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sexta-feira, outubro 29, 2021

Ó pr'a ele todo armado em 1º ministro, todo prosa, todo bicos dos pés.
Upa lá-lá.
'Tá aí pr'a levar tudo à frente. Cuidado com ele...

 

Nas várias pessoas com quem hoje falei, a estupefacção e a irritação contra o PCP e o Bloco são generalizadas. Ninguém percebe, ninguém aceita. 

A minha mãe, então, estava quase fora de si. Gente mais parva, concluía ela. Dei-lhe razão. Sobre o Bloco, ainda tentou desculpabilizar o todo, concentrando num só elemento a fonte de todo o mal: aquilo é tudo coisa daquele urubu, sempre de preto. Aí não lhe dei totalmente razão. Não sei se só é do urubu. Acho que também é da parrachita (como no outro dia ouvi chamar-lhe), talvez também do pérfido cardeal ou de toda aquela conjugação de ismos azedos, requentados, fora de prazo. O que sei é que de uma coisa podemos agora estar certos: aquilo é gente que não pensa.

Isto do lado das esquerdas reunidas (reunidas entre si & com a direita & com o Chega à mistura -- não nos esqueçamos). Quanto às direitas, o que se conclui é que reina o forrobodó. Guincham pela perspectiva do poder como histriónicas e impacientes gatas com cio. 

Desforrando-me de não ter televisão (ainda não tenho!), ao vir para casa ao fim do dia, vinha ouvindo as notícias. 

O PSD em efervescência. O Rangel, todo ele insuflado com a oportunidade que lhe puseram ao colo, com a voz em ebulição e já a querer dar-se ares de importante, enchia o peito de ar para dizer que tinha convidado o Professor Poiares e que o Professor Poiares tinha aceitado e que o Professor Poiares e ele próprio tinham convidado o distinto Professor Alexandre e que o distinto professor Alexandre tinha aceitado fazerem parte da equipa que vai fazer o programa. Muito jogo. Ganda Rangel. E acrescentou que, muita atenção, estas eleições não são para líder da oposição mas para primeiro-ministro. E todo ele, ao falar, se mostrava num verdadeiro frenesim imaginando-se primeiro-ministro. Um primeiro ministro que leva tudo à frente. Upa lá-lá. Cuidado com ele.

E, na euforia (e na ausência de substrato próprio), está a desenterrar toda a tralha passista para lhe fazerem uma cadeirinha e o levarem ao colo às eleições. 

Será uma coisa mais fofa de se ver. 

Já nem quer saber do Rio para nada. Na sua cabeça desfraldada, o PSD já é todo dele. E fala de datas, põe e dispõe, analisa na perspectiva disto e na perspectiva daquilo, todo ele teoria, uma coisa mesmo engraçada de se ver. 

E depois ainda há quem diga que não se espere ver uma galinha a trepar às árvores. Ai não que não. A cacarejante aí anda provando que pode tudo: trepar às árvores, nadar à cão, ir ao Daniel e, armado em pr'a frentex e fracturante, assumir-se, convidar professores e, pasme-se, até distribuir jogo em Belém.

Quanto ao CDS, enquanto o puto Chicão se reúne com o alpacas Rio, o Pintas Melo anda a ver se adia ou se antecipa eleições, já nem sei (nem interessa para nada). Nos áureos tempos em que Madame Cristas da Coxa Grossa fazia poses extraordinárias em São Pedro de Alcântara mostrando-se coberta de kiwis, ainda havia assunto de que se falasse no CDS. 


Agora com o puto Chicão, que tem medo de qualquer pum mais estrepitoso ficando de olhinhos esbugalhados a ver se percebe quem o deu, e que tem conseguido a proeza de reduzir o partido a raspas, já ninguém lhes liga patavina.

No meio disto não sei que ideias levitam na cabeça do exuberante Marcelo mas que ele ajudou à festa, lá isso ajudou. Portanto, agora que desembrulhe a crise que ajudou a criar ao dar corda a quem só a sabe usar de forma perigosa para si e para os outros. Se o seu primeiro mandato foi o dos omnipresentes beijinhos a ver vamos se o segundo não será o das permanentes macacadas.

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Como é bom de ver, a imagem do Upa lá-lá Rangel provem do saudoso We have kaos in the garden.

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E até já

segunda-feira, outubro 07, 2019

Primeiras impressões sobre as Legislativas 2019:
sobre a Cristas e sobre o CDS, sobre o PAN, sobre a Joacine Katar Moreira como possível deputada e sobre a quebra do PCP.
E sobre a inutilidade das campanhas eleitorais.


Obviamente os portugueses passam bem sem a campanha eleitoral. É um período de ruído a todos os níveis. Dá ideia que naquilo de in vino veritas deveria substituir-se o vinho por campanha eleitoral pois, quando chega o período eleitoral, parece que o pior de cada um aparece à vista: a veia populista e hipócrita de uns, o défice de carácter de outros, a vacuidade indisfarçável de aqueloutros. Mas, mesmo isso, parece não afectar o sentido de voto dos eleitores. Aparentemente a opinião das pessoas forma-se observando a governação de quem está no poder e a oposição dos demais.

Ainda bem.

Mas isto deveria ser motivo de reflexão para as próximas eleições. 

Quanto ao que se antevê face aos resultados, as minhas primeiras observações são estas:

1 - Os portugueses não estão nem aí para o CDS e, notoriamente, não vão à bola com a Cristas. Antevejo que vá de vez cuidar do cabelo, mudar de guarda-roupa recorrendo a toilettes de contrafacção, em especial, indo abastecer-se a feiras onde predomina a ciganada (e, obviamente, a terminologia é do próprio CDS), quiçá até dar banho ao cão.

Não vai recandidatar-se e não faz senão bem. Ninguém tem paciência para os seus disparates e, para dizer a verdade, também não se percebe qual é a do CDS.

Anunciou que vai bazar e bazou mesmo, adeusinho por aqui me desbaldo e aí vai ela de braço dado com o marido.

2 - Parece que o PAN vai ter mais do que 1 deputado, quiçá 3 a 5. E eu, que estava convencida de que as pessoas que tinham dado a cara como candidatos eram figurantes, interrogo-me sobre o que fará o PAN, se a esta hora estão a deitar contas à vida a ver onde irão arrebanhar alguém que possa ir para o Parlamento e não fazer má figura. Mas, aviso desde já, isto é o meu desconhecimento a falar pois não tenho acompanhado a vida dos panistas.

3 - Também pode acontecer que Joacine Katar Moreira vá a deputada. Tenho simpatia pelo Livre e, ao ver a entrevista com a Joacine fiquei com simpatia por ela. Mas a simpatia que tenho é porque acho que é boa gente, bem intencionada. Não sei se acrescentam alguma coisa mas pode ser que sim, que tenham uma visão 'limpa' sobre o mundo.

Agora uma coisa antevejo eu caso a Joacine vá a deputada: vamos ter vídeos bem dispostos de cada vez que ela intervenha. Tempos épicos podem estar a caminho.

4 - Se acontecer o resultado que se antevê para o PCP, já o disse e volto a dizer: tenho pena. Nunca votei no PCP para as legislativas ou para as europeias (apenas, por vezes, nas autárquicas) e não consigo identificar-me com a sua raiz ideológica. Deveriam ter sabido reinventar-se. Deviam manter os nobres ideais mas perceber que os trabalhadores de hoje já não são exactamente o proletariado de antanho nem os papões de hoje são os mesmos do século passado.

Acho, contudo, que é gente honrada, honesta e, talvez por isso e talvez por não ter largado a pele do passado vestindo a dos tempos de hoje, viram-se ultrapassados pelo Bloco. E isso, devo dizer, acho que não apenas é injusto para o PCP como pode ser um factor de desestabilização no país e uma porta aberta a um populismo mais despudorado.

De qualquer maneira, Jerónimo, com o aquele seu fabuloso rosto esculpido pelo tempo, assumindo que o resultado é penosamente fraco, com a sua dignidade habitual, já traçou qual o seu caderno de encargos e promete manter a guarda na defesa dos trabalhadores. É um lutador que não verga a coluna. Merece respeito.

  • Quanto ao PSD e ao PS preciso de ter dados mais concretos para me pronunciar. 

sexta-feira, outubro 04, 2019

No restolho da campanha
-- E Freitas do Amaral que não faz parte desta história --


Volta e meia coincide eu ir no carro e estar a dar um resumo da campanha. No outro dia, uma senhora dizia que, salvo erro, da Venezuela lhe tinham cortado parte da reforma ao que Catarina Martins se insurgia, que não estava certo, que devia receber a reforma por inteiro. E não sei se foi essa senhora, se outra, que lhe disse que ela lhe fazia lembrar a Princesa Diana. E a Catarina, em vez de dizer 'cruzes, canhoto, ó mulher vire essa boca mas é pra lá que não quero ter o fim triste que ela teve', fez um sonzinho enaltecido, acreditando-se já a princesa do povo, rainha dos corações. 

E isto foi o que registei na memória em vários dias.

Não, peço desculpa, registei também outra coisa: o Negrão, o tal puro que usou assinaturas de pessoas sem lhes pedir autorização, a dizer que o parlamento ia ficar cego, surdo e mudo durante a campanha por não ter sido aprovado uma reunião deles na sexta-feira para debaterem se o ministro sabia se não sabia.
E eu, ao ouvir aquela conversa desesperada, só me lembrei daquele jingle da TSF em que se ouve o dito líder da bancada do PSD, voz trémula, lançando um lancinante 'o senhor tem pelos no coração...!' ao Costa. É que, quando ouço aquele grito de dor, só me ocorre que ainda bem que foi ele e não Catroga que assim se manifestou.  
Logo a seguir, ouvi o Rio a dizer a propósito da conversa do seu líder: não morre ninguém por causa disso. E, ali no carro, sozinha, no meio do trânsito, desatei a rir. Cego, surdo e mudo, na volta também com pelos púbicos no coração mas, vá lá, morrer não morre. Menos mal.

Mas, portanto, da campanha, que me lembre, não registei mais nada.

Volta e meia, entre um e outro zapping, vi peixeiras ou mulheres no mercado ou na rua a convidarem candidatos para o quarto ou a dizerem brejeirices que deixam os pobres homens encabulados. Uma, sorrisinho malicioso no canto da boca, dizia para o candidato pôr a bandeira direita e perguntava se ele já não conseguia endireitar o pau. Geralmente, nestas ocasiões, o meu marido diz: 'Eu bem digo: as mulheres são muito piores que os homens'.
E eu, ao agora escrever isto, lembrei-me do comentário do Onirocrata e estou aqui a pensar que ele, o Ony, deveria fundar um #MeToo_Y para os homens com razão de queixa das mulheres, ou seja, para quase todos. É que as mulheres, essas malucas, são um perigo: umas deixam-se agredir física e psicologicamente pelos homens e outras apalpam-nos e fazem de tudo para desviá-los por maus caminhos. Um perigo, as mulheres. Tadinhos dos serzinhos do cromossoma y, sempre vítimas delaX.
Quanto a debates também não posso pronunciar-me pois tenho ideia que só vi um, o dos quatro contra o Costa. E entrevistas, assim de repente, acho que só o Ricardo Araújo Pereira com a Joacicine do Livre.

Mas até pode acontecer que tenha visto ou ouvido mais. Mas não me lembro, não ficou cá nada.

Para mim, estas campanhas são uma indigência intelectual, um desperdício político, uma canseira para os candidatos que andam em tournée, uma perfeita inutilidade para todos. Salvo quaisquer excepções de que agora não me lembro -- e nas tintas se alguém aí, Martin incluído, acha que o digo por sectarismo -- mas, na realidade, do pouco que vi e ouvi, foi o que constatei: acho que só o PS se limitou a dizer quais as suas intenções. O resto andou todo a malhar no PS: só chicana, maledicência, intrigalhadas, quadrilhices. Não me assiste. Ainda se essa grande figura da política nacional não tivesse desistido... Agora, com o grande Castelo Branco fora de combate, foi basicamente mais do mesmo. Sem graça. Sem conteúdo.

Não sei como é nos outros países. Nestas coisas acho que não vale a pena inventar a roda. Chama-se a isso fazer benchmarking. Gostaria, pois, de saber como fazem em países onde a democracia já leva mais anos de estrada. Não acredito que, em locais onde a malta é civilizada há mais tempo, os políticos andem em feiras a gritar 'toda a ciganada a votar no CDS', a insultarem-se, a lançarem suspeitas, a avacalharem a conversa ou a prometerem amanhãs que cantam mesmo que seja em Caracas. Ou a perguntarem o nome dos cães. Acredito que há maneiras evoluídas de mostrar aos eleitores quais as suas ideias sem ter que poluir o ambiente nem abalar a sanidade mental dos mais incautos.

Ah, é verdade, lembrei-me ainda de mais outra: aquela tal do Rio que num dia até prendia jornalistas por alimentarem a Justiça de tabacaria e, no dia seguinte, já esquecido do seu ponto de honra, os chamou para lançar a acusação contra um inocente (relembro: até prova em contrário toda a gente é inocente), fazendo o julgamento na praça pública do ministro Azeredo e do Costa. O mesmo Rio que, não tendo a malta toda desatado a apedrejar a mulher do Costa (sim, porque se o ministro sabia, o Costa claro que sabia e, logo, a mulher também tinha que saber), inventou outra: a de que o Centeno deveria receber uma aula do Sarmento, o ministro das finanças que o Rio já nomeou não se sabe bem para quê. Claro que o Centeno, que tem os dedos de testa que faltam ao Alpakas, o mandou dar banho ao cão.

E eu, que não sabia quem era esse tal génio da batata frita, o Joaquim Sarmento, resolvi googlá-lo, para lhe tirar a pinta. E tirei mas não me alongo. Hoje estou em dia bom: a santinha desceu em mim com o regaço a transbordar de caridade. Mas uma coisa eu tenho mesmo que dizer. É que, olhando o dito Quim, achei que o senhor até pode ser bom a dar aulas sobre a contabilidade das laranjas mas uma coisa ele não sabe: que as mangas das camisas do homem não devem ter vinco.

Tirando isso, noves fora nada, alekui-alekuá, xiripitatá-tatá. Urra. Urra.

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Hesitei. Freitas do Amaral merecia estar em melhor companhia aqui no Um Jeito Manso. Ou sozinho, num post apenas a ele dedicado. Mas, tudo sopesado, acho que estará bem aqui. A demonstração pelo absurdo é um método tão bom quanto qualquer outro. De um lado a Cristas, o Rio, a Catarina, o Ventura e etc e, do outro, ele.

Nunca votei em Freitas do Amaral nem sequer, em seu original tempo, alguma vez senti simpatia política pelas suas ideias. Depois, aos poucos fui adoçando a opinião. Fui achando que, independentemente das suas ideias, era um senhor, era uma pessoa respeitadora e digna. E comecei a sentir simpatia. Não propriamente pelas suas ideias que não me pareciam muito definidas mas por ele. Ou fui eu que ganhei maturidade ou tolerância ou foi ele que se chegou ao lado gauche da vida, seja lá o que isso quiser dizer.


Foi-se e eu, ao ouvir a notícia, senti pena. No outro dia, quando ia no carro com a minha mãe, passámos por uma casa que deve ter sido bonita e que está, há muitos anos, abandonada, cada vez mais degradada. Contou-me que era de dois irmãos, ambos sem herdeiros. Foram para uma residência, a casa ficou ao abandono. Agora que morreram ainda mais ao abandono ficou. Assim o CDS, uma casa que, percebi mas tarde, nasceu inteira, digna. Havia o Freitas e o Adelino. Gente inteligente, íntegra. Foi-se um, de uma maneira traumática, depois saiu outro. E o partido nunca mais foi o mesmo. Monteiro, Portas -- e, agora, descambou de vez com a Cristas. Agora que Freitas morreu, acaba a memória do CDS. Ficará ao abandono até que alguém o deite abaixo.

Mas Freitas do Amaral sobreviver-lhe-á -- quer através da obra que deixou, quer através da memória de coragem, dignidade e elevação na política que dele ficou.

Se há um panteão da memória da democracia portuguesa, de uma coisa podemos nós estar certos: Mário Soares está lá de braços abertos para receber o amigo.


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segunda-feira, setembro 30, 2019

Read my lips: a Catarina Martins é uma populista. Muito cuidado com ela.


Tenho a televisão ligada na RTP 1 e estão a passar imagens da campanha. 

A Cristas, com o seu séquito a reboque, anda pelas feiras e mercados e não sei se hoje algum militante do CDS terá dito o que disse no outro dia, que quer toda a ciganada a votar no PS. Aquela mulher não pode ser levada a sério. É alarmista, é desbocada, é despropositada, o pé está sempre a pedir-lhe chinelo. Desagradável.

Não vi nada no PSD. Não sei se o Rio estará a ver para que lado há-de aparecer virado na próxima aparição ou em que costas há-de espetar mais um punhado de facas ou se fui eu que estive distraída e não os vi em campanha. 

Vi o Jerónimo, digno como sempre, inteligente, com um discurso conciliador, civilizado. Posso não me identificar com a ideologia que têm no ADN mas reconheço no PCP um registo de parceria fiável. Já o disse e volto a dizer. Jerónimo de Sousa é um senhor. E só não escrevo senhor com maiúscula porque, apesar de simpatizar com ele, acho que também não é caso para o equiparar a Deus Nosso Senhor.

Vi o PS e estavam em Matosinhos, num espaço enorme, cheio de gente. Prestei relativa atenção ao Augusto Santos Silva e uma vez mais pensei que, apesar de ser uma pessoa inteligente, culta e de ser dono de um espírito suculentamente irónico, não faz bem o meu género. Ele gosta de uma boa polémica e de a agarrar com truculência. Seria uma boa pessoa para duelos aparatosos, supimpamente relatados por quem bem manejasse a pena. Só que os adversários de hoje não são gente de ir à luta de peito feito, são gente de falinha mansa, mamar doce. Por isso, não sei se o estilo Augusto Santos Silva terá a eficácia necessária.

E isso leva-me ao Bloco de Esquerda. Farejo perigo quando pressinto um populista. E esta Catarina tornou-se um concentrado de populismo. O que ela diz, naquela sua voz suave e bem cadenciada, é música para os ouvidos de quem a ouve. Se está numa terra em que fecharam serviços, ela diz que os quer abrir. Se for a um sítio em que a população tem rendimentos baixos, ela fala do apoio que o governo deu aos bancos. É como se uma foice tivesse cegado toda a compreensão económica e todo o sentido de responsabilidade que alguma vez pudesse ter tido e a única coisa que agora valesse fosse a palavra que cai bem. Se me vierem dizer que a reforma vai passar a ser aos cinquenta e que quem trabalhar mais do que isso receberá uma bonificação por cada ano a mais e se eu não fosse pessoa razoavelmente informada, se calhar também ficava cativada e me bandeasse para o lado dela. E o receio é este: que os menos informados caiam na esparrela das palavras ilusórias.

Além disso, tem mostrado ser desleal, uma pessoa que mostra querer o poder a todo o custo. Não era assim, ela. Dá ideia que lhe subiu o poder à cabeça. Ela e o Bloco a reboque dela. Tentam agarrar qualquer pessoa, até apelam ao voto nos descontentes do CDS (como, no outro dia, em Viana do Castelo). Ouço-os e fico arrepiada. Tomara que as pessoas percebam a tempo e lhes mostrem que em política não vale tudo. Este não é o Bloco do João Semedo. Nem o do Miguel Portas. Esta é uma degeneração, uma deriva populista. Já não são de esquerda nem de direita, são, simplesmente, populistas.

Aliás, estou em crer que um dos males do mundo e uma das maiores ameaças ao desenvolvimento sustentável e harmonioso dos países é a chaga do populismo.

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Entretanto, começou a entrevista ao Costa, na sede do PS, e a sua segurança e maturidade, a sua visão equilibrada e humanista e o seu vasto conhecimento da realidade nas suas diversas vertentes, confirmam porque é que vou votar no PS. Além do mais, pelos frutos os conhecemos.

terça-feira, setembro 24, 2019

No debate da RTP, a Catarina Martins perdeu uma boa oportunidade de estar calada.
Resolveu lavar roupa suja em público mas acabou por ter que pegar na sua própria roupa, fazer a trouxa e ficar com ela à frente da sua cara.
[E, de caminho, uma palavrinha a propósito sobre Jerónimo, sobre Rui Rio, sobre a Cristas e sobre o André.
E, claro, sobre o Costa]


Acabo de ver mais uma má jogada da Catarina no debate que está a passar na RTP 1. Resolveu armar peixeirada, atirar-se ao Costa da forma traiçoeira e deselegante e acabou por levar uma lição dele. Ficou mal, mal, mal na fotografia, esta Catarina. Acha que vale tudo, que os golpes de teatro são sempre eficazes e, afinal, ao ir longe demais, ao exagerar na forma e no conteúdo, estatelou-se a ao comprido. E, depois de levar uma valente e justa ensaboadela do Costa, em vez de enfiar o barrete e ficar caladinha, voltou à carga com uma regateirice que não lembra ao diabo. E agora, no final, vendo que a peixeirada lhe saíu mal, voltou ao tom da boa menina, de amiguinha do PS, de sonsa. Uma artista, em plena actuação. Para ela, a política é um palco e quer é receber palmas.
Não sei se há muita gente a ver o debate ou se há ainda gente oscilante quanto ao sentido de voto, mas, se houver, é bem capaz de a brincadeira lhe sair cara, é bem capaz de esta sua actuação, por mostrá-la como uma artista com défice de credibilidade, fazer perder votos ao BE. Seria bem feito.
Melhor, bem melhor, Jerónimo de Sousa. Um senhor. Tomara que o PCP fique acima do BE nas eleições. Pode defender uma ideologia datada mas uma coisa é certa: este homem é um homem honrado. E isso conta. E é sensato. E isso também conta. E o PCP é, todo ele, um partido de gente séria, gente de palavra. E isso, para os portugueses, é importante. Ou, pelo menos, devia ser.

Quanto ao Rui Rio, vejo-o divertido a assistir ao debate mas não sei se isso é determinante para alguém decidir votar nele. Talvez seja um homem espontâneo e honesto mas falta-lhe foco e sentido prático e, sobretudo, não tem mão no saco de gatos que é o seu partido e tudo isso, nas funções que desempenha, é grave.

Quanto a Cristas, nada de novo. Irrelevante. Fala, fala, mas nada de novo sai dali. Continua a ser uma flausina que debita casos, a verdadeira picareta falante. Ainda por cima, de dedo espetado. Incomoda. Cansa. Os portugueses estão cansados dela. Por isso, ou muito me engano ou, não tarda, fará parte do passado do CDS.

Sobre o André do PAN, nada a dizer. Tudo espremido, pouco sumo deita.

Escuso de fazer uma declaração de interesses. Como é sabido por quem por aqui me acompanha, não sendo eu filiada em nenhum partido, sou, em geral, votante no PS -- em especial nas legislativas. E António Costa é um grande líder, um socialista inteligente, muito inteligente, ágil e hábil, perspicaz, corajoso, paciente e determinado. E é um excelente governante. O que ele tem feito no País é notável. Portanto, será com todo o gosto e inteira convicção que votarei, uma vez mais, no PS.

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Uma palavra final para Maria Flor Pedroso: uma grande jornalista. Uma mulher de pulso. 
Ganda pinta.

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Costumo ter imagens nos meus posts e, desta vez, também as tenho. Não sei se têm a ver com o debate ou com as duas senhoras partidárias, uma conhecida peixeirona encartada e outra que, achando que os espectadores gostam de novelas que metam traições e cenas de faca e alguidar, resolveu lavar roupa suja em público, armando uma peixeirada que deixou a outra, a sister in populism, armada em superior perante tais sinais de baixeza.

Mas, se as imagens não tiverem a ver com isto ou com aquilo, também não faz mal. Vi no Bored Panda esta moda outono/inverno para galinhas e achei graça. Quem sabe não vai dar jeito a muita galinha desmiolada que por aí anda.

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E uma boa terça-feira a todos.

quarta-feira, julho 31, 2019

Olha, afinal as golas não são inflamáveis....
Mas, entretanto...


  • Quem terá sido o chico-esperto que se lembrou de lançar o boato de que as golas pegavam fogo? 
  • Quantos doutos papagaios vieram, a seguir, dizer que as golas pegavam fogo? 
  • Quantos doutos comentadores enxamearam os balcões onde se servem opiniões a copo, prontos a fazer justiça com as suas próprias mãos? 
  • Quantos jornalistas na reserva saltaram avidamente para a ribalta para sujar o bom nome do jornalismo, falando do que não sabiam?
Não sei quantos. Só sei que muitos.

Já Patrícia Gaspar tinha explicado: não se quer que as pessoas vão para o pé do fogo, que vão apagar fogos; pelo contrário, o que se quer é que fujam dele e as golas são apenas para evitar a inalação de fumo.

Mas qual quê: alguém inventou que as golas pegavam fogo e, incapazes de pegarem em assuntos inteligentes, logo todos os canais, como gato a bofe, inflamadamente se atiraram às golas e desataram a clamar contra o Governo.


E eu gostava de ver se a mesma maralha, nos mesmos canais, vai enxamear outra vez os media para fazer o mea culpa junto da opinião pública. É o vês. Caladinhos que nem ratos.

E eu gostava de ver outra coisa: será que a malta que de repente virou especialista em materiais inflamáveis faz ideia se as calças, as blusas, os casacos ou os ténis que usa ou o das pessoas que se virem em situação de fugir ao fogo são ignífugos...? Cá para mim nem lhes ocorreu tal dúvida metódica. Como burros encartados, pensar não é com eles. Põem-lhes um coisa à frente e logo eles, sem pensar, a enfiam na cabeça todos gabarolas. Se depois lhes disserem que aquilo não era um chapéu, eram umas orelhas de burro só para gozar, tiram-nas logo, fazem de conta que não é nada com eles, assobiam para o lado e dão meia volta de fininho. Não desfazendo: na verdade são uns caguinchas, uns putativos maraus de meia tigela.

E a única coisa que se pode dizer de tudo isso é: santa ignorância, santa estupidez. 

Agora dito isto, digo outra coisa: se os objectos que compunham o kit não obedeceram a uma decisão informada ou se a escolha da empresa que os forneceu obedeceu a critérios que não os normais (ie, melhor preço para qualidade e prazos de entrega equivalentes) então que se apure isso. Com rigor e sem dramas. Escrutinar os actos da administração pública é um dever e é normal nos regimes democráticos. Mas não faço ideia de se houve algum favorecimento. Se há dúvidas apure-se e apure-se sem condescendências. Não vou atrás de qualquer osso que um qualquer manhoso atire para a rua. Preciso de demonstração, de factos confirmados.

Hoje, ao ouvir as notícias, já aparecia outra: a empresa da qual o filho do Secretário de Estado tem uma quota de 20 ou 30% fez três negócios com autarquias ou lá o que foi. Posso não estar a ver bem mas, só por isto, não vejo mal nenhum. Se fizesse negócio na Secretaria de Estado à frente da qual está o pai, aí já me pareceria eticamente reprovável. Agora em organismos onde o pai não risca peva, não estou a ver qual o problema. Há que evitar fundamentalismos senão perde-se toda a racionalidade.

E digo isto com a consciência tranquila: não exerço nem nunca exerci cargos públicos nem estou ou alguma vez estive filiada em qualquer partido política. Sou absolutamente contra qualquer forma de corrupção, compadrios ou beliscaduras na ética. Mas sou também absolutamente impermeável a fundamentalismos ou juízos precipitados ou levianos.

Portugal é um país de justiceiros, de gente que se acha moralmente superior aos outros, gente que cultiva a maledicência, a intriga, a inveja, a cobardia. Mas atacar ou difamar gente que é inocente é cobardia, é também maledicência, é maldade e, frequentemente, demonstra aquela inveja surda dos que olham alguns dos que exercem cargos políticos como desprezíveis 'poderosos' esquecendo-se que, na maioria dos casos, são pessoas normais, com família, com sentimentos, com valores.

Já o referi algumas vezes: tenho, muito próximas, algumas pessoas que exercem relevantes cargos públicos. Curiosamente, nenhum deles é filiado ou simpatizante do PS, partido com que mais me identifico. E uma coisa posso eu dizer: são pessoas íntegras. E nenhum deles enriqueceu ou está a enriquecer com essa sua ocupação. Pelo contrário. Ganham menos do que ganhavam nas suas actividades anteriores e o que, de facto, ganham é cabelos brancos, dores de cabeça, estafas sobre estafas, noites mal dormidas e grandes sacrifícios das famílias.

De novo, dito isto, acrescento que acredito que haverá ainda muito por aí alguns pequenos amiguismos, combinações de correlegionários de partido que tentam influenciar pequenos negócios. Gente de Juntas de Freguesias, gentinha que ainda anda por dentro dos aparelhos de algumas Direcções Gerais. Acredito. E, havendo, acho que é gentinha que não interessa, cujos hábitos devem ser banidos, cujos crimes devem ser punidos. A transparência é fundamental.

Mas chega-se lá com maturidade, com ponderação, com inteligência -- não com juízos precipitados e goelas inflamadas. Sou a primeira a condenar oportunismos, interesseirismos, gatunagem. Mas não acuso só porque sim ou porque algum palerma que ninguém sabe quem é diz que sim. Acuso quando estou certa de que estou a ser justa. acusar. Acusar um inocente não tem perdão.

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Tirando isto: estou curiosa de saber se, por estes dias, o PSD se vai auto-destruir, comendo-se todos uns aos outros. Literalmente. Quiçá, até, biblicamente. No final, apenas um monte de ossinhos debaixo dos lençóis.
Por exemplo, o Hugo Soares, que andava por aí todo fera, comerá alguém? O Rio? Ou o Rio virará o jogo e, qual tarzan, a cavalo numa liana, conseguirá comer alguém? Quiçá o José Eduardo Martins? Ou a pombinha da paz descerá sobre eles e sairão todos de lá aos beijos na boca? E a Maria Luís Albuquerque entrará em que cena? Beijos de língua? Ou não porque toda a gente tem medo porque sabe que aquilo lá é língua venenosa? Eo marido dela pairará por lá armado em body guard? E o Miguel Pinto Luz? In love com a Manuela Ferreira Leite? E o Professor Marcelo telefonará em directo para desejar muitas audiências?
Também estou curiosa de saber se, nas próximas eleições, o CDS vai conseguir eleger alguém. Se calhar não. Se calhar, o CDS já era. O pernão não funcionou, o vestido dos kiwis também não, a peixeirada também não, o mostrar folhas com desenhinhos  na Assembleia também não, a votação no penteado também não, o falar pianinho também não, o ter diarreia de ideias também não. Bolas. Ou melhor: bola. Zero. 

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E agora uma coisa boa


E até já.

segunda-feira, maio 27, 2019

As Europeias 2019 em Portugal:
breve balanço à moda da UJM


Bem. Já falaram todos os líderes partidários e o Presidente Marcelo já rematou e, portanto, está na altura de eu me pronunciar. Há bocado já tinha botado faladura mas foi sobre sondagens. Agora já posso basear-me em factos. Para isto não ficar longo para além da conta, vou cingir-me aos que terão assento no Parlamento Europeu. O Sande e o Santana, o Rui Tavares, o Arrocha e o Ventura talvez sejam vistos num outro dia.

E, sobre os cinco contemplados de hoje, o que me ocorre dizer é que:


1. O Ambiente está na ordem do dia e ainda bem. A Europa está a acordar para a necessidade de salvar o Planeta e isso é mais do que bom, é vital. E presumo que o aumento dos votos no PAN também vá nesse sentido. Já confessei que não conheço o programa nem a actuação do partido mas provavelmente devia informar-me melhor. Ouvi há pouco o líder do PAN, de quem nem sequer sei o nome, e gostei de vê-lo, quer na indumentária quer no que disse. Não falou muito mas, no pouco que disse, não detectei disparates -- e isso não é despiciente. Será partido a seguir pois aparentemente tem sabido captar e interpretar a preocupação geral com o clima, com a sustentabilidade do planeta. Para mim foi uma surpresa.


2. O resultado do CDS enquadrou a ambição aparvalhada de Cristas. Sempre a apregoar que é a verdadeira líder da oposição e candidata a primeira-ministra, o país mostrou-lhe que, quanto muito, lhe arranja um lugar como porteira. Sempre desagradável, sempre armada em boa, sempre acusatória e agressiva, sempre a mostrar que não se enxerga, Cristas foi relegada para um lugarzinho entre a CDU e o PAN. No discurso mostrou-se a modos que meio desorientada, sem perceber bem qual o tom a usar. Humildade não é com ela mas deve ter começado a perceber que quem nasce para lagartixa nunca chega a jacaré. Foi Nuno Melo que assumiu claramente a derrota mas no meio do entusiasmo dos agradecimentos já todos aplaudiam como que esquecidos de que não tinham grande motivo para palminhas. E eu só penso numa coisa: baldas como é, se o Melo já antes era um faltista de primeira, agora que vê o partido a esboroar-se e farto de por lá andar, é que vai ser lindo. Nas legislativas o desastre deve repetir-se.


3. O resultado do PCP foi fraco e o discurso de Jerónimo de Sousa foi deslocado. Falou como se estivesse em campanha para as legislativas e não a acabar de sair de mais uma derrota eleitoral. Tentei perceber qual era a dele mas não captei: quase como se quisesse desvalorizar o que tinha acontecido e, para desviar as atenções, se pusesse a aproveitar o tempo de antena para vender o peixe dele. Mas não fez sentido. Desvalorizar a importância do Parlamento Europeu e escamotear o mau resultado só lhe fica mal. Dá ideia que são zombies, que estão em extinção e não percebem. Mas, digo de novo: dá-me pena. Há no PCP gente nova, com qualidade. Mas, enquanto não se libertarem do pesado lastro do passado, das raízes históricas que o tempo tem provado não darem planta que dê bom fruto, não irão a lado nenhum. O PCP continua agarrado a um sindicalismo que já representa apenas uma pequena parte dos trabalhadores, agarrado a uma conversa antiquada, onde campeiam também amizades que cerceiam a liberdade necessária para se modernizarem. Ou o PCP consegue libertar-se dos velhos do Restelo ou irá fazer companhia à Cristas.


4. O resultado do BE foi bastante bom. Já é o terceiro partido. Como disse há pouco, penso que o deve sobretudo à Marisa que não regateia afectos, abraços apertados, beijinhos a rodos. Com a Cristas e o seu compangnon de route sempre a despejarem provocações, insultos, trocadilhos a destilar fel e uma agressividade inusitada, o País preferiu desviar dali o olhar e focar-se nesta dupla feminina que não ofende, não insulta, não agride e, pelo contrário, distribui sorrisos, ternura e compreensão. Já o disse muitas vezes e repito: o BE tem mérito e tem apresentado boas propostas. Mas Catarina Martins tem uma pulsão populista, dizendo e oferecendo o que os seus ouvintes querem ouvir, e omitindo a impossibilidade de cumprir o que promete sem ir prejudicar outros, ou, outras vezes, bramindo contra incertos (ou contra banqueiros ou capitalistas em geral), sabendo que, com isso, colhe votos. Têm também provado que não olham a meios para atingir os fins, chegando a ser desagradavelmente desleais. Têm contado com a benevolência de António Costa que, assim como assim, tem preferido pôr-lhes a mão por baixo pois mais vale tê-las por perto do que saírem por aí, numa clara deriva populista. Claro que, se isso acontecesse, o eleitorado veria de que é que a casa gasta e o sex appeal do BE minguaria, passando a haver mais pessoas disponíveis para outras ofertas populistas que surgissem -- e é isso que o Costa (e o Prof. Marcelo) quer, e bem, evitar. O BE tem ainda a favor o de ser um partido marcadamente feminino -- Catarina Martins, Marisa Matias, as gémeas Mortágua -- e o País estar disponível para ver mulheres em lugares de poder, coisa na qual os outros partidos deveriam pensar.


5. Sobre o PSD nem sei bem o que dizer. Um disparate pegado, aquilo ali. O Rangel, coitado, esse trauliteirozito, um caceteirozito que, à mínima, fica histérico, é o que é -- e, quando as pessoas são assim, a responsabilidade não é delas mas de quem não o percebe e as convoca para coisas para as quais elas não dão. Alguém espera de uma galinha que ela suba às árvores e desate a pipilar lá de cima? Piada teve um jornalista que, no fim, querendo referir o tom irónico de alguma coisa que o Rangel tinha dito, disse erótico. E, a seguir ao erótico Rangel, que se apresentou sozinho, num cenário desolado, apareceu, então, o macho alfa do partido. Espadeirou à esquerda e à direita, distribuíu canelada, desatou à cabeçada. Não sei bem contra quem em particular pois vi o Rui Rio furibundo, enraivecido, com tudo, inclusivamente quando alguém lhe perguntou se achava que tinha condições para se manter à frente do partido. Ficou a mais de 10% de distância do PS e ficou claro que o País não tem saudades de quem tratou mal os portugueses sem que, com isso, tenha feito bem ao País. Enquanto Rio espumava, mostrando que não sabe ser empático, a plateia mostrava um conjunto de pessoas que vem dos tempos do cavaquismo ou do passismo. O PSD é outro partido que não tem sabido regenerar-se. É pena. Acredito que há muita gente decente que preferia ter um PSD mais arejado, menos preconceituoso, mais alinhado com os tempos modernos e que há-de estar a desesperar por ver o tempo a passar sem que a renovação aconteça. A continuar assim, nas legislativas ainda será pior. Rui Rio já está nitidamente a prazo.


6. O PS ganhou e não foi por poucochinho, foi por uma diferença expressiva mas, ainda assim, não espectacular. Digamos que ganhou bem e com justiça. E o discurso de ambos, Pedro Marques e António Costa, foi de natural alegria. Mostraram ter os pés na terra e a ambição de quem sente que há ainda muito caminho para andar. Contudo, para que se afirme com mais energia, o PS tem que saber limpar algumas nódoas que ainda lhe sujam a lapela. Como todos os grandes partidos com implantação nacional, regional e etc, e com anos de poder a todos esses níveis, o PS tem dentro de si, como o tem o PSD, um historial de amiguismo. Não haverá tantos caciques como entres as hostes laranjas mas há ainda alguma daquela lógica corporativista que desagrada aos eleitores. Deveria trabalhar para poder ostentar na lapela o emblema da ética e da honradez a toda a prova. E, sendo os tempos de mudança, com desafios de vários tipos e todos eles complexos, o PS deve saber abrir-se à sociedade. E deve cativar os jovens, muitos jovens. E deve saber atrair gente que saiba pensar, gente que saiba interpretar as preocupações e os anseios de hoje e de amanhã. E deve atrair mais mulheres. Quer dentro de portas quer na Europa, o PS deve saber aproveitar o voto de confiança dos portugueses e surgir como um partido com quem se possa contar para construir o futuro.

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E todos os partidos têm que saber falar às pessoas sem arrogância, não tratando as pessoas como se fossem crianças ignorantes, não cavalgando ondas e populismos. E todos têm que limpar do seu seio tudo o que seja duvidoso, oportunista, pouco sério. Um dos grandes inimigos da democracia é a abstenção e a abstenção alimenta-se do desalento que vem de as pessoas acharem que 'é tudo igual', que 'andam todos ao mesmo'. E esse deverá ser também o trabalho de Marcelo: em conjunto com os partidos, mobilizarem os eleitores. Que reflictam nas formas criativas e eficazes de trazer as pessoas para o debate público, para a intervenção política, e que consigam que, nas próximas eleições, já seja visível uma maior participação -- isso é o que desejo.

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Coloquei aqui pinturas de Botero porque foi o que me ocorreu. A política é uma coisa séria mas não tem que ser vista de forma ensimesmada.

E, pronto, já disse o que tinha a dizer. E, assim sendo, com vossa licença, vou sair daqui a dançar em pontas para ir pregar para outra freguesia.


E a todos desejo uma semana em grande, a começar já por esta segunda-feira.

domingo, maio 26, 2019

Foi um bom fds cá por casa: Sporting no sábado, PS no domingo
[E avanço já com um ou outro comentário às projecções conhecidas]


Podendo parecer que não, sou muito prudente nos meus festejos: no que se refere às eleições, ainda quero ver os resultados eles-mesmos. 

Para já só quero dizer que:

1 - Quanto à Final da Taça:

a) Como só entrei na sala para dar sorte para o último penalti (estive a ler o jornal noutro lado), só posso comentar a emoção do Varandas e a tristeza do Sérgio Conceição que só foi maculada pela sua falta de educação ao não cumprimentar o vencedor. 

b) Também pude testemunhar a alegria do meu marido a gritar ao telefone 'Viv'ó Sporting!' e o menino mais crescido, do outro lado, a cantar, todo contente. E senti-me contagiada.

2 - Quanto às projecções dos resultados das eleições em Portugal, só posso dizer que:

a) Lamento a abstenção e lamento a nula intervenção da Comissão das Eleições que deveria ter exigido aos partidos que, em vez de fazerem figuras tristes, fossem elucidativos e convincentes junto dos eleitores. Há instituições que são tão inertes que, se é para serem assim, mais valia não existirem que outros fariam melhor o seu papel (o Banco de Portugal é outro caso mas isso agora não interessa para nada)

b) Acho um piadão aos resultados esperados para o PSD e para o CDS que andaram armados em vizinhas intriguistas, inventando que as coisas estavam a correr mal ao PS. Um piadão. Não me admiro nem um bocado mas terei pena se as percentagens reais não forem ainda inferiores aos das projecções. O PSD e o CDS, antiga PàF, já provaram que não sabem estar no poder nem na oposição. Estão desadaptados a estes tempos. Tudo o que fazem, fazem mal. Na verdade, temos que reconhecer que já não contribuem com nada de relevante para a sociedade. No entanto, ressalvo que isto que digo, digo-o em geral, em relação à orientação e à praxis dos dois partidos. Contudo, tenho ouvido dizer que há um deputado europeu do PSD que é muito bom. Chama-se José Manuel Fernandes e, a ser verdade o que conhecidos meus afiançam, espero que seja eleito.

c) Curioso, muito curioso, é o que se espera para o PAN. Não se lhes ouve nunca nada e afinal agora isto. De resto, quando preenchi aquele questionário, percebi que, sem o saber, na volta, estou perto deles. Ignorância minha que desconheço ao que vêm e se são gente estruturada e competente. Mas acharei também um piadão se, qualquer dia, o PAN valer mais que o CDS. A Cristas, toda cheia de cagança, armada em rã que se imagina um boi (sendo mulher, deveria dizer 'vaca' mas, enfim, não quero ser deselegante), a serem verdade as projecções, leva um balde água fria pela cabeça abaixo que só pode fazer-lhe bem. Ao Nuno Melo isso é capaz de lhe estragar o penteado mas azarinho, falta-me a capacidade de sentir solidariedade quanto ao penteado do agricultor Melo.

d) Será bom o resultado do BE se a projecção bater certo. Até pode ser que ela seja uma boa deputada europeia, não digo que não, não sei. Mas uma coisa sei: Marisa é a versão feminina do Marcelo. Muito afecto. Muito abraço. Muito beijinho. Presumo que, mais do que a intervenção política real do BE, seja o efeito 'afecto' de Marisa que tenha alavancado esta votação nela. Além disso, a Catarina Martins pode ter forte e preocupante pendor populista mas sabe exprimir-se bem, camuflando o populismo com uma conversa que aparenta moderação. 

e) Se for verdade o resultado do PCP, tenho pena. Não me identifico com o conservadorismo e com uma linguagem e uma visão antiquada do mundo mas reconheço a honestidade dos comunistas e a honradez com que respeitam compromissos. Mas pecam por muitas coisas (por exemplo, o que tenho sabido do mau perder do PCP na Câmara de Almada que perdeu para o PS incomoda-me pois temo que não tenha só a ver com o mau feitio do ex-presidente mas com uma postura ressabiada do partido). Independentemente disso, tenho pena que o PCP venha perdendo relevância de uma forma tão continuada. Não têm sabido adaptar-se aos novos tempos. Até a malta nova tem uma conversa muito agarrada ao passado. Ou percebem isso, ou não tarda estão com zero deputados no Parlamento Europeu.

f) Fico contente que o PS ganhe e gostava que a contagem de votos situasse o partido com um resultado na banda superior das expectativas. Seria justo. Significa que a maioria dos votantes reconhecem o valor do trabalho e da visão do PS. É bom que agora não se deslumbrem, que trabalhem muito, que trabalhem mais, que se limpem de amiguismos, que se limpem de ovelhas ranhosas que ainda existem aqui e ali. Um bom trabalho e uma visão aberta ao futuro não devem ser maculados por casos que sujam a barra dos socialistas.

g) Fico contente que em Portugal estejamos longe do pesadelo de outros países em que a extrema direita e os nacionalismos ameaçam perturbar o equilíbrio e o desenvolvimento europeus.

E só espero que, de facto, Costa consiga mobilizar uma geringonça europeia, unindo-se com quem puder unir-se, por forma a erguer uma barreira ao avanço da extrema direita e dos nacionalismos que ganham força na Hungria, em França, em Itália, em Espanha e... e... e...

E fico também contente se se confirmar que os Verdes, os defensores do planeta, da ecologia, do respeito pela qualidade de vida saudável, inclusiva e sustentável ganhe expressão.

Quanto ao resto, vou esperar pelos resultados.

segunda-feira, maio 06, 2019

Balanço de um sarau em que alguns dos ginastas primaram pelas cambalhotas trapalhonas.
Fails, fails e mais fails
[E um breve apontamento sobre sindicalismo]


Estive no campo mas vim cedo para a cidade para preparar a janta já que a casa se ia encher e viriam cedo. Não tem a ver com ser da Dia da Mãe. Há coisas que não são de uns dias, são de uma vida. E vieram e a mesa esteve cheia e, como sempre, rimo-nos e houve jogos e cantoria. E, portanto, foi mais do que bom -- e a desarrumação foi também a condizer com a animação. E é mesmo assim, impossível controlar a energia de cinco crianças juntas (e de uns quantos adultos bem dispostos e a alinharem na brincadeira).

Estava eu a na cozinha, atarefada, quando o Rio apareceu a espadeirar à esquerda e à direita, à frente e retroactivamente, matando tudo o que era mosca e mosquito que lhe aparecesse no raio de meio metro. E foi isto que eu vi. E se ali não havia moscas e mosquitos, então não se passou nada, só mesmo o acto de espadeirar em seco. Só se for a cambalhota final da qual caíu fatalmente mal.

Além disso, no meio da afobação, mostrou o desatino que lhe vai na cabeça -- ele, tal como a madame Cristas, zanzando em volta do próprio rabo, dizendo que só pagam aos professores quando houver dinheiro --
- e toureando as outras classes profissionais, os pensionistas e contribuintes também vítimas da crise mais os que ficaram desempregados ou emigraram (que, pelos vistos, por eles, ficariam a chuchar no dedo) e sem explicarem que, se um dia, no tempo de São Nunca, houver dinheiro para isto tudo e pagarem e, no ano seguinte, perceberem que isso arruína as contas públicas... tiram outra vez tudo... 
E, aos saltinhos sobre a sua própria auto-importância, gabando-se não se sabe bem de quê e, de seguida, dando o dito por não dito, acabou a faena na maior deselegância e despropósito, mostrando o seu amargo mau perder, trazendo à liça as pessoas que morreram nos incêndios e os que morreram na estrada desprotegida, no maior desrespeito por quem morreu, ficou ferido ou por quem perdeu os seus entes queridos. Uma vergonha desagradável de presenciar.

Os portugueses ficaram, portanto, a saber que Rui Rio não apenas não sabe liderar o partido, não sabe ser coerente, não sabe conjugar o curto com o médio e o longo prazo, não é inteligente nem simpático, como nem sequer sabe ser bem educado e respeitador. 

Terminou dizendo que vai incluir no programa eleitoral do PSD isto de devolver tudo aos professores. Mais uma piadinha. Como se não estivesse careca de saber que não tarda já está com um par de patins e que, na próxima legislatura, não apenas não estará no governo como não estará no PSD. A dúvida, entre as hostes laranjas, é saber quando. Quando lhe põem o par de patins. 

Quanto à Cristas, mostrou que não apenas é uma peixeirona, uma troca-tintas, uma criatura que faz tudo e o seu contrário e, se necessário for, vende a alma ao diabo, juntando-se à direira mais extremada e mais populista e agora, também, à CGTP, ao BE e ao PCP, na ânsia de conseguir agradar não se sabe bem a quem como, depois, nem sabe disfarçar que é uma maria-tonta. É que, como se viu, quando a coisa sai furada, volta atrás, dá o dito por não dito, dá uma cambalhota trapalhona, estatela-se ao comprido e, a seguir, levanta-se a culpar os outros, aponta o dedo a quem vai no outro lado da rua, ao passarinho que canta em cima da árvore, ao que calhar. E assim, para desconsolo e enfurecimento dos centristas, vai desgraçando o CDS.

E nem vou falar de quão patético me soou o apelo de Catarina Martins a pedir a Costas que não se zangue, que continue a dar-lhe a mão, que a deixe continuar a brincar às geringonças. Claro que Costa vai continuar a ter paciência para as atitudes irreflectidas dela e do BE em geral, algumas a raiar a deslealdade. Mas há coisas que deixam algumas marcas. Mesmo pessoas com a pele dura e optimistas a toda a prova, como é o Costa, sentem quando um espinho se espeta no pé. Contudo, acredito que o Costa ache que é bom que haja um partido que acomode a esquerda sonhadora, romântica, saudosa de causas minoritárias e nobres. E, portanto, o Louçã há-de continuar a orientar a Catarina e a Catarina há-de continuar a andar por aí, bem intencionada, narizinho arrebitado, a agitar o punho e bandeiras coloridas. E tudo bem. 

Apesar de tudo, o PCP é mais reliable. Podem ser muito datados, muito agarrados a um proletariado e funcionalismo público que já é apenas uma pálida ideia do que é a classe trabalhadora da actualidade, podem ser um bocado casmurros, gente casca dura com um discurso muito já-era. Mas são gente de palavra, gente séria. Lá isso é verdade. Como parceiros de caminhada, antes gente assim, a atirar para o bota-de-elástico, do que gente que volta e meia tem fricotes, que vem com causas pseudo-fracturantes no meio de assunto sério e depois sobe ao palco a desfraldar bandeiras que nem se percebe bem a que propósito aquilo vem. Além disso, não há partido com homens mais giraços do que o PCP. Cada um mais sexy que o outro. E esta malta nova tem um discuro bem articulado, é gente serena para quem dá gosto olhar. O João Ferreira, então, faz favor: é mesmo um caso sério. 

E assim sendo, agora que a crise acabou e que já está mais claro com quem é que se pode contar, resta saber o seguinte:

1º - Quando é que os professores vão arranjar um representante sindical que lhes permita aparecer de cara lavada, que lhes permita limpar a má imagem que este Nogueira tem andado a espalhar junto da população. Os professores merecem mais e melhor -- e que seja rápido, se faz favor. 

2º - Quando é que o nosso Prof. Marcelo, por quem tanta gente anseia que se pronuncie, virá louvar a democracia portuguesa, madura de dar gosto, feita de gente que sabe dar cambalhotas e flic-flacs, andar de gatas, fazer o pino num só dedo, e tudo a bem do povo português. E que todos temos razão para festejar. Hip-hip-urra, efe-erre-á. Á. 

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E, portanto, agora que a crise está morta e quase enterrada, passo ao ponto do Sindicalismo. 

Começo, contudo, por um ponto prévio. Acho que devo andar com dificuldades de expressão pois ao criticar o que considero ser um mau sindicalismo há quem perceba que sou contra o sindicalismo. Isto deixa-me preocupada pois esforço-me por ser clara e, pelos vistos, não o sou.

Vou, então, tentar que não subsistam dúvidas: sou totalmente a favor de movimentos que representem os trabalhadores. Podem ser sindicatos, podem ser comissões de trabalhadores. Totalmente a favor.

Mas não me revejo nem nas causas nem na forma de agir destes sindicatos que conheço. São movimentos que, nuns casos, são correias de transmissão da linha mais ortodoxa e antiquada dos partidos aos quais estão ligados e, noutros, são movimentos corporativistas.

Os sindicatos que conheço pouco acrescentam. De vez em quando armam um banzé para convencerem os filiados que, se não fossem eles, os dirigentes sindicais, estariam perdidos. E vão para as negociações, focados em aspectos marginais, em relação aos quais pedem o dobro daquilo que acham razoável. E quem, do outro lado, vai negociar com eles, oferece metade do que está disposto a dar pois sabem que isso é importante para os dirigentes sindicais, para que possam exibir a vitória que conseguiram. Conheço bem tudo isto. Uma coreografia que não passa disto. Uma indigência.


Eu sei que que há quem, trabalhando todo o dia, chegue ao fim do mês com uma miséria. Sei tudo isso e muito mais.

Sei também da multidão que trabalha para empresas de trabalho temporário onde os ordenados são uma vergonha e as condições miseráveis. Sem ninguém que os represente.

Sei da multidão que trabalha em falsas empresas de prestação de serviço que mais não são do que empresas de mão de obra encapotada. Sem ninguém que os represente.

Sei de empresas de call center onde os empregados são em grande parte jovens licenciados que fazem um trabalho desgastante, com ordenados e horários do pior que há. Sem ninguém que os represente.

Sei de jovens investigadores sem segurança quanto ao seu futuro e sem condições que os motivem e segurem. Sem ninguém que os represente.

Sei de trabalhadores que trabalham sob uma pressão permanente, em turnos, muitas vezes integrados em equipas variáveis  com quem têm pouco em comum excepto o medo de perder o emprego. Sem ninguém que os represente.

Etc.

E sei dos problemas dos trabalhadores (problemas esses que vão muito além do que os 1% ou 2% de aumento de ordenado, no qual os sindicatos se focam):

  • o tempo que gastam em transportes, em especial nas grandes cidades; 
  • o dinheiro que gastam com creches ou ATL's para os filhos e as dificuldades que enfrentam para chegarem a horas; 
  • a angústia quando têm filhos doentes que precisam de ajuda, ou pais velhos e dependentes, e não podem ficar em casa a menos que metam férias ou tenham faltas que cortarão os ordenados no fim do mês; 
  • como, por mil razões, andam cansados para acomodarem a vida profissional e a vida familiar. 
  • A desmotivação por fazem trabalhos aquém da sua formação e das suas capacidades. 
  • A incerteza e precariedade que os impede de serem independentes e formar família. 
  • A dificuldade para os mais velhos em manterem-se em empresas que os olham como velhos apesar de não terem idade para se reformarem. 
  • A dificuldade dos que não suportam sentirem-se desmotivados ou indesejados e arriscam o desemprego ou uma reforma antecipada com cortes muito penalizantes. 

Etc.

E sei como estão prestes a mudar grande parte dos postos de trabalho. A transformação digital, as comunicações 5G e tudo o que já aí está a rebentar vão mudar drasticamente o mundo do trabalho. E sei que grande parte das pessoas vai ter que se reconverter profissionalmente e sei que grande parte das empresas não está a preparar-se convenientemente para isso.


E falo em empresas, que é a realidade que conheço melhor, mas a mesma coisa presumo que se diga em relação à administração pública.

E sei também como as empresas e os organismos de estado e outras instituições têm tantas vezes nas suas equipas de gestão pessoas completamente insensíveis em relação a tudo isto -- e não têm ninguém que represente os trabalhadores.

Gasta-se, por vezes, tanto dinheiro em projectos inúteis quando há tanto que fazer para aumentar a produtividade, conseguindo, em simultâneo, satisfazer as necessidades prementes dos trabalhadores e aumentar a sua qualidade de vida.

Portanto, acredito plenamente na necessidade de haver quem represente convenientemente os trabalhadores -- sob pena de a coisa se descontrolar. Sejam sindicatos, sejam comissões de trabalho. São vitais e deveriam ter uma representação forte junto das comissões directivas, representando com inteligência os trabalhadores (não partidos políticos, não causas escusas).

Os movimentos inorgânicos como o dos coletes amarelos ou os pseudo-sindicatos, que mais parecem agências -- onde dá ideia que os sindicatos ganham à comissão -- e onde em vez de beneficiarem os trabalhadores, apenas os desgraçam ao mesmo tempo que minam a democracia, aparecerão cada vez se o enorme vazio que referi assim se mantiver: vazio.

A não ser capaz de se reinventar, o sindicalismo definhará e poderão avizinhar-se tempos sombrios para os trabalhadores.


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E um pouco de poesia para cortar a aridez da conversa


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Lamento não conseguir responder aos comentários -- e tantos e tão interessantes que são e que bela conversa se poderia ter. Mas passa das duas da manhã e daqui a nada tenho que estar a pé. Alonguei-me demais na escrita. So sorry.

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Desejo-vos uma bela semana a começar já por esta segunda-feira. 
Saúde, alegria, sorte e tudo o mais que vos venha de feição.