No post a seguir a este, descrevi em directo, e à medida que ia recebendo mais inputs, o que ia sabendo sobre a prisão de Sócrates, no aeroporto, na sua chegada de Paris.
Estava chocada e incomodada com a humilhação a que o anterior Primeiro-Ministro foi sujeito. E estava muito incomodada também, por mais uma vez, se constatar a estudada partilha de informação entre a polícia, a justiça e a comunicação social. Provavelmente, um dia vir-se-á a saber que a política também esteve, uma vez mais, metida neste caldo infecto. Os momentos em que estas coisas acontecem levantam suspeição. Quando as atenções estão focadas em determinada matéria, invariavelmente é atirado para os olhos da opinião pública um facto de diversão que desvia as atenções do que não interessa.
Não sei nada sobre a vida privada de Sócrates mas, por intuição, tenho-o por homem honrado. É assertivo, é homem de convicções, durante os 6 anos em que chefiou o governo afrontou muitos interesses, foi politicamente incorrecto, despertou ódios, arranjou inimigos. Eu, contudo, sempre tentei avaliá-lo pelos seus actos (pelos frutos os conhecemos) e, por isso, tirando alguns aspectos em particular, sempre achei que fazia o melhor possível, sendo um bom Primeiro Ministro.
Se vier a provar-se alguma coisa contra ele, ficarei admirada e triste. Até lá, continuarei a tê-lo por homem sério e de carácter - e considero que a forma perversa e promíscua com que a opinião dos portugueses é manipulada por gente medíocre é uma vergonha e, sobretudo, é um perigo.
E, como seria de esperar, tudo o resto passou subitamente para a invisibilidade. Já não há vistos gold, muito menos Tecnoforma ou submarinos, nem há crise, nem há citius, nem atentado aos direitos dos professores: nada! De repente a única notícia passou para Sócrates preso! Sócrates suspeito de corrupção! E ouço os jornalistas falarem de perigo de fuga, destruição de prova. A leviandade dos jornalistas é assustadora.
Enquanto agora escrevo, vejo imagens do Correio da Manhã com o carro da polícia em que seguia Sócrates, assinalando o seu rosto como se fosse um criminoso. E ouço a televisão descrevendo todos os indícios, com pormenor de contas na Suiça, valores na ordem de milhões, nomes (Carlos Santos Silva do Grupo Lena, em destaque), etc: tudo, tudo. E que agora estão a decorrer buscas na sua casa, o apartamento da R. Braancamp que parece que era da mãe e que agora é do tal do Grupo Lena. Pasmo. Que devassa. Quem passa todas estas informações para os jornalistas? Com que intuitos? Que desrespeito mais nojento pelos direitos dos cidadãos, como se o direito ao bom nome não fosse devido a todas as pessoas.
E, como seria de esperar, tudo o resto passou subitamente para a invisibilidade. Já não há vistos gold, muito menos Tecnoforma ou submarinos, nem há crise, nem há citius, nem atentado aos direitos dos professores: nada! De repente a única notícia passou para Sócrates preso! Sócrates suspeito de corrupção! E ouço os jornalistas falarem de perigo de fuga, destruição de prova. A leviandade dos jornalistas é assustadora.
De uma pessoa que muito prezo, recebi um mail dando-me conta da sua opinião. Por reflectir a minha opinião e expressá-la de forma exímia, com a sua autorização, permito-me divulgar.
Trata-se da opinião de Eduardo Costa Dias a quem dirijo os meus agradecimentos pela sua permissão.
O Marechal de La Palice quase de certeza que não se importava de reivindicar como sua a seguinte frase feita “ Quando a lama ameaça atolar tudo à nossa volta pensemos em coisas importantes e não deixemos o inimigo colonizar o nosso pensamento”. O que me ocorre hoje e dadas as circunstancias é o seguinte.
A primeira efectiva penetração dos fascismo e do nazismos foi a captura, primeiro ideológica e depois pratica, das policias pelas agendas da extrema direita e da direita. Depois num relâmpago passou para a justiça. Sempre, num caso como noutro, com grande apoio de publicistas ao serviço – termo eufemístico na época para designar os jornalistas.
Em Portugal nos finais dos anos 1920 e na década de 30 também foi assim. E os mandantes e acólitos, nas policias e nas magistratura ficaram, depois do 25 de Abril. impunes ... como não tivessem nada a ver com nada.
Vivemos desde há poucos dias, porquê esconder, uma nova ofensiva da direita e da extrema direita para controlar as policias. A barraca com a medida fetiche do inefável Portas, o Visto Golden, foi ouro sobre azul. Jornalistas amigos e outros idiotas úteis fazem o resto: uns “informando devidamente” o povo, outros assinalando ao povo, se possível, com espectáculo, por exemplo que “a justiça funciona e que não distingue pessoas ”. Dado que pão não dão, dão só circo para distraírem o povo!
Como o comentário anónimo, detesto os biombos virtuais e a não explicação do motivo porque se escreveu o que se escreveu. Tudo uma questão de feitio!
Envio um abraço ao José Sócrates. Nunca troquei com ele muito mais do bom dia-boa tarde-boa noite - como vai?” e não fui nunca um seu seguidor contra ventos e marés. Não lhe devo nada, nem ele, naturalmente, a mim.
José Sócrates, foi, contudo, um bom 1º ministro.
Na noite passada, cumprindo-se um desejo antigo da direita portuguesa e sectores afins, foi enxovalhado e preso. Preso em pleno aeroporto sob a mira das maquinas de filmar de tudo o que era televisão, rádio, jornal e bicho careta. O circo já foi desmontado do aeroporto e deslocado, creio, para os arredores das instalações do omnipresente juiz Alexandre.
_____
E agora, caso queiram conhecer na íntegra o comunicado da PGR e o andamento dos factos conhecidos ao longo da noite (enquanto estive acordada), desçam, por favor, até ao post seguinte.
E, sobre a forma abjecta como o direito à privacidade e ao respeito está a ser espezinhado, sobre Felícia Cabrita e outros como ela e sobre quem lhe dá ouvidos, falo aqui.
---