Porque a semana não me chegou e porque esta que entra também se afigura do caneco, para este fim de semana trouxe trabalho de casa -- trabalho chato e com alguma responsabilidade e, ainda por cima, parte escrita em inglês o que complica um pouco a faena já que, a uma hora destas, sem pachorra, quero fazê-lo com um olho no burro e outro no eleitor-alvo do CDS -- e isso, em cima de dias muito dedicados à família, deixaram-me sem grande disponibilidade para as minhas coisinhas ou para o fait divers. Ou seja, por exemplo, não tenho conseguido responder a comentários ou mails pessoais nem, a seguir, cirandar pelo mainstream.
Por isso, há bocado, enquanto trabalhava e o meu marido, mais a dormir do que acordado, via futebol e respectivos resumos e comentários, resolvi surripiar-lhe o comando e fazer zapping. E passei por uma coisa extraordinária. Eram os Globos de Ouro. Não sabia que era dia disso pelo que aquele aparato começou por me parecer uma Gala de algum programa qualquer que não estava a identificar. Mas logo percebi.
Apresentava o espectáculo a Cristina Ferreira vestida de uma forma inenarrável. Estava de asas pregadas a um vestidinho de tipo baby-doll, toda ela lingerie em desfile de Victoria Secret. O meu marido acordou com os gritos dela e quase se assustou com o que viu. Depois de se restabelecer, resmungou: 'Esta gaja não aprende'. Depois percebeu que estava diminuído (sem o comando na mão, ele não é ele) e pediu: 'Dá cá o comando'. Dei-lhe e ele voltou a fazer zapping. Passado um bocado, à sorrelfa, repeti a cena. Lá estava ela, outra vez mascarada, com plumas, folhos, tules, disparatada até à raiz dos cabelos. Ele voltou a acordar e quase não conseguiu protestar: 'Lá estás tu. Para que é que queres ver esta gaja?'. Levantou-se, então, e disse que ia dormir.
Apresentava o espectáculo a Cristina Ferreira vestida de uma forma inenarrável. Estava de asas pregadas a um vestidinho de tipo baby-doll, toda ela lingerie em desfile de Victoria Secret. O meu marido acordou com os gritos dela e quase se assustou com o que viu. Depois de se restabelecer, resmungou: 'Esta gaja não aprende'. Depois percebeu que estava diminuído (sem o comando na mão, ele não é ele) e pediu: 'Dá cá o comando'. Dei-lhe e ele voltou a fazer zapping. Passado um bocado, à sorrelfa, repeti a cena. Lá estava ela, outra vez mascarada, com plumas, folhos, tules, disparatada até à raiz dos cabelos. Ele voltou a acordar e quase não conseguiu protestar: 'Lá estás tu. Para que é que queres ver esta gaja?'. Levantou-se, então, e disse que ia dormir.
Voltei ao meu trabalho, esperando que fossem horas de dar o Desassossego da Maria João Seixas mas estava a dar atletismo pelo que, passado um bocado, coloquei outra vez nos Globos de Ouro. Apareceu ela, então, agora a receber também um prémio. E já estava mascarada de outra coisa, desta vez com as raízes dos cabelos espetadas para fora, e de tal modo era que chamei imediatamente o meu marido para vir ver. Quis saber o que era mas não lhe disse porque se lhe dissesse que era para ver a Cristina Ferreira era o vinhas. Disse-lhe só que era uma coisa do além. Ele chegou à sala, viu-a, e, perante o óbvio too much, agora em versão santinha a caminho do altar, fez um esgar quase de dó e disse: 'Eh pá...' e desandou. E já não viu o pior: é que, quando ela acabou um discurso (de tal forma auto-convencido que parecia estar a ajustar contas com alguém que lhe quisesse tirar o lugar) e virou costas, pareceu-me ver no manto os contornos ou da Nossa Senhora ou da Irmã Lúcia. E, nessa altura, fiquei naquele estado que se designa por estupor catatónico. Mas que raio de maluquice era aquela? É o que eu digo, parece que já vale tudo.
Voltei a fazer zapping, tentando ver se o Desassossego já tinha começado mas, enquanto não, fui ver se conseguia descobrir que desconcertante desenho era aquele no vestido dela. Mas já ela se tinha trocado de novo. Estava outra vez em espampanante toilette, desta vez misto de Victoria Secret e de bailarina de Moulin Rouge, um excesso de plumas cor de rosa. Nela, talvez pelo exagero, talvez pelo tom de voz, talvez pelo conjunto, tudo fica com toque a novo rico em versão mais do que kitsch. Vinha agarrada ao Balsemão que, não sei se atarantado com tanto pink, tanto guincho e tanta luz, parece que vinha almareado -- e isto para não dizer que vinha disfarçado de múmia andante.
Fiz zapping, claro, e felizmente já a Maria João Seixas tinha começado. Desta vez convidou, de novo, o José Pedro Serra (digo de novo porque já o tinha convidado para o Afinidades). Um bálsamo. Até parei de trabalhar para melhor os ouvir.
Fiz zapping, claro, e felizmente já a Maria João Seixas tinha começado. Desta vez convidou, de novo, o José Pedro Serra (digo de novo porque já o tinha convidado para o Afinidades). Um bálsamo. Até parei de trabalhar para melhor os ouvir.
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Para terminar num registo de tranquilidade, Joana Gama, a quem estou a ouvir neste momento, igualmente na RTP 2. Outro bálsamo.
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E a si que está aí desse lado desejo uma boa semana, a começar já nesta segunda-feira:
saúde, alegria, sorte e o mais que queira de bom para si e para os seus.