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sexta-feira, julho 29, 2016

FMI, uma vez mais, bate com a mão no peito e reconhece que errou na obnóxia receita que aplicou a Portugal.
E eu daqui pergunto aos viris Pafiões que quiseram ir ainda para além do prontuário da troika:
Já está claro que a receita do mata e esfola foi, sob todos os pontos de vista, uma cavalice e uma inútil humilhação para Portugal?
Já está claro que a política seguida durante os humilhantes 4 anos, a mando da troika e dos seus sabujos representantes em Portugal, foi completamente errada?
Já...?
É que, se ainda não, então ouçam as explicações do ex-cheerleader da troika, o impagável mano Costa






No dia em que o omnipresente e caleidoscópico Presidente Marcelo apareceu a espetar alfinetes nos balões da crise que o pafiano Láparo e amigos para aí têm andado a encher (Crise? Qual crise? Se havia, evaporou-se -- riu o tal catavento, escarninhamente), aparece o relatório do multicéfalo FMI a dizer que a receita aplicada aquando do so-called resgate a Portugal parece exercício académico feito por inexperientes totós. Que não resulta, que não atacaram a raiz dos problemas, que, ao exigirem objectivos inantigíveis, humilharam inutilmente os pobres portugueses que não tinham mesmo como alcançá-los -- e por aí fora.



Como tenho um certo lado de menina marota, ao ler isto, só me apeteceu ir pôr-me à frente do intelectualmente pouco dotado láparo ou do ex-irrevogável e de todos quantos andaram a esporear os portugueses -- e gozar com eles mas gozar mesmo, esfregar-lhes na cara o relatório do FMI, obrigá-los a engolir, uma a uma, cada página até as conclusões lhes saírem pelos olhos. Depois pensei que não, pronto, nada de vinganças, coisa mais feia. Devia, isso sim, arranjar uns quantos capangas para conseguir obrigá-los a confessarem, em público, que foram burros, sabujos, e anti-patriotas. Obrigá-los a pedirem desculpas aos portugueses. Isso sim.

Qualquer pessoa que tenha olhos de ver e que conheça minimamente a realidade do país percebe que Portugal tem problemas estruturais sérios e que nenhum deles foi objecto de intervenção por parte do esgazeado governo cujo objectivo foi ir além da troika.

Refiro alguns desses problemas:

Portugal não tem capitalistas. Eu gostava de saber que dinheiro ou que património livre (livre de garantias, penhoras, etc) têm, de facto, os mais ricos de Portugal. Vivem bem, sim, ok, mas dinheiro mesmo seu? Casas em seu nome? Que impostos pagam? Ok, são accionistas de empresas valiosas. Mas... e qual a dívida dessas empresas? Se quiserem investir, têm capitais próprios que não sejam activos já alocados como garantia a financiamento alheio? Pergunto.

O que temos, sobretudo, são empresas endividadas até ao tutano. Daí que, por muito bem que o patriotismo fique na lapela, quando a crise aperta os nossos soi-disant capitalistas vendem ao primeiro que apareça (angolano, chinês, omanita, francês, fundos apócrifos, whatever).

Ora, num país em que nem os capitalistas têm dinheiro, em que a classe média estava endividada a pagar a casa e pobres, mesmo que envergonhados, eram (e são) mais do que muitos só pela cabeça de gente muito burra é que passava a brilhante ideia de que a receita para a crise consistia em secar a pouca liquidez circulante, cortando nos rendimentos e aumentando a eito os impostos.

Depois não temos indústria a sério. Temos um ou outro pólo industrial - coisa sem grande expressão. Parte da pouca indústria foi vendida a estrangeiros cujos centros de decisão estão lá na terra deles. Não ter indústria forte é sinónimo de importação em força e de débeis exportações, ou seja, é sinónimo de uma economia frágil.

Se Portugal precisava (e precisa) muito de alguma coisa é de um forte apoio à reindustrialização. Com a reindustrialização principal vêm as empresas fornecedoras, vem o emprego qualifificado, vem o ensino e a investigação para suporte à diferenciação.

Um apoio intensivo na identificação de oportunidades, de modernização das redes logísticas a começar nos portos, um apoio intensivo aos centros de investigação e desenvolvimento e um apoio forte ao ensino a todos os níveis -- isso, sim, Portugal precisava e precisa como de pão para a boca. Mas a receita da troika passou por aqui...? Passou, passou. Como cão por vinha vindimada.

A agricultura é marginal. Não são as hortas das tias que animam um sector que, em tempos (nos vis anos do reinado do tal das cagarras), foi apoiado para pôr as terras de lado (a chamada política do set aside). 

Temos uma administração pública ainda, em parte, antiquada que consome muitos recursos dando, em alguns sectores, pouco em troca. O programa Simplex foi asininamente parado pelos pafiosos. Não apenas não fizeram qualquer reforma como, estupidamente, pararam o que estava em curso. Felizmente a Maria Manuel Leitão is back e com ela as reformas são de fundo e a sério.

Portugal tem ainda um outro problema grave (e só porque estou a escrever depois da meia-noite, deitada num sofá e mais para lá do que para cá é que coloco um problema desta natureza a meio do texto, quando deveria ser um dos primeiros): a definhante demografia.

São necessários apoios sérios e integrados de apoio à natalidade. É indispensável que os portugueses sintam confiança no futuro e sintam que serão apoiados na criação dos seus filhos. Os troikanos e seus discípulos perceberam isto e actuaram...? Então não...? Fizeram foi tudo ao contrário.

A dívida é imensa e impossível de pagar? Ah pois é. Tem que ser renegociada, os prazos dilatados. E tem que ser percebido que a dívida é uma consequência, não um objectivo primário.

Se for encarado como um objectivo primário como o foi por parte do FMI, congéneres da troika e membros do trágico governo PSD/CDS, acontece o que aconteceu em Portugal: se for necessário, correm-se com os portugueses de Portugal, corta-se a reforma aos mais velhos, atira-se com milhares de empresas para a falência e com centenas de milhares de portugueses para o desemprego para chegar ao fim de cada ano e verificar que a dívida tinha aumentado e que o país estava cada vez mais arrasado.
Broncos do caraças. Quando penso nisto, sinto cá uma raiva.
Quando se ouve a cambada a lamentar que o actual governo reverta as reformas estruturais, só me pergunto: mas referem-se a quê?

Que me lembre a única reforma que conseguiram levar por diante foi a laboral. Leia-se: foi precarizarem o trabalho. Como se algum empresário ou gestor que se preze, daqueles que trazem desenvolvimento ao país, gostasse de vulnerabilizar a segurança dos trabalhadores e, apesar de não ter dinheiro, fosse investir só pelo gozo de poder explorar à vontade os trabalhadores.

O que esta cambada pafiana conseguiu foi que se banalizassem os ordenados de 500 euros e a precaridade de tanta e tanta gente que trabalha para empresas que são subcontratadas por outras que, por sua vez, são subcontratadas de outras. O que conseguiram foi ferir a dignidade de quem dá o melhor de si para chegar ao fim do mês e receber trocos que mal chegam para o mês inteiro. É assim que se projecta o futuro de um país!?

Cambada.

Outra coisa que me dá uma raiva do caraças é o desplante de uns caras-de-pau militantes. Então, não é que acabo de ver o Ricardo Costa, na SIC, todo videirinho, a falar do mea culpa do FMI e falando como se os erros fossem óbvios e como se  ele próprio não tivesse feito outra coisa nos 4 anos da dupla Láparo&Irrevogável do que denunciar os clamorosos erros...? Que topete. Se houve opinadores que tivessem andado aos balcões da televisão a pregar a favor da receita troikiana e, com ar douto, a explicar que ou aquilo ou o dilúvio, foi ele e todos os que, tal como ele, andam pela trela.

Muito do que é a microcefalia ou, mesmo, a acefalia de parte da população portuguesa  se deve ao excesso de lavagens cerebrais que toda a espécie de apaniguados e papagaios avençados fazem a toda a hora na comunicação social.

Teria ficado bem ao mano Costa olhar de frente os espectadores e reconhecer que se enganou quando defendeu o FMI, a troika e o Governo de Passos Coelho. Em vez de se pôr, como esta noite, a lavar a imagem dessa trupe, dizendo que era a primeira vez e que, pronto, não se conhecia bem como funcionavam aqueles mecanismos, deveria ter dito que ele próprio tinha acreditado acefalamente, não dando ouvidos aos piegas que alertaram que a coisa não ia correr bem. Ricardo Costa devia ter pedido desculpa por ter induzido os portugueses em erro ao fazê-los acreditar que estavam a ser sugados e tratados como indefesas cobaias mas que era para seu bem já que, no fim, viriam radiosas e cantantes amanhãs.


Mas não o fez. Uma vez mais falou como se os portugueses fossem estúpidos.

Os amigos da TINA

E eu, quanto a isso, o que tenho a dizer é que Ricardo Costa e os que o secundam ainda acabam por levar à falência os órgãos de comunicação social por onde deixam essa sua sonsa matreirice.
É que já não há paciência para tanta chico-espertice. Não há paciência! Uma pessoa não tem outro remédio senão fugir sempre que os vê.

Para acabar, que isto já vai para além de longo, uma palavrinha relativa ao cherne: boa malha a da Goldman Sachs ao terem a soldo um acéfalo que se enganou tão redondamente em tudo em que se meteu. 


Porque não nos esqueçamos: nisto das medidas da troika, ao lado da galinha bronzeada do FMI, que dá pelo nome de Lagarde, esteve sempre, inútil e esponjiforme, o cherne Durão. 


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira.
Dias felizes para todos.

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terça-feira, dezembro 22, 2015

Ensaio sobre a Cegueira revisited. Ou 'o que está Carlos Costa a fazer no Banco de Portugal?' Alguém me diga porque eu ainda não consegui perceber. Isto a propósito do Banif e não só. E o mea culpa do FMI que acha que foi um erro que não se tivesse feito a reestruturação da dívida portuguesa. E, face a tudo isto, qual a reacção do PSD e do CDS? Pois bem: continuam na deles. Não perceberam, não percebem e nunca perceberão nada de nada. Ou, então, percebem bem demais e nós é que somos parvos. Ou eles ou nós somos ceguinhos.



Os bancos, tal como acontece com as demais empresas, são regularmente auditados. Os auditores têm a obrigação de analisar minuciosamente as contas e fazer recomendações. Para além disso, os bancos em Portugal, por via da crise financeira, foram obrigados a efectuar testes de toda a espécie e feitio -- devido à brilhante intervenção da troika, Portugal foi obrigado à vigilância continuada sobre os bancos, obrigando-os a reforçar capitais para corresponderem aos rácios mínimos.

Acresce que existe uma coisa que se chama Banco de Portugal, braço armado do BCE e regulador das entidades bancárias neste rectângulo tuga de tão brandos costumes.

Contudo, apesar de tanta vigilância e de tantas entidades (principescamente pagas e premiadas), mais um melro foi à vida. Desta vez foi o Banif. E, portanto, durante todos os anos em que o Banif alegremente se descapitalizava, decorriam auditorias e vigilâncias e análises por parte do Governo e do Banco de Portugal. E durante todo esse tempo, o Governo e o Banco de Portugal asseguravam que estava tudo bem.


Ora bem, sabemos agora que foi deliberadamente e com conivências várias que esta situação foi encoberta -- para forjar um sucesso que não existiu, para maquilhar uma saída que se apregoou como limpa, quiçá para ajudar nas eleições.

Nada disto seria espectacular (porque que no anterior governo existiam mentirosos compulsivos e que no Banco de Portugal ou andam a dormir ou andavam com o Passos Coelho, a Albuquerque e o Cavaco ao colo, já nós estamos fartos de saber) se não estivesse em jogo o dinheiro dos contribuintes e se isso não tivesse efeito nos fundos disponíveis para a economia real.

Passos Coelho e Maria Albuquerque agora já não estão em funções em que possam continuar a fazer estragos. Resta-lhes, enquanto responsáveis pelo que se passou, prestar contas -- e a sua actuação deve ser cuidadosamente analisada.

Mas com Carlos Costa a situação é mais bicuda: ele ainda está em funções. Continuamos, pois, em risco de que continue distraído, sem perceber o que se passa, a manipular ou a esconder mais alguma informação relevante. Desde que está em funções no BdP a sua actuação tem sido um desastre. E não é um desastre qualquer: é um desastre que já vai em vários mil milhões de euros. Não sei se é competente, se é inteligente, se é sério - pode ser isso tudo e não ter jeito. Ou não ter sorte. Não sei. 
Sei apenas que os resultados do seu desempenho têm sido desastrosos. Uma pessoa que exerça funções de tal responsabilidade não pode sistematicamente mostrar que é uma nulidade. Manter-se em funções uma pessoa assim é um risco para o País.
Não podendo ser demitido pelo Governo, não sei como podemos ver-nos livres de tal encosto mas alguma maneira há-de haver. 

Contudo, se Carlos Costa tivesse um pingo de vergonha ou soubesse o que é dignidade profissional, saía pelo seu próprio pé.


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Sei que, no FMI, parece que não há uma cadeia de comando: enquanto uns publicam estudos num sentido, outros implementam soluções em sentido oposto; enquanto uns reconhecem que austeridade a mais é contraproducente, outros carregam na dose. 
E Christine Lagarde -- ou porque nunca recupera do jet leg ou do excesso de solário -- tão depressa aponta num sentido, como no contrário. 
É outra que me desiludiu e que cedo revelou que, apesar de parecer ter testosterona que a levaria a ombrear a nível testicular com muito tubarão, padece do irremediável mal das cabecinhas de vento.

Agora, uma vez mais, os técnicos do FMI vêm fazer um mea culpa em relação aos programas de ajustamento impostos aos países intervencionados: FMI assume que Portugal devia ter reestruturado a dívida.


Transcrevo uma parte:

O Fundo Monetário Internacional (FMI) assumiu ontem que países como Portugal teriam beneficiado de uma reestruturação da dívida pública, feita de forma significativa, logo no arranque dos seus programas de ajustamento. A conclusão foi assumida por Vivek Arora, director do Departamento de Análise Estratégica e Política do FMI, numa conferência de imprensa sobre um relatório técnico de avaliação aos programas de ajustamento da crise.

“Não temos um ponto de vista específico sobre Portugal, mas temos uma visão geral: se os países têm um rácio de dívida elevado ou se a sustentabilidade da sua dívida não pode ser assumida categoricamente, então a reestruturação da dívida à cabeça é uma solução desejável”, explicou Vivik Arora, quando questionado sobre o caso português.

Poderia perguntar-se aos capachos do anterior governo português e aos seus papagaios avençados que por aí andaram, pelas televisões, rádios e jornais, a pregar que este era o remédio certo (leia-se: sugar a economia, massacrar o povo, vender ao desbarato empresas, casas, terrenos, forçar a emigração, e etc) se, agora que uns tiram o cavalinho da chuva, outros assumem o erro, e as porcarias escondidas debaixo dos tapetes começam a aparecer, ainda acham que fizeram um trabalhinho asseado.

Poderia perguntar-se se achássemos que vale a pena. Mas não vale. Embora o mais elementar sentido de decoro aconselhasse que se mantivessem calados, que emigrassem para bem longe, que abrissem um buraco no chão e lá enfiassem a cabeça até a gente se esquecer deles, não senhor. Por aí andam a espalhar patacoadas, a revelarem que, para além de mentalmente indigentes, são ainda descarados e recidivamente mentirosos.

Ligo a televisão e lá anda um rapazolas qualquer do PSD e aquele oleoso do CDS a mostrarem o pior que a política partidária tem dado ao País: gente inculta, impreparada, incompetente, incapaz de relacionar as causas com os efeitos. Ou, se não é isso, é gente com falta de vergonha, falta de respeito, que quer fazer dos outros parvos. 

Esta gente não percebe que o País já não os leva a sério? Esta gente não fica de bico calado porquê?!?!

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As ilustrações provêm do saudosíssimo blog We have Kaos in the garden.
O fantástico penteado da fotografia que abre o post é obra do cabeleireiro Guido Palau.

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Tenho um outro post, mais pessoal, praticamente pronto mas tenho que ajeitar as imagens e agora já não consigo, tenho muito sono que estes dias não me andam nada fáceis. Vou tentar finalizá-lo logo de manhãzinha ou à hora de almoço.
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De qualquer forma, vou já desejando que tenham, meus Caros Leitores, uma terça-feira muito feliz.

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sábado, abril 11, 2015

Há mesmo um Clube Secreto dos Poderosos? O Bilderberg tem, de facto, todos os planos secretos que lhe são atribuídos? Por acaso, gostava de saber.


Resumo da matéria dada:
  • No post abaixo há um filme publicitário que está a dar que falar de tal forma exalta o erotismo. Não por acaso o seu lema é Liberate your Fantasies. Aliás, como os publicitários bem sabem, mais do que vender produtos, pretende vender-se ilusões. Não é um perfume que está a ser vendido; é, antes, a ilusão de que, com um perfume, qualquer mulher se torna uma irresistível sedutora.
  • Mais abaixo ainda há uma anedota que recebi por mail onde se pode ver a utilidade da matemática para fazer algumas extrapolações.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.

Como tive aqui dois dos meus pimentinhas que só há pouco se foram (ao colo dos pais, a dormir, claro está), não consegui disponibilidade para escrever nada por mim pelo que, nestes dias, não me resta alternativa senão socorrer-me do que os Leitores me enviam. Assim é também com este post, agradecendo eu, desde já, à Leitora que, tão generosamente, me enviou a informação.

Já em tempos li um livro sobre o assunto e não ficou claro para mim de que se trata. Não gosto de teorias da conspiração mas que há qualquer coisa de estranho, isso parece que sim. Ou pode ser que não mas é tudo tão secreto que, ao certo, ao certo, é difícil, a quem está de fora, avaliar os verdadeiros objectivos da dita organização. Refiro-me ao Clube Bilderberg.




Transcrevo do texto que acompanha o vídeo que abaixo mostro:

“Parece o argumento de um filme mas trata-se de algo real: o clube Bilderberg, que se reúne há 61 anos, congrega as individualidades mais poderosas do mundo e aqueles que um dia serão altos dirigentes”, afirma a TVI numa reportagem sobre o livro O Clube Secreto dos Poderosos, da jornalista Cristina Martín Jiménez. 


Esta sevilhana explica que os membros do Bilderberg “têm o poder como ideologia” e implementam “planos secretos para governar o mundo inteiro, destruindo gradualmente as soberanias nacionais e tirando aos países a capacidade de decidir. 

Desde o 25 de Abril que os portugueses estão muito alheados do que realmente se passa e muito dependentes dos políticos, que promovem certas pessoas e outras não. A crise terá sido fabricada entre quatro paredes para dar mais poder a quem já o tem.”







De ler também a entrevista da autora ao Público de 27/01/2015.

"O consenso é uma arma contra a democracia" da jornalista Leonete Botelho


Transcrevo apenas um pequeno excerto:

Defende neste último livro que a crise desencadeada depois da falência do Lehman Brothers, em 2008, foi provocada por Bilderberg. Porquê?


Aí foi quando se anunciou a crise. Mas tinha havido uma reunião de Bilderberg em 2006, no Canadá, onde o então presidente da Reserva Federal Norte-americana — que mais tarde passa a ser o secretário do Tesouro de Obama — disse que ia haver uma crise, que iam subir as hipotecas e que muita gente ia perder a sua casa. Disse também que os mais vulneráveis iam ser os jovens e as pessoas que não tinham um trabalho fixo. Em meados de Setembro de 2008 cai o Lehman Brothers e 15 dias depois aparece a solução: o resgate. Começa a propaganda: vamos resgatar as economias reais.



Diz no seu livro que Durão Barroso é um poderoso Bilderberg. Agora que Barroso deixou a presidência da União Europeia, o que acha que vai fazer a seguir?


Pode ir para a comissão trilateral, que é um triângulo de relações económicas e políticas entre o Japão, a Europa e os Estados Unidos, outro braço de Bilderberg, onde acabou Jean-Claude Trichet com um cargo muito relevante. Pode ir para a ONU, são lugares onde cabia muito bem um curriculum como o seu e a subordinação ao poder como a sua (risos).


A entrevista toda pode ser lida aqui


Incluo também aqui um outro vídeo que a Leitora me enviou e que foi publicado pelo blogue Aventar

Poderosa e Descontrolada: A Troika


Documentário de um canal franco-alemão sobre as intervenções da Troika. Contém cenas eventualmente chocantes,não sendo recomendado a quem acredita na propaganda do governo. Nunca será visto num canal português.



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Relembro: caso vos apeteça desanuviar de coisas inquietantes, desçam por favor até aos dois posts seguintes.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo sábado. 
Saúde e alegria para todos.
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terça-feira, outubro 14, 2014

PSD e CDS: esta gente falhou em tudo e vai continuar a falhar até ao fim. E, até ao fim, sem perceber nada do que aconteceu. Cá para mim não é ideologia, é burrice mesmo. Assim de repente, faço uma breve resenha do que se passou desde que se alaparam no poder. E, no fim, para me ajudar a superar a arrelia que isto me provoca, chamo para o pé de mim Luís Filipe Castro Mendes que sabe do que fala, quando fala da Misericórdia dos Mercados. E chamo também os bailarinos do Nederlands Dans Theater para ajudarem a esconjurar os maus espíritos dos maus mercados e dos seus mentecaptos servos.


Por favor, vamos com música que vamos melhor

Philip Glass - Metamorphosis II





(com quem muito divergi nos tempos que ele refere ao dizer que integrava então a escola da pureza inconsequente)




Em 2008 a Europa estava a ferro e fogo com os fundos abutres a sobrevoarem as economias mais débeis, fundos que fazem apostas e que ganham com os incumprimentos, fundos que sobrevoam os países ou as empresas onde sentem o cheiro morno na carniça.

Poderia relembrar que a mesma Europa que antes, e bem, tinha tentado fazer frente a essa ofensiva dando ordem para que se avançasse em força com o investimento público para ver se se mantinham os motores da economia em movimento, veio depois (assustada com o escândalo das contas públicas falseadas da Grécia - falseadas com o apoio da Goldman Sachs e com a Alemanha a olhar para o lado, a fingir que não via, note-se) a mandar travar a toda a força, impelindo estes países para uma austeridade radical, provocando a angústia e incompreensão dos povos envolvidos. 

 "O Fabricante de Máscaras", (Wikicommons, Carlos Orduna)


Debaixo de um fogo externo severo (e não tendo maioria no Parlamento e, ainda por cima, sujeito a campanhas sórdidas forjadas pelos apaniguados do PSD, nomeadamente pelos Jotas que vieram depois a descrever em pormenor a forma concertada como actuavam nas redes sociais e comunicação social), Sócrates negociou um programa que tinha o apoio da Comissão Europeia, da Merkel, da França, do BCE, contando que, entretanto, viesse a ser aprovado um outro programa europeu que permitisse a Portugal sobreviver sem ter que se chamar a troika - uma vez que sabia que, entrando a troika, Portugal ficaria francamente sem grande margem de manobra para decidir. Tentou fazer aquilo que, mais tarde, por exemplo, a Espanha conseguiria, isto é, resolver, por meios próprios e recorrendo ao menor mal, o ataque que se abatia sobre o País.

Mas o PSD de Marco António, Relvas e Passos Coelho estava noutra, a avidez pelo poder era muita, era cega. O CDS, qual mulher fácil, abeira-se sempre dos que se acercam do poder e, portanto, também embarcou na aventura. Numa união espúria (que para sempre carregarão nas costas), o PCP e o BE aliaram-se ao grupelho mais desqualificado de que havia memória.

O que aconteceu foi o expectável: o Governo caíu, a troika veio.


Na altura, tirando alguns aspectos como alguma redução dos direitos dos trabalhadores (que achei que deveria ser, depois, renegociado) e tirando o facto do prazo ser muito curto (devendo, também, ser posteriormente renegociado), não fiquei especialmente chocada com o programa da troika. Havia um conjunto de propostas, até relativamente equilibradas, para reformar todas as artroses da administração pública, as metas eram razoáveis, estimulava-se o diálogo entre os parceiros e o reforço dos apoios sociais.

Contudo, como todos os alunos marrões e pouco dotados, o novo governelho, este que ainda se conserva em funções, achou que se um comprimido por dia fazia bem à anemia, então porque não tomá-los às mãos cheias?

Nessa altura, quais porcos a tomar conta da quinta, decretaram que o programa da troika era o programa deles e que iriam ainda mais longe do que o que era requerido.

Mas talvez tão grave quanto isso foi nunca terem percebido a razão da crise. Desde o início - e penso que até agora - pensaram que o problema residia na imoralidade ou fraqueza individual dos mais carecidos: os velhos que recebiam pensões mais altas do que o que precisavam, os desempregados que não trabalhavam porque não queriam, os mais pobres dos pobres que tinham contas no banco, os que compravam uma televisão quando podiam vê-la na montra da loja. Entretidos com a sua própria estupidez e moralidade balofa, não cuidaram sequer de fazer um simples cálculo aritmético para perceber quão ridículo era o seu raciocínio: quanto é que cada um desses pobres ou piegas precisava de ter gasto a mais para gerar um buraco tão grande nas contas do país? Se o fizessem perceberiam que jamais aí poderia ter residido a raiz do problema. Não perceberam isso tal como não perceberam que são os erros de gestão, nomeadamente os de gestão financeira (não terem renegociado os swaps de alto risco), o material de guerra pago por valores excessivos para cobrir luvas e outras prebendas, o dinheiro desviado da economia para offshores, o peso do serviço da dívida, a importação para suprir a ausência de indústria, e todas essas debilidades nacionais que pesam, e como pesam, no drama deste pobre país - e que deveria ser aí que deveriam ter incidido a sua acção, 

Mas não. Não têm cabeça para tanto.

O desastre foi o que se viu. Perante os sucessivos desaires, Vítor Gaspar ia-se confessando perplexo, nunca percebia o que acontecia. Cortava nos ordenados e nas pensões, aumentava impostos, cortava nos apoios sociais, aumentava transportes e taxas moderadoras e, para espanto dele, as empresas começaram a fechar e o desemprego a aumentar para além do previsto.



Como todos os burros encartadados, os membros do governo não conseguiram nunca perceber o nexo causal entre as causas e as consequências, olhando apalermados a realidade que desfilava perante si. E, para espanto da maior parte da população, para tentar corrigir a rota, os do governelho persistiram na receita e, alheados até da lei, foram sempre tentando aumentar a dose.

E foi assim que a Segurança Social começou a desequilibrar-se, a dívida pública a aumentar, o défice a não abrandar, a recessão a impor-se, a emigração a aumentar.

Até que, não conseguindo mais gerir o descalabro, Vítor Gaspar se foi embora, confessando que tudo lhe tinha fugido das mãos, que a receita estava errada.

Poderia pensar-se que os que ficaram aprendiam alguma coisa com a lição. Mas não. Menos inteligentes ainda do que Vítor Gaspar, continuaram a persistir nos erros.

Depois de cortarem no rendimento disponível e na liquidez circulante, desataram a cortar naquilo a que chamaram gorduras: na investigação, no ensino, na saúde, na justiça. Sempre à toa.

É que poderiam tê-lo feito (embora o não devessem porque racionalizar não é eliminar!) com um mínimo de ponderação ou racionalidade. Mas não. Cortaram mãos, braços, pernas, com a displicência de quem corta cabelos ou unhas. Com os corpos em sangue e em sofrimento, apresentam-se, lampeiros, a pedir desculpa pelos transtornos ou a fazer pueris habilidades verbais.

Mural de Rivera pintado no Palácio Nacional, México

E nós assistimos perplexos à desvergonha, ao desrespeito desta gente. Pensamos, com pudor, que um povo não deveria ser governado por gente tão ignorante. É que é tudo muito mau, mau demais, humilhantemente mau demais.

A devastação que esta gente provocou no País vai ser difícil de corrigir.

Há questões que são estruturais e só gente muito inconsciente e irresponsável é que, querendo fazer arranjos em casa, desata a deitar abaixo os pilares e as traves, as paredes mestras, a escavar dentro de casa. E nem mesmo quando lhes cai o tecto em cima percebem que a culpa é do que estão a fazer.

Durante muito tempo me interroguei: será deliberado? será ideologia?

Mas agora tenho para mim que não: é burrice mesmo, apenas burrice, aquela burrice estulta dos que nem sequer se sabem burros.

Augustin de Lassus

Ao fim de três anos, a dívida disparou para valores assustadores, o défice não desceu nem dá mostras de estar controlado, o desemprego mantém-se elevado, o esbulho fiscal mantém-se, a economia está mais débil que antes e, mais preocupante, e isto é mesmo o mais grave, o investimento parou e a demografia prenuncia uma catástrofe a prazo. Ou seja, o mal que foi feito não é apenas um mal imediato: não, é um mal que vai perdurar.


Poderia ainda falar em tantos outros aspectos. Mas são tantos.

Por exemplo, poderia falar na cegueira e leviandade como se actuou no caso BES deixando ruir e despedaçar um banco que era um pilar do sistema financeiro português, poderia falar no que está a acontecer na PT em que com a mesma ligeireza dizem que não têm nada a ver com isso, como se os 14.000 empregos directos e os ainda em maior número indirectos ou um importante centro de decisão nacional ou a detenção de tecnologia fossem letra morta, objectos dispiciendos.

Poderia também falar na ligeireza com que entregaram a energia aos chineses, parte significativa dos seguros aos chineses, os aeroportos aos franceses, os correios a não se sabe quem, e, com idêntica ligeireza, querem entregar os transportes públicos a quem calhar, as águas a quem der mais (mais ou menos, tanto lhes faz), e etc, etc.

Poderia também falar da ligeireza com que se acolhe gente cujas fortunas não são explicáveis e que estão a comprar todo o património imobiliário relevante, tal como poderia falar na igual ligeireza com que fecham os olhos ao facto de grande parte da comunicação social já estar nas mãos de angolanos.

Poderia ainda falar no preocupante e gravíssimo desprezo pela arte, pela cultura em geral, pelo conhecimento no seu todo.

Poderia falar no desprezo pela dignidade das pessoas, na indiferença perante a dor e o sofrimento dos que ficaram desempregados, nos que caíram na mendicidade encapotada, nos que foram para longe das famílias, nos que foram formar família longe do seu país. Poderia falar de tanta coisa.




Mas vou poupar-me porque falar nisto deixa-me doente. Se eu pudesse e se soubesse que não me ia meter em trabalhos, juro que soltava os cachorros atrás desta gente que tão mal fez ao meu País.


____


Não gosto de acabar o meu dia debaixo de uma nuvem de arrelia malsã. 

Podia, claro, escrever um outro post como geralmente faço. 

Mas, em vez disso, vou antes chamar um Poeta para ver se, com as suas puras palavras, me ajuda a purificar o ar por aqui. Luís Filipe Castro Mendes com Imitado de Alberto Caeiro e depois com A Casa na Noite em A Misericórdia dos Mercados parece-me ser a voz certa para isso.

















Ontem um homem das cidades
veio explicar-me os valores da vida.
Disse-me que a minha sobrevivência era um privilégio
e o conchego dos banqueiros uma justiça.
Falou-me de uma nova sociedade, feita de esperteza e água fresca.
Deixei-o falar.
Ele não sabe que ficou também do lado dos que perdem
e até o descobrir virão mais rosas
e a areia cobrirá todos os jardins.



Máscaras de dança da tribo Yupk, século 19
















O que foi teu e o que juntaste à vida,
tudo te mostra a casa iluminada:
no fim do caminho a luz estremecida,
no rasto dos teus passos a morada.


.................


E a dança, senhores. Que os corpos digam de sua justiça.





Nederlands Dans Theater

SLEEPLESS
coreografia Jirí Kylián, música de Dirk Haubrich
GODS AND DOGS
coreografia Jirí Kylián, música de Ludwig Van Beethoven
MINUS 16
coreografia Ohad Naharin, música de autores vários

___________


 E, por hoje, por aqui me fico.

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa terça-feira.


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quarta-feira, julho 30, 2014

BES - neste dia 30, o dia de todos os medos, as contas do 1º semestre. O BES não era o BPN. O BES não era um caso de polícia. O GES não tinha contaminado o BES. Carlos Costa garantia que tinha blindado o BES. A troika fez testes de stress e o BES era um banco sólido. (A troika agora diz que quem tinha que auditar as práticas do BES era o Banco de Portugal - mas o BdP olhou para o BES como um míope, só uns vagos contornos). Agora vivem-se dias de susto, as surpresas sucedem-se, os problemas são mais velozes que as soluções. O Grupo desagrega-se à vista de todo o mundo. Aparentemente apenas algumas pessoas perceberam o que se estava a passar. Nicolau Santos e Pedro Santos Guerreiro fizeram mais pela transparência financeira do que todas as instituições oficiais juntas. Honra lhes seja feita.


No post abaixo já vos falei de lingerie, assunto importante para todas as mulheres que gostem de ser mulheres e, claro, para todos os homens que gostem de mulheres. Falo de um certo bustier que persegui por quase meia França e de uma linha própria para mulheres carnudas e, inclusivamente, para mulheres em fase pós-maternidade. Que a coisa venha pela mão de Dita, a Dama do Burlesco, apenas acrescenta um certo picante.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.


Lancemos Os Búzios, se faz favor - a ver se nos orientamos





Já que estou numa onda de assuntos picantes, volto ao assunto mais picante de que há memória na história financeira portuguesa das últimas décadas. Isto é uma coisa... São umas atrás de outras.

Quando há concursos de cantorias na televisão, fico sempre parva com a quantidade de gente que aparece a cantar bem. Como nunca dei para o dó de peito, aprecio ainda mais os que nasceram com esse dom. E, em Portugal, são aos molhos: resmas, paletes, desde crianças a velhos, todo o mundo canta bem. Fico a pensar: não deve haver outro País assim. Nisto somos os maiores.

Depois, também me espanto com a quantidade de gente que vai a concertos. A crise pode estar no auge que os concertos nunca desiludem os organizadores. Tudo carregadinho de gente, coliseus a rebentar pelas costuras, pavilhões, palcos ao ar livre, tudo cheiinho; e melhor: os artistas estrangeiros que cá vêm dizem que não há público como o português. Levam Portugal no coração e nunca mais tiram o país da rota dos seus concertos. Ou seja, lá está, mais um ponto forte: somos bons a ouvir música.

Ou seja: por um lado, muitos a dar música, e muitos mais ainda a deixarem-se ir na música.

Não sei quantos aldrabões, mas oh quantos, senhores, já tivemos na área financeira. A música que nos deram. Lá está: tem a ver com as facetas acima referidas.


Desde o Alves dos Reis, esse extraordinário burlão, até ao Oliveira e Costa do BPN e ao Rendeiro do BPP, passando pelos artistas do BCP, até agora a este verdadeiro festim do Grupo Espírito Santo... toda uma tropa fandanga que parece ter nascido com vocação para enganar o próximo. E a maioria - pobres otários, alegres e contentes - a ir na cantiga.


Do Ricardo Salgado que mandava e desmandava se dizia que tinha a coisa financeira no ADN, banqueiros por questões genéticas. A maior parte dos humanos tem grandes parecenças genéticas com os porcos mas o Ricardo Salgado não, qual porco, ele era diferente, tinha ouro e moedas a entrelaçarem-se nas cadeias de ácido ribonucleico.

Afinal, sabemos agora, não era bem a entrelaçar-se: era mais a ensarilhar-se.

Um ensarilhanço de todo o tamanho. O verdadeiro enfarilhanço. Milhões e milhões e milhões: uma teia impossível de desensarilhar.

À medida que a caixa se vai abrindo, vão saindo as minhocas. É que nem é preciso cavar para as minhocas aparecerem. Nem é preciso dar tiros para os melros caírem. Eles caem mortos aos pés de Vítor Bento e de todos quantos, em poucos dias, conseguem ver mais do que KPMG, BdP, Troika e toda essa turminha de totós que por aí andou, ao longo de anos, a brincar aos ceguinhos.


Vamos ver se todos esses pequenos papagaios que por aí andaram pelas televisões a dizer que o Governador do Banco de Portugal era de Olhão, uma regulação de detrás da orelha, as águas entre o GES e o BES todas muita bem separadinhas, e, que ideia!, que o BES não tinha nadica a ver com o BPN, e que qual caso de polícia, qual carapuça!... não vão ter que voltar a dar o dito por não dito? Coisa que, de resto, artistas como são, farão com a lampeirice do costume.



Uma vez mais, tiro o chapéu a Pedro Santos Guerreiro e a Nicolau Santos (e, vá lá, concedo: se calhar também devo fazê-lo em relação ao João Vieira Pereira) que, persistentemente, foram puxando as pontas e percebendo o enleio que para ali estava e que, corajosamente, se chegaram à frente e mostraram ao País a armadilha letal que estava a ser estendida aos pés de Portugal.


E a armadilha era, de facto, terrível.



O BES financiou a actividade corrente de vários grupos empresariais na condição de estes contraírem outros créditos para aplicarem em dívida e acções do Grupo Espírito Santo. Em causa estarão algumas centenas de milhões.




Salgado e Morais Pires implicados em "engenharia financeira" no BES


Empréstimos de clientes do BES ao GES através da Eurofin estão sob suspeita - e por detrás do aumento dos prejuízos do primeiro semestre. Indícios criminais serão reportados. Salgado, Morais Pires e também a diretora Isabel Almeida podem ter de dar explicações.


Quadros superiores do BES terão montado um esquema para financiar o Grupo Espírito Santo com dinheiro de clientes do BES, apurou o Expresso. Em causa está a direção financeira do banco, que operava sob responsabilidade direta de Amílcar Morais Pires. 


A Eurofin, uma "holding" na Suíça, está no centro das atenções. O caso, que poderá ter implicações criminais, é a razão do aumento dos prejuízos no primeiro semestre do banco.




Prejuízo do BES pode chegar aos três mil milhões


O escândalo avoluma-se. Reguladores descobrem mais dívida de clientes do BES ao GES e forçam provisões. O prejuízo semestral galopa para um valor próximo dos três mil milhões. Almofadas financeiras já não bastam. Aumento de capital é inevitável.

O BES vai fechar o primeiro semestre com o maior prejuízo de sempre de um banco em Portugal. Será 15 vezes maior do que as estimativas dos analistas: perto de três mil milhões de euros, sabe o Expresso. Tudo porque os reguladores e os auditores acabam de descobrir mais esqueletos nos armários: há mais dívida de clientes do BES ao GES do que se supunha, através de esquemas de engenharia financeira que se desconheciam. 


Caso pode ter mais consequências criminais.




Upss... Indícios criminais...? Mas então o que é que a gente fina tem a ver com o rebotalho? Pensava que nada.

Não me digam agora que a gestão dos Espíritos escondia afinal práticas pouco abonatórias...? Sério...? Juram...?

Mas o excelentíssimo Carlos Costa não tinha assegurado que Ricardo Salgado estava carregadinho de idoneidade? Então se ele até tinha pago alguns dos milhões que antes tinha escondido, como desconfiar que ele não era gente séria?

Bem. Se também não se lembrava ou não sabia nada de offshores da altura em que era responsável pela área internacional do BCP, como poderíamos querer que Carlos Costa agora percebesse tudo o que via? Além do mais, coitado, se o homem tem algumas limitações na visão, que mal tem isso? Querem lá ver que vamos agora exigir que os reguladores tenham todos visão apurada e que sejam todos uns Einsteins, não? Ora, era só mesmo o que faltava.

Adiante.

E agora?


Pois bem. Quem investiu no aumento de capital do BES, está a arder. Cerca de 60% do que lá meteram já foi ao ar. Muitas fortunas aplicadas nas empresas do Grupo esfumaram-se. Muito dinheiro levou sumiço. Muitas empresas vão abanar. E só não me alongo mais porque já aqui o fiz várias vezes.


Mas, uma vez limpa a casa (tanto quanto é possível em meia dúzia de dias...), descobertas as carecas, assumidas as trapaças e os embustes, o BES deitará mãos à obra, arranjará forma de reforçar o capital, mudará de mãos (se calhar também de nome, como tem vindo a ser referido) e... a vida continua.


Para esclarecer todas as dúvidas, o Jornal de Negócios, preparou um esclarecedor conjunto de perguntas e respostas que recomendo a quem quiser perceber melhor as implicações do que está a acontecer. Serviço público.

Os resultados negativos esperados no BES no primeiro semestre são motivo de alarme? Os contribuintes podem ser chamados a apoiar o banco? Os novos desenvolvimentos trazem dúvidas para os depósitos dos clientes do BES? Os clientes de retalho do BES que investiram em papel comercial do GES podem estar tranquilos? Porque é que a queda das acções pode ser um problema? Etc.


Tudo respondidinho, e bem, no Jornal de Negócios, em mais um belo trabalho de uma das mulheres de quem se tem falado a propósito do best seller do momento, o Último Banqueiro: Maria João Gago.

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E mais não digo porque já passa das 2 da manhã e amanhã a alvorada é cedo e quero ver se ainda consigo dormir qualquer coisinha.

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A música é Os Búzios na voz de Ana Moura.

Os graffitis são do meu muito amado Banksy. O cartaz da senhora que já admite nada lhe restar para comer senão os ricos, não sei por onde desfilou.

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Nota: No outro dia, escrevi uma letra mal e a palavra transformou-se num erro grosseiro. Não estou livre de que isso me volte a acontecer. Aliás, é mais do que provável que isso aconteça aos pontapés. Estou a escrever quase a dormir e já não consigo rever o que escrevi. Caso detectem erros, por favor, não se acanhem, corrijam-me, está bem?


E, se me permitem, relembro: se quiserem descansar a vista ou apimentar um pouco a vossa vida, avancem, por favor, até ao post seguinte.


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta feira. 
Saúde, sorte e sonhos bons é o meu desejo para hoje.


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terça-feira, julho 15, 2014

O que vai acontecer a Ricardo Salgado e outros que, à frente do BES, usaram o dinheiro dos depositantes e dos investidores como se este lhes pertencesse e dele pudessem fazer o que lhes apetecesse? E qual o valor das inspecções das troikas, reguladores e demais auditores que nunca dão por nada? E o que vão o Governo e o BdP fazer para evitar uma derrocada sistémica,' agora que tudo arde'? Perguntas simples numa noite de verão. Fazem coro comigo: Craig-James Moncur, Carlos Paz e Viriato Soromenho Marques. E, para me ajudar no tema que se fala, o da Reestruturação da Dívida, trago os especialistas da Porta dos Fundos.







Já aqui falei disto: os empresários portugueses, os ditos grandes empresários, os happy few, construíram os seus impérios em cima de nada, isto é, de dívida. Não os construíram sozinhos porque não têm arte suficiente para isso. Têm, sim, um pressuposto em mente: não investir o seu próprio dinheiro nos seus negócios. E têm, depois, um batalhão de juristas, fiscalistas, auditores, consultores, experts de toda a espécie a trabalhar para si. Corrijo: não para si mas para as suas empresas pois são as empresas que os pagam. As empresas têm que pagar tudo, tudo. Não eles.

São criadas sociedades que detêm participações noutras sociedades, que detêm outras sociedades e mais outras e mais outras e por aí fora e há sociedades onde são parqueadas dívidas, outras que são veículos, outras que são instrumentais. Há consolidações para obter benefícios fiscais, há artifícios, há muito por onde fazer rodar as verbas. Tudo dentro do que é lícito, jogando nos interstícios da licitude. 

É sabido que as leis são estudadas e validadas por assessores e por grupos de trabalho por onde circulam deputados, ex-deputados, membros de escritórios de advogados, empresas de consultoria e auditoria, tudo na maior promiscuidade. O que se passa nos lugares onde tudo se passa,  não é percebido pelos olhos inocentes de quem julga decidir alguma coisa, os eleitores.

Mais: as universidades e institutos mais prestigiados a nível de gestão financeira e de negócios ensinam isto mesmo. Católica, INSEAD, por exemplo. 



Já aqui o disse e sei que me estou a repetir mas gostava que não se esquecessem que se ensina (ou ensinava-se até há muito pouco tempo) nestas grandes escolas que gerir bem é gerir para o accionista e que gerir para o accionista é criar valor para o accionista e que, para isso, bom, bom é a alavancagem financeira. Ou seja: usar um mínimo de capitais próprios, ou seja: um máximo de empréstimos financeiros. Quanto mais juros se pagam, maiores são os custos, e se maiores são os custos, menores os lucros brutos e, portanto, menos os impostos que se pagam e melhores são os lucros líquidos (e a isto, entre outras habilidades, se chama optimização fiscal). E, desta forma, investindo capital alheio, escusa mexer-se no capital próprio. Ou seja, os accionistas escusam de lá meter dinheiro. Pagam-se os investimentos com o pêlo do cão (expressão usada para designar que quem paga o investimento é a própria empresa, não o dono da empresa). Podem comprar-se empresas atrás de empresas, fazer investimentos de toda a ordem, sem lá meter um chavo.

Os bancos emprestam.

Qual a garantia que os bancos têm de que os empréstimos são pagos? A garantia, na maior parte das vezes, é a própria empresa, seja através de acções, seja através dos bens ou serviços adquiridos com o empréstimo.

E se o investimento for um fiasco e a empresa não o puder pagar? Nada a saber: dão-se ao banco acções da empresa ou o que se adquiriu com o dinheiro do empréstimo. 

E se as acções valerem zero e o que se comprou valer ainda menos? Azar. Azar para o banco, claro.

[É aquela velha máxima: se eu dever um milhar, o problema é meu; se eu dever um milhão, o problema é do banco]

Claro que para prevenir situações como as descritas, que assentem em garantias precárias, em que há mais do que possíveis riscos, em especial os sistémicos, e para garantir a solidez do sistema bancário, existem os reguladores, os auditores, os agentes responsáveis por fazer testes de stress, por validar contas e rácios de solvabilidade e outros, por atestar o merecimento da confiança. Contudo, estranhamente, como sempre que rebenta uma bronca, verifica-se que falharam todos. Todos. Ninguém percebeu, ninguém viu, ninguém agiu. Uma vergonha. Incompetência, conluio, interesses, cortesia, solidariedade de casta, cobardia? Não sei. Não consigo explicar uma coisa destas.


O que acima descrevi, os empréstimos dados sem garantias reais ou as verbas aplicadas em produtos de risco, foi, mais coisa menos coisa, o que aconteceu ao BCP, por exemplo. É isto que agora está a acontecer às sociedades financeiras do GES e é por isso que o BES vai ter que reconhecer milhares de milhões de dívida incobrável pois financiou toda a espécie de sociedades insolventes do GES, ou não se sabe o quê (por exemplo, em Angola, parece que se perdeu o rasto a milhões e milhões que foram emprestadadas não se sabe a quem nem a troco de quê - embora se desconfie).


Ouço agora os papagaios do costume a dizerem, convictamente como sempre, que isto não é o BPN e a SLN, que esses eram um caso de polícia. Do que tenho lido e ouvido, não sei se há diferenças. Aliás, sei: o BES é muito maior, as implicações muito maiores, o rombo global muito mais difícil de quantificar. Quanto ao resto, alguém terá que me explicar - mas muito devagarinho a ver se eu consigo perceber.

Mas o BES não emprestou apenas dinheiro a rodos e sem garantias reais a empresas da família, isto é do universo GES. Ouço que enfiou milhões nos clubes de futebol e que, por isso, já se estará a assistir a uma venda apressada de jogadores. Não sei. E não tenho dúvidas que o BES enfiou rios de dinheiro em tudo o que é grande e média empresa, grande parte das quais vivem também em cima de dívida - e que, se se virem obrigadas a pagar de súbito o que devem, vão para o buraco em três tempos. É que nem duvidem.


Nunca tivemos economia a sério nem uma verdadeira política de desenvolvimento económico. A infância da democracia e o servilismo deslumbrado de uma classe política pouco culta deu nisto. 

Saímos de um proteccionismo caduco e em grande parte falido (antes do 25 de Abril) para um período de euforia despesista, gerida por gente que não estava preparada para isto. Já aqui o disse muitas vezes: penso que o período mais nefasto para o País neste pós 25 de Abril foi o período cavaquista. 

A troco de fundos e subsídios, Cavaco Silva aceitou acabar com o que restava de tecido económico português e inviabilizou o que podia nascer e prosperar sustentadamente. Fechar a indústria, acabar com a frota pesqueira, pôr os campos agrícolas em regime de set aside foi do mais nefasto que se poderia desejar para um país que dava os primeiros passos no percurso da democracia e do desenvolvimento moderno.

Não se fazem políticos como se saíssem de brinde da farinha Amparo. Gente das jotas, amigos de amigos de amigos, ex-autarcas, funcionários de bancos alcandorados a experts dentro dos partidos, advogados ao serviço e avençados de toda a espécie - tudo farinha do mesmo saco. Espertismo em vez de cultura política.

Há que ter maturidade, sentido de estado, cultura, competência, experiência - e a clique cavaquista e quase tudo o que se lhe seguiu foi de meter dó.

A nata portuguesa tem pouco de verdadeira crème de la crème. Políticos, banqueiros, autarcas, pseudo-empresários, jornalistas: um caldo que tem ajudado a perpetuar esta indigência e a manipular um povo genericamente envelhecido, inculto, com pouco mundo.

A euforia pós-euro fez o resto: crédito a preço de uva mijona, um incentivo permanente ao consumo para que os país pobres e desindustrializados consumissem os excedentes dos países desenvolvidos. As directrizes europeias quando rebentou a crise financeira foram no mesmo sentido: prego a fundo no investimento. E haja financiamento bancário.

Deu no que deu.

Depois, quando se assustaram com o ataque dos abutres especuladores, foi o que se viu: travão a fundo, doa a quem doer. Tiraram o tapete à bruta, e que se lixem os que estavam em cima. Um trambolhão é um dano colateral até muito brando, há coisas piores, então há? Até porque os desgraçados aguentam tudo, ai aguentam, aguentam, já lá dizia o outro.

E assim estamos. Mais pobres, espoliados, entregues à bicharada. Sem governantes capazes, sem reguladores eficientes, sem políticos experientes e responsáveis, com uma múmia em Belém.


No meio disto, a família Espírito Santo parece ser carta fora do baralho do poder económico português (e espero bem que a justiça perceba que tem uma palavra a dizer) mas o rombo nas economias de muitas famílias vai fazer-se sentir por muito tempo e vamos ver se o BdP e o Governo têm a maturidade suficiente para fazer o que deve ser feito mesmo que momentaneamente impopular. 

É indispensável colocar um travão na desconfiança e no temor, há que ter sangue frio e, se necessário for, há que ser capaz de intervir (seja por injecção do fundo que estava reservado a isso, seja de que forma for). A não ser assim, pode assistir-se a uma queda em dominó, de consequências imprevisíveis. Os portugueses não merecem ser ainda mais saqueados por quem não tem um pingo de vergonha. Para proteger os povos existem o Estado e as suas instituições.





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Permito-me ainda recomendar-vos algumas coisas que achei importantes e que descobri por aí.


1. Do sempre oportuno e acutilante blogue Bons tempos hein?!: 'The banker', magnífico.



"O Banqueiro" poema de Craig-James Moncur, dito por Mike Daviot.



2. Do blogue Aventar, A história do banco do meu avô, da autoria de Carlos Paz. Muito bem descrito.


Transcrevo apenas a parte final mas digo-vos que acho que deve ser lido na íntegra:

Fui falar com os novos políticos com uma proposta: reformo-me, dou lugares de Administração a uma série de políticos do partido do Governo e eles que resolvam o problema do Banco do meu avô.
Continuemos a IMAGINAR coisas…
Os políticos aceitaram a minha proposta (aceitam sempre que se fala de lugares de Administração). 
Finalmente reformei-me. Ainda somos donos de 5% do Banco do meu avô e de uma série de outros negócios (sustentados pelas dívidas ao Banco do meu avô).
Tudo isto sem termos gasto um tostão (o dinheiro da família continua todo guardado na América do Sul).
E, tomei a última medida antes de me reformar: atribuí a mim próprio uma reforma de um milhão de euros por ano (para as despesas correntes).
E, assim, acabou a história IMAGINADA do Banco do meu avô.
**************
Se alguém teve a paciência de ler este texto até ao fim, deixo uma pergunta: Se esta história em vez de ser IMAGINADA, fosse verdadeira, que fariam ao neto?


3. Do Diário de Notícias, mais uma excelente crónica de Viriato Soromenho Marques, Tragédias antigas e modernas


Transcrevo também apenas a parte final mas, como em todos os textos de Viriato Soromenho Marques, todas as palavras contam:

Se Aristóteles contemplasse a moderna tragédia sistémica do mundo financeiro, do Lehman Brothers ao GES/BES, ficaria emudecido. Os personagens que causam a catástrofe não são nobres. São, na verdade, gente grotescamente banal. No lugar de uma consciência moral, muitos possuem uma vertigem narcísica que tudo absorve (por exemplo, o "livro" de João Rendeiro, do falido BPP, tem a profundidade de uma tábua rasa). Depois, os seus actos de mentira, logro, ocultação, são mera predação desprovida de grandeza, causando dano apenas aos outros. Indivíduos e povos inteiros. Desde 2008, foram afectadas centenas de milhões de pessoas, pela desmesura de algumas centenas de figurões do sistema financeiro mundial. Dezenas de milhões perderam os seus empregos, e viram a sua integridade física e psicológica molestada. Por último, não houve qualquer catarse. Estas criaturas menores compraram imunidade total, porque têm entre os seus activos as leis e os governos que os poderiam levar a juízo. Assistem, no conforto protegido das suas "salas de pânico", ao puro terror que semearam pelo mundo, como Nero assistiu ao incêndio de Roma. É uma tragédia moderna. Um espectáculo vil. Uma miséria sem conceito.


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Bom. Não posso despedir-me assim, no meio de tanta agrura. 

Por isso, bora aí  minha gente, vamo falar de renegociação de dívida, valeu? 

Bem, galera, no que toca a dívida eu sou toda a favor mas, olha aí, eu tenho meu limite, viu? P'ra começar não vou levantar o bum bum da cadeira até esse troço aí da dívida estar todo renegociado, viu? E, memo assim, vou sair às arrecuas, ouviu aí, seu moço?



O BANCO - Porta dos Fundos


Transcrevo do Youtube:

Bancos são cruéis. Eles aparecem na sua vida, prometem mundos e fundos, te f@#$% gostoso, nunca mais te ligam e quando você vai reclamar, aparecem com uma historinha nova e te f@#$% gostoso de novo.


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Para verem como sou cabeça no ar. Nesta noite quente, com o rio banhado por um luar de encantar, vinha para aqui com vontade de escrever sobre palavras aladas; mas ouvi as últimas sobre o BES e não resisti. É esta driving force que parece que me puxa para a chungaria, senhores, que castigo. Com tanta coisa boa para falar e logo fui falar desta gente que vive acima das nossas possibilidades, que suga o sangue e o suor sem olhar a quem. 

É preciso cortar o ordenado aos pobrezinhos para que tenham menos força para protestar, é preciso acabar de vez com os direitos laborais para que mais facilmente possam ser postos no olho da rua com uma à frente e outra atrás, é preciso acabar com as escolas no interior, com a investigação, com a saúde pública. Dizem-nos a toda a hora.

Para quê? Ainda não se percebeu mas o que vemos todos os dias é para onde vão os milhões e milhões que são sugados à população em geral: para o cano, isto é, para o bolso de corruptos, de gente que vive à margem da lei, bandidos de punhos de renda. Que sina esta, credo.

A ver se amanhã a coisa começa a entrar nos eixos para o País sossegar, que bem merece, e para ver se me posso dedicar à reinação ou à efabulação.

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E, assim sendo, vou-me deitar que já se faz tarde. Incapaz de reler dado o adiantado da hora e o tamanho do lençol que daqui saíu, só espero que não haja gralhas indecorosas. Se as houver, por favor, sejam indulgentes, está bem...?

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa terça feira. 
Saúde e sorte é o que vos desejo - no mínimo.