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segunda-feira, julho 04, 2011

O irmão Fernando Nobre diz que vai pregar para outra freguesia, ser deputado não lhe dá pica. Para assessoria política, o Governo contratou gente da blogosfera que chama alforreca a Passos Coelho, Torquemada a Miguel Relvas e por aí fora. O Álvaro, há tempos, sugeriu que se desse a independência à Madeira. E ainda a procissão vai no adro. Se continuam nisto, o Governo de Santana Lopes ainda vai ser recordado como um Governo a sério. E deixa-me mas é estar calada antes que o Miguel Relvas me queira contratar para lhe dar umas ideias.

A nova legislatura começa bem... disparates atrás de disparates.

Eu quero que eles se portem bem, que a vida lhes corra bem (porque este período é vital para Portugal), eu quero que eles tenham 700 dias de graça, eu juro que quero. Mas, senhores, eles não ajudam....

O Irmão Fernando Nobre que, ao que consta, a Maçonaria não conseguiu colocar na presidência da AR, descurtiu e vai pregar para a AMI

Fernando Nobre, a primeira má escolha de Passos Coelho, depois de uma humilhante dupla derrota na eleição para presidente da Assembleia da República e depois de uns dias de falta ao plenário, sai pela porta pequena da política. Tal como tinha referido, se não conseguisse a presidência da AR, apenas como um simples deputado não ficaria.

Meus senhores, para além de uma coluna cheia de curvaturas, parece que toda a ossatura do Dr. Fernando Nobre padece de avançado estado de osteoporose. De apoiante do Bloco de Esquerda, de candidato a Presidente da República contra os partidos, a candidato a presidente da AR pelo PSD, tudo num curto espaço de tempo e agora 'adeus, passem bem que eu por aqui me desbaldo'. Sim senhor, belo exemplo de cidadania. 

Mas, se me permitem a opinião, grave mesmo é o Dr. Passos Coelho não conseguir avaliar as competências e as motivações das pessoas e fazer escolhas destas. É que foi ele que colocou o Fernando Nobre como o número 1 por Lisboa e, pasme-se, convidou-o para presidente da AR, a 2ª figura de Estado. Mas pensaria Passos Coelho que qualquer um pode convidar quem quer para aquele cargo? Não sabia Passos Coelho que o presidente da AR é eleito pelos deputados? Que o seu convite não valia nada? Não sabia?

Isto perturba-me, a sério. E preocupa-me.

Passos Coelho vai fazer com que toda a gente daqui por pouco tempo implore, 'Volta Sócrates, estás perdoado' (ou, os que apreciam outro género: 'Volta Menino Guerreiro que não te daremos mais pontapés na incubadora')

Ou, mais uma vez, como se tem referido e como aqui já me interroguei houve, de facto, combinações feitas a compasso e esquadro, arranjinhos de avental, ou seja, a santa mãozinha da maçonaria? Foram os manos maçons capitaneados pelo grande irmão Relvas que congeminaram este flop? Se foi, serviu-lhes de muito.

Mas quero ainda falar de outra das barraquinhas que por ai anda a ser falada: a contratação ad hoc da maltinha mais assanhada dos blogues, mais dada a sound bites, que se destacaram no derrube  de Sócrates.

Face à vacuidade política da equipa ministerial, resolveram colmatar o défice deitando a rede à blogosfera - mas de forma relapsa. É que veio de tudo, desde os que chamaram alforreca ao Primeiro Ministro, Torquemada a Miguel Relvas, até aos que disseram que aumentar a carga fiscal através do subsídio de natal era confiscação pura e simples.

Pelo que se lê nos jornais e na blogosfera, João Gonçalves do Portugal dos Pequeninos e Miguel Morgado do Cachimbo de Magritte, são dois dos exemplos referidos.

Agora lê-se que também o Álvaro, o célebre Álvaro (o Ministro Álvaro Santos Pereira da Economia, Transportes, Comunicações, Trabalho e mais algumas coisas) terá dito que, se a Madeira quiser mais dinheiro e ameaçar tornar-se independente, então que acha que se lhes dê a independência.

O Álvaro, que chegou do Canadá para aterrar na FIA, assessorado por Cristina Caras Lindas (que, infelizmente, não aparece na fotografia) e para pedir aos media que não o tratem por Ministro, apenas por Álvaro

O Nuno Crato, da Educação, também já está a deixar-me de pé atrás: agora suspendou o fecho das escolas quase vazias. O Aguiar Branco, da Defesa, suspendeu a reestruturação dos Estaleiros de Viana do Castelo e ainda só vamos na primeira semana. Por isso, meus amigos, daqui por um mês não se admirem se o resto do subsídio de Natal for também à vida.

Isto está bem entregue, está...



Vamos lá a acender uma velinha, ok?

sábado, junho 25, 2011

A actual abulia crítica da comunicação social (Pacheco Pereira na Quadratura do Círculo dixit) - a opinião de um leitor do Um Jeito Manso

De um leitor de 'Um jeito manso' que costuma fazer-me chegar os seus comentários por mail, recebi o texto abaixo que aqui transcrevo depois de ter obtido o seu acordo, por merecer, de forma geral, a minha concordância. A escolha de fotografias, que obtive na net, é de minha responsabilidade.

"A abulia critica da nossa comunicação social (parafraseando José Pacheco Pereira no programa “Quadratura do Círculo” da SIC Notícias) é, seguramente, uma menos valia do nosso universo democrático. Passaram, como é costume, do 80 ao 8.

Pacheco Pereira com Lobo Xavier e António Costa com a moderação de Carlos Andrade na Quadratura do Círculo

Não há muito tempo tínhamos toda a gente da comunicação social a zurzir no Governo, no Primeiro Ministro, nos Ministros, nos Secretários de Estado, nos Assessores, quiçá até no Porteiro do Ministério das Finanças.

Hoje não há criticas a fazer, encontrámos finalmente, o Homem, talvez do leme, que quando erra (será que erra?) ultrapassa o problema de uma forma fantástica, veja-se o caso Fernando Nobre versus Assunção Esteves: o problema não é alguém ter oferecido a outrem um lugar que não depende dele, não, o Fernando é que não foi Nobre, quis 'abotoar-se' com a Presidência da AR e o 'homem do leme' ultrapassou a questão de uma forma extraordinária, manteve a palavra, deu a volta por cima - temos Homem.

Fernando Nobre e Passos Coelho na Assembleia da República no dia do duplo chumbo na eleição para Presidente da AR

Então e o Governo? Enfim, não sendo o máximo, para lá caminha. Um Ministério da Economia ingovernável? Claro que não, isso é 'são bocas' do Professor João Ferreira do Amaral. Temos na Economia um Académico que já leccionou muitas cadeiras, não é mais que suficiente para abarcar todas as áreas?

Uma Ministra da Agricultura, com um super Ministério, que não percebe patavina do assunto? Maledicência, dirá a comunicação social, a Senhora é jovem, empenhada, fará um bom lugar o que é que interessa ser-se académica. Da área de Direito... e fica com a Agricultura?...Até é muito melhor ter uma visão de fora.

À beira mar, Assunção Cristas, jovem professora de Direito, agora com um ministério que abarca muita coisa, incluindo o Mar

Incluir o Miguel Relvas no Governo. Qual é o problema? Tem algum sentido separar as águas? Então não entra pelos olhos dentro que o Partido e o Governo têm os mesmos interesses, os superiores interesses da Nação?

E que escolha mais acertada para as Finanças! Então o Sr. Ministro Vítor Gaspar conhece os meandros, foi Director do Conselho Económico(?) da UE. É um excelente curricula! Não está mais que demonstrado que os economistas aconselharam, melhor que bem, os políticos e que tivemos uma política económica na UE que permitiu a todos os Estados prosperarem? Claro que acabaram com a Indústria e com a Agricultura de alguns países, claro que isso trouxe desequilíbrios, claro que hoje pagamos, e bem caro, essas políticas macroeconómicas, mas seria possível fazer melhor? Possivelmente não, era difícil, dirá a comunicação social no seu estado actual de abulia.

E que melhor notícia do que sabermos que o nosso Primeiro viaja em económica. Assim é que é. Temos a primeira medida de controlo do défice, com estas poupanças vamos lá.

Como já chega de abulia critica, sugiro que a comunicação social faça uma reflexão sobre o papel que tem tido no nosso País. Tem sido isenta? Quando apoia este ou aquele é porquê? Que responsabilidade assume no nosso trajecto como país? Que notícias publica? Como são seleccionados os comentadores?

Mário Crespo, jornalista da SIC que divulgou no seu programa, nos tempos que precederam esta nova fase da nossa vida política, 4 dos actuais ministros

Pode ser que concluam que a comunicação social tem prestado um mau serviço ao País. No entanto, com a elevada auto-estima que caracteriza os jornalistas, iriam, com certeza, continuar a olhar para o umbigo e nunca assumiriam qualquer responsabilidade pela manipulação da opinião pública."


Nem mais.

quarta-feira, junho 22, 2011

O caso Fernando Nobre e a uma dúvida existencial sobre a razão da existência da Maçonaria e da Opus Dei no Portugal de hoje

Fiquei satisfeita com a eleição de Assunção Esteves para Presidente da Assembleia da República pois creio que é competente, acredito que vai desempenhar bem a sua função. O seu discurso foi uma coisa e tanto, uma peça que ficará na história daquela casa. Liberdade, Democracia, Justiça, Entrega, foram palavras que ela usou com mestria e com emoção e a que deu invulgar grandeza.

Felizmente acabou por se arranjar uma saída airosa para o vexame de ontem.


Ora hoje Eduardo Pitta refere a questão maçónica para enquadrar o assunto Fernando Nobre - e estas liaisons, que me causam alguma alergia, fizeram-me recordar um assunto que passo a relatar.

*

Quando eu andava a estudar, embora não fosse dada a grandes sessões de estudo e fosse fisicamente incapaz de ‘marrar’, tinhas notas relativamente altas e isso acontecia de forma consistente. Era também pessoa de convicções e, já nessa altura, tão assertiva como sou hoje (ou seja, de acordo com testes efectuados por profissionais, quase 100% assertiva).

Talvez por isso, na faculdade fui contactada, desafiada, convidada, etc, para aderir a todas as juventudes partidárias activas na época. Mas a minha cabeça sempre foi livre demais para poder comprometer-me com partidos, clubes, religiões e, reiteradamente, declinei. Por mais que tentassem aliciar-me, nunca nenhum argumento me convenceu.

Entretanto, quando estava no 3º da faculdade tive que mudar de alojamento e, enquanto andava à procura de alternativa, uma colega de curso com quem me dava medianamente, veio dizer-me que conhecia um sítio óptimo: uma professora universitária que tinha uma espécie de residência, uma moradia num local muito bom, com jardins, óptimos acessos, perto da faculdade, o melhor bairro de Lisboa. Uma maravilha.

Fui lá ver (acompanhada do meu namorado) e a dita professora estava à minha espera, já sabia algumas coisas de mim, muito simpática, tentando cativar-me. A casa era, de facto, muito boa e o preço uma agradável surpresa. Quando relatei em casa o achado, os meus pais acharam que ‘quando a esmola é grande, o pobre deve desconfiar’, e colocaram muitas reticências. Alguma coisa não batia certo, pelo que, à partida, sem mais, a decisão era negativa. Mas tanto insisti que, pelo sim, pelo não, a minha mãe lá se deslocou a Lisboa para vir avaliar, ela própria, a situação.

Lá estava, de novo, a referida dona da casa à nossa espera, muito atenciosa. Mostrou a casa de alto a baixo, tal como na vez anterior, até uma capelinha tinha (o que, de certa forma, tranquilizou a minha mãe), e uns óptimos quartos, com grandes janelas para o jardim, e uma cozinha que podíamos usar à vontade, e sala à disposição, uma localização que não podia ser melhor, podia ir a pé para a faculdade e, não menos importante, embora intrigante, um preço imbatível. A frequência, para além da professora, era constituída por umas quantas estudantes universitárias, talvez uma meia dúzia, não me lembro bem, e a minha mãe viu algumas, vieram cumprimentá-la, muito simpáticas, e a minha mãe ficou bem impressionada por ver, a meio da tarde, as raparigas em casa, na sala, a estudarem e todas muito gentis, muito bem educadas. Uma cena de filme.

Quando chegou a casa, a minha mãe conferenciou com o meu pai e depois comunicou-me: ‘Pois, sendo assim, de facto, não se vê nada de mal, parece bom demais para ser verdade mas, se é, então, está bem, podes mudar-te para lá’. E lá fui.

Havia regras, que me tinham sido comunicadas antes, do género aos dias de semana ter que se entrar até à meia-noite, o namorado não poder entrar senão para a sala e apenas até determinadas horas, coisas normais para a época.

E, de facto, eu estava ali muito melhor do que no sítio anterior. Só via vantagens.

De vez em quando diziam-me que ia lá jantar um padre amigo e convidavam-me a ficar a jantar lá ou, não querendo, a ir depois de jantar para a conversa que era giríssima, um padre desempoeirado, e um dia a conversa era sobre o aborto, outro sobre já não me lembro o quê, mas sei que a coisa era temática (o que me intrigava um pouco) mas eu declinava sempre porque, na altura, namorava intensamente e não desperdiçava um minuto que fosse, nem sequer a matutar nas coisas. Depois percebi que, afinal, o padre ia lá fazer a missa, que era habitué da casa e muito amigo da professora. Um dia veio ter comigo, que então eu é que era a tal menina fugidia, que andava desejando de me conhecer, que gostava de ter poder ter oportunidade para falar comigo. E eu sem perceber bem os sorrisos delas todas, como se fossem todos muito íntimos, como se antes o tema já tivesse sido objecto de conversa. Lembro-me que registei mas não pensei mais no assunto.

Outras vezes, iam todas passar o fim de semana a um sítio muito giro e queriam que eu fosse. Depois começaram a falar-me em retiros, em sítios lindos, e que eu ia adorar e eu, na maior inocência, perguntava se o meu namorado podia ir e, claro, não podia e eu, que então nem pensar.

Depois, aos poucos, comecei a reparar que parece que só eu é que namorava e que, a nível de vestuário, as minhas vizinhas de quartos, seguiam um padrão muito homogéneo. Saias pelo joelho, camisas ou blusas pelo pescoço. Eu concluia que era gente muito bem comportadinha, beatas, marronas, coisa assim, nada demais e, quando as descrevia, ao falar com amigos ou família, imitava-as, a vozinha singela, as blusas sem decote, descrevendo os convites que me faziam para ficar a jantar com o padre ou para ir meditar ao fim de semana. Pensava que, por coincidência, as últimas representantes de uma realidade rural do século anterior, tinham desaguado ali. Nunca me ocorreu algo mais.

Passados talvez uns dois ou três meses, não me lembro, estava eu já eu a deitar-me, ouvi tocar à campainha.

Reacção dentro da casa: nenhuma.

A campainha tocava cada vez mais insistentemente e eu não ouvia a professora, nem ninguém, a ir abrir a porta. Abri a porta do quarto, espreitei. Ninguém, silêncio. Fui bater à porta do lado. A rapariga que lá estava, abriu a porta e disse que era a A., uma colega de quaro, que estava a chegar atrasada mas que as ordens eram rigorosas, ninguém podia entrar depois da meia-noite. Eu argumentei que não se ia deixar a nossa colega no meio da rua àquela hora, quase 1 da manhã e a outra, friamente, respondeu que ordens são ordens e fechou-se no quarto.

Subi as escadas, fui ter com a professora. Estava de roupão e disse-me a mesma coisa.

Entretanto, lá fora, a outra, coitada, tocava e tocava, já quase em contínuo. Já inquieta com aquilo, eu disse à professora, ‘Se não lhe abre a porta, abro eu’. Seca, a professora respondeu-me ‘Está proibida de o fazer’. Tentei convencê-la ‘Abra-lhe a porta, peça-lhe explicações, avise-a de que não haverá segunda vez, o que quiser, mas não a deixe ficar na rua, é desumano, é absurdo’. Seca, fria, respondeu-me ‘ Já disse que ninguém lhe abre a porta, para ela aprender’ e, com uma agressividade que eu não lhe conhecia, disse-me em tom ameaçador ‘Livre-se de lhe ir abrir a porta’. E virou-me as costas.

Desci as escadas, furiosa, as outras todas fechadas nos respectivos quartos - por dentro eu ia pensando, revoltada, ‘Olhem-me estas estúpidas, tão boazinhas que são e agora não se importam de deixar a amiga na rua, de noite’ - e, como é óbvio, fui abrir a porta à minha colega.

Ela estava a chorar, agradeceu-me muito e avisou-me ‘Estás feita’. Descansei-a, ‘Ah, não estou, não, está descansada’.

Depois voltei para o quarto, fiz a mala e fui dormir.

No dia seguinte, quando me levantei já a professora tinha saído, dava aulas cedo e, além disso, a faculdade dela era do outro lado da cidade. Deixei-lhe um papel lacónico, dinheiro e as chaves e nunca mais lá pus os pés.

Decorrido algum tempo, falei no nome desse professora e alguém exclamou, ‘Essa?! Então, mas essa é a chefe das mulheres da Opus Dei em Portugal. Tem uma casa de raparigas da Opus Dei na L.’.

Fiquei passada. Não queria acreditar. E essa pessoa continuou, ‘São muito selectivos, recrutam jovens entre os melhores alunos universitários, quase que lhes fazem lavagem ao cérebro com retiros, encontros com padres, missas lá em casa, coisas do género’. Eu perplexa.

Fui confirmar com pessoas mais ou menos ligadas ao meio e assim era, toda a gente sabia, pelos vistos toda a gente menos eu.

E ainda é. Googlei antes de escrever isto e lá me aparece ainda tudo.


Opus Dei


Ou seja, fui arregimentada sem saber e, durante algum tempo, vivi sem saber numa moradia da Opus Dei - e ainda hoje me interrogo porque agiram desta forma, sem me dizerem nada, que planos é que teriam para mim.

Organizações assim, coisas meio secretas, tudo isso me causa estranheza, me causa aversão.

Opus Dei ou Maçonaria não entendo a justificação nos tempos de hoje, em sociedades livres, não entendo como se sujeitam a essas práticas e rituais, não entendo.


Vejo na net os nomes ligados à maçonaria e fico incrédula, concentram-se à volta do PS e do PSD, mas não só: António Costa (que não por acaso disse que, se fosse deputado, votava em Fernando Nobre), Emidío Rangel, Henrique Monteiro (cuja crónica no Expresso, esta semana, não por acaso, era um elogio e um apelo ao voto em a Fernando Nobre), e José Nuno Martins, António Nunes, os famosos Miguel Relvas e Isaltino Morais, João Soares, etc, etc, e custa-me a imaginá-los de avental, de cabeça tapada, em ridículos rituais.

Porquê? Alguém consegue explicar-me?

Para agirem como grupos de pressão, grupos de influência? Mas, para isso, tem que haver secretismo, rituais?

Não percebo.

segunda-feira, junho 20, 2011

Fernando Nobre, depois da invulgar humilhação a que Passos Coelho o submeteu, diz que parte com a sensação de dever cumprido. 'Parte'? Para onde? No 1º dia como deputado já diz que vai partir. Bonito serviço. 'Dever cumprido'? Mas que dever é que cumpriu? Baixas estão as expectativas. E a Grécia que está um caos. E os riscos que Portugal corre. E o euro. E, finalmente, e acima de tudo, a língua portuguesa.

Em tempo recorde, cerca de duas semanas depois das eleições, toma amanhã posse o novo governo.

Hoje reuniu pela primeira vez a nova Assembleia da República e por duas vezes Fernando Nobre foi rejeitado pela Assembleia para seu Presidente. Inédito e humilhante.

Mas não apenas humilhante para Nobre: humilhante sobretudo para Passos Coelho. Foi uma péssima opção de Passos Coelho, foi uma má gestão do assunto, foi, de facto, uma situação que envergonha os envolvidos.

Esperemos que situações destas, de puro amadorismo - e, pior, que revelam uma má avaliação de competências e das situações - não aconteçam com a frequência que, a sucessão dos últimos dias, faz temer.

Passos Coelho, a 3ª figura de Estado e Fernando Nobre que, afinal, não vai ser a 2ª figura 

Cavaco Silva, um homem sem chama, conotado com grande parte das medidas que trouxeram o País até onde estamos, na Presidência da República; Passos Coelho, inexperiente em cargos de governação, com fraca experiência profissional (rodeado, em grande parte, de um grupo de académicos, inexperientes como políticos) no Governo; e, agora na Assembleia da República, esta embaraçosa situação. Assim vamos.

E, infelizmente, fora das nacionais fronteiras, há focos de preocupação que podem ter também efeitos nefastos sobre nós.

A Grécia tem uma dívida que é uma chaga a sangrar, biliões que ameaçam a estabilidade financeira europeia dado o enorme envolvimento sobretudo do BCE e de bancos alemães.

A Europa e as suas hesitações, o seu andamento a várias velocidades, faz-me lembrar aquela história que o António Lobo Antunes diz que o marcou sobremaneira e o inspirou literariamente: conta ele que um dia um seu doente (de psiquiatria) lhe disse: ’O mundo foi feito por trás’. Só isto - mas para António Lobo Antunes, esse crazy guy, terá sido uma epifania.

António Lobo Antunes e o mundo feito por trás

O mundo eu não sei mas a Europa parece, de facto, ter sido feita por trás.

Foi a arregimentação fácil de mais países, com práticas e políticas muito díspares, especialmente a nível fiscal, depois foi a agregação em torno do euro que, à primeira vista parecia um sucesso, e que agora vem revelar que não há almoços grátis, é a ausência de mecanismos de correcção (valorização ou desvalorização cambial) e, aqui chegados, com o mundo financeiro a chiar por todo o lado (a Europa em risco de gangrena, os EUA a patinarem, o crescimento chinês demasiado aquecido - no conjunto, um bolo a desandar, uma maionese a talhar), constatamos que as verdades inabaláveis das últimas décadas ruíram sem que outras as tivessem ainda substituído.

O mundo financeiro tem pés de barro, isso sabemo-lo todos muito bem, deslumbrou-se e, alguns, desataram a praticar o perigoso esquema da pirâmide, preocupou-se sobretudo com as quotas de mercado a qualquer custo, vendendo dinheiro a quem não tinha como o pagar, procurando o lucro imediato (o que propicia bónus de gestão elevados); os países mais fracos, esses, deslumbraram-se com o crédito fácil e endividaram-se muito para além das suas possibilidades, adquirindo hábitos de novo-riquismo; as agências de rating, organizações espúrias, perversas, (embora desmascaradas à saciedade), continuam a ditar as regras do mundo sem que nada se faça para as impedir; os investidores que dão pelo genérico nickname de 'os mercados', cada vez mais, às escâncaras praticam agiotagem a céu aberto sem que ninguém mexa uma palha para o impedir (taxas de juro acima dos 20 ou 30% onde é que já se viu uma coisa assim?!) – e, enquanto este descalabro se desdobra perante os olhos de toda a gente, as grandes figuras visionárias, os políticos de grande calibre, estão mortos ou reformados e a vida pública, um pouco por todo o lado, está entregue a gentinha que emerge dos cantos da rua, gente que há uns anos não quereríamos nem para tomarem conta dos serviços de economato. Apetece-me dizer que é o fim dos tempos. Pelo menos destes tempos que tomávamos como adquiridos, de uma democracia capitalista quase igualitária, de uma democracia, apesar de tudo, humanista, de uma democracia que zelava pelo chamado 'estado social'.

Assim estamos.

Grécia a ferro e fogo

Quase meio século depois de 68 e dos grandes tumultos que marcaram esses tempos de revolta, voltamos a ter as ruas das capitais invadidas por gente descontente, gente que apedreja a polícia, que se barrica. Grécia oscila entre as greves gerais e a maior confusão de rua, mas também Madrid, Barcelona – e veremos se as coisas se ficam por aí.

Tempos assim prenunciam fracturas.

Depois de vários países assistirem ao que seria impensável há dois ou três anos atrás (redução de salários, pensões, subsídios, direitos que se tinham por adquiridos), já se aceita como benéfico que haja perda de autonomia financeira nacional, entregando-se a gestão a um ministério europeu.

É a globalização. É a externalização. A deslocalização. O outsourcing da gestão financeira nacional. Shared services. Talvez não falte muito para que haja um Governo europeu e que os actuais países passem a regiões ou estados. Mas perante o estado de ruptura eminente, perante a desgraça anunciada, vamos defender outra coisa?

Tantos anos de história para isto.

João Ferreira do Amaral, homem sério que gosto de ouvir, diz que há outra saída, aliás, a única. Portugal está como aquele pobre trabalhador a quem saíu a lotaria e que, sem se dar conta, gastou o dinheiro todo sem ser em proveito próprio e, ao fim de maia dúzia de anos, volta a estar tão pobre como antes. Já ninguém o quer no clube dos ricos. Desgraçado, sem dinheiro para mandar cantar um cego, só lhe resta voltar à situação anterior, de trabalhador pobre. Assim, segundo Ferreira do Amaral, está o País: segundo ele a única saída digna é sair do euro, do clube dos ricos.

As consequências seriam temíveis mas, com o descaminho que as coisas levam, não estou a ver alternativas animadoras.

Mas não sou capaz de escrever mais sobre o assunto. Não analisei estudos, não sei.

Tenho esperança que, algures, entre os tempos de chumbo que atravessamos e o tempo das grandes decisões, surjam figuras de relevo, gente de cultura, de visão, gente com ambição, gente com sentido histórico, sentido de estado, que consiga deitar as mãos ao País.

Seja como for, no meio desta hecatombe que nos está a conduzir no sentido do empobrecimento, que nos está a sorver no sentido do declínio, da perda de dignidade, uma coisa deveremos defender com a vida: a nossa inalienável, sagrada, língua portuguesa. Porque a nossa pátria é a língua portuguesa.

Ao pé da língua portuguesa, tudo o resto é efémero.

quinta-feira, maio 19, 2011

Louçã e Portas na SIC, Ferro Rodrigues e Fernando Nobre na TVI24, os debates de hoje

Pois tenho a dizer-vos que os vi de passagem, o último de raspão, e que a minha opinião é a seguinte: estou-me nas tintas.

Às vezes (todos eles) dizem coisas acertadas mas tudo embrulhado em populismo, em eleitoralismo e eu não tenho pachorra para os aturar. Por isso, azarinho, hoje não vou perder mais tempo a escrever sobre eles.

Vou escrever sobre outra coisa.

sábado, maio 14, 2011

Santana Castilho, Eduardo Catroga, Carlos Moedas, Fernando Nobre os perigosos, Miguel Relvas e Miguel Macedo os pacíficos, Felícia Cabrita a diva, Laura Passos Coelho a mulher do cozinheiro - A equipa PSD, ou melhor, the dream team of Pedro Passos Coelho --------- Não tem nada a ver mas sabem dizer se já fechou o Miguel Bombarda? Ouvi dizer que iam transferir os doentes que ainda lá estavam para uma moradia ali para a São Caetano à Lapa. Será?


Pedro Passos Coelho: há qualquer coisa nesta cara que não bate certo.
Mas o que não bate mesmo nada certo é a equipazinha que ele arranjou, escolhidinhos a dedo, os piores da liga, uma gargalhada sempre garantida.


Santana Castilho, com Passos Coelho, na mesa de honra, com um sorriso amarelo, petrificado, numa sala cheia de gente, com a comunicação social a gravar o momento, disse que o programa do PSD para a Educação não tem ponta por onde se pegue
Agoram mandaram-no de férias para ver se não baralha ainda mais a comunicação social, a população, o PSD: diz-se e desdiz-se, é vulgar, inconveniente, despropositado e deve estar com uma valente hipertensão. Além disso, acho que está mesmo a pedir que lhe façam uma depilação brasileira.

Não pode ser: meninos assim, engenheiros civis-fiscalistas, com vozinha esganiçada, não deviam ser permitidos. Sugiro que a mãe o ponha de castigo.

Tanta parvoíce disse que arreliou toda a gente. Fecharam-no num quarto escuro há semanas e ainda lá está, não sei se alguma vez o vão tirar de lá
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E depois temos os de sempre, os bandarilheiros que para ali andam a tentar ajeitar as coisas. Mas com muita dificuldade, muita...

A vizinha aventaleira, rabalona, Miguel Relvas

E o Miguel Macedo, olhos cada vez mais esbugalhados, coitado
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E as mulheres da vida de Passos Coelho

Laura Passos Coelho, ri-se muito, acha muita graça ao papinho de anjo do maridinho, o farofinha doce, o coelho queijadinho

A diva Felícia Cabrita, a biógrafa oficial

Face a isto, meus amigos, será preciso gastar dinheiro com sondagens?! Então não basta olhar para eles para ver que isto é uma equipa ganhadora ..?

quarta-feira, maio 11, 2011

A estratégia eleitoral do PSD - Pedro Passos Coelho, Eduardo Catroga, Miguel Relvas, Diogo Leite de Campos e, como fiscalista convidado, a estrela do momento, o engenheiro civil Carlos Moedas

Há coisas cuja lógica me escapa. É certo que o Governo caiu por ter sido aberta uma crise política que teve subjacente uma crise económica e financeira. É certo que o próximo Governo vai ter como prato forte a gestão das finanças e da economia. É certo que, quem sair à liça nestes debates televisivos, deverá saber dominar estas matérias.

Mas oh senhores, será que, para andar pelos media, o PSD não arranja ninguém mais adequado do que o Dr. Catroga e o seu ajudante de campo, o engenheiro civil Carlos Moedas?

O Dr. Eduardo Catroga, emérito cidadão a caminhos dos 70 anos, tem-se revelado não um sensato e experiente economista e gestor mas um radical, impaciente, destravado, arrogante, ultra-liberal, incapaz de ouvir, incapaz de explicar calmamente, incapaz de se relacionar socialmente com os adversários políticos.

Depois temos o rapazola Moedas: esganiçado, ar de menino da mamã, irritadiço, parece que sempre à beira do amuo e do chilique, impaciente também, um menino engenheiro civil com experiência essencialmente na área imobiliária que, por ter andado um tempinho pela área de investimentos imobiliários da Golden Sachs, de repente, se viu alcandorado ao lugar de guru-fiscalista do PSD, imagine-se.

É certo que o PSD também conta com algumas figuras respeitáveis que, de vez em quando, aparecem nas televisões a dar alguma credibilidade ao partido; é certo que o PSD também conta com o apoio de alguns social-bloggers enjoados por natureza com o estilo Sócrates – mas a quase omnipresença nos media tem ficado a cargo de pessoas que causam estranheza e desagrado junto da opinião pública.

Dou exemplo dos sucessivos desastres:

+ Diogo Leite Campos, o senhor que acha que são remediados os que ganham 5.000 e tal euros líquidos por mês e que os desempregados são todos uns oportunistas,

+ Eduardo Catroga que quase parece ter uma apoplexia de cada vez que o irritam, não percebendo as contradições em que ele própro se enreda,

+ Carlos Moedas o menino marrãozinho que quase dá gritinhos porque o fazem explicar muitas vezes a mesma coisa,

+ Miguel Relvas, a vizinha anafada, com ar pretensamente blasé mas que, por não ter cara para isso, parece sempre uma comadre ressabiada a fazer de respeitável deputado e, finalmente,

+ Pedro Passos Coelho, o impreparado que, de cada vez que abre a boca, solta uma boutade suburbana com que toda a gente se entretém no dia seguinte.

* Quanto ao número 2, o ami Fernando Nobre, devem-no ter metido num quarto escuro para ver se as pessoas se esquecem dele, não vá ainda destruir mais eleitorado.


Alguém percebe esta estratégia? Com esta turma, quem é que o PSD pensa cativar? Não é possível, não é?

quinta-feira, abril 21, 2011

António Capucho divulga carta que escreveu ao PSD de Cascais em que arrasa Fernando Nobre e quem o escolheu - ou como os barões do PSD se vão rapidamente transformar em tubarões


Os tubarões não apenas têm uma poderosa mandíbula móvel como praticam frequentemente o canibalismo

Os tubarões alimentam-se geralmente de outros peixes. Contudo, quando um deles é ferido ou se encontra enfraquecido, é imediatamente devorado por outros tubarões, numa evidente prática de canibalismo.

Essa prática inicia-se, aliás, em alguns tipos de tubarões, logo antes do nascimento em que algumas crias devoram as crias ou embriões mais frágeis.

António Capucho não gostou de ser subalternizado - e o instinto de sobrevivência faz aguçar o dente ao (tu)barão

O PSD, como um partido do chamado 'arco do poder', sempre primou por um comportamento deste género. Em períodos de crise e de fraca liderança, os barões tornam-se tubarões, devorando-se uns aos outros.

É o que começa a acontecer agora. Com um líder fraquíssimo, as hostes vêem escapar-se-lhes as hipóteses de voltar ao poder e os instintos mais básicos de sobrevivência política começam a manifestar-se.

carta de António Capucho ao PSD de Cascais bem como as entrevistas em que se se tem desdobrado e em que, implicitamente, incita a que outros correlegionários tirem também publicamente o tapete a Pedro Passos Coelho é disso uma clara manifestação.

O que ele diz da putativa 2ª figura de Estado, Fernando Nobre, e a crítica arrasadora a quem alcandorou tão impreparada e sinuosa figura a este lugar, não é senão o (tu)barão a tentar devorar os espécimes fracos, tentando assim, assegurar a sua própria sobrevivência.

Mas, em relação ao DJ PPC, nem é preciso grande trabalho: ele não precisa que o comam vivo pois tem por hábito praticar a autofagia.

PPC, longínquos lhe vão parecer os dias de vitória: agora está prestes a ser devorado pelos restantes PSDs

Leia-se a carta e veja-se a inabilidade com que o Doce Jota de Massamá mexe no pote do poder: ao formar as listas para as legislativas, oferece lugares para aqui e para ali, divulgando a uns e outros o que ofereceu a este e àquele e o que reserva para si próprio.

Ora sendo que os meninos do PSD não são escuteirinhos mas sim criaturas sedentas e de dentes afiados, com larga escola em intriga política, descontentes com aquilo a que assistem, despeitados, e sentindo o partido a esvair-se conforme as sondagens hoje revelaram, não vão esperar sentados.

E, por isso, poderemos, a partir de agora, assistir a estas cenas canibalistas: a actual liderança do PSD tem o destino traçado e não vai ser uma coisa bonita de se ver.

Não tarda, quem vá assistir aos espectáculos de Filipe La Féria, arriscar-se-á a ver Pedro Passos Coelho exibindo aquilo que, ao que parece, sabe fazer: cantar (consta que foi aprovado num casting - e não estou a ironizar)


PS: Volto a este post para me referir a uma coisa patética (ou melhor: pateta) a que acabei de assistir na televisão: Pedro Passos Coelho e Srª D. Laura, sentados no sofá da sala, de mão dada, a olharem para a câmara - o futuro membro do elenco La Féria disserta sobre a saúde e a educação nas famílias e a D. Laura (não a Laura Diogo das Doce, que a ex parece que era a Fátinha) sorrindo beatificamente, deslizando o olhar entre a câmara e o esposo. Parece que é um filmezinho caseiro para a página do facebook do DJ PPC à laia de mensagem de Páscoa (e porque será que me estou a lembrar da musiquinha do José Malhoa?).

quarta-feira, abril 13, 2011

Um país de gente mentirosa, intriguista, ignorante, relapsa, doida: deve ser assim que lá fora vêem Portugal


Saem dos Conselhos de Estado e desmentem-se, insultam-se como vizinhas do beco das sardinheiras, provocam crises com base em desculpas que depois se vem a descobrir que são mentiras (mas nem as mentiras conseguem sustentar ou defender), depois vem o outro e diz que recebeu convites do partido, vem o ministro que jantou com ele e diz que não o convidou, enfim, uma longa sucessão de pequenas e parvas aldrabices: e a gente assiste a isto e só consegue pensar que são uns troca-tintas, uns trapalhões, uma gente sem nível. Isto é o ground zero da política portuguesa.

Neste momento estou a ouvir o Santana Lopes e o Fernando Rosas com a Constança Cunha e Sá na TVI 24 e dou por mim a achar que o PSL é um sujeito sensato, com algum sentido de estado. Ao que isto chegou.


Não se consegue aguentar isto.

Perante a preocupação que é o estado das finanças públicas, com os bancos a ficarem sem força nas pernas, com os alemães renitentes no apoio a Portugal, com a economia a definhar, as empresas a tremerem, com mil problemas sérios, anda esta gentinha desqualificada aqui a maçar-nos e a passar para o exterior a ideia de que isto é uma piolheira ingovernável.

Que a governação dos últimos tempos do PS foi pouco recomendável é um facto inquestionável. Mas as alternativas são inexistentes. O que se passa no PSD com este sujeito, PPC, é uma coisa do além. Isto de dizer que vai propor o Fernando Nobre para presidente da Assembleia da República revela uma ignorância, uma estupidez, uma saloice, um desrespeito pelas instituições, como não há memória: uma coisa perfeitamente inaceitável.

No meio desta barafunda que o PSD anda a armar, com caldinhos todos os dias, em que ninguém respeitável quer ingressar as listas, o Portas anda caladinho.


Enquanto isso lá por fora, gestores alemães da Ferrostaal são condenados por corrupção em Portugal (e Grécia) no processo dos submarinos.


Corromperam quem em Portugal...?

Que situação esta em que estamos. Nem consigo dizer mais nada. Isto enerva-me.

Que interlocutores capazes é que esta comissão - que está cá para ver se nos salvar - vai ter? Estamos bem entregues, estamos.

segunda-feira, abril 11, 2011

Fernando Nobre cabeça de lista do PSD por Lisboa - a sentença fatal para Pedro Passos Coelho

Eu hoje estava mesmo numa de flores. Os testes de personalidade do tipo Jungs and Briggs Myers colocam-me sempre como Doer (muito mais do que thinker ou judger - não, eu sou mesmo do tipo de fazer coisas) e, talvez por isso, porque me maravilho com flores, tal como referi no post abaixo, gostaria de fazer um Museu da Flor e era isso que me apetecia planear.

In heaven, a glicínia está numa euforia que só visto

Ou seja, não me estava nada a apetecer escrever aqui sobre a situação política portuguesa. O nível vai baixando até níveis insuportáveis e não me apetecia debruçar-me sobre tal baixeza.

Mas, quando se pensa que já se bateu no fundo, vem a realidade provar que é sempre possível descer ainda mais. E custa deixar passar em claro.

Ontem tinha escrito sobre as afirmações descabidas, desajustadas, despropositadas de Cavaco Silva dizendo que, em Bruxelas, as autoridades financeiras deveriam ter alguma imaginação no apoio interino a Portugal (what????); também tinha escrito sobre o incómodo que me causou assistir ao exagero emocional, à alienação e ao estilo apoteótico em que decorreu o congresso do PS em Matosinhos.

Mas eis que à tarde ouço que o PSD convidou para encabeçar a lista de Lisboa o Dr. Fernando Nobre. What???? Esta é demais.

Perplexa e angustiada ouço dizer que se candidata para ser o Presidente da Assembleia da República.

Mas a que propósito? Nunca foi deputado! Candidatou-se a PR pregando contra os partidos, contra a política partidária. E agora pode acontecer que o venhamos a ter como 2ª figura de Estado?

Mas o PSD ensandeceu? E esqueceram-se que ele foi candidato contra Cavaco Silva? E que, se for Presidente da Assembleia da República, terá como atribuições substituir Cavaco Silva?

Mas o que é que se passa com o DJ PPC? Não, ele não é apenas uma maria vai com as outras: é mesmo um doido e dos perigosos.

Quanto a Fernando Nobre nem consigo pronunciar-me com ponderação. Esta pessoa causa-me incómodo. Já foi membro da comissão política da candidatura de Mário Soares, já foi mandatário nacional do Bloco de Esquerda, era a favor da política independente de partidos e, na campanha para a presidência da república, revelou-se impreparado, demagogo, inconsistente, espuma e nada mais.

Parece não ter palavra, nem seguir uma linha de rumo. Dá ideia que se fartou de filantropia e que agora anda a ver no que dá.

O que dirá a Margarida Pinto Correia que, na noite das eleições, o olhava embevecida? Que dirão os puros que o apoiaram convencidos de que ele era o representante de uma nova espécie, os imaculados, os que não se deixam infectar pela tinha partidária, pela gosma do poder?

Estará o inteligente Pedro Passos Coelho convencido de que essa legião de ingénuos irá cegamente correndo atrás do adorador de galinhas? Olhe que não, olhe que não.

Galinhas em fuga - a imagem que nos ficou de Fernando Nobre

Mas quem é que, no PSD, anda a aconselhar o Doce Jota? Será o fantástico Miguel Relvas que, aliás, tem mesmo cara de guru (e anda quase sempre com gravata às bolas - talvez porque gravata às bolas é para os estarolas)? Ou será o Cabo Angel? Ou o Frasquilho da pulseirinha fatal? Quem, alguém me diz?

O que dirá Pacheco Pereira a um disparate deste calibre?!

Nem sei que mais diga sobre uma coisa destas. Talvez apenas - e desculpem a vulgaridade da analogia mas é a que me ocorre - que, tanta porcaria fazem, que dá ideia que no pipe line que vem ali  do pseudo think tank do PSD, em vez de ideias, só corre água de esgoto.

Ou seja, para abreviar razões: vão levar uma tareia nas eleições que vai dar dó. E nem será por mérito do PS, será apenas por uma estupidez política como já não havia memória, a da actual direcção do PSD.


Qual dos dois é pior? Não sei... venha o diabo e escolha


Tenho pena mas, com esta de hoje, les jeux sont faits: cá para mim o PSD vai perder estas eleições e o DJ PPC vai à vida logo a seguir.

Isso em si não é preocupante. O que é preocupante é que Portugal tem que ser gerido e tem que haver quem articule as imposições do FMI com a realidade portuguesa e isso não é compaginável com um parlamento desagregado, com uma oposição sem liderança, com multidões na rua.

Olhem, meus caros, não me parece que haja alternativa: por isso, de novo, Watson ao poder, já!

domingo, janeiro 23, 2011

Cavaco Silva: mais do mesmo. E o rescaldo e os festejos de uma eleição.

Neste momento em que é certo que Aníbal Cavaco Siva foi reeleito e que, na televisão, o vejo ressabiado, quase vingativo, quase desagradável, a agradecer a vitória a todos, mas em especial à sua senhora (a quem ele sustenta, como fez questão de dizer durante a campanha eleitoral), anunciando um segundo mandato sem chama, sem uma ideia que revele algum sentido de modernidade, não tenho para já mais nada a dizer senão que tenho pena que não tenha aparecido um candidato capaz de mobilizar a população.

Uma abstenção enorme - que mostra bem o desinteresse e o desapontamento que as pessoas sentem perante tão triste panorama - é, para mim, o dado mais marcante destas eleições.

Um centro/esquerda pulverizado por vários candidatos que, em conjunto, se uniram (ainda que sem o combinarem - porque não são suficientemente hábeis nem para isso) para dizer mal do Governo, deu nisto. Por ausência de alternativa, Cavaco, no seu provincianismo, falta de sentido de democracia, arrogante e com um historial recente (relativo a investimentos e a amizades) muito pouco abonatório, lá conseguiu ganhar. À tangente mas ganhou.

Manuel Alegre e Louçã (a cara num esgar) mostraram há pouco que estão a saborear o sabor amargo da derrota em toda a linha, enquanto Fernando Nobre feliz, rejubilante, com a Margarida Pinto Correia atrás, completamente babada, deliciada e embeiçada, Luís Osório, o Luís Represas e outros festejaram não percebi o quê.

Os confundidos senhores cinzentos do PCP lá apareceram a fazer o número do costume, certamente felizes por terem garantido mais 5 anos de Cavaco em Belém. Dá-lhes sempre muito jeitinho ter um adversário para garantirem que têm clientela nas manifestações e greve.

Bem, apesar de tudo, estiveram Defensor de Moura e o impagável contra-poder Coelho que conseguiu um inimaginável resultado na Madeira, quase 40%. Mostraram realismo no que disseram e foram dignos nas suas conclusões.

(Ouvi censurar Defensor de Moura porque não deu os parabéns ao vencedor e relembrou as acusações feitas durante a campanha. Mas para que havia ele de ser hipócrita? Para ser politicamente correcto?)

Mas, em síntese: 'um fraco rei faz fraca a forte gente' e com este fraco nível político não admira que o País esteja como está.

No entanto, como tristezas não pagam dívidas, aqui vos deixo um filme de festejos de eleições. Já há tempos aqui o coloquei e hoje a ele retomo. Não tem nada a ver com o  reeleito e requentado Presidente da República, até porque trata de eleições para primeiro-ministro. Lamento, pois, mas não tenho para vos mostrar as comemorações de Cavaco Silva: não é Aníbal e Nunes Liberato que aqui aparecem felizes e festejantes. Nada a ver. Apenas um filmezinho para nos divertirmos. Little Britain, com Sebastian and the Prime Minister.




PS: Inadmissível e desmazelada a questão dos cadernos eleitorais, das mesas de voto. Não dá para entender.

sexta-feira, janeiro 21, 2011

O Any Avoila, o Bardo, o Fantástico Coelho, o AMI, o João Semana, o Pipi Cagão - e a falta que fez o Coração de Atum Candidato Vieira


Análise profunda sobre a prestação dos candidatos na campanha para as eleições presidenciais

(A ordem é aleatória)


Cavaco Silva, o Presidente da República em funções, hoje, uma vez mais, tirou o tapete ao Governo e lançou mais uma, que 'o corte nos ordenados era escusado, que bastava aumentar os impostos aos ricos'. Desleal, desleal, desleal.´Que coisa mais feia. 

A Any Avoila parece uma gaiteira maluca, diz-se e desdiz-se, lança intrigas, diz parvoíces, põe-se aos saltos no meio da rua como uma histérica, e depois tenta sair de fininho.

Mas agora, no Coliseu, Cavaco já estava outro, que 'nunca disse mal de ninguém', que só ele pode aguentar os tempos difíceis, de neto ao colo, com a 'minha senhora' ao seu lado, a teúda e manteúda D. Maria.

Tão cínico, senhor Presidente. Tão desagradável. E o desconforto que, com as suas dangereuses liaisons e este populismo bacoco, tem causado ao PSD mais cosmopolita, mais politizado...?

Cavaco Silva, um homem que, nestas eleições,  revelou à saciedade o seu lado negro

Depois temos o Bardo, rosto bom para retratar, voz cheia, um idealista preso à memória da resistência, típico revolucionário inquieto, nostálgico das crises académicas coimbrãs, que grita que é um homem livre, que não é refém de ninguém e se inflama com a sua própria voz, que, em crescendo, vai gritando pela liberdade, pela independência. Entalado entre o Bloco de Esquerda, feroz opositor do PS, e o PS com quem vem mantendo uma relação ambígua, Alegre andou com uma permanente saia justa. Não dá para entender como se meteu nesta contradição dos termos.

Manuel Alegre tem ao seu lado uma bonita mulher, Mafalda, sóbria, serena e, nesta campanha, tenho apreciado a sua presença... e pouco mais que isso.

Mafalda e Manuel Alegre, um bonito casal

E o divertido Coelho, o mais inovador, mais criativo, mais irreverente? Farto-me de rir com ele. Hoje andava de coelho ao colo, gozando que nem um perdido com a casa da Quinta da Coelha, com o gang do BPN, com os amigos de Cavaco. No outro dia andava à porta do CDS com um submarino debaixo do braço, a provocar o Paulo Portas. O fulano tem sentido de humor e uma descontração que me agrada.

Coelho ao Poleiro - Basta de Pastéis: Coelho a Belém

Temos também Fernando Nobre. É-me indiferente. Acho que não sabe bem o que é ser Presidente da República, acho que pensa que organizar uma missão em local de catástrofe é CV suficiente para o habilitar às funções a que se candidata. É o congregador do contra-poder, dos intelectuais e artistas descontentes, dos católicos que acham que 'ainda há esperança', dos bem-intencionados que andam de causa em causa, flutuando em torno de quem se apresente contra o regime, que tenha uma certa aura e, não menos importante, que tenha bom ar.

Fernando Nobre, uma pessoa simpática que se meteu nisto não se percebe bem porquê
Temos também um senhor que me foi simpático, um homem que parece sério, médico de província, um político à antiga, bem formado, com exepriência autárquica, deputado da República, com um discurso simples, directo, um homem muito firme, afável. Claro que não tem qualquer hipótese mas gostei dele e gostei também da simpática mulher que o acompanhou toda a campanha, um sorriso simples e franco.

Defensor Moura, a segunda surpresa nesta campanha. Uma forma diferente de estar na política.

Falta o Senhor Lopes, um senhor cinzento que o PCP retirou do armazém de senhores cinzentos. Este tem a particularidade de ter uns olhinhos pequeninos, piscaretas, não sei se raiados de encarnado ou apenas muito brilhantes. Faz-me lembrar os olhinhos dos peixes pouco frescos. De pessoas com olhinhos assim, diz-se que têm olhinhos de pipi cagão. Por isso, para mim, quando o vejo, mentalmente penso, 'olha cá está o Xixo Pipi-Cagão'. Mas isto dos olhinhos pequeninos e encarnados, em si, não é grave. Disso, a gente apenas pode concluir que o Xico Lopes já não é fresco. O pior é o resto. O pior é ele ser o PCP no seu pior, a irracionalidade, o autismo, a demagogia, a falta de seriedade.

Pois, não é que o Senhor Pipi-Cagão, em Almada, com a quase mumificada no lugar Maria Emília de Sousa, hoje apelou ao 'voto contra quem vos baixa os salários', 'contra quem vos aumenta os impostos'?

Ou seja, numa campanha para a Presidência da República, este par de jarras apela ao voto contra o Governo?

Mas será que ainda não perceberam para que é que são esta eleições?


Francisco Lopes, sem ofensa o Pipi-Cagão do PCP
Será possível que o núcleo pensador do comité central do PCP não percebeu que, com este discurso contra o governo, de forma demagógica e mentalmente desonesta, está a polarizar o descontentamento das pessoas contra o governo e que, na hora de votar, os descontentes vão votar não no Pipi-Cagão (que ninguém conhece) mas, sim, no mais comunista desta campanha, o 'Aníbal Cavaco, sempre, sempre ao lado do povo'?

O que é que o PCP ganha com ter lançado este Sr. Lopes? Não dá para perceber. Fazem sempre esta espartalhice-saloia e, ao fim destes anos todos, ainda não perceberam que não leva a coisíssima nenhuma?

E será que estes senhores cinzentos e naftalinados do PCP não conseguem perceber que, com demagogias ocas e discursos mil vezes rebobinados, já ninguém os ouve?

[Por exemplo, aquele rapaz que nasceu velho não percebe isso? A única coisa que no Bernardino Soares teria graça seria se, qual Benjamin Button, agora começasse a rejuvenescer, a perder aquele ar de sexagenário precoce, de maçador encartado.]

Que falta que nos fez, nesta campanha, o Manuel João, o insubstituível Candidato Vieira...!

Nesta triste campanha, nenhum dos candidatos se dedicou aos assuntos profundos da Nação. Ele, ao menos, prometia fazê-lo

PS: Não seria engraçado se Any não ganhasse a 1ª volta?