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sexta-feira, janeiro 31, 2014

Existem rituais iniciáticos nas praxes? Na Lusófona o Dux tem mais poder que o Reitor? Quantas pessoas estavam na praia do Meco aquando da tragédia? Quem limpou a casa? Quem arrumou os pertences das vítimas? De facto, o que aconteceu e o que levou à morte de seis jovens? - - - Muitas perguntas cujas respostas não eliminarão a dor das famílias. Mas o que se passa para que tenham que ser as televisões a investigar? É a TVI que vai ter que descobrir sozinha o que se passou? Que vergonha de justiça é esta que temos em Portugal?


No post abaixo falo de outra pouca vergonha: a técnica de embrulhar os assuntos mais sérios num palavreado infantil que leva as pessoas a aderirem sem pensar ou num linguajar que camufla a realidade com um palavreado incompreensível. Para além da destruição de direitos civilizacionais que deveriam ser sagrados e em nome de cuja defesa se deveria governar, assistimos a uma gigantesca manipulação da opinião pública por parte do desGoverno e dos tarados que o apoiam. Esta gente não tem princípios nem escrúpulos. 

Mas isso é no post a seguir a este.

*

Aqui, agora, falo de novo de um assunto que é dilacerante quer para as famílias que perderam, de uma forma tão estúpida, os seus filhos, quer para todos nós que constatamos como existe uma realidade tenebrosa que envolve os nossos jovens e, ainda, como é ineficaz a justiça em Portugal - refiro-me, claro, ao drama da morte de seis jovens na Praia do Meco, sobre o qual já aqui antes falei.

Perante todos os indícios de que teriam existidos exercícios ligados a praxes, exercícios esses com contornos de rituais iniciáticos, temos vindo a assistir nas televisões a um espectáculo que mostra bem o estado degradante a que a justiça chegou em Portugal.



  • Assistimos à senhora que fez a limpeza da casa a dizer que ninguém falou com ela, que esperou que alguém fosse fazer uma peritagem mas que, como ninguém apareceu, acabou por limpá-la, 
  • assistimos ao senhor do restaurante ou a vizinhos a contarem o que viram e não viram, jovens a rastejar com pedras nos pés, jovens a caminharem altas horas da noite a caminho da praia, etc, etc, 
  • assistimos à repórter da TVI (uma vez mais Ana Leal a assinar trabalhos de grande profissionalismo) a reconstituir o que terão sido os passos dos jovens no fatídico fim de semana, manuseando os telemóveis e os dossiers, o que prova que os investigadores não apreenderam nada para investigação, podendo grande parte das provas já ter sido destruída, 
  • assistimos às famílias a movimentarem-se e a unirem-se para pedirem que alguém lhes diga o que aconteceu.


E, enquanto isso, vamos ouvindo que o assunto vai passar para a alçada daqui ou dali (Ministério Público de Almada, e que vai para segredo de justiça e que a Judiciária e mais não sei o quê) mas, na prática, a coisa não sai dos despachos ou dos gabinetes pois toda a gente diz que ainda não foi contactada (tirando ontem que parece que finalmente, ao fim de mais de um mês!, lá houve alguém que contactou 4 pessoas) - e constatamos como, nem mesmo perante situações limites como esta, a Justiça se agiliza para colher indícios ou provas em tempo útil, limitar o acesso indiscriminado a locais onde se possam colher meios de prova, etc.

Uma vergonha. Mais uma vergonha nestes tristes tempos que correm.

Não sei em que raio de país está Portugal a transformar-se. Num país a fingir? 


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Clique se quiser ver o vídeo com uma das reportagens da Ana Leal, da TVI: a hipotética reconstituição do que teria acontecido na Praia do Meco, feita a partir de testemunhos de jovens que já terão participado em praxes idênticas as quais, segundo ali se refere, se inspiram - imagine-se! - no texto 'A Hora do Diabo' de Fernando Pessoa.


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Relembro: abaixo poderão saber a minha opinião sobre os mais recentes neologismos da novilíngua passista.


quinta-feira, outubro 03, 2013

'Tale of two brains' ou a teoria da 'nothing box' dos homens para explicar a grande diferença entre homens e mulheres. A propósito falo-vos do meu amigo que gosta de fazer nada, nem sequer pensar. Nada. 'Nada como?', pergunto-lhe eu que não sei o que isso é. 'Nada, nada-nada', responde-me ele. Fico na mesma. Uma mulher tem uma certa dificuldade em perceber o que é uma cabeça completamente vazia.


O meu melhor amigo é o meu oposto. Acabei de escrever isto e já estou a achar que não é nada o meu oposto. 

Politicamente somos até muito parecidos. Bem, talvez ele seja mais radical que eu. Tem um ódio de estimação ao Cavaco e eu, nisso, não sou tão violenta como ele: não gosto, não gosto mesmo, acho que foi com ele que o País começou a desandar, mas não me passo só de pronunciar o nome do homem. Ele não me desculpa. Acha que é uma condescendência imperdoável da minha parte. Por isso, quando fala nele, diz: 'o seu amigo'. Nem lhe pergunto a quem é que ele se refere, já sei que é ao Cavaco.

Também é católico convicto embora não concorde com coisa nenhuma daquelas que, até Francisco, eram bandeira da Igreja. Tive grandes conversas com ele sobre essa sua fé. Sendo ele uma das pessoas mais inteligentes que conheço, gostava de perceber qual o raciocínio que o leva a achar que faz sentido acreditar numa abstração como se fosse um ser de verdade. Ele, que até trabalhou naquilo da Energia Nuclear, todo ciência e razão, seria a pessoa certa para me explicar. Mas não, nunca explicou, diz que estas coisas não são para explicar.

É todo cheio de contradições e, de facto, há coisas que não dá para explicar. É um benfiquista ferrenho, ele. Até faz impressão. Toda a sua família é sportinguista mas ele é estupidamente benfiquista. E, sendo uma pessoa racional e inteligente, tem manias inexplicáveis, daquelas superstições que a gente geralmente associa a pessoas completamente burras. Nunca assisti mas ele conta que, quando está em casa a ver um jogo do Benfica, não deixa que ninguém passe entre ele e a televisão. Diz que, se alguém passa, o Benfica sofre um golo. Eu fico perplexa com uma parvoíce destas: Que estupidez. Mas acredita mesmo nisso? Ele responde com inabalável convicção: Com certeza!


Foi ele que me fez ler o Ensaio sobre a Cegueira. Eu dizia que andava sem paciência para os livros do Saramago e ele disse que este eu tinha mesmo que ler. Todos os livros que me recomendou foram, até hoje, do meu agrado. Relutante lá fui ler e fiquei logo agarrada. Ele ia perguntando em que parte é que eu ia. Eu, aflita com a abjecção do género humano, contava-lhe o que andavam os cegos a aprontar e ele dizia-me: Ainda vai piorar. E eu mal podia esperar pela noite para ir saber até que ponto poderemos descer. Ficava a ler até às três da manhã. Foi um dos livros que mais impressão me fez até hoje. Não consegui voltar a ler. Mas está ainda muito fresco dentro de mim.


Este meu amigo é um pândego, tem um sentido de humor delicioso. Quando bebe um pouco para além da conta vai ficando cada vez mais divertido (até que, às vezes, se torna um bocado repetitivo mas, enfim, até nisso consegue ter graça). 

Não tendo nada ar de galã, a verdade é que teve até agora uma vida amorosa assaz activa, sendo, de todos os que até hoje já conheci, o bígamo mais descontraído. 

Pertence a uma das famílias mais antigas da Linha, uma família conhecidíssima, brasonada e da mais fina flor, gente conservadora e tradicionalista. No entanto, isso nunca o impediu de levar a vida mais plebeia e pecadora que se pode imaginar. Mas a sua superior inteligência e o seu delicioso sentido de humor levam a que seja aceite com carinho e tolerância por toda a gente.

Vem isto a propósito de quê?

Pois bem: é que este meu amigo, que profissionalmente tem uma vida activa e exigente, é, também, um preguiçoso como nunca vi. Diz ele que só trabalha quando é obrigado a isso. Tenho tido oportunidade de o confirmar. 

Conta-me que, ao fim de semana, adora ficar em casa sem fazer nada. 

Eu pergunto: Mas quê? A ler? 
Ele corrige: Mas qual a ler? Nada. 
Insisto: Mas nem o jornal?
Ele responde: Não, nada. 
Eu não percebo: Nada? Nada como? A ver televisão? 
Ele pacientemente esclarece: Não. Nada
Não sei o que é isso. Tento perceber: Mas nada como? A pensar? 
E ele: Mau. Mas não ouve o que eu estou a dizer? Nada. 
Fico admirada: Mas quê? Sentado no sofá? A olhar para a parede? 
Ele já impaciente: Sei lá para onde é que estou a olhar.


Não consigo imaginar o que isso seja, estar sem pensar, cabeça parada, sem processar um único pensamento que seja, a cabeça totalmente vazia. Não sei o que isso é.


*

Uma das técnicas de relaxamento de que mais se fala e que acho que é bem saudável, uma coisa de tipo reset, é a meditação. Penso que meditar deve ser isto: não pensar em nada. Mas não sei como é que isso se consegue. Eu, pelo menos, nunca tenho a cabeça assim, esvaziada. Mesmo que esteja o mais zen possível, estou sempre a pensar em qualquer coisa.


E tudo isto vem a propósito de quê?, perguntarão vocês.

Ora bem, vem a propósito de eu ter dito que os homens são, de forma geral, mais serenos que as mulheres e que gosto de estar junto dos pescadores - calados, tranquilos, horas à espera que a ponta da cana se agite - e logo um Leitor atento e simpático (a quem, uma vez mais, agradeço) me ter enviado o filme que agora partilho convosco. Convido-vos a ver: penso que a teoria ali explanada tem fortes probabilidades de ser totalmente correcta.


A fábula dos dois cérebros ou a diferença entre o cérebro dos homens e das mulheres segundo Mark Gungor. 

Riam-se, riam-se...



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Hoje retomei o meu Ginjal nos moldes usuais. Não sei se vou conseguir a disciplina de por lá ir todos os dias mas vou tentar. 

Hoje, enquanto estava a escolher o poema e depois a fotografia, e depois a escrever, estava a dar na televisão o 5 para a Meia-Noite com o Nuno Markl que lá tinha o António Zambujo, o João Quadros e o Gel. 


Quando me cheira a maluquice fico logo com a pulga atrás da orelha, não quero perder pitada. Se for outra coisa qualquer, vou escrevendo e ouvindo sem que as duas realidades se misturem (lá está: sendo mulher posso ter várias gavetas abertas ao mesmo tempo e não me atrapalho). Mas, com cenas de humor, alto e pára o baile: as minhas antenas viram-se todas para a risota. Por isso, não consegui ter concentração devida. Ou melhor: demorei séculos a fazer uma coisa que costumo fazer num instante e isso atrasou-me, depois, a vinda para aqui, para o UJM. Enfim, ossos do ofício. Mas fico a pensar que estar, diariamente, a alimentar dois blogues é um bocado pesado.

Mas vocês vão até lá ver o que acham do resultado. A música é Keith Jarrett a interpretar Bach, o poema é de Pedro Tamen e eu solto as minhas palavras na pele de um homem que, às escondidas, olha uma mulher. 

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Se agora descerem um pouco mais, poderão ver um vídeo ternurento com animais na mais inesperada e sã convivência (mais um filme enviado pelo Leitor que é um manancial de dicas para todo o gosto), remetendo eu para um local onde poderão ver o oposto e, se assim o entenderem, tentarem fazer qualquer coisa para o impedir.

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E, por hoje, por aqui me fico. 
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma quinta feira mesmo muito boa. 
E divirtam-se, está bem?