos contraditórios. Se alguém pegasse em personagens assim, dir-se-ia que os traços comportamentais são excessivos, tão extremados que incredíveis.

E, no entanto, são reais.

Ghislaine Maxwell é a chave da equação: está viva, sabe de tudo. Mas está presa e não é claro que fale ou, se falar, que fale a verdade. Toda a sua vida é, em si, um filme. Uma tragédia. Tenho muita dificuldade em compreender as motivações de uma pessoa assim mas isso não é de estranhar pois a minha vida tem sido banal enquanto a dela tem sido, desde pequena até agora, uma montanha russa. Ou uma roleta russa.

Jeffrey Epstein morreu, supostamente por suicídio mas dizem que assassinado, mas, antes de chegar a esse triste final teve uma vida também inexplicável. Não se sabe se era de facto um financeiro, se apenas um organizador de sexo com modelos ou candidatas a isso, de preferência menores, se também um destemido e descarado chantageador. Parece que nunca se percebeu de onde lhe vinha tamanha fortuna. Sabe-se, isso sim, que do seu círculo de amigos faziam parte homens ricos, influentes, ditos poderosos.

Trump foi o melhor amigo de Epstein durante vários anos e há fotografias que os mostram juntos, incluindo com Melania. Também se sabe que Trump gostava de modelos, de preferência novinhas. Predador, descarado, estúpido, anormalmente porco. E, por incrível que possa ser, conseguiu ser, pela segunda vez, presidente dos Estados Unidos.

O céu parece estar a cair-lhe em cima. Os segredos podem, aos poucos, começar a ser desvendados.

É normal que as vítimas não queiram falar: por vergonha, por vontade de esquecer, por medo. Mas os jornalistas andam em volta, surgem vídeos, entrevistas antigas, indícios, testemunhos. O puzzle começa a ser composto, o cerco a Trump começa a apertar.

Claro que surgirão muitos documentários, muitas séries. E tudo será espantoso. Não poderá haver um fim feliz. 

Mas as vítimas, as verdadeiras vítimas, serão sempre as mulheres que, quando jovens, foram abusadas, usadas.

The secret lives of Ghislaine Maxwell and billionaire paedophile Jeffrey Epstein - BBC News

Trump and Jeffrey Epstein: A detailed look at their relationship

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Desejo-vos um dia feliz

segunda-feira, outubro 02, 2023

Um domingo bom e dedicado a limpezas com uma tarde afável e feliz.

[E Joan Baez revela segredos, um dos quais bem pesado]

 

O que esta casa se suja, apesar de estar fechada, não dá para explicar. Tudo fechado, tudo, tudo bem fechadinho. Antes de sairmos, tudo limpinho. E chego lá, e não sei como, vejo teias de aranha nuns cantinhos, afasto os sofás e vejo pó ou, quando enfio a vassoura por debaixo dos móveis, constato que saem rolos de cotão. Posso fechar os olhos, fazer de conta que não vejo. Se estou cansada demais ou com pressa é isso que faço. Fica para a próxima, digo. Mas nunca saio sem limpar, pelo menos, a maior.

Hoje tinha tempo, foi a preceito, tapetes não apenas bem varridos mas bastamente sacudidos, sem esquecer de afastar tudo o que havia para afastar, tudo, tudo. Se há coisa de que gosto de fazer é isso. Parece que o ar depois fica mais limpo. Ou, então, é psicológico. Mas, seja o que for, é bom na mesma.

E, no entanto, há menos de quinze dias tinha deixado a casa limpa. 

Não sei se é por haver um cão em casa, se é por trazer paus que se entretém a roer como se fossem ossos, se é por trazer tojo seco agarrado ao pelo. Não sei. Creio que não pois quando saio a casa fica limpa. 

E, se eu estive dedicada aos interiores, o meu marido andou de volta das árvores. Depois de anos e anos a lutar por cada pé de árvore, agora estou outra. Percebi que quando há ajuntamento de pés, nenhuma árvore se desenvolve muito e há pés que ficam infelizes e esquálidos. Era minha ideia que a natureza era sagrada e que isso tinha que ser levado à letra. Mudei. Agora acho que devemos ajudá-la, fazendo a misericórdia de eliminar o que não está fadado a vingar. Leio-me ao escrever e sinto-me cruel. Mas não estou a falar do reino animal, apenas do vegetal.

Por isso, alguns aglomerados de pés de aroeiras e de azinheiras, justamente os que estão em frente das janelas da sala da televisão e da sala do lado, foram hoje aligeirados. Ele teve uma trabalheira a serrar aquilo tudo, a cortar aos bocados, a transportar ramagens e troncos.

Mas fica muito melhor, mais desafogado, uma visão mais ampla. Gosto muito mais. Quando me ouve a louvar a nova vista, o meu marido limita-se a dizer: 'Há anos... há anos que ando a querer fazer isto...'

Tenho constatado que, neste tipo de coisas, sou lenta, custo a perceber.

Deixo para fim uma mágoa, uma mágoa gigante. Estou quase certa que os esquilos debandaram. Aquela semana de máquinas a serrar ramos pelas árvores acima e de outras a desbastar mato devem tê-los assustado e muito. E, de facto, como não...? Eu tinha era esperança que, susto passado, regressassem. Mas, pelos vistos não.

O que fizemos tinha que ser feito e reconheço que há agora uma maior segurança (contra incêndios, por exemplo) e, apesar de tudo, não menos beleza. Mas afugentarmos os esquilos é daquelas que para sempre me ficará como uma grande pena. Voltei a deixar a banheira de quando os meninos eram bebés com água e à sombra. Mas não sei se, onde estão, os esquilos vão adivinhar que ali pus a água.

Tomara, tomara que sim. Vê-los, ou simplesmente sabê-los, nas árvores enchia-me de felicidade.

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Entretanto, de tarde, casa cheia. 

A alegria, o bom apetite de todos... e o que as crianças estão a crescer... Estão naquela idade em que espigam como feijões mágicos. 

O mais crescido já quase um homem, com a sua personalidade cada vez mais definida, já sem a mesma apetência pelas brincadeiras dos demais. Não tarda será ela. Também já mais esguia, coquette, meiga, toda ela decidida nos seus objectivos. Seguem-se os dois que estão ainda a espreitar de longe a adolescência, um com onze e outro com doze, brincalhões, amigos, com os mesmos interesses. E, depois, o mais novo, seis anos cheios de filosofia. Para um projecto na escola sugeriu como tema: 'Porque é que há seres humanos'. A professora chutou para canto, claro. Numa sala de 1º ano, como trabalhariam o tema durante todo um ano lectivo? Ele ficou decepcionado, bem entendido. Menino mais fofo (e mais terrivelzinho...)

Enfim, um encanto muito grande, um calorzinho bom no coração.

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Termino com um vídeo com uma pessoa de quem gosto bastante, Joan Baez. Não apenas fala da sua vida como faz uma revelação terrível. O que me espanta é como quem sofre abusos sexuais em criança consegue arrumar isso num canto da sua mente e fazer uma vida normal. Dir-se-ia que as vítimas ficariam com traumas tão avassaladores que não conseguiriam livrar-se dessa devastação. Mas conseguem. E, até por isso, temos que estar todos bem atentos a todos os mais ínfimos e subtis sinais pois, como se sabe, quer os abusadores quer as vítimas ocultam tudo bem ocultado.

Mas, para além disso, há a voz e a forma maviosa como Joan Baez interpreta o que canta.

Joan Baez, revealing secrets

In a new documentary, "Joan Baez I Am a Noise," which features the singer-activist's personal archive of home movies, letters and drawings, the Rock & Roll Hall of Famer opens up about her 60-year career and her life on the front lines of social change. Baez talks with correspondent Tracy Smith about the film and the surprising secrets she revealed; how Bob Dylan broke her heart; and how she expresses her less serious side.


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Desejo-vos uma semana feliz a começar já nesta segunda-feira

Saúde. Amor. Paz.

terça-feira, abril 11, 2023

Até tu, Dalai Lama...? A quereres que o menino te chupe a língua....?
Que diabo anda a dar nesta malta das igrejas, caraças...?

 

Desisto. 

Quando vi pensei que era fake. Desvalorizei. Pensei: 'Porcaria da IA, qualquer dia já não distinguimos o verdadeiro do falso'.

Depois vejo que já houve um pedido de desculpas, que as imagens são verdadeiras e que isto aconteceu mesmo.

Beijou um menino na boca e depois disse-lhe que podia chupar-lhe a língua.

The Dalai Lama, 87, told the boy to come up to the platform where he was seated. Motioning to his cheek, he is heard saying “first here”, after which the child kissed him and gave him a hug.

The Dalai Lama kept hold of the boy, saying “I think here also” and then planted a kiss on his lips. “And suck my tongue,” the Dalai Lama then said, sticking out his tongue, forehead to forehead with the student. The boy quickly stuck out his own tongue and went to move away while the Dalai Lama laughed and pulled the boy in for another hug, as the audience laughed.

The spiritual leader then spoke to the boy, advising him to look to those who create “peace and happiness” and not to follow “human beings who always kill other people”, before giving him a final hug. (...)

Uma onda de nojo invade-me.

Dalai Lama asks little boy to 'suck my tongue'


Vê-se e não se acredita. O que é isto? A degradação moral absoluta? Dizem que é ele que é ingénuo. Mas, caraças, não poderia dar-lhe para uma ingenuidade menos promíscua, menos a parecer-se com ímpetos pedófilos...? 

terça-feira, abril 04, 2023

O céu é dos ateus?

 

Hoje, depois dos compromissos, fomos fazer turismo para um dos sítios mais bonitos e turísticos de Lisboa (e do país). Já há algum tempo que não passeávamos por ali. À Champalimaud temos ido, gostamos daquele espaço. Mas da Torre de Belém ou do Padrão das Descobertas temos estado mais distanciados, tememos as multidões. Mas hoje fomos. Estava com saudades.

Muita gente, como seria de esperar, e agora também, em frente ao Museu de Arte Popular, com barraquinhas turísticas, barraquinhas de recuerdos insignificantes e banais, barraquinhas de comes, música. Não é nada de mais, não se pode dizer que seja uma tragédia. Em qualquer lugar turístico isto é normal. Dito isto, não quer dizer que goste. Não gosto. Mas compreendo que, havendo procura, é natural que surja a oferta.

Tirando isso, é aquilo de sempre: muitas pessoas, muitas nacionalidades, muitas línguas, diferentes idades. Heterogeneidade a todos os níveis. Disso eu gosto muito. Gosto de andar no meio da diferença, no meio de desconhecidos. Aliás é onde me sinto melhor, no meio de gente que não conheço e que transporta em si outras culturas, outros hábitos.

Fiz fotografias (e a ver se arranjo disposição para as passar para o computador), comi um gelado, senti-me livre, descontraída, turista.

E gosto imenso da Torre de Belém, acho uma obra de arquitectura fantástica e com um sentido histórico de que me orgulho. E, ao contrário de muita gente, também gosto do Padrão das Descobertas. 

Todo aquele espaço, em cima do rio que se faz ao mar, é uma maravilha.

Claro que, mal o carro arrancou, qual bebé, comecei logo a pegar no sono. Micro-instantes de sono intercalados com o receio que o meu marido também adormecesse. Vim nessa luta até chegarmos ao supermercado onde fui comprar ervilhas, entrecosto e bacon para fazer tudo isso guisado com ovos. Afinal esqueci-me do bacon. Mas, não desfazendo, ficou bom na mesma.

Entretanto, há pouco caiu-me a ficha: recebi uma mensagem com as alterações no funcionamento da piscina nestes dias de páscoa. Com estes problemas todos, covides, doença da minha mãe, hospitais e quejandos, parece que ando meio desfasada do calendário. É certo que tenho conversado sobre as férias dos miúdos, sobre as suas notas, etc. Mas não estava a relacionar que, no fim desta semana, vai estar a páscoa à nossa espera.

Nunca foi data a que eu ligasse. Lembro-me de um colega muito dado a práticas religiosas que, escandalizado, me dizia que a páscoa é 'só' a data mais importante para os católicos.

Sempre me senti distante das práticas católicas e à páscoa, então, nunca liguei mesmo nada. Se puxar pela cabeça e quiser invocar uma lembrança familiar relacionada com a páscoa, a única coisa de que me lembro é do ninho de páscoa ou do bolo em forma de ouriço que a minha tia fazia, óptimo, uma massa de chocolate e bolacha, com lascas de amêndoas ou pinhões espetados, ambos com uma palha de ovos que ela também fazia, húmida, deliciosa.

O meu marido há bocado perguntou-me: então e como vai ser a páscoa? 

Respondi: sei lá. E ia acrescentar: até lá não me doa a mim a cabeça. E então lembrei-me da mensagem da piscina e de que já nem meia dúzia de dias falta. Ou seja, já não tenho muito tempo para me organizar.

Quanto a práticas religiosas penso que, neste período pascal, seria uma boa atitude por parte dos católicos que, como forma de se distanciarem das práticas pedófilas dos padres e do encobrimento por parte dos bispos e demais hierarquia, não pusessem os pés nas igrejas. Isso é que era ser um bom cristão.

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O céu é dos ateus

(petisco apetitoso servido pela Porta dos Fundos)

Você acreditou nos sete princípios herméticos quânticos, na Bíblia dos espíritos, no Seicho-no-ie do pentateuco, no papa babalorixá, no rabino com bota de couro de python, na umbandista coach, na bruxa Wicca da Shopee, no Xamã de Sepetiba. Botou ayahuasca na hóstia ao som de atabaque em plena mesquita. Bom, ao menos você se divertiu?


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Um dia bom
Saúde. Bom humor. Paz.

sábado, março 11, 2023

Marcelo Rebelo de Sousa, o Grande Comentador do regime
José Ornelas, o Dom Pífio Atirador* da Igreja Católica

 

Ontem ouvi Marcelo Rebelo de Sousa mas, quando ele chegou ao fim, faltou-me energia para comentar o Grande Comentador. A Covid continua a cercear-me a verve.

Hoje não estou melhor mas, paciência, acho que tem que ser. De resto, o tema é fácil de resolver numa penada. Marcelo esqueceu-se das suas funções de Presidente e, comunicador como é, deixou-se embalar, falando de tudo o que lhe perguntaram. Falou como um cidadão informado e com voz própria, como ser livre e amante da comunicação a quem é colocado um microfone e câmaras à frente. Falou do Governo, da Oposição, falou da Igreja, deu palpites sobre negociações com Sindicatos, enviou recados, deixou no ar algumas pontas boas para serem entrelaçadas por outros. Enfim, pintou a manta.

Mostrou estar em grande forma do ponto de vista analítico: avança com interpretações, decompõe vertentes de análise, projecta cenários. O problema é que embala no seu próprio entusiasmo e, às tantas, facilita, esquece-se de alguns pormaiores. 

Mostrou ainda estar em grande forma como fazedor de factos: lança bicadas, dá com uma mão, tira com a outra, pisca o olho a um, dá um biqueiro a outro, a seguir desconstrói o biqueiro e sorri com ar de que para bom entendedor un demi mot suffit, constrói sound bites, intercala com a graça das radiações que o seu corpo já acumula. Diverte-se.

E, quanto à Igreja, interpretando -- e, neste caso, bem -- a descrença e a fúria que grassa nas hostes, cavalgou a onda da censura e do repúdio e atirou a matar no Dom Ornelas e nos que o rodeiam. 

(Isto depois de lhes ter andado a pôr a mão por baixo e de ter andado ele mesmo a dar palpites sobre os palcos das jornadas da Juventude. Mas faz de conta que a gente já não se lembra)

Se lhe derem pano para mangas, ele mesmo irá fazer a faxina na cúria, na sacristia e por onde lhe pareça que a coisa fede. Isto, claro, para receber o aplauso da malta.

Vê sondagens todos os dias, as que são e as que não são publicadas e, de todas, a que mais o deve preocupar é a que se refere à sua aceitação junto do pagode. De cada vez que a curva desce, aí deve estar ele, noite adentro, a congeminar sobre o que há de fazer para que a malta volte a amá-lo. Se lhe parecer que deve dar uma canelada ao Costa, ainda que injusta, ele dá. Mas, se vir que o Costa fica sentido, ele passará a mão pelo pêlo do Costa e, em público, arranjará maneira de aligeirar a canelada, ou mesmo, dizer que não era nada canelada, era brincadeira de amigos.

Acima de tudo, Marcelo é um carente. Quer que a malta goste dele. Fazer o quê? 

Resumindo: aproveitando a ocasião dos 2 anos de segundo mandato, avançou pelo terreno aberto que se abriu à sua frente. Não quis cá saber de contas públicas, não quis saber de poder estar a encalacrar negociações, não quis cá saber de, com as suas palavras, se Costa for na conversa, abrir uma caixa de Pandora. Isso não é com ele. Quem vier atrás que feche a porta, quem estiver com dores nos calos que descalce a bota.

No fundo, no fundo, ele é o Grande Comentador do regime. Espero que, em breve se crie uma Ordem adequada, não de Comendador mas de Comentador.

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Quanto ao Ornelas é o tiro ao lado em forma de bispo. O que ele diz e faz deixa o pagode de boca aberta. É ele e o Clemente. E eles e mais quase todos. Uma maltosa habituada ao bem-bom e a viver no vicioso hábito de ouvir e calar segredos, os próprios e os dos outros. No confessionário, na sacristia, na sala da catequese, na tenda, no escurinho do seminário, qualquer sítio é bom para conversinhas badalhocas, para apalpadelas impróprias, para gestos indecentes, para actos criminosos. Desde que todos se calem, está tudo bem.

Diz agora que se saiu mal, que foi erro de comunicação. Está bem, está. E diz que é heterossexual (e o que é que a gente tem a ver com isso?) e que não anda por aí a deitar-se (e o que é que a gente tem a ver com isso? Se ele se 'deitar' com um adulto que o consinta, o que é que a gente tem a ver com isso? E que conversa é essa das 'mamãs' e dos 'papás'? Que conversa é toda esta quando o que está em causa são os actos criminosos dos padres que violaram crianças e de toda a seita que, sabendo disso, os encobriu e desculpou?). Quanto mais fala, mais se enterra este Ornelas. É como o Clemente de ar pio: fala e a gente só pensa que, para ele ter dito o que disse, melhor fora que fosse mudo. 

Salvam-se dois ou três que já se mostraram incomodados com a pouca vergonha que continua a ser a actuação da Santa Madre Igreja, essa casa do pecado onde alguns fiéis ainda teimam em ir. 

Mas, de forma geral, a nível institucional, é uma vergonha e, volto a dizer, o Ministério Público deveria avançar com uma grande operação, a nível nacional, para procurar indícios de práticas criminosas em todo o lugar onde existe um padre, um bispo ou afins.


(*) No título, pífio atirador pois Ornelas atira nos pés, atira ao lado, atira para onde calha. Contudo, nunca acerta nos pedófilos. Acerta é na Igreja.

quarta-feira, março 08, 2023

Pedofilia, Encobrimento, Mentira, Hipocrisia.
Padres. Bispos. Cardeais.
O que é e para que serve hoje a Igreja Católica em Portugal?

 

Acho que não vale a pena desvalorizar a gravidade do que está a passar-se. Nada disto é muito novo, é certo. Mas está agora tudo muito visível. Há coisas que já não é possível disfarçar.

E, face a tudo o que se sabe e vê, é legítimo colocar tudo em perspectiva e ver o que é que, à luz do mundo de hoje e de tudo o que já não é passível de ocultação, ainda faz sentido.


1 - Há muitos pedófilos na Igreja Católica em Portugal. E não apenas há muitos pedófilos como há muitos encobridores de pedófilos; e tão criminoso é quem pratica como quem, encobrindo, permite que os crimes continuem a ser praticados. E, infelizmente, também há muitos crentes que, sabendo o que sabem, continuam a ser tolerantes para com os criminosos, deixando-lhes o campo aberto para que continuem a agredir crianças. 

É verdade que não é apenas em Portugal mas agora estou a falar especificamente em nós. 


2 -- Os crimes de pedofilia ou de encobrimento são agravados pelo facto de serem praticados por gente cobarde que, na chamada Casa de Deus, abusa da sua posição para violar de crianças. É gente sem princípios que, com as mesmas mãos emporcalhadas com que abusaram de crianças, dá a hóstia à boca dos que ainda se sujeitam a isso. Estes pedófilos são gente imunda que, depois de cometer os mais imperdoáveis pecados, vai ouvir em confissão os que ainda se sujeitam a isso. Estes padres ou diáconos ou bispos são gente hipócrita e sem moral que depois de cometerem ou encobrirem crimes contra crianças tem o descaramento de ir para o púlpito dizer aos outros o que devem fazer. Acresce que têm a falta de vergonha de dizerem que falam em nome de Deus.

3 - Começamos também a constatar o impensável: aqueles que ouvem em confissão e pregam a palavra de Deus, ensinando os ditos sagrados mandamentos, são também públicos mentirosos. 

Não consigo dizer se são descarados mentirosos ou relaxados mentirosos. Ou seja, não sei se mentem porque são habitualmente mentirosos e acham que basta depois irem ter com um deles e pedir perdão e está tudo resolvido, ou se são simplesmente desmazelados que nem se dão ao trabalho de se informarem capazmente antes de falarem. Aquela de dizerem que não podem fazer nada (ie, não podem suspender os padres acusados de pedofilia) porque apenas tinham recebido uma lista de nomes é de bradar aos céus. De imediato foram desmentidos. E todos ficámos a saber que, ao mais alto nível da hierarquia da Igreja em Portugal, se pratica a mentira. 

E tão grave quanto serem mentirosos é não terem vindo depois pedir-nos desculpa por nos terem querido enganar. 

4 - Há depois a desculpa mais esfarrapada e infame de dizer que, antes, a legislação era outra e que a percepção social destes crimes era outra. 

E isto é a opinião ao mais alto nível da hierarquia da igreja. 

E eu gostava de saber se era porque esta era prática banal e sobre a qual se estendia um manto de silêncio que tantos destes homens iam para padres? Para saciarem a sua tara com crianças indefesas? Por saberem que poderiam agir impunemente?

E sentiam-se bem? Pediam perdão, rezavam três avé marias e ficava tudo bem... E, ainda hoje, ainda não percebem que ficava bem para eles mas não para as crianças, para sempre sofrendo a dor de terem sido vítimas de abuso sexual?


5 - Um outro veio dizer que acha que estamos todos a ser pouco católicos pois os pedófilos podem arrepender-se e ser perdoados e ficar tudo bem. 

E, dizendo isto, revela não perceber a gravidade do crime, um crime sem perdão. 

Mas mais do que isso, revela bem o uso que a Igreja Católica dá à confissão. 

Se há coisa que me parece medieval, absurda e, até, perversa é a prática da confissão. Uma pessoa sente que fez mal e, em vez de resolver o assunto junto de quem foi vítima da sua maldade ou de resolver o tema dentro de si próprio de forma pedagógica, no sentido de interiorizar que não vai voltar a fazer isso pois já sabe que se sentirá arrependido, vai antes ter com um padre que lava a coisa com umas rezas e fica tudo bem. Suprema cobardia, suprema hipocrisia. 

E mesmo agora, perante crimes desta gravidade, há padres e bispos que acham que, se os pedófilos disserem que se arrependeram e rezarem umas avé marias, ficará tudo bem, poderão continuar na sua santa vidinha.

Segundo eles é para isto que serve a confissão, para passar uma esponja por toda porcaria e crimes que se cometem. 

E depois, já todos 'limpos', vão pôr na boca um pastilha que, num exercício de infantil fantasia, fazem de conta que é o corpo de Deus. Tudo posto na boca por uma mão que não se sabe por onde é que antes andou.


6 - E eu, à luz do que tem sido a prática da Igreja desde sempre (e vale a pena deixar aqui a palavra Inquisição para que não pensem que estou a exagerar?) e à luz, agora mais recentemente, do que se conhece destes hediondos crimes sexuais, pergunto:

Aos dias de hoje, em Portugal, qual o papel da Igreja Católica? 

Para que serve? A quem serve? 

E, efectivamente, o que procuram as pessoas que, depois disto tudo, ainda procuram a Igreja Católica? 

E não são perguntas retóricas. Não. Tenho mesmo muita curiosidade sobre tudo isto.

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Nota: O que é verdadeiramente importante num ser humano -- como fazer o bem, ser generoso, tolerante, inclusivo, não preconceituoso, autêntico, etc. -- são atitudes que se encontram mais facilmente junto de quem não é praticante católico do que de quem o é.

E a espiritualidade e a capacidade de encantamento perante o indecifrável, como é óbvio, não é exclusiva do catolicismo. 


Por isso, em concreto, face a tudo o que se conhece da teoria e, sobretudo, da prática da religião católica e face ao que é o mundo de hoje, para que serve a Igreja Católica tal como a conhecemos?

E não vale a pena falar nas 'obras de caridade' pois o que não faltam são organizações laicas de solidariedade social. 

Nem vale a pena falar nas peregrinações nem nos grandes ajuntamentos em Fátima ou nas Jornadas da Juventude ou em coisas assim. São momentos de mobilização, é verdade. Reconheço. Mas, em concreto, mobilização para quê? Servem para quê? Na verdade são, sim, momentos de suprema alienação que a Igreja Católica, se fosse pessoa de bem, deveria dissuadir. 

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A sociedade portuguesa mobiliza-se facilmente em torno de pequenos casos mas é avessa à reflexão ponderada sobre grandes causas: a religião nos dias de hoje, o papel da Igreja Católica na actualidade, a demografia, a Inteligência Artificial, as alterações climáticas, a importância da arte (etc.)

Há temas que merecem reflexão desapaixonada, racional, objectiva. Mas quando falo em reflexão falo em trazer para o debate e para análise gente que conheça bem o passado, gente que conheça a actualidade, gente que consiga perspectivar o futuro. Não falo dos papagaios do costume que poluem qualquer ambiente e infectam qualquer tema. Falo de gente que queira mesmo trazer valor acrescentado para as gerações futuras e não apenas um afago no seu mísero umbigo.

sábado, março 04, 2023

Santinhos de Pau Carunchoso

 

A conferência de imprensa na qual José Ornelas, depois de reunido com uma chusma de bispos que faz favor, mostrou à saciedade que está a caguar-se (calma, eu escrevi caguar) para as vítimas e para a sociedade, em geral, é mais um passo da Igreja Católica em direcção ao precipício.

Que conclusões são aquelas?

Para a gente se rir, não é. Para a gente vomitar? 

Comissões agora da igreja? E vão eles dar apoio às vítimas? Estão a gozar, certo?

E não vão despedir com justa causa os denunciados como pedófilos? Se violar crianças não é caso para os despedir liminarmente, então em que condições expulsam, sem dó nem agravo, esta gente perversa e falsa?

Que Igreja é esta que tem uma hierarquia que parece não se demarcar da perversidade e dos hediondos crimes dos seus membros? 

Para que serve uma Igreja destas? Juro que não percebo.

E eu gostava de perceber que brincadeira é aquela do memorial. Um memorial? Não faz qualquer sentido. O que vai ser? Um falo de batina a sodomizar crianças? Só se for.

Continuo a dizer: de que está o Ministério Público à espera para desencadear uma acção de inspecção geral? 

Ponham malta da Judiciária, ou, se não têm malta que chegue, que avance a ASAE que já está habituada a actuar na lógica do arrastão. Inspeccionem computadores, vasculhem-lhes as gavetas, espreitem debaixo da cama de tudo o que é padre ou afim ou monitor de escuteiros ou o que for minimamente suspeito de abusar de crianças, espiolhem computadores de bispos, vejam os arquivos, façam escutas,  ponham microfones ou câmaras nos confessionários para apanhar aqueles tarados em flagrante delito -- façam o que quiserem mas façam de tudo para que mais nenhum porco ou tarado ouse aproximar-se de uma criança com conversas ou actos que a molestem.

A Judiciária que é sempre tão inspirada e bem disposta a dar nomes às suas operações, certamente teria algum nome que nos fizesse sorrir. Mas daqui fica a minha sugestão: Operação Pau Carunchoso. Apenas Pau Carunchoso porque Santinhos de Pau Carunchoso talvez fosse demasiado óbvio.

terça-feira, fevereiro 28, 2023

100 milhões de utilizadores em dois meses: ChatGPT bate recorde e torna-se aplicação com crescimento mais rápido de sempre

 




Já fiz vários posts sobre a 'ferramenta' ChatGPT que, na verdade, é surpreendente e tanto pode ser uma ajuda preciosa como encerra riscos com que ainda nem sonhamos.

Tenho usado o GPT nas mais diversas situações e fico sempre surpreendida (pela positiva).

Ao passo que, ao usarmos os vulgares motores de busca (como o Google) nos são sugeridos milhares de artigos ou de vídeos e nós que vejamos alguns e tiremos as nossas conclusões, o motor algorítmico do ChatGPT lê, em poucos segundos, aquilo que levaríamos dois ou três mil anos a ler -- e apresenta-nos a conclusão, devidamente sistematizada. 

Claro que poderá não ser a resposta quimicamente pura e correcta... mas como sabê-lo...? (E este é um dos riscos). 

Eu, do que li até agora, ainda não detectei erros. 

E faz coisas que me parecem extraordinárias. Por exemplo, fiz uma pergunta sobre um assunto médico e, no meio, sem querer, usei uma palavra mais informal. Pois o 'tipo' respondeu-me colocando aquela palavra entre aspas e, educadamente, acrescentou a forma mais correcta (do ponto de vista clínico) de o dizer.

E tem a vantagem de guardar as conversações havidas pelo que, mais tarde, se pode repescar as informações obtidas.

No outro dia, perguntei-lhe se um dado poeta de há séculos viveu num certo sítio. Respondeu que não há provas de que isso tenha acontecido. Retorqui dizendo que há lá uma placa nesse sentido. Pensei que o teria desarmado. Está bem, está. Respondeu qualquer coisa como isto: 'Sim, é verdade, há lá uma placa. Mas a placa refere que passou por lá. Provavelmente, em alguma viagem pernoitou lá. De resto, não há indícios de que tenha mesmo vivido durante algum tempo nesse local'

Ora trata-se uma placa insignificante num rua escusa num lugar por onde ninguém passa...

No outro dia fiz um cozinhado e, a pedido do meu marido, incluí uma malagueta. Dizia ele que retirando as sementes não ficaria picante mas apenas bem apaladado. O Jamie Oliver também assim o diz. Fiz-lhe a vontade. Quando provei, ardia mais do que aquilo a que estamos habituados. Pensei que estava demais.

Então, lembrei-me de recorrer ao 'fulano' (como se fosse um assistente sábio). Escrevi: 

Como neutralizar um cozinhado excessivamente picante?

Resposta dele:

Quando um prato fica excessivamente picante, há algumas maneiras de neutralizar ou diminuir o sabor picante. Aqui estão algumas opções:

  • Adicionar ingredientes suaves: Adicionar ingredientes suaves como leite de coco, creme de leite, iogurte, manteiga, açúcar ou mel ao prato pode ajudar a reduzir o sabor picante. 

  • Adicionar ácido: O ácido pode ajudar a cortar o sabor picante, então tente adicionar um pouco de suco de limão, vinagre ou tomate ao prato. 

  • Adicionar amido: Adicionar amido (como farinha de trigo, amido de milho ou arroz) pode ajudar a absorver o excesso de sabor picante do prato.  

  • Adicionar mais ingredientes: Adicionar mais ingredientes ao prato pode ajudar a diluir o sabor picante. Adicione mais vegetais ou proteínas ao prato.  

  • Servir com arroz ou pão: Servir o prato com arroz ou pão pode ajudar a diluir o sabor picante e torná-lo mais suave. 

  • Ajustar a receita: Se o prato ficou excessivamente picante, ajustar a receita para a próxima vez pode ajudar a evitar o mesmo problema. Adicione menos pimenta ou use variedades menos picantes de pimenta. 

É importante lembrar que essas opções podem ajudar a reduzir o sabor picante, mas não o removerão completamente. Experimente uma ou várias dessas opções para encontrar a que melhor funciona para você e seu prato.

Optei por juntar um pouco de mel e um pouco de sumo de limão. Devo dizer que ficou delicioso (mérito do GPT, não meu).

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Gosto de ver como 'reage' perante temas que podem envolver algum juízo moral. Perguntei-lhe:

A pedofilia na igreja católica pode ser justificada pelo celibato?

Não, a pedofilia não pode ser justificada pelo celibato. O celibato é uma escolha pessoal e uma exigência canônica para o clero católico, mas não é uma desculpa para o abuso sexual infantil.

A pedofilia é uma desordem psicológica e um comportamento criminoso que não está relacionado ao estado civil ou à escolha de uma vida celibatária. A maioria dos abusos sexuais de menores ocorre fora do contexto da Igreja Católica, em ambientes familiares, escolares e sociais. Além disso, existem muitos sacerdotes católicos que vivem vidas de celibato sem jamais cometerem qualquer tipo de abuso sexual.

É importante lembrar que o celibato é uma prática que tem uma longa tradição na Igreja Católica, mas não é uma doutrina infalível. A questão do celibato pode ser discutida e eventualmente modificada pela Igreja, como já ocorreu em algumas tradições católicas orientais, que permitem que seus sacerdotes se casem.

No entanto, a raiz do problema do abuso sexual infantil na Igreja Católica não está no celibato, mas sim na falta de medidas preventivas e na cultura de silêncio e ocultação que permitiu que os abusos ocorressem e fossem encobertos. É necessário que a Igreja implemente políticas claras de proteção infantil e mecanismos eficazes de denúncia e investigação, além de oferecer apoio e justiça para as vítimas de abuso sexual infantil.

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E reparem em mais esta:

Diz uma coisa engraçada sobre um político populista.

Aqui está:

"Qual é a diferença entre um político populista e uma pizza? Uma pizza pode alimentar uma família inteira, enquanto um político populista pode alimentar apenas o seu próprio ego." 

Espero que isso tenha te arrancado pelo menos um sorriso!

O título do post é decalcado do artigo do DN, cuja leitura recomendo, onde também se pode ler que:  É gratuito, online e promete responder a qualquer pergunta submetida pelo utilizador em segundos, recorrendo a inteligência artificial. Assim é o ChatGPT, o novo fenómeno do mundo tecnológico

Transcrevo do artigo:

Como funciona e para que pode ser utilizado?

O ChatGPT está disponível online e gratuitamente neste site. É-lhe pedido que crie uma conta e a partir daí poderá iniciar uma conversa.

Com as perguntas certas é possível obter respostas diretas sobre factos ou sugestões (por exemplo, sobre que livro ler ou filme ver), mas também gerar todo o tipo de documentos (desde histórias ficcionais a trabalhos para a escola ou mesmo código para programação) e até ter conversas espirituosas. (...)

De notar que o ChatGPT só abrange o mundo até ao fim de 2021. Ou seja, tudo o que tenha acontecido daí para cá ainda é ignorado pelo 'sujeito'.

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Se os benefícios são incomensuráveis, os riscos são também inumeráveis. Se há tema que deveria merecer reflexão urgente é este (e o da Inteligência Artificial em geral). Um tema tão disruptivo, potencialmente tão fracturante e que pode encerrar um risco tão severo, deveria ser debatido, estudado, avaliado e, rapidamente, sujeito a regulação.

Claro que é um tema que transcende fronteiras pelo que a discussão e análise deveria ser transversal a toda a toda a União Europeia (pelo menos).

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E para terminar em beleza, o ChatGPT na versão poeta popular:

ChatGPT, oferece-me uma estrofe divertida sobre comida picante e uma mulher atrevida

Aqui está uma possível estrofe que atende aos seus requisitos:

Ela é tão atrevida quanto a comida picante,
Um sabor forte que nunca a faz recuar,
Pimenta na língua, fogo nos olhos,
Ela é a rainha do sabor ardente, sem deixar-se abalar.  
 
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E é isto. 
Uma coisa do além, diria eu.

[Nota: lá em cima, a música foi composta por uma aplicação que recorre a Inteligência Artificial para compor música.]

quarta-feira, fevereiro 15, 2023

Mais de 100 padres suspeitos de abusos sexuais estão no ativo... ?
Não corresponde a uma percentagem um bocadinho grande demais...?

 

Sabe-se que, por cada pessoa que se enche de coragem e resolve enfrentar as suas memórias, a sua vergonha e as suas feridas mais profundas, muitas outras permanecem em silêncio. 

Por isso, não apenas os casos de abuso não devem cerca de cinco mil mas seguramente dezenas de milhares. Também por isso, os padres no activo envolvidos em crimes de abuso sexual se calhar são mais de cem, sim, mas muito mais de cem.

Ora qual é a organização em que tantos profissionais são abusadores sexuais, grande parte dos quais pedófilos? 

Não conheço outra que não a Igreja. Qualquer coisa vai mal, muito, muito, muito mal numa organização em que tantos dos seus profissionais são assim. Pior: como é possível a Igreja conviver bem com o facto de que tantos supostos emissores da palavra de Deus sejam criminosos, psicopatas, gente doente e/ou impiedosa, gente que molesta crianças?

Ver uma fiada de bispos a ouvirem, em estado de estupor catatónico, a leitura de depoimentos de vítimas ou da irmã de um vítima é um imagem quase diabólica. Não sentirão uma vergonha sem limite? Não sentirão um vontade enorme de lavar a honra da sua instituição de uma forma drástica, inequívoca?

Ouço falar em perdão. Não basta.

Não basta a Igreja pedir perdão nem basta que os suspeitos sejam julgados e os acusados condenados. Não. Não. Não. Mil vezes não. 

Tem que haver medidas prudenciais que afastem das crianças ou de gente indefesa todos os que possam de alguma forma vir a assediar, violar ou causar seja que sofrimento for. Tem que se impedir todas as situações em que possam ocorrer mais abusos. Não sei se é necessário instalar câmaras de vigilância nos confessionários, nas sacristias, nos recantos, se é o quê. Não sei. 

[Aliás, ainda faz algum sentido haver confessionários? Que coisa mais medieval e absurda.]

O que sei é que a concentração de pedófilos e abusadores na Igreja é preocupante e as situações em que isso pode acontecer parecem ser propícias à prática de tais actos, prática que, segundo se ouve, tal a obsessão pelo 'pecado', é geralmente acompanhada de pedido de silêncio para esconder o pecado (o pecado da vítima, leia-se, pois a hipocrisia é tanta e tão nojenta que as vítimas ainda ficavam a pensar que foram elas as culpadas).

Quando penso que padres praticam monstruosidades que causam profundo e perene sofrimento às vítimas e a seguir, saem dali, e vão dizer missa, falar de pecado e pregar coisas supostamente boas, fico agoniada pois, na realidade, falam de deus com uma boca falsa e nojenta. 

Custa-me ainda mais quando parte das vítimas são crianças institucionalizadas, sem família que as defenda, ou crianças cujas famílias acreditam que, deixando-as ao pé dos padres, estão a deixá-las bem guardadas. Coitadas das crianças. Estes padres não são apenas criminosos e psicopatas, são também uns miseráveis, gente desprezível, uns nojentos hipócritas.

A Igreja, se, depois de todas estas denúncias, ainda lhe sobeja alguma respeitabilidade, deveria pedir ao Ministério Público que investigue todos os padres e bispos e diáconos e o diabo a quatro, que lhes vejam os computadores, que se ouçam testemunhos. Preventivamente. Se não há meios para isso que o façam por amostragem. Poderia não ser o Ministério Público mas uma Comissão interna que actuasse numa lógica de Auditoria interna. Mas já vimos como a Igreja tem pactuado, encoberto, desculpabilizado os criminosos. Creio que está claro que não se pode confiar muito na Igreja.

Prudencialmente também, não deveriam ser admitidos como padres (ou diáconos) pessoas cuja sanidade mental ou psicológica ou inclinações sexuais denunciem inaptidão para a função. Psicopatas, pedófilos, abusadores, por exemplo, deveriam ser crivados à entrada. 

E que não se pense que estou a generalizar. Não estou. Claro que não são todos os padres ou demais agentes da Igreja que são assim. Mal fora. Claro que não são. Mas, até por uma questão de transparência, seria bom que se separasse o trigo do joio. Deveria ser do interesse da Igreja que se erradicasse de forma radical todos os criminosos que, sob a capa da sua ligação à Igreja, praticam actos abjectos, imperdoáveis.

Seria também relevante que a Igreja, se quiser mesmo lavar a cara, lavar as mãos e lavar a alma, colocasse ao dispor da sociedade os meios necessários para isso: desfaça-se de luxos e financie investigações isentas e sérias. E se, no fim, houver tantos condenados que não caibam nas actuais prisões, pois coloquem instalações suas ao dispor, transformem mosteiros em prisões e vendam imóveis ou o que quiserem para ajudar a suportar as despesas. 

A Igreja, que se tem mostrado conivente com os abusos sexuais, que se tem mostrado elitista, esbanjadora, reaccionária, que tem fechado a porta a tantos dos que gostavam de ser acolhidos, se quer voltar a ser olhada com confiança tem que saber mostrar que está do lado do bem. Mostrar por actos e não apenas por palavras.