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domingo, abril 21, 2019

Onde a contralto UJM reincide, passeando-se in heaven e mostrando um ex-tufinho redondinho até ser brutalmente interrompida por dois intempestivos ramos de cedro





Bem. Disse contralto mas também poderia ter dito soprano, mezzo soprano e, até mesmo, sabe-se lá, encorpando a voz, tenor ou, mesmo, quiçá, barítona. Também poderia ter dito outra coisa qualquer nessa base embora, para falar verdade, me pareça que nem que nasça mil vezes aparecerei com outra voz que não esta.
Imaginem quando dava aulas. Incapaz de gritar. Se queria zangar-me em voz alta está bem, está. Se tentava, dava-me tosse. Portanto, não podia ir por aí senão destavam-se todos a rir. Ficava calada. E eles, vendo-me calada, acabavam por se calar. 
Quando faço apresentações em salas grandes ou bem que há microfone ou tenho que me focar na forma como coloco a voz. E até consigo colocá-la. Mas tem que ser coisa propositada pois, se não estiver focada nisso, a voz sai-me mais apropriada à intimidade do que ao palco, ou seja, soft, sem elevações nem espinhos.

Se virem num post mais abaixo há por aí quem ache que a minha voz é uma porcaria. Eu não seria tão derrotista mas, já se sabe, tendo a ser caridosa (em geral, incluindo comigo mesma). No entanto, reconheço que não poderei fazer a vida com esta voz com que nasci. E daí... não sei, não. Ainda vou pensar no assunto. Estou aqui a ter uma ideia que, se bem explorada, capaz de ter alguma saída. É que, pensando bem, ter uma voz baixa ou ter umas mãos pequeninas ou a pele assim ou assado é daquelas coisas que não faz bem nem mal, são o que são e a gente adapta-se ao que tem. Agora uma pessoa com má índole, não é por nada mas duvido que tenha grande saída. Mas ao contrário da voz ou das mãos ou da cor da pele que são coisas sem salvação, já o mau feitio pode ter tratamento. Eu, pelo menos, acho que sim. E recomendo.

Bem, adiante. 

Temos estado no campo e, como sempre, tem sido aquela luta contra o mato que rebenta, as árvores que devem ser mais desbastadas, as plantas secas que devem ser retiradas e queimadas.


No entanto, in between, ainda consegui estar deitada ao sol. Estava um calorzinho divino. Deitada sob o plátano, apanhando um solzinho dos deuses, ouvindo os passarinhos, não podia estar melhor.

Estava com a máquina a fotografar o céu e as folhas e tudo quando, uma vez mais, me senti observada. Aquela sensação oblíqua sobre a pele, um meio arrepio. Um olhar silencioso e penetrante pousado em mim.

Olhei em volta até que o vi,

Lá estava ele, o gato de mel. Lindo, uns olhos lindos, um pêlo macio e lindo. Fiquei a olhá-lo e ele a mim. Depois fotografei-o. E ali ficámos. Não sei se um dia serei capaz de me aproximar dele, nem sei se ele quererá chegar-se até mim. Nunca fui capaz de fazer uma festa num gato. Tenho medo que se vire a mim. E, no entanto, que encantamento ver a elegância arisca e inteligente dos gatos.

Andei também a fotografar rosmaninho, alecrim, musgos, líquenes, pedrinhas, folhinhas, florzinhas secas. Tudo me encanta.


Fiz também, outra vez, vários filmes. Mas nuns apanho o meu marido e isso não me parece bem, noutros é ele que chama outra vez por mim e ouve-se distintamente o nome e eu fico furiosa com ele, noutros mostro mais do que devo e isso também não se recomenda, etc. Uma luta. Tenho que aprender a editar estas obras, nomeadamente a truncar trechos de vídeo. 

A verdade é que nunca o tempo me chega. Tantos os afazeres no campo que chegamos ambos aqui à noite e estamos cansados e eu sem vontade para explorações e aprendizagens.

Portanto, sem mais delongas, eis o brilhante vídeo que se salvou e que era para ser uma coisa mas que, por causa de dois ramos de cedro caídos e secos que pediram para irem saltar à fogueira, se ficou por aquilo que é e que aqui, com vossa licença, se mostra.



E a todos desejo um belo domingo de Páscoa