Durante a tarde, à medida que aquilo se alongava e que eu não lhe via o fim, a espaços aparecia-me a ideia de chegar a casa e passar os livros de história para outra estante para abrir espaço para os novos brasileiros. Depois interrompia, tinha que dar uma opinião ou alguém falava comigo. Mas, logo a seguir, aparecia, à socapa, aquela dúvida persistente: o que pôr nas prateleiras de baixo das estante baixas que estão sob as janelas aqui da sala ou atrás do sofá? Pensava: isso é essencial para abrir espaço em lugares mais acessíveis, tenho que arranjar resposta.
E pensar nisso foi como um raio de luz que, de vez em quando, pousava em mim, ali fechada numa sala sem janelas.
Mas a tarde esgotou-se, veio a noite, e eu ainda ali. Tarde. Depois o trânsito. Tanto trânsito, que horror. Vontade de chegar a casa e ali presa. Cansada.
Amanhã, outra vez, madrugar para outra dose de leão; e só de pensar nisso já o meu cansaço se acumula. Entretanto, já vi como está o tempo, já escolhi a roupa. Vão ser minutos contados para sair de casa, atravessar a cidade, chegar a horas. Não gosto de chegar a atrasada. Nem um minuto.
Amanhã, outra vez, madrugar para outra dose de leão; e só de pensar nisso já o meu cansaço se acumula. Entretanto, já vi como está o tempo, já escolhi a roupa. Vão ser minutos contados para sair de casa, atravessar a cidade, chegar a horas. Não gosto de chegar a atrasada. Nem um minuto.
Ao sentar-me aqui chegou o sono, a incapacidade de me pôr com arrumações, a falta de energia para passar livros de um lado para o outro. Uma frustração. Mas incapaz.
Estive a ler os comentários, tão bons -- mas sinto-me também incapaz de responder. Tenho mails para responder e também não consigo. Que me desculpem. Creiam-me: hoje é daqueles dias em que o peso das longas horas do meu dia, se calhar também o efeito atmosférico da mudança de tempo, deixam-me assim, apeada. Hoje não consigo voar, muito menos manter-me desperta. Dei conta de dar uma bicada nas desorientadas hostes laranjas mas logo perdi as forças e já não dou conta de mais nada.
Tinha aqui um vídeo tão maneiro, tão cheio de insinuações, com mulheres tão cheias de orgulho no seu corpo, com tanta malícia disfarçada de cor de rosa, e de que, em condições normais, faria uma festa -- e, afinal, aqui estou, sem malandrice, vazia de metáforas, sem ser capaz de uma dissertação virada do avesso, de uma graça, por inocente e desengraçada que seja.
Vou descansar. Os livros ficam para amanhã, a conversa com os meus Leitores também. Mas fica o vídeo. Vejam que perceberão porque é um desperdício num dia em que estou como estou, envolta em sombras cinzentas (e, calma aí, nada a ver com os livros das shades que, confesso, não li nem tenciono ler, nem mesmo depois do divertido Book Club). Mas, enfim, vocês não têm culpa nenhuma disso e, de resto, talvez saibam curti-lo como eu hoje não estou capaz de fazê-lo.
PYNK
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(Caso a vossa praia não seja o pink ou o grey, queiram fazer o favor de tentar o orange)
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