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terça-feira, setembro 16, 2025

João Ferreira: a julgar pelo debate na SIC, se eu votasse em Lisboa, seria nele que eu votaria

 

É certo que tem aquele pequeno problema de ser do PCP. É sabido que sinto sempre alguma perplexidade quando vejo uma pessoa que parece ser lúcida e racional manter-se no PCP. Provavelmente há questões psicológicas que o justificam mas a mim, que não as conheço, faz-me confusão. 

Contudo, a nível autárquico, o que em minha opinião deve prevalecer é a capacidade de fazer, a visão de ver ao perto e ao longe, a sabedoria para vencer obstáculos, a paciência para ultrapassar as chachadas da pequena política (que a nível autárquica parece tender a ser coisa muito rasa), a energia para se dedicar de corpo e alma ao bem estar dos habitantes ou dos visitantes da cidade. E, do que vi, pareceu-me que o mais estruturado, o mais assertivo e talvez competente, seria o João Ferreira.

Claro que é também o mais bonito e isso, parecendo que não, também conta.

segunda-feira, janeiro 25, 2021

O que vesti e calcei e com o que me perfumei para ir votar.
Mas, antes, umas observações sobre as eleições


Na hora de Marcelo, justo vencedor, mostro a minha preocupação pela votação no André Ventura e, pela razão oposta, no João Ferreira

 

Há, no resultado das eleições, um dado que muito me preocupa: a alienação,  estupidez e a falta de personalidade de parte tão significativa de população portuguesa. Refiro-me aos que votaram no André Ventura, e foram muitos, sem que ele tenha qualquer programa, ideia concreta ou boa fé. André Ventura é um mero troca-tintas, diz uma coisa e o seu contrário, sem fundamentar, sem se preocupar em sustentar o que diz, é uma criatura que a única coisa que tem para oferecer é a sua ostensiva má-fé, o gosto pelo insulto, pela maledicência gratuita, pela mentira, pelo comportamento rasteiro. Nada mais é do que isto. E, no entanto, parte significativa da população portuguesa votou nele. Porque o fazem não sei a não ser que, muito provavelmente, seja gente estúpida, que não pense, aquela gente que tem em comum com ele a maledicência e o facilidade em ofender os outros.

Mas há uma outra parte da população portuguesa que igualmente me preocupa: a que é constituída por quem não faz outra coisa senão dar-lhe palco. O animal diz uma asneira e parte das pessoas salta a criticá-lo, a repetir o que ele diz. O animal está sempre na televisão. O animal lançou uma estúpida atoarda contra os lábios pintados da Marisa e meio mundo veio colocá-lo sob os holofotes, ou auto-pintando lábios de encarnado ou lançando movimentos em volta dessa parvoíce. Em publicidade é isto que funciona: falem mal de mim mas falem de mim. E é publicidade ao Ventura que fazem os que repetem o que diz, os que o criticam e falam, falam, falam do que ele diz. E ele sempre, sempre na televisão, nos jornais, nas redes sociais. 

Ora, com populistas como André Ventura só há uma coisa a fazer: votá-lo ao desprezo. Ao desprezo. Se ele se meter com o batom ou com o raio que o parta a resposta só pode ser uma: zero. Não comentar, não lhe dar troco, não lhe dar trela, não lhe dar palco. Ignorá-lo. 

Portanto, há muita gente que deve pôr a mão na sua consciência ao ver  percentagem de votos que o parvalhão teve. Porque não tenhamos dúvidas: André Ventura é um parvalhão. Só será uma ameaça se lhe derem palco.

Uma outra palavra: sendo eu tradicionalmente votante PS -- não por ser militante mas por ser, em geral, o partido que melhor representa aquilo em que acredito -- tenho a dizer que tenho pena que, uma vez mais, não haja mais pessoas a verem que João Ferreira é uma pessoa de grande valor, um homem digno e inteligente e um homem de bem. Nem nas legislativas nem nas presidenciais alguma vez votei ou no PCP ou em candidatos do PCP. Não obstante, é com isenção e objectividade que aqui digo que gostaria que João Ferreira renovasse o PCP, talvez dando-lhe um banho de modernidade, e ajudasse a redesenhar a esquerda em Portugal. 

Se por vezes o BE tem coisas que se aproveitem, em regra foge-lhes o pé para o populismo. Quando a imaturidade política tem apetência por palco e quando a essa mistura se junta a cagança de uma superioridade moral, temos um partido que faz da deslealdade e da conflitualidade o seu modo de estar. Pode haver quem se reveja no estilo, quem se arvore em exemplo que os outros devem seguir, quem se ache acima dos outros e com direito a exercer punição contra os não seguidores. Contudo, é população que tende a diminuir pois aturar o pedantismo ideológico de Mortáguas e Catarinas cansa. E a Marisa é aquela bloquista simpática que não aquece nem arrefece. Tirando isso nada há no Bloco. Há o cardeal que anda a pregar pelos bastidores mas também é missa que cada vez menos gente ninguém segue. A esquerda séria, humanista, democrata não se revê nisto. Ou seja, à esquerda do PS o que há é o BE, em declínio, e o PCP, estagnado, a caminho da extinção, ou seja um conjunto a tender para coisa nenhuma deixando espaço livre para que os populistas invadam esse espaço. Há, pois, um espaço que está cada vez mais livre e que deveria ser ocupado por uma esquerda moderna, criativa, mais ágil e mais inovadora. E João Ferreira tem cabeça e pedalada para liderar essa mudança da esquerda-esquerda em Portugal.

Quanto a Marcelo, digno e justo vencedor, fico contente que tenha ganho. Não há, de entre os candidatos, quem melhor pudesse desempenhar o cargo que ele. Não tenho nada a ver com o PSD e muitas vezes o tenho criticado, em especial quando coloca a sua necessidade de afecto ou de atenção acima da lealdade institucional. Mas penso que é culto, inteligente, digno, humanista e com boas maneiras, em regra não nos envergonhando quando nos representa no exterior ou junto de estrangeiros. E tem sabido interpretar bem a Constituição e tem conseguido pôr o interesse nacional acima das suas próprias tendências partidárias. Se assim continuar, não me arrependerei de ter votado nele. Desejo-lhe boa sorte, saúde e força para fazer um segundo mandato tão bom ou melhor que o primeiro. As circunstâncias são do pior que há mas ele sabe de história, de política e do sentir do povo o suficiente para saber conduzir a sua acção. Pelo menos, é com isso que estou a contar.

E, por ora, é isto. Dos outros candidatos pouco tenho a dizer. 

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Quanto ao perfume com que me perfumei: Agua de Loewe. Explico porquê: Top notes are Bergamot, Yuzu, Tangerine and Palisander Rosewood; middle notes are Tea, Spicy Notes and White Pepper; base notes are Cedar, White Musk, Sandalwood and Amber

De resto, sobre o que estava à vista. Jeans justos, em cinzento. Blusinha em azul-alfazema claro. Blusão de cabedal castanho escuro forrado, por dentro, a sede beige-escuro. Skechers. Brincos: umas pequenas pérolas.

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Saúde

quarta-feira, janeiro 13, 2021

Uma pétala de rosa caindo no abismo

 



Continuam os dias de trabalho pesado, apesar de pouco sair de casa. O meu marido, à tarde, disse: 'Hoje a coisa não correu bem'. Perguntei: 'Como assim?'. Esclareceu: 'Estavas com a assertividade nos máximos'. Não percebi. Explicou: 'A malta levou pela medida grossa'. Perguntei a que se referia em concreto. Respondeu, com sorrisinho irónico: 'Acho que não escapou nenhum. Parece-me que foi a manhã toda. Levaram todos'. Ainda quis que me dissesse qual o tema, para perceber com quem estaria eu a falar. Disse que não percebia as palavras, mas que o tom de voz falava por si.  Acabei por confirmar que, pensando bem, tirando numa breve reunião de meia-hora, em todas as outras expressei a minha contrariedade. Por exemplo, uma faz telefonemas que são de meia-hora se a agente a interromper, senão são de uma hora no mínimo, para dizer que tem muito que fazer e que não tem tempo para fazer tudo o que é preciso. E passa o dia a fazer telefonemas destes. Se não os fizer, é tempo que lhe sobra para trabalhar. Como não mostrar arrelia com uma pessoa que não percebe isto? Ou um que tem mil coisas para fazer e que, em vez de se concentrar a fazê-las, se põe a fazer outras? Ou um que mal tem uma ideia vai a correr dizê-la a toda a gente, criando expectativas infundadas, lançando confusão e, quando lhe pergunto se já falou com alguém, bem sabendo eu que sim, me diz com cara de pau, mentindo à descarada, que com certeza que não. Claro que se eu tivesse estudado diplomacia ou tivesse aprendido a ser beata e paciente, passava por tudo isto sem me torcer nem me amolgar. Assim, é o que é. 

Tinha pensado que teria tempo para redigir um documento que amanhã queria partilhar para colher opiniões mas, com tanta reunião e tantos telefonemas, não consegui. Ainda pensei que talvez agora. Mas não me apetece. 

Só intervalei para fazer o jantar. Fiz assim:

Num tacho coloquei azeite e cortei duas cebolas aos bocados. Frigi ao de leve com duas folhas de louro fresco. Juntei um pequeno morceau de bacon aos bocadinhos e deixei que alourasse. Depois juntei quatro lindos tomates maduros. Por cima, três pernas grandes de frango do campo. Por cima, um pouco de sal, um alho francês às rodelas largas e mais um tomate maduro. Reguei com um pouco de vinho tinto e juntei salsa em quantidade generosa. Cozinhou nos próprios sucos até que vi a carne a querer despegar dos ossos. Juntei ervilhas congeladas. Cozinharam um pouco. Verti, então, o caldo que se tinha formado para uma chávena de pequeno almoço. Completei com água até encher. Juntei mais três chávenas de água. Quando ferveu, juntei duas chávenas de basmati. Quando estava seco, desliguei. O meu marido andava de roda da cozinha a dizer que cheirava bem, querendo saber o que era. Soube-nos bem ao jantar, acompanhado de salada de alface e canónigos. Depois comi uma tangerina. Rematei com um quadrado de chocolate bem preto (82% de cacau)

Tirando estas minhas coisas, tenho ainda a reportar uma coisa: não sei que é feito dos meus óculos brancos que me dão muito jeito para conduzir à noite. Já corri tudo -- e nada. O meu marido diz que se espantava é se eu soubesse deles. Não comento. Andavam sempre no carro, aqueles óculos. Mas mudei de carro ao mesmo tempo que mudei de casa e agora não faço ideia. O meu marido disse: na volta ainda estão no saco com as coisas que tiraste do outro carro. Não digo que não. Mas qual saco? À hora de almoço fui à cave ver se, nos sacos que estão pendurados no cabide de pé, encontrava alguma coisa. Nada. Sacos vazios, sacos de desporto, sacos de praia. Às tantas, um estava fofo, com coisas lá dentro. Abri: duas toalhas de praia, uma delas parece que ainda um pouco húmida. Nem queria acreditar. Não devia estar húmida senão cheirava a bolor e não, cheirava bem. Deve ser do frio que parecia húmida. Qualquer dia haveria de querer saber das toalhas e não fazer ideia delas. Calhou bem achá-las. Já as coloquei dentro da máquina. Num outro encontrei duas pens e um espelhinho de carteira que andava perdido há anos. Acabei por subir para almoçar. Dos óculos nem sinal.

Não vi o debate entre todos. Não me apeteceu. Não consigo ver a Ana Gomes a imitar o Herman José a fazer de Ana Gomes e, ao mesmo tempo, prestar atenção ao que diz. Não consigo, acho que a imitação dela não é credível. Não tenho paciência para a Marisa a fazer de conta que está a candidatar-se para o parlamento ou para o governo. Não tenho paciência para as tiradas simpáticas e nulas do Tino. Não tenho paciência para o tal senhor Mayan que parece ser gigante e deslocado. Não tenho paciência para o João Ferreira porque tenho pena que ele não tenha uma votação fantástica pois tem boa cabeça e uma dignidade tocante e era bom que evitasse o achincalhante declínio do PCP. Não tenho paciência para ouvir o porco imundo que, ao merecer a preferência de tanta gente, demonstra a mais triste de todas as realidades: há muito português mais estúpido e burro que uma porta. E não tenho paciência para ouvir o Marcelo porque já o conheço de ginjeira e sei que, se for como no primeiro mandato, apesar de todas as patetices que fazem parte do seu lado mais catavento, saberá interpretar o querer dos portugueses e saberá manter o equilíbrio interno ao mesmo tempo que não nos envergonhará quando representa o país perante o exterior, e porque o meu sentido de voto já está mais do que decidido. Portanto, não poderei comentar o debate. Terei perdido alguma coisa?

E agora vou espreitar vídeos. Qualquer dia ainda me torno seguidora de influencers. Mas não de uns influencers quaisquer. Hoje o algoritmo trouxe-me nova entrevista com Bethânia, desta vez a cargo de uma tal Naná, bem simpática por sinal. Já me arregimentei ao canal da Naná.

E o que Bethânia diz, senhores, que mulher, que carisma...!

Gostei de tudo mas não posso deixar de destacar o que ela diz do que é a poesia: não apenas o que respiguei para o título como também o que o seu mano Caetano diz: poesia não serve para dormir, poesia acorda.

Naná se derrete, olhando com devoção a grande diva, beijando as mãos da deusa da imensa cabeleira. Uma vez mais é um vídeo um pouco longo mas em que cada minutinho vale ouro.

Mas, antes, um curtinho em que Bethânia pergunta a Naná porquê esta série de entrevistas. E eu, que não fazia ideia de quem era Naná, vejo-a aqui toda vulnerável, toda dengosa, também seduzindo, fazendo amor com as palavras. Bonito de ver. Cá para mim, Naná é que nem eu que do amor gosto é dele carregadinho de expoente. 


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Pinturas de Joan Mitchell na companhia de Yo-Yo Ma - Bach: Cello Suite No. 1 in G Major, Prélude

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E dias felizes apesar dos confinamentos e de tudo o resto.
Saúde.

segunda-feira, maio 06, 2019

Balanço de um sarau em que alguns dos ginastas primaram pelas cambalhotas trapalhonas.
Fails, fails e mais fails
[E um breve apontamento sobre sindicalismo]


Estive no campo mas vim cedo para a cidade para preparar a janta já que a casa se ia encher e viriam cedo. Não tem a ver com ser da Dia da Mãe. Há coisas que não são de uns dias, são de uma vida. E vieram e a mesa esteve cheia e, como sempre, rimo-nos e houve jogos e cantoria. E, portanto, foi mais do que bom -- e a desarrumação foi também a condizer com a animação. E é mesmo assim, impossível controlar a energia de cinco crianças juntas (e de uns quantos adultos bem dispostos e a alinharem na brincadeira).

Estava eu a na cozinha, atarefada, quando o Rio apareceu a espadeirar à esquerda e à direita, à frente e retroactivamente, matando tudo o que era mosca e mosquito que lhe aparecesse no raio de meio metro. E foi isto que eu vi. E se ali não havia moscas e mosquitos, então não se passou nada, só mesmo o acto de espadeirar em seco. Só se for a cambalhota final da qual caíu fatalmente mal.

Além disso, no meio da afobação, mostrou o desatino que lhe vai na cabeça -- ele, tal como a madame Cristas, zanzando em volta do próprio rabo, dizendo que só pagam aos professores quando houver dinheiro --
- e toureando as outras classes profissionais, os pensionistas e contribuintes também vítimas da crise mais os que ficaram desempregados ou emigraram (que, pelos vistos, por eles, ficariam a chuchar no dedo) e sem explicarem que, se um dia, no tempo de São Nunca, houver dinheiro para isto tudo e pagarem e, no ano seguinte, perceberem que isso arruína as contas públicas... tiram outra vez tudo... 
E, aos saltinhos sobre a sua própria auto-importância, gabando-se não se sabe bem de quê e, de seguida, dando o dito por não dito, acabou a faena na maior deselegância e despropósito, mostrando o seu amargo mau perder, trazendo à liça as pessoas que morreram nos incêndios e os que morreram na estrada desprotegida, no maior desrespeito por quem morreu, ficou ferido ou por quem perdeu os seus entes queridos. Uma vergonha desagradável de presenciar.

Os portugueses ficaram, portanto, a saber que Rui Rio não apenas não sabe liderar o partido, não sabe ser coerente, não sabe conjugar o curto com o médio e o longo prazo, não é inteligente nem simpático, como nem sequer sabe ser bem educado e respeitador. 

Terminou dizendo que vai incluir no programa eleitoral do PSD isto de devolver tudo aos professores. Mais uma piadinha. Como se não estivesse careca de saber que não tarda já está com um par de patins e que, na próxima legislatura, não apenas não estará no governo como não estará no PSD. A dúvida, entre as hostes laranjas, é saber quando. Quando lhe põem o par de patins. 

Quanto à Cristas, mostrou que não apenas é uma peixeirona, uma troca-tintas, uma criatura que faz tudo e o seu contrário e, se necessário for, vende a alma ao diabo, juntando-se à direira mais extremada e mais populista e agora, também, à CGTP, ao BE e ao PCP, na ânsia de conseguir agradar não se sabe bem a quem como, depois, nem sabe disfarçar que é uma maria-tonta. É que, como se viu, quando a coisa sai furada, volta atrás, dá o dito por não dito, dá uma cambalhota trapalhona, estatela-se ao comprido e, a seguir, levanta-se a culpar os outros, aponta o dedo a quem vai no outro lado da rua, ao passarinho que canta em cima da árvore, ao que calhar. E assim, para desconsolo e enfurecimento dos centristas, vai desgraçando o CDS.

E nem vou falar de quão patético me soou o apelo de Catarina Martins a pedir a Costas que não se zangue, que continue a dar-lhe a mão, que a deixe continuar a brincar às geringonças. Claro que Costa vai continuar a ter paciência para as atitudes irreflectidas dela e do BE em geral, algumas a raiar a deslealdade. Mas há coisas que deixam algumas marcas. Mesmo pessoas com a pele dura e optimistas a toda a prova, como é o Costa, sentem quando um espinho se espeta no pé. Contudo, acredito que o Costa ache que é bom que haja um partido que acomode a esquerda sonhadora, romântica, saudosa de causas minoritárias e nobres. E, portanto, o Louçã há-de continuar a orientar a Catarina e a Catarina há-de continuar a andar por aí, bem intencionada, narizinho arrebitado, a agitar o punho e bandeiras coloridas. E tudo bem. 

Apesar de tudo, o PCP é mais reliable. Podem ser muito datados, muito agarrados a um proletariado e funcionalismo público que já é apenas uma pálida ideia do que é a classe trabalhadora da actualidade, podem ser um bocado casmurros, gente casca dura com um discurso muito já-era. Mas são gente de palavra, gente séria. Lá isso é verdade. Como parceiros de caminhada, antes gente assim, a atirar para o bota-de-elástico, do que gente que volta e meia tem fricotes, que vem com causas pseudo-fracturantes no meio de assunto sério e depois sobe ao palco a desfraldar bandeiras que nem se percebe bem a que propósito aquilo vem. Além disso, não há partido com homens mais giraços do que o PCP. Cada um mais sexy que o outro. E esta malta nova tem um discuro bem articulado, é gente serena para quem dá gosto olhar. O João Ferreira, então, faz favor: é mesmo um caso sério. 

E assim sendo, agora que a crise acabou e que já está mais claro com quem é que se pode contar, resta saber o seguinte:

1º - Quando é que os professores vão arranjar um representante sindical que lhes permita aparecer de cara lavada, que lhes permita limpar a má imagem que este Nogueira tem andado a espalhar junto da população. Os professores merecem mais e melhor -- e que seja rápido, se faz favor. 

2º - Quando é que o nosso Prof. Marcelo, por quem tanta gente anseia que se pronuncie, virá louvar a democracia portuguesa, madura de dar gosto, feita de gente que sabe dar cambalhotas e flic-flacs, andar de gatas, fazer o pino num só dedo, e tudo a bem do povo português. E que todos temos razão para festejar. Hip-hip-urra, efe-erre-á. Á. 

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E, portanto, agora que a crise está morta e quase enterrada, passo ao ponto do Sindicalismo. 

Começo, contudo, por um ponto prévio. Acho que devo andar com dificuldades de expressão pois ao criticar o que considero ser um mau sindicalismo há quem perceba que sou contra o sindicalismo. Isto deixa-me preocupada pois esforço-me por ser clara e, pelos vistos, não o sou.

Vou, então, tentar que não subsistam dúvidas: sou totalmente a favor de movimentos que representem os trabalhadores. Podem ser sindicatos, podem ser comissões de trabalhadores. Totalmente a favor.

Mas não me revejo nem nas causas nem na forma de agir destes sindicatos que conheço. São movimentos que, nuns casos, são correias de transmissão da linha mais ortodoxa e antiquada dos partidos aos quais estão ligados e, noutros, são movimentos corporativistas.

Os sindicatos que conheço pouco acrescentam. De vez em quando armam um banzé para convencerem os filiados que, se não fossem eles, os dirigentes sindicais, estariam perdidos. E vão para as negociações, focados em aspectos marginais, em relação aos quais pedem o dobro daquilo que acham razoável. E quem, do outro lado, vai negociar com eles, oferece metade do que está disposto a dar pois sabem que isso é importante para os dirigentes sindicais, para que possam exibir a vitória que conseguiram. Conheço bem tudo isto. Uma coreografia que não passa disto. Uma indigência.


Eu sei que que há quem, trabalhando todo o dia, chegue ao fim do mês com uma miséria. Sei tudo isso e muito mais.

Sei também da multidão que trabalha para empresas de trabalho temporário onde os ordenados são uma vergonha e as condições miseráveis. Sem ninguém que os represente.

Sei da multidão que trabalha em falsas empresas de prestação de serviço que mais não são do que empresas de mão de obra encapotada. Sem ninguém que os represente.

Sei de empresas de call center onde os empregados são em grande parte jovens licenciados que fazem um trabalho desgastante, com ordenados e horários do pior que há. Sem ninguém que os represente.

Sei de jovens investigadores sem segurança quanto ao seu futuro e sem condições que os motivem e segurem. Sem ninguém que os represente.

Sei de trabalhadores que trabalham sob uma pressão permanente, em turnos, muitas vezes integrados em equipas variáveis  com quem têm pouco em comum excepto o medo de perder o emprego. Sem ninguém que os represente.

Etc.

E sei dos problemas dos trabalhadores (problemas esses que vão muito além do que os 1% ou 2% de aumento de ordenado, no qual os sindicatos se focam):

  • o tempo que gastam em transportes, em especial nas grandes cidades; 
  • o dinheiro que gastam com creches ou ATL's para os filhos e as dificuldades que enfrentam para chegarem a horas; 
  • a angústia quando têm filhos doentes que precisam de ajuda, ou pais velhos e dependentes, e não podem ficar em casa a menos que metam férias ou tenham faltas que cortarão os ordenados no fim do mês; 
  • como, por mil razões, andam cansados para acomodarem a vida profissional e a vida familiar. 
  • A desmotivação por fazem trabalhos aquém da sua formação e das suas capacidades. 
  • A incerteza e precariedade que os impede de serem independentes e formar família. 
  • A dificuldade para os mais velhos em manterem-se em empresas que os olham como velhos apesar de não terem idade para se reformarem. 
  • A dificuldade dos que não suportam sentirem-se desmotivados ou indesejados e arriscam o desemprego ou uma reforma antecipada com cortes muito penalizantes. 

Etc.

E sei como estão prestes a mudar grande parte dos postos de trabalho. A transformação digital, as comunicações 5G e tudo o que já aí está a rebentar vão mudar drasticamente o mundo do trabalho. E sei que grande parte das pessoas vai ter que se reconverter profissionalmente e sei que grande parte das empresas não está a preparar-se convenientemente para isso.


E falo em empresas, que é a realidade que conheço melhor, mas a mesma coisa presumo que se diga em relação à administração pública.

E sei também como as empresas e os organismos de estado e outras instituições têm tantas vezes nas suas equipas de gestão pessoas completamente insensíveis em relação a tudo isto -- e não têm ninguém que represente os trabalhadores.

Gasta-se, por vezes, tanto dinheiro em projectos inúteis quando há tanto que fazer para aumentar a produtividade, conseguindo, em simultâneo, satisfazer as necessidades prementes dos trabalhadores e aumentar a sua qualidade de vida.

Portanto, acredito plenamente na necessidade de haver quem represente convenientemente os trabalhadores -- sob pena de a coisa se descontrolar. Sejam sindicatos, sejam comissões de trabalho. São vitais e deveriam ter uma representação forte junto das comissões directivas, representando com inteligência os trabalhadores (não partidos políticos, não causas escusas).

Os movimentos inorgânicos como o dos coletes amarelos ou os pseudo-sindicatos, que mais parecem agências -- onde dá ideia que os sindicatos ganham à comissão -- e onde em vez de beneficiarem os trabalhadores, apenas os desgraçam ao mesmo tempo que minam a democracia, aparecerão cada vez se o enorme vazio que referi assim se mantiver: vazio.

A não ser capaz de se reinventar, o sindicalismo definhará e poderão avizinhar-se tempos sombrios para os trabalhadores.


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E um pouco de poesia para cortar a aridez da conversa


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Lamento não conseguir responder aos comentários -- e tantos e tão interessantes que são e que bela conversa se poderia ter. Mas passa das duas da manhã e daqui a nada tenho que estar a pé. Alonguei-me demais na escrita. So sorry.

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Desejo-vos uma bela semana a começar já por esta segunda-feira. 
Saúde, alegria, sorte e tudo o mais que vos venha de feição.

quinta-feira, fevereiro 01, 2018

Alô, alô Marco António Costa!
Sobre os tempos de abundância em que vivemos, preste lá aí, se faz favor, uma atençanita.

[E, finalmente, a verdade sobre a aterragem na lua que, naquele dia, não sei se era uma lua azul de sangue ou uma lua de sangue azul]


De vez em quando aparece-me um deles a dizer que assim está bem, assim é fácil -- e é como se dissessem que assim também eles. 

Hoje calhou, a meio do zapping, aparecer o João Ferreira do PCP com o Marco António do PPD/PSD (como é mesmo o nome oficial do partido? desde que o Flopes se quedou na indecisão, ficou a dúvida no ar: PPD? PSD? PPD/PSD? PSD/PPD?)

O João Ferreira, bonito que dá gosto a gente ficar a olhar para ele e, ainda por cima, discreto, sóbrio, ponderado. Ou seja, um comunista que, não desfazendo, fica bem em qualquer lado. E se parece que estou a ironizar, pensando nele como se fora um belo objecto, confirmo: estou. Mas, em cima da objectualidade do belo homem, digo que é mais do que isso: João Ferreira fica bem num debate televisivo, num parlamento europeu ou nacional, numa autarquia ou, cá para mim, até num governo.

O pior, televisivamente falando, foi o seu oponente. Fraco, fraquinho, muito mau, muito mauzinho.

Aquele Marco António Costa é, por todos os motivos, o oposto do que hoje os eleitores apreciam num político. É certo que fisicamente está com um ar mais decente desde que se apresenta com o cabelo mais curto. Contudo, a matéria-prima que subjaz à barba não o favorece. Mas disso ele não tem culpa pelo que nem é tema. Tema é ele ainda não ter cortado com a parvoíce que rodeia a sua argumentação. Não é de agora. Nunca lhe vi uma ideia com rasgo ou fundamentada. Quem se acha esperto sem o ser dá sempre de si triste imagem. Hoje, por ali andou enredado  em torno dos casos que a jornalista lançou (a pseudo-polémica gerada por mais uma joana-vidalice em volta de dois pseudo-bilhetes da bola (já que, afinal, não são bilhetes mas lugares de convite), a macacada dos pseudo-deputados que queriam ir abandalhar o parlamento europeu com o pseudo-tema, os excelentes indicadores económicos do país, etc). 

Que aquela conversa encaixaria bem num programa desportivo não tenho dúvida
Eu não disse o que tu disseste que eu disse mas se quiseres que eu diga eu digo mas não me venhas dizer o que eu devo dizer porque eu cá só digo o que acho que devo dizer e quem disser o oposto que prove senão vai ter que dizer noutro sítio que eu, pelas razões que todos conhecem mas não têm coragem de assumir, não vou dizer qual é (... bla bla bla... bla bla bla...)
mas num debate de ideias é ridículo e inaceitável. Mas daquele pobre -- que é o digno representante dos mais que datados caciques laranjas -- já não se espera já outra coisa. Portanto, não é disso que quero aqui falar. Quero falar, sim, de outra coisa que ele disse e na qual coincidiu com vários outros correlegionários: que é fácil governar em tempos de abundância como são aqueles em que agora vivemos. 

E é sobre isso que eu tenho que dizer uma coisa ao Sr. Marco Costa e a todos os seus colegas paf-pafs:

1ª - Os tempos que vivemos não são de abundância. Abundância é outra coisa. Vivemos, sim, um período de recuperação e de rigor na gestão.

2ª - O dinheiro em circulação numa economia não cai do céu. Não existe isso de agora se viverem períodos de abundância como se a abundância fosse um acaso meteorológico. O dinheiro em circulação resulta sobretudo de um conjunto de factores, uns exógenos, oudros endógenos e sobre os quais os governos e o sistema financeiro têm acção relevante.

3ª - Se vivemos agora tempos que não são de penúria, desconfiança ou retração muito devemos a este governo, nomeadamente:
  • às suas políticas internas, 
  • à prova provada que pode fazer de que as suas políticas surtem um efeito estimulante na economia, permitindo-lhe reiterá-las e
  • à atitude disruptiva, construtiva e corajosa que tem exibido nas instâncias europeias em que tem assento, abrindo portas a uma mudança de políticas comuns
Portanto, Sr. Marco A. Costa, a ver se percebe que se agora vivemos tempos melhores é porque temos um melhor governo e porque a inteligência e a competência foram introduzidas na esfera de actuação política. 

Escusava de acrescentar mas, estando a falar com quem estou, vejo-me forçada a isso: o que acima disse significa que, pelo contrário, no tempo em que imperavam o Láparo, o vice-Irrevogável, a Cristas, a Pinókia dos Swaps e tutti quanti, as coisas estavam piores porque escasseavam a inteligência e a competência na esfera de actuação política.

Entendido?

Se calhar ainda não. 

Nesse caso, talvez seja melhor uma explicação mais exaustiva. Aconselho-o, então, a pegar num caderninho e a copiar cem vezes as 10 lições que se podem aprender com Mário Centeno ou, na óptica da Santa Mana Joana e dos seus acérrimos devotos, os 10 crimes do Ministro Centeno.

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Mas vá, para que não se pense que tenho algum preconceito contra roedores orelhudos ou que todos os coelhos são láparos-para-esquecer, aqui vos deixo com um sweet momento com coelhos que são coelhinhos.



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E, com isto, nem falei na lua azul de sangue mas a verdade é que não lhe vi cor diferente do que costume ver e, portano, admiti que aquela designação fosse alguma liberdade poética. Qualquer coisa na base de:
Dá-me uma lua azul de sangue, 
uma lua negra exangue,
ou uma lua branca de prata, 
quiçá uma lua splash and pink cantata, 
talvez uma lua dourada de mel 
até mesmo uma lua verde de pele.

Afinal acabo de ouvir que a coisa tem substracto mas só para quem a pode ver. Whatever. Aqui deixo uma foto apenas porque é bonita e me apetece assinalar a coisa.

A lua em Edirne, Turquia -- no The Guardian

E, já agora, a propósito da lua, um momento histórico -- sobre o momento da aterragem na lua, finalmente a verdade dos factos:


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Um dia feliz a todos que por aqui me acompanham.

And have fun, ok?

terça-feira, novembro 14, 2017

Mais giros do que a rapaziada do PCP só mesmo os novos escritores portugueses


Tenho um amigo de quem algumas más línguas, a minha filha incluída, dizem ser abichanado. Quando digo que não sei, ela reage no gozo: Não...! Muito macho... De facto, muito macho não será mas também não estou certa de que seja gay-praticante. Só se for uma coisa ainda na base da tendência. Mas isso também não vem ao caso. O que vem é que ele, volta e meia, ao conversar comigo, de alguns homens, diz com ar admirativo: é muito bem apessoado. E eu gosto desta expressão.

E isto para dizer que vi a fotografia de um escritor de quem nunca li qualquer livro e de quem desconhecia a aparência. E, vendo-o, logo me lembrei de um outro que também tem ar de quem a sabe viver bem. E de um outro que uma vez vi actuar (porque também é dado à música) e que tem um jeito sorridente de ser. Bem apessoados de dar gosto. Olhando para eles, penso que inventava uma história, dela fazia um filme e a eles punha-os lá dentro. Não sei se como malandrecos dados ao garboso manejo de alguns instrumentos, nomeadamente no dedilhar do teclado, ou se como simples homens dados ao culto das paixões e, nem sempre, nobres.

Com vossa licença, passo a elencar e me dirão se não são todos bem apessoados (to say the least). A ordem é (mais ou menos arbitrária) até porque não quero agora cá ciumeiras. 

Sandro William Junqueira, nascido em 1974. Boa pinta. Ar sexy. 

Todo ele francamente bem-apessoado.



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E, como dizia, lembrei-me de um outro de quem já uma vez aqui perguntei se, com aquela pinta, era escritor, galã ou actor de filme porno. Nunca ninguém fez a caridade de me esclarecer.

Bruno Vieira Amaral. Nascido em 1978. Um descaradão de primeira, deve ser o que ele é.


Como sou dada a ligar bastante à aparência das pessoas, nunca me deu para o levar como escritor a sério pois olho para ele e acho que há ali um tal pedaço de mau caminho que não sei se lhe sobrará mérito para a escrita. Preconceito meu. Parece que ainda não percebi que, para escrever bem, não tem que estar morto ou ser gordo badocha, pálido, óculos de dar dó, velho ou invisível.


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E depois há o terceiro. Não é aquele da história que eu gosto de lembrar, o que chegou como quem chega do nada, o da história da Teresinha. Este é outro.

Afonso Cruz. Nascido em 1971. 


Não tem ar de ser tão mau rapaz como os anteriores mas, ainda assim, quando despir aquele seu ar de bem comportadinho, capaz de poder ombrear em maladrangem com os anteriores. Digo eu. Mas não muito certa disso. Capaz de não ser rapaz para uma viagem ao fim da noite como os outros. Mas, seja como for, de aspecto, nada mal.


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Não sei se, para o futuro, ficará como uma geração de ouro a nível da escrita mas como a geração dos escritores bem-apessoados, disso não duvidem. Acreditem que sim. E podem ir por mim à confiança -- eu, homens bonitos, inteligentes e com outras qualidades, é comigo. Catrapisco-os à légua.

Até acho que podíamos promover aí uma competição qualquer: este trio de um lado e, do outro, uns deputados do PCP -- e, dado o adiantado da hora, limito-me a uma amostra de dois.

João Ferreira. Nascido em 1978. Feito para ninguém lhe botar defeito.



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Miguel Tiago. Nascido em 1979. Ar ciganão, sarrafeirão. Telúrico.



Aposto nele e no colega de cima para fazerem frente ao naipe de escritores. Não desmereceriam --- não desfazendo de quem está aí desse lado, a ler-me, claro.

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E, se um dia tiver que contratar um guarda-costas, já sei que não vou ter a vida facilitada: vai ter que ser na base das entrevistas e de um assessment a sério entre estes cinco. Com qualquer deles, cá para mim, não ia ficar mal servida. Capazes de darem um valente chega-para-lá em qualquer meliante que viesse importunar-me. Os de cima teriam a vantagem de ser de boa palavra, prosa musculada, certamente engajada e transbordante de virilidade, enquanto os de baixo seriam, do que lhes conheço, de boa retórica, combativos, homens de bem, quiçá uns puros (no pun intended about Havana). Em comum, se repararem, uma boca bem desenhada e bem preenchida. Dizem que é sinónimo de sensualidade em dose bem medida e eu acredito nisso. Mas, claro, para guarda-costas esse seria atributo menos relevante.

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Não me ficará bem prestar tanta atenção à forma e não tanto ao conteúdo mas faz de conta que é do adiantado da hora. E, de resto, quem disse que a forma, nestes casos, não é tão ou mais relevante que o conteúdo?

E pronto. Mais não digo para não ferir a susceptibilidade dos amigos do Panteão, dos praticantes das novenas das oito, dos seguidores da santinha da ladeira, dos descendentes ideológicos dos pastorinhos ou do camarada Lenine ou, ainda, de outros entes bem intencionados.

E era, hoje, para ter rematado à baliza na história das wild roses mas, depois da extraordinária Biblioteca chinesa que, lamentavelmente, me fica um bocado fora de portas e depois desta divagação vadia about uns jeitosos a quem resolvi dedicar uma dose de assédio remoto et pour cause platónico, já não tenho cabeça para mais sofrimentos. Fica para amanhã.

Obrigada pela vossa atenção.

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quinta-feira, março 02, 2017

Breaking news:
Brad Pitt e Jennifer Aniston andam a trocar sms
(e o Lobo Xavier parece que já fez das dele)
Já nasceu o 4º neto de Carolina de Mónaco
(e eu até tenho vergonha de vos confessar os meus pensamentos)
E o Trudeau é o PILF do momento
(destronando o João Ferreira do PCP e o Ricardo Robles do BE)


Há vários assuntos sobre os quais falaria de gosto. E isto já para não falar na vontade de ficcionar. 




Hoje de tarde, no carro, a caminho de um dos locais de trabalho, chegou-me uma frase. Uma mulher contava como, em criança, saía à rua, à noite, para olhar o céu. E, ao contar isto, estava ela própria a olhar o céu. Mas a situação em que ela estava era uma situação especial. Eu ia a conduzir e a fala da mulher surgia e eu sentia uma emoção estranha porque eu já era a mulher que evocava umas outras noites, lá bem para trás nas memórias. Se não estivesse a conduzir e tivesse um computador à mão, tinha mesmo que escrever. Mas não era o caso. Depois, mal cheguei, entraram-me no gabinete com um problema, dois problemas e depois um advogado sobre um parecer que eu tinha pedido e depois isto, aquilo e o outro e nem mais me lembrei da comoção daquela mulher que se tinha metido dentro de mim para eu contar a sua história.


Quando, à noite, aterrei no sofá a primeira coisa que fiz foi deixar-me dormir. Estava a dar na SIC o Assalto ao Castelo sobre o BES e eu, que estava com curiosidade, caí redonda. E ainda nem tinha jantado. Estava apenas a descansar durante uns minutos enquanto o meu marido aquecia a sopa e fazia uns ovos deliciosos, mexidos, com cebola picada, courgette, tomate e queijo que comemos acompanhados com alface. Depois ele chamou-me, eu acordei e, quando cheguei à mesa para jantar, já aquilo tinha acabado.


Depois de jantar, estava meio zen mas, ao pegar no computador, lembrei-me do desavergonhado Núncio e escrevi o post abaixo. A seguir entrei outra vez naquele comprimento de desonda em que, tendo aqui ao meu lado as Cartas a Lucílio, opto por ver os vídeos que mostram o frete que a Melania faz para aturar o anormal do marido.

E é assim que estou, a pensar que o dia devia ter mais umas duas ou três horas para eu poder estar para aqui nesta indolência até espertar, depois escrever e, finalmente, ir dormir uma bela noite de sono.

Mas as coisas são o que são e, portanto, não podendo dilatar o tempo, rendo-me à minha limitada circunstância e falo daquilo a que a minha condição me permite chegar.

E, assim sendo, respigo o que da lobotomizada actualidade me parece relevante. A saber:

Brad & Jenn in the good old days

1. Quando fez anos, não há muito tempo, Brad Pitt terá enviado umas sms à sua ex-mulher, a formosa Jennifer Aniston: que, snif-snif, estava a atravessar um mau período, e que bla-bla-bla -- e passado um bocado parece que já estavam a discutir. 


Não sei como é que se soube disto que agora não se fala de outra coisa. Admito que tenha sido o Lobo Xavier que se tenha sentido na obrigação de ir mostrar as mensagens do Brad a alguma revista ou ao marido dela. Às tantas, o Concelheiro-Alcoviteiro-Fiscalista-Multi-Administrador (Concelheiro com c, sim senhor) ainda pensa ganhar algum com um eventual divórcio dela já que se sempre se disse que a Jenn morria de amores por belo Pitt e, portanto, com esta reaproximação, quem sabe se ela não vai sucumbir -- e, dizem, o Concelheiro fareja o $ como o macaco fareja a banana.
[Mas também é natural que a Jenn sucumba. Quem é que não sucumbia? Pena tenho eu que ele não venha chorar no meu ombro. A ver se não o consolava, pobrezinho -- e até passava a informação ao Cavaco para ele, no próximo romance, ter alguma história verosímil para contar.]

2. Parece que a Princesa Carolina já é tetra-avó. Agora é o filho do mais novo dos rapazes, Pierre Casiraghi casado com Beatrice Borromeo.


E eu, feita parva, ponho-me a ler a notícia e dou por mim a olhar para ela e a pensar: 'Está velha, tanta ruga, rosto já tão cansado'. E só pelo meu estado debilitado, mais a dormir que acordada, é que não vou a correr ver-me ao espelho para ver se posso concluir que felizmente eu, apesar de penta-avózinha, tenho ar de filha dela.
Ah, as mulheres, em segredo, são tão inseguras, tão invejosas, tão cruéis. Como se o aspecto dela importasse alguma coisa: é e sempre foi bonita e elegante e, no meio daquele glamour todo, sempre teve uma vida tão cheia de infelicidades. Tomara que agora esteja bem, com mais ou menos ruga.
E, afinal, que raio tenho eu a ver com ela, ó caneco? Ela lá tão sossegada no seu rochedo e eu aqui refastelada no sofá, sem a conhecer de lado nenhum, que conversa esta, mais parva, senhores. Em vez de estar, simplesmente, a desejar saúde e sorte à criança estou para aqui a pedir meças em relação à avó. Raios partam tanta parvoíce, a minha. 

Juntin Trudeau a beijar Sophie, a mulher

3. Interessante mesmo é a sigla: PILF. depois das MILF eis que chegam agora os PILFs. Parece qe o caso mais flagrante é o Trudeau, o tomba corações canadiano que deixa o mulherame com olhinhos de carneiro mal morto. Os jornais de todo o mundo consideram-no o político mais sexy do mundo, dizem-no hot e mostram-no em tronco nu ou como um galã perante quem as mulheres fazem olhos de bambi à espera de serem salvas. E, num ápice, destronou Obama, Putin e, mesmo, o João Ferreira do PCP.  A Catarina, que gosta de jogar umas cartadas fortes, atirou o Ricardo Robles para cima da mesa e as que, como eu, gostam do fino, perceberam logo que está ali um capaz de disputar a freguesia ao João Ferreira. 


Mas, enfim, os media ainda não deram com estes dois puro-sangue lusitanos e ainda andam entretedidos com o Justin. Dizem-no uma mistura de Hugh Grant, Woody Harrelson e Joaquin Phoenix, um sério candidato a intérprete do próximo James Bond. 


Além do mais, parece que, quando lhe dá para agarrar a mulher e beijá-la, o faz com tamanha intensidade que, mal se aproxima, em eventos internacionais, as mulheres políticas se põem logo a jeito. Angela Merkel que o diga. 

Os olhos melados da Ivanka ou o rubor de Kate Middleton não contam -- são jovens, pouco sabem da vida.


E  com esta bela imagem de Angela nos braços de Justin, pronta para um beijo à Tyrone Power vos deixo.

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As duas fotografias (a preto e branco) são da autoria de Eve Morcrette.

Lá em cima é Noa Lur & Antonio Lizana interpretando Sombras


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E, agora que já espaireci a alma, deixem que vos recomende uma descida ao quinto dos infernos, isto é, ao mundinho dos coisinhos, um mundinho habitado por nunciozinhos que nem mentiras como deve ser sabem dizer e onde as trumpalhadas proliferam

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sábado, setembro 03, 2016

E porque hoje, dia 3 de Setembro, é o Dia das Barbas, vamos lá a isso:
Estão ou não na moda? Valorizam ou não quem as usa?
Eu demonstro a minha teoria com casos práticos


Depois de, no post abaixo, ter escrito sobre as desconformidades do Rangelito, do mau olhado permanentemente lançado pelo Láparo e das vacuidades da candidata a Rainha da Sucata, pus-me a circular pela televisão a ver se descortinava alguma coisa que se visse. 

E fui dar com a Cristina Ferreira e as suas danças e, claro!, com a Madame Teresa Guilherme com as suas meninas esbraseadas e os seus calmeirões tatuados. Não sei se aquilo é peixe fresco ou do gelo (e que me perdoem as analogias piscícolas mas, já sabem, é a minha orgulhosa alma de peixeira*...). Começaram novos programas iguais aos anteriores ou isto são repetições? A sério que não faço ideia. Até o Zezé Camarinha lá vi. Ou foi uma cena de déjà vu que me assolou ou é aquela coisa da roupa velha. Zapping. 


Depois apareceu-me o Baldaia, olheirento, e pensei que estava a falar de política. Pensei: 'deixa cá ver qual a cena dele agora'. Mas não, estava a falar de futebol. Em vários outros canais a mesma coisa: a falarem de transferências e de um, acho que nao jogador, que saíu do Porto, não sei nem me interessa saber porquê nem porque é que isso é importante. Mas se calhar é. Zapping.
Agora o que me pareceria boa ideia é que isto da época das transferências fosse extensível aos partidos. Por exemplo, acho que o Rangelito seria um sucesso entre as miúdas que parece que agoram pululam no CDS. Daqui lanço, pois, o repto: madame dona cristas não quer contratar o galinho rangélico? Ou, para o PSD, que tal o láparo contratar a meireles para ambos rodarem, de noite, filmes de terror para assustarem as criancinhas no dia seguinte.
Mas não quero perder mais tempo com isto. Não é coisa que me assista, como dizia o outro, o campeão da reboleta estrada abaixo.

Vou então falar do que aqui me traz -- um tema biblíco. Bem, não sei se bíblico será o termo. Talvez histórico. Havia aquela do outro que cortava as barbas ou aquilo de pôr as barbas de molho. Na volta ainda é tema lançado pelo vaganau do Homero, que parece que foi quem esteve na génese de tudo. Portanto, por prudência, vou antes dizer que o tema que aqui me traz é clássico. 

Pronto. Feito o enquadramento, vou a factos.

 

Ficam os homens melhor ou pior com barba?


Como este texto está a seguir um rumo rigoroso, acho que devo plasmar já aqui um disclaimer. Tive, em tempos idos, um intenso coup de foudre, de que ainda hoje não me curei, quando um desconhecido, barbudo como um guerrilheiro, pousou em mim um olhar descarado. Depois disso, já tentou várias vezes despir-se dela. Ainda no outro dia. Por precaução, deixa o bigode. Diz que é só para a cara apanhar sol no verão. Ora não acho bem. Portanto, a ousadia dura um dia. Por isso, escuso de dizer mas digo: sou a favor.

Ao meu filho nunca influenciei. Tambem não é rapaz de ir em influências da maezinha. Mas usa uma bela barba. O cabelo agora quase escuro, sempre curtíssimo, os olhos claros, esverdeados, e uma barba arruivada. Não desfazendo de vocês, Caros Leitores, ou dos vossos filhos, que são todos certamente bem jeitosos, mas o meu filho é um belo barbudo. Felizmente, nisso, a minha filha não sai ao irmão. Nem nisso da barba nem, fisicamente, em quase nada, que toda ela é mais parecida com o pai: uma morena de alma e coração.

Bem. Onde é que eu ia? Ah. Estava eu aqui e recebo uma mensagem da minha nora. Tinha uma fotografia do meu filho em grande plano com os meninos ao pé e dizia ela que ele era capaz de ser o rapaz mais giro da festa (e incluía aqui um smile), qual João Ferreira. Já algumas vezes aqui falei que o PCP tem homens bonitos e referi o João Ferreira como um belo exemplar. Estavam na Festa do Avante, claro. 


João Ferreira - não está mal, não senhor, mas tomara ele ter tanta pinta como o meu filhão


A seguir, começo a deambular pela leveza internética e não é que, na Madame Figaro, dou com um artigo sobre as barbas? Sério. Para começar, para quem não saiba, este sábado é o Dia das Barbas.

 

[Alguém sabia que também havia o Dia das Barbas? Eu não. Há dias para tudo, caramba].

O artigo diz tudo logo no título:


De facto, a barba transversalizou-se, virou tendência, não é coisa de velhos em tempos revolucionários, de guerrilheiros ou de malta do reviralho. É simplesmente uma coisa que valoriza os homens. Talvez, no fundo, a barba transmita uma ideia de virilidade. Acho que sim. Mas é mais que isso, tem a ver com a maneira de ser e, talvez que, uma vez mais, os homens com barba pareçam mais homens que os outros. Mas je ne sais pas. É talvez apenas uma quelque chose, aquilo do je ne sais quoi. É que não é a barba em si que confere o atestado de virilidade mas o all in. Mas pronto, não sei. É sabido que não sou uma pensadora militante, sou mais na base de atirar bolas para o ar.

Bem, adiante.

Uma ressalva: se forem apenas três pelos, coisa rala e triste, pois mais vale que não. Agora se a barba é franca, pois que se aceite que ela embeleze o rosto em que cresce. Contudo, não gosto de ver o pescoço descuidadamente peludo. Acho que abaixo da linha do rosto, o pescoço deve ser barbeado.

Por exemplo, este jovem aqui abaixo vai lindamente com a sua barba mas já o pescoço estraga tudo, dá-lhe um aspecto descuidado.


O artigo tece razões e ouve entendidos, uma historiadora, um youtuber e um barbeiro. Eu como não tenho competência para dissertar filosoficamente sobre pilosidades faciais, limito-me ao que sei: ver.

E o que vejo é bom de ver. A Madame Figaro escolheu uma mão cheia deles para mostrar como ficam a ganhar com o uso da barba. Eu mostro apenas uma pequena amostra e cada um que conclua por si.

George Clooney, sempre bem

George Clooney - mas com barba ainda melhor

Jon Hamm, um belo homem

Jon Hamm, muito melhor com barba

Robert de Niro, um clássico, sempre bem

Robert de Niro, verdadeiramente charmoso com barba


Bradley Cooper mas, sem barba, até parece estrábico
(coisa que não tem mal nenhum, até pode ter uma gracinha suplementar)

Bradley Cooper mil vezes melhor com barba


Portanto, declarando a amostra como significativa, decreto a conclusão: a barba valoriza os homens. E daqui lanço um desafio: que hoje, sábado, Dia das Barbas, todos os meus Leitores que ainda fazem a barba todos os dias, ousem tornar-se barbudos: mas barbudos civilizados, if you please.

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E queiram, se, claro, a tal vos aprouver, deslizar até ao post abaixo, texto esse que ofendeu a sensibilidade de Leitora que o considerou grosseiro tendo, no fim, condimentado o seu comentário com um desabafo quase filosófico: *uma peixeira é uma peixeira. Ide e vede, meus Caros. E se a vossa opinão for coincidente com a da Leitora, pensem bem: como é que se pode falar do Rangel, do Láparo ou da Cristas mantendo as pérolas elegantemente pousadas sobre o regaço?

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