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segunda-feira, novembro 19, 2018

Um vestido by Banksy


Só para dizer que o meu dia não teve nada de nada a ver com a fotografia que escolhi para o ilustrar e que está lá mais abaixo. Só talvez o céu estivesse parecido: pesado, carregado. Tirando isso, zero. Não andei por terras escalavradas, não passei perto de nenhuma árvore derreada e desfolhada. Nem usei vestido, muito menos de verão. Nem estive aluada, zombie nem sou tão magrelinhas. Aliás, apenas escolhi a fotografia porque sim.

Mas bora lá com uma musiquinha. 
Gosto de escrever embalada por uma música que esteja in the same mood que eu.

Que entre Norah Jones com o seu Wintertime.


Tive o pessoalzinho cá em casa e se há coisa de que goste é de os ter cá. Fico feliz da vida. Bem podem fazer barulho, jogar à bola, jogar às lutas -- que não me faz diferença. Gosto de os ter cá e gosto de ver como ficam felizes quando estão juntos. Ainda tentei que o meu marido pendurasse luzinhas a piscar no varão do cortinado da copa, onde almoçámos. Não quis, diz que não é maluco para em Novembro já estar a pôr iluminações de natal. Mas, lá está. Estamos todos carregadinhos de ortodoxias. Porque é que luzinhas pequeninas, ledezinhos amarelinhos, hão-de ser de Natal? - podem ser, simplesmente, luzinhas que dão bom ambiente à casa. Mas não quis. Pronto, também não vale a pena a gente ficar contrariada por isso. Mas não quero saber: dei um pai-natal pequenino de chocolate a cada um. A minha filha admirou-se: 'Mas então... afinal...?' ao que esclareci que eu tinha dito que andava a esforçar-me por deixar que o espírito natalício descesse em mim. Não vejo a hora de ter um pai natal a trepar para o tecto com luzinhas na escadinha, aquele pai natal que, quando cá apareceu, deixou o pessoal maluco por nos ver a alinhar em piroseiras e chinesices. .

Quando saíram, fomos dar um passeio à beira-rio. Uma maravilha. Muito tranquilo. Pouca gente. O rio muito bonito, um azul claro platinado, igual ao céu que anoitecia. Aliás, à volta, já tinha mesmo anoitecido e o rio começava a iluminar-se com as luzes do cais e da cidade. Gosto de andar à beira-rio quando o lusco-fusco vai escurecendo, envolto em névoa.

A seguir, ao chegarmos a casa, fiz uma máquina de roupa, uma panela de sopa e cozi ovos para os nossos pequenos-almoços. Não foi preciso fazer nada mais pois sobrou cozido do almoço.

Agora que aqui estou, já estive a ver as fotografias, já escolhi a toilette de amanhã, já arrumei roupa, já pintei as unhas.

E o pior é que, apesar da hora que é, me está a dar uma soneira para a qual não há explicação. Se fosse mais cedo ia ali para o cadeirão de relax e seria tiro e queda mas já são é horas de jantar, não de fazer a sesta.

A verdade é que até me está a custar estar de olhos abertos. Na volta foi por isso que escolhi esta fotografia.


Ah, sim, acho que a guilhotina do Banksy fez das dele aqui com o vestido da sleeping lady. E, como se vê, não dá jeiteira nenhuma pois as ripas de tecido ensarilharam-se nos ramos secos da árvore. Mas nada que lhe tenha tirado o sono. É como eu: nada me tira o sono. 

E, para já, é isto. Se calhar vou jantar. Ou, então, vou encostar a cabeça e descansar durante uns minutos. 

Mas ainda cá volto. Acho eu -- que isto do tapete é vício da pesada. Uma pessoa fica agarrada a sério.

Ah, outra vez sim, deixem que vos mostre os ramos de uma árvore agora ao anoitecer, iluminado por um candeeiro de rua. Achei bonito.


sábado, novembro 17, 2018

Fartinha, fartinha de aturar cenas do futebol (e-toupeiras e-vieiras, brunos e mustafás), ou de ouvir falar do iva civilizacional das touradas ou de ver casais à primeira vista com homens psicopáticos e mulheres maçadélicas... vou mas é fugir para as montanhas


O Bruno a rezar à janela e a sair da cadeia da polícia um homem novo, todo ele com um apaziguado olhar, um olhar novo, nem sei se até com um andar novo. Parece que dali vai direitinho para um mosteiro. O Mustafá a sair a cuspir chispas e fúrias, dentes já afastados para a labareda ser cuspida mais a preceito. Os comentadeiros rapidamente a fazerem a agulha das toupeiras para as ratazanas. E a May a fazer o pino na ponta da penca enquanto dança o samba de um ministro só. E o iva das touradas, esse tema fracturante, determinante, decisivo para o futuro do país. E o Daniel que parece psicopata e o Hugo que parece alucinado e o José Luís que se depila e a Graça que não são conforma por ele não dar uso à pila. Um tédio. Não encontro nada que me prenda na televisão, tudo me faz ficar a modos que impaciente.
É certo que tenho andado a esforçar-me e o post abaixo, escrito sob influência do Santa, é bem prova disso. Mas ainda tenho um longo caminho a percorrer. Ainda me falta muita paciênciazinha. 
Entretanto, enquanto não me atiro ao tapete, resolvi fazer zapping e, depois de novelas e futebóis e discussões sobre temas absurdos, fui parar a um programa bombástico. É na Sic Radical e uma menina alemã vai escolher um parceiro a partir da apreciação de candidatos nus. Parece-me uma boa opção. Em abstracto. Estive a olhar com atenção a ver qual é que eu escolheria. Decisivamente não um que tinha um piercing onde não lembra ao diabo.
Bem, confesso. Também não teve grande graça. Ou se depilavam ou eram esquisitos. O primeiro que ela despachou era uma coisa estranha. Na volta os outros também seriam. Ná. Nem pensar.
Portanto, fiz zapping outra vez. Expresso da Meia-Noite: jornalistas a cavaquearem com jornalistas, armados em entendidos, donos da verdade, ar superior. Mas superiores a quem, caneco? Não se enxergam. E é que nem ponta de graça. Aposto que nem piercing nem tatuagem têm. Só a Marina, ali, é que dizia coisas minimamente acertadas mas, ainda assim, tudo muito previsível, tudo déjà-vu. Uma seca. Uma tourada. Uma coisa com um i-valor acrescentado inspiracional pequenino, pequenino.

Portanto, pensando melhor, vou mas é esquecer a televisão e ou faço tapetes ou vou para as montanhas. É que farta, farta, fartinha de lérias banais e fúteis. Sou pessoa de altas filosofias, de pensamentos da fundura. Mas só me aparecem rasteirices, gentinhas, coisinhas. Fartinha disso. Tão fartinha que até as calças se me escorrem anca abaixo.


[E vou já avisando que isto pode não ficar por aqui]

E queiram fazer o favor de ir ver as boas ideias que a Santa UJM vos trouxe no post abaixo.