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sexta-feira, setembro 15, 2017

Um olhar tão humano


Glimpse Of A Lynx by Laura Albiac Vilas, Spain



Ando há anos, e nem sei dizer já há quantos, a pensar que um dia hei-de arranjar coragem para aqui falar da minha cãzinha querida sem desatar a chorar. Ainda não será hoje. Só um breve apontamento e, de resto, já não novidade aqui.

Como já o contei, veio viver connosco com cerca de dois meses e aqui se manteve, menina querida e muito amada, até quase fazer treze anos. 

Era uma boxer cor de mel, olhos doces, doces. O que me afeiçoei a ela não saberei jamais traduzir em palavras. Da alegria dela quando me via e do afecto que trocávamos, eu abraçada a ela e ela a mim, dificilmente eu poderei falar. Do que ela me entendia, da forma como inclinava a cabeça para melhor perceber o que eu lhe pedia, da forma como também se exprimia e que eu tão bem compreendia, não conseguirei transmitir a verdadeira dimensão. Inteligente, assertiva, compreensiva, meiga. 

O mundo devia ser perfeito e deixar que estivessem junto de nós aqueles que mais amamos. Não bastam palavras, não bastam as memórias e a doçura da saudade. Não. Para sermos verdadeiramente completos, devia ser possível que, sem molestar o equilíbrio restante, tivessemos fisicamente junto de nós aqueles que sabem olhar-nos com amor, aqueles a quem queremos olhar com amor, aqueles que nos percebem mesmo sem palavras, aqueles que sempre nos acompanhariam amorosamente, incondicionalmente. Mas é sabido: o mundo em que vivemos é imperfeito. 

Saved But Caged by Steve Winter, US

O olhar, tão humano, da minha cãzinha existe ainda na minha memória. E o último olhar que me dirigiu, tão humano, ainda hoje me entristece. Tão cobarde, eu. Tão humana, ela.

O nome dela, registado na caderneta era um, o nome que lhe chamávamos era outro e eu, nos meus arroubos de ternura, tratava-a por Nhu-Nhu. Podia também, por vezes, tratá-la por Nhunhucas. Mas, tratasse-a eu como tratasse, ela sabia sempre quando era com ela que eu falava. Quando existe tão genuíno afecto, as palavras pouco importam.
Não. Não é verdade. As palavras importam. Muito. São o elo de ligação, são a parte do nosso coração que entregamos aos outros.
Não sei se era porque tanto nos gostávamos, se era porque sim, porque não podia ser de outra forma, o que sei é que entre mim e ela sempre houve uma compreensão mútua muito humana. Ou muito animal -- não o sei dizer. Uma sobre-humana gentileza mútua. Não sei explicar. Faltam-me as palavras. Sobra-me a saudade e o amor.

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Apeteceu-me escrever isto ao ver o olhar dos três animais selvagens que aqui mostro, um olhar não 'humano' no sentido em que me referi ao falar do olhar doce da minha Nhunhucas, mas, ainda assim, humano.

São, tal como no post abaixo, algumas das fotografias escolhidas pelo Natural History Museum of London


Bold Eagle by Klaus Nigge, Germany


Lá em cima Ute Lemper interpreta Les feuilles mortes

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quinta-feira, junho 02, 2016

O Um Jeito Manso ultrapassou um milhão e meio de visitas
e eu agradeço a todos os Leitores a companhia que aqui me têm feito




  • Muito mais cedo do que alguma vez poderia imaginar, o Um Jeito Manso ultrapassou as 1.500.000 visitas. 
Se hoje tivesse ultrapassado as 150.000 para mim já era surpreendente e já me sentiria agradecida.

Não tenho vontade de aqui escrever muito sobre o assunto pois não há muito a dizer. Há milhões de assuntos mais importantes para se falar do que o número de visitas do meu blog. Além do mais, tenho perfeita noção da injustiça destas estatísticas: há blogs melhor escritos que o meu, mais originais, mais interessantes e cuja audiência é baixa. Não sei como as pessoas não ficam tão fascinadas como eles justificariam. 
Fico contente por gostarem de visitar o meu mas não posso concluir o que quer que seja. Talvez eu seja uma pessoa normal que escreve despretensiosamente sobre coisas normais e, talvez por isso, vocês, meus Queridos Leitores, se dêem ao trabalho de aqui vir espreitar. Sabem que daqui não levarão grandes coisas mas talvez as coisas pequenas sejam mais leves, mais fáceis de levar. Mas não sei. Sei apenas que isso me motiva ainda mais.
Se agora estou aqui a referir este facto é apenas porque acho que, eventualmente, para minha própria memória futura, me ajudará que 'assente' aqui alguns registos.

  • Comecei a escrever isto -- do zero, sem saber 'puto' de blogs e sem conhecer quem quer que fosse -- em Julho 2010. Ninguém me recomendou ou visitou porque ninguém me conhecia.
Comecei por ter 3 visitas por dia (a do meu marido e dos meus filhos). Depois foi crescendo sem nenhum de nós perceber como, pois nem sequer o encontrávamos via google. Quando chegou às 10 por dia já ficávamos intrigados: quem será? interrogávamo-nos. Daí foi subindo, uma incompreensão, e já ia nas 20 por dia. O primeiro ano foi isto, quase nada. Mas sempre subindo. 50 por dia e eu perplexa. Comecei a pensar, como se fosse uma meta longínqua, que se calhar um dia ainda chegava às 100 visitas por dia. Para meu espanto, cheguei. Os meus filhos também admirados com a proeza da mãe. Uma vez li que as 200 visitas por dia eram um patamar marcante: acima disso já eram poucos. Ultrapassei também essa meta. E assim tem sido, uma progressão. 
Tenho tentado manter-me isenta em relação a tudo isto: não fazer nada para ter mais visitas, não fazer nada para agradar, não evitar fazer o que quer que seja com medo de desagradar.
Já o referi: apenas me inibo, e é apenas de vez em quando, quando penso que posso incomodar os meus filhos. Volta e meia puxa-me a mão para a brejeirice ou para as ficções erotizadas e tento dosear para que eles não se sintam atrapalhados. Se calhar, às vezes distraio-me mas acho que já se habituaram, faz algum tempo que não me dizem nada. Mas se calhar é porque já desistiram de tentar educar-me.

  • Publiquei até hoje 3.647 posts o que significa que em média escrevi sempre mais do que 1 post por dia.


  • Ao todo, foram publicados 12.728 comentários -- e aqui reside o aspecto sobre o qual mais me penitencio, o de geralmente não responder. Muitas vezes vejo-os de dia, no telemóvel, e não posso responder; à noite, aqui, o tempo é curto, o sono apressa-me, ou, então, perco-me na imaginação, e as respostas acabam por ficar para trás. É indesculpável. Contudo, como sou descarada, peço que aceitem as minhas desculpas.


  • Os posts mais lidos até hoje, foram:
1º (com 23.833 visitas) - Os homens do Expresso e Ricardo Salgado, o BES, o Grupo Espírito Santo: Nicolau Santos, Pedro Santos Guerreiro, João Vieira Pereira. E Miguel Sousa Tavares. E João Duque. E outros de outra comunicação social como Marcelo Rebelo de Sousa. E o Correio da Manhã (mas isso não sei se é bem jornalismo). E os Partidos. E não só.
2º (com 6.852 visitas) - 'Quem operou Alexandra Lencastre?', 'Novo visual de Alexandra Lencastre', 'Alexandra Lencastre faz uma plástica à cara', 'Alexandra Lencastre irreconhecível', 'Alexandra Lencastre dá show na gala da TVI' - estas são algumas das várias questões que levaram o google a trazer uma série de Leitores até mim. E eu acrescento: e a Ana Salazar? Também apareceu com um novo visual e, imagino eu, também não será consensual. Para terminar, comparo com Carolina de Mónaco.
3º (com 6.438 visitas) - Felícia Cabrita adora José Sócrates. Ela sabe que, sempre que ataca Sócrates, volta à ribalta. Não sei se há algum investigador ou juiz que ande a segredar-lhe todas as informações ou se é ela que informa os investigadores. Uma coisa me intriga: ainda há quem leve a sério a Felícia Cabrita? E, quem diz a Felícia Cabrita, diz o Dâmaso do Correio da Manhã. Se calhar estão bem para o Juíz Carlos Alexandre que, pelos vistos, não se atira ao ar com o que se passa com as investigações a seu cargo. Para limpar o ambiente, acabo com Mitsuko Uchida e Beethoven.
4º (com 6.092 visitas) - Quem é Cristina Ferreira, a chamada 'senhora' do PSD, ilustre gestora da WeBrand? - a Revista Visão tem vindo a tentar esclarecer, e o retrato é digno de uma telenovela. O pior é o montão de dinheiros públicos que, por ali anda, descontrolado, ilegal. E pior ainda é termos a fina flor do PSD misturada na história. E estranho, mas tão estranho, é também os bloggers de referência - que tão justiceiros por conta própria eram até há uns 3 anos - andarem tão caladinhos sobre esta fétida 'Face Oculta do PSD'
5º (com 4.407 visitas) - A entrevista de José Sócrates ao Expresso: o testemunho de um homem, de um político. Clara Ferreira Alves no seu melhor em três frentes (na entrevista ao ex-Primeiro Ministro; na Pluma Caprichosa com a 'História Universal da Infâmia'; no Actual com a entrevista a Coetzee). O Expresso de parabéns. Chapeau!

  • A estatística relativa aos principais países que visitam o blog é a seguinte:
Portugal:             914.345
Brasil:                 154.301
Estados Unidos: 123.817
Alemanha:            48.200
Rússia:                  37.933
França:                  25.123
Reino Unido:        15.532
Holanda:               12.845
China:                     9.701
Ucrânia:                  7.968

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Muito obrigada a todos.

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As fotografias de mulheres atravessadas pela luz e pela sombra pertencem à série Optic Stripes de Francis Giacobetti

Lá em cima Melody Gardot interpreta  Love me like a river does

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