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sexta-feira, janeiro 06, 2023

Alô, alô António Costa! Para recrutar gente para o Governo é melhor ser mais criterioso.
Arrebanhar gente com carro-vassoura parece não ser a melhor solução. Transformá-lo numa Academia para desenvolver trainees do aparelho também não

 

O caso de Carla Alves é apenas mais um desta saga que mais começa a parecer uma tragicomédia.

As últimas nomeações são também, em parte, de bradar aos céus. Nomear miudagem que anda a fazer carreira no partido e adjacências é um absurdo. O Governo não deve confundir-se com uma creche para filhos do partido.

Nomear gente que tem no seu historial pessoal casos em que os media ou a oposição podem pegar, lançando dúvidas sobre a sua idoneidade é um risco, é um absurdo. 

Restringir a selecção a gente da máquina socialista é outro erro, tomara que não fatal.

O PS carrega no seu historial a fama (e o proveito) de alimentar a gula de um máquina que vive à babugem de cargos públicos em que uns nomeiam outros. 

[Não é só o PS. É o PSD e são todos os partidos que se instalam. Mas agora é o PS que está na berlinda pelo que é do PS que falo].

Contudo não me parece que a questão deva ver-se sob a lente partidária. O tema é abrangente, crítico e transversal demais para ser afunilado num ou noutro partido, parece-me. Deve ser visto sob uma perspectiva mais ampla.

Deveria haver um pacto de regime em que se convencionasse que para o Governo (tal como para Autarquias ou outras Instituições públicas) só deveria ir gente muito competente, com experiência e conhecimentos comprovados na área e, já agora, sem rabos de palha. 

Para não se falar em abstracto, o que recomendo é que seja rapidamente encomendado (pela Assembleia da República?) um estudo a várias empresas de consultoria para que contactem quadros seniores, gente ligada à gestão ou intervenção nos mais diversos sectores de actividade, gente reputada, com prestígio e respeitabilidade, em instituições públicas e privadas, e os inquiram: ´

  • iriam para o Governo? 
  • se não, porquê? 
  • que condições teriam que existir para que aceitassem integrar o governo?

[Recomendo que se encomende o estudo a empresas de consultoria pois andam por todo o lado, conhecem toda a gente, e recomendo que se recorra a várias para garantir transversabilidade e isenção]. 

Depois, que se reunissem as conclusões dos estudos das diversas empresas de consultoria e se retirassem conclusões para que, entre todos os partidos com assento parlamentar, se chegue a um consenso e a um pacto de regime. Uma outra derivada deste trabalho seria que se tivesse um guião de requisitos ou provas que qualquer possível candidato deveria cumprir.

Enquanto não se levar isto a sério e não se encarar o tema com algum rigor, sentido de responsabilidade e profissionalismo, estar-se-á sujeito a esta hecatombe. 

O Correio da Manhã, quiçá a ser incentivado por forças ocultas (mas cuja proveniência nos podemos deitar a adivinhar) irá deitando abaixo, um a um, secretários de estado e ministros até que o Costa, cansado, atire a toalha ao tapete. 

Isto seria um fartote para comentadeiros, venturas, ILs, montenegros e quejandos mas, na verdade, seria uma pena pois António Costa é um dos melhores primeiros-ministros que o país já conheceu. E seria um perigo pois o populismo e as forças mais obscurantistas e reaccionárias da sociedade estão à espreita.

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A primeira imagem provém do saudoso We Have Kaos in the Garden

sexta-feira, outubro 29, 2021

Ó pr'a ele todo armado em 1º ministro, todo prosa, todo bicos dos pés.
Upa lá-lá.
'Tá aí pr'a levar tudo à frente. Cuidado com ele...

 

Nas várias pessoas com quem hoje falei, a estupefacção e a irritação contra o PCP e o Bloco são generalizadas. Ninguém percebe, ninguém aceita. 

A minha mãe, então, estava quase fora de si. Gente mais parva, concluía ela. Dei-lhe razão. Sobre o Bloco, ainda tentou desculpabilizar o todo, concentrando num só elemento a fonte de todo o mal: aquilo é tudo coisa daquele urubu, sempre de preto. Aí não lhe dei totalmente razão. Não sei se só é do urubu. Acho que também é da parrachita (como no outro dia ouvi chamar-lhe), talvez também do pérfido cardeal ou de toda aquela conjugação de ismos azedos, requentados, fora de prazo. O que sei é que de uma coisa podemos agora estar certos: aquilo é gente que não pensa.

Isto do lado das esquerdas reunidas (reunidas entre si & com a direita & com o Chega à mistura -- não nos esqueçamos). Quanto às direitas, o que se conclui é que reina o forrobodó. Guincham pela perspectiva do poder como histriónicas e impacientes gatas com cio. 

Desforrando-me de não ter televisão (ainda não tenho!), ao vir para casa ao fim do dia, vinha ouvindo as notícias. 

O PSD em efervescência. O Rangel, todo ele insuflado com a oportunidade que lhe puseram ao colo, com a voz em ebulição e já a querer dar-se ares de importante, enchia o peito de ar para dizer que tinha convidado o Professor Poiares e que o Professor Poiares tinha aceitado e que o Professor Poiares e ele próprio tinham convidado o distinto Professor Alexandre e que o distinto professor Alexandre tinha aceitado fazerem parte da equipa que vai fazer o programa. Muito jogo. Ganda Rangel. E acrescentou que, muita atenção, estas eleições não são para líder da oposição mas para primeiro-ministro. E todo ele, ao falar, se mostrava num verdadeiro frenesim imaginando-se primeiro-ministro. Um primeiro ministro que leva tudo à frente. Upa lá-lá. Cuidado com ele.

E, na euforia (e na ausência de substrato próprio), está a desenterrar toda a tralha passista para lhe fazerem uma cadeirinha e o levarem ao colo às eleições. 

Será uma coisa mais fofa de se ver. 

Já nem quer saber do Rio para nada. Na sua cabeça desfraldada, o PSD já é todo dele. E fala de datas, põe e dispõe, analisa na perspectiva disto e na perspectiva daquilo, todo ele teoria, uma coisa mesmo engraçada de se ver. 

E depois ainda há quem diga que não se espere ver uma galinha a trepar às árvores. Ai não que não. A cacarejante aí anda provando que pode tudo: trepar às árvores, nadar à cão, ir ao Daniel e, armado em pr'a frentex e fracturante, assumir-se, convidar professores e, pasme-se, até distribuir jogo em Belém.

Quanto ao CDS, enquanto o puto Chicão se reúne com o alpacas Rio, o Pintas Melo anda a ver se adia ou se antecipa eleições, já nem sei (nem interessa para nada). Nos áureos tempos em que Madame Cristas da Coxa Grossa fazia poses extraordinárias em São Pedro de Alcântara mostrando-se coberta de kiwis, ainda havia assunto de que se falasse no CDS. 


Agora com o puto Chicão, que tem medo de qualquer pum mais estrepitoso ficando de olhinhos esbugalhados a ver se percebe quem o deu, e que tem conseguido a proeza de reduzir o partido a raspas, já ninguém lhes liga patavina.

No meio disto não sei que ideias levitam na cabeça do exuberante Marcelo mas que ele ajudou à festa, lá isso ajudou. Portanto, agora que desembrulhe a crise que ajudou a criar ao dar corda a quem só a sabe usar de forma perigosa para si e para os outros. Se o seu primeiro mandato foi o dos omnipresentes beijinhos a ver vamos se o segundo não será o das permanentes macacadas.

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Como é bom de ver, a imagem do Upa lá-lá Rangel provem do saudoso We have kaos in the garden.

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E até já

terça-feira, outubro 05, 2021

Bem... se o Vai-Estudar-ó-Relvas apoia o Rangel... bem... então a conversa é outra...

 

Com os resultados das eleições, em especial com a conquista de Lisboa pelo Moedas, Rui Rio deu largas ao seu azedume e, em tom crispado e quase histérico, desatou a espadeirar não se percebeu bem contra quê ou contra quem. Ou seja, foi mais uma daquelas suas inconsequentes rixas contra incertos.

No entanto, consegue adivinhar-se o que lhe passou pela cabeça. 

As perspectivas de sair de cena a ganir, de rabo entre as pernas, não vieram a concretizar-se. E, acto contínuo, sem parar para pensar, resolveu pôr-se a cantar vitória. Pouco inteligente como é, não percebeu que não foi ele que ganhou: foi o Moedas. E, verdade seja dita, também não foi o Moedas que ganhou: foi o Medina que perdeu. Além disso, nada de grande foguetório pois o Medina perdeu por pouco. Se calhar, se, em Arroios, em vez da Margarida, dita A Gorda do Frágil, estivesse outra pessoa, a esta hora outro galo cantaria. É que ela não causou infecção apenas em Arroios, causou infecção no PS Lisboa (e, talvez, no PS em geral).

Mas no PSD a malta não é dada a grandes reflexões. É tudo muito pão-pão, queijo-queijo, mas na versão mais básica. São avessos a filosofias. 

Antes das eleições, os laparistas e demais esfomeados encheram-se de esperanças  achando que o PSD ia levar uma corrida em osso e que, por isso, o Rio se ia esbardalhar. E, sem grande tino, pensaram que branco é, galinha o põe e que, saindo o Rio, outro teria que para lá ir. Outro mais moderno, mais dado a causas fracturantes, mais amigo das novas causas. 

Mas nem quem pensou sabe bem o que querem dizer aquelas coisas nem quem se lembrou de escolher o Rangel pensou que o dito cujo, também conhecido por Galinha Cacarejante, não é propriamente conhecido por ser um moderno, amigo de causas fracturantes. Mas, lá está, com o espírito pragmático que por vezes os chicos-espertos têm, devem ter pensado: não é conhecido mas a gente põe o Daniel Oliveira (não o barbudo ex-BE mas o de 'o que dizem os seus olhos?'), a dar-lhe banho de fractura e ele sai de lá homossexual assumido e, de caminho, ainda o pomos a falar do célebre vídeo em que aparece a cambalear como o Vasco Santana em filme cómico. 

E vai o Rangel e foi. Desmiolado e ávido que só ele.

E logo o Expresso o levou ao colo anunciando alto e bom som que, afastadas as teias de aranha, o caminho para o conhecido rangélico trauliteiro estava aberto. Ôpá: temos novo líder, festejaram eles. Efe-erre-á, á, efe-erre-á, á, aleqüi-alequá, chiripita tá-tá tá-tá.

Mas nestas coisas, às vezes, o entusiasmo é prematuro. Ou seja, a cena dá para o torto, murcha antes de tempo. Isto é, puseram-no a cacarejar cedo demais. Acto falhado. Com o resultado em Lisboa, o coito saiu interrompido. E o Rio, lerdo que só ele, com o Moedas na lapela, com aquele seu ar de quem se sente permanentemente em vias de ser fornicado, pôs-se logo a cantar de galo.

Mas eis que os marioneteiros começam a sair da sombra dando mostras de não querer deitar já para o lixo o investimento feito na imagem arcoírica do Rangel. O primeiro a assumir-se foi o Relvas. Menino dado à política da laranja-podre, aos negócios dos quais pouco se sabe e às jogadas de bastidor, o grande Relvas começou de novo a movimentar-se. 

Deve andar por aí a conspirar, telemóvel sempre em acção, a sua célebre lista de contactos a escaldar, quiçá, por vezes, pelos bares da beira rio ali para os lados de Belém, a falar com o Láparo, com a Albuquerque dos Swaps e com outras magnas figuras do período mais bolsonarista da história política portuguesa recente. Anda a catar apoios como quem cata piolhos. 

Mas eu, que faço parte da turminha do baldinho de água fria, tenho uma coisa a dizer. 

Não lhe vai correr bem como, de resto, na política nunca nada lhe correu bem. Por onde passa, deixa no ar aquele seu azeiteiro perfume a esquema. Para um dia poder vir a ser bem sucedido, teria que descobrir alguém mais apresentável, mais credível, menos cacarejante, alguém com quem se possa estar à mesa sem receio que se ponha a meter os dedos no nariz. Ou seja, o Rangel não serve.

Temos pena, ó Relvas, ainda não é desta que vais conseguir lá meter um segundo láparo. Mas, olha lá, ó Relvas, porque é que desta vez não te chegas tu à frente? Essa é que era de homem. Vá, Relvas, coragem, avança.

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A 1ª e a 4ª imagens provieram, em tempos, do saudoso blog 'We have kaos in the garden'

As outras circulam por aí

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E até já!

quarta-feira, março 10, 2021

O Cavaco não cumprimentou o Marcelo...?
Deixá-lo.
Antes isso do que ainda lhe dar para lá algum daqueles chiliques dele

A múmia ressabiada de vez em quando sai do cacifo onde a Maria o deve ter amordaçado para vir dizer coisas que mais parecem taralhoquices. Razão tem Jerónimo, o moicano, ao dizer que a múmia está velha. 
Pleonasmo: todas as múmias são velhas -- embora, reconheço, haja múmias mais velhas que outras.

Fugiu ao protocolo, não esteve para fazer de conta que desejava felicidades ao outro, disse que tinha tido que ir para casa. Nem mais. Nem se deu ao trabalho de inventar desculpa. Na volta, deu-lhe um ataque de caganeira aguda. Acontece. Com os nervos que estas coisas lhe devem dar deve ter ficado com soltura. Portanto, antes que desse barraquinha ou que um fanico o deitasse outra vez ao chão, raspou-se. 

Fez bem. 

Ou isso, ou a Dona Maria mandou-o ir fazer algum mandado e estar de volta a horas decentes e que caguasse para o catavento. E reparem como a Dona Maria é fina: deve dizer caguar para não ferir susceptibilidades; e isto do catavento não é de sua lavra, note-se, é coisa do pupilo do esposo. Reparem: esposo; esposo e não marido. Dona Maria, para além de poetisa, é também mulher de finezas. 

Portanto, deixemo-lo regressar ao cacifo onde soa que a Dona Maria o tem guardado no canto da marquise, deixemo-lo. E ele deve ir de bom gosto, deixa que ela o entaipe e encaixe: assim não tem que andar a fazer mandados ou ficar a ouvir os sonetos que a grande poetisa compõe. 

Estão bem um para o outro, sempre toda a gente o disse. Deixemo-los: que acabem os seus dias com a dignidade possível. 

Quanto ao Marcelo, correligionário mas, honra lhe seja feita, nada a ver com a múmia, é outra loiça. Laranjas de outra cepa. Marcelo é educado, culto, tem boas maneiras. 

Mas, verdade seja dita, a que propósito foi aquele desconfinamento que ontem andou a promover pelas ruas de Lisboa e do Porto? É certo que estavam de máscara (embora alguns com o sacrossanto nariz de fora) mas era preciso ir para o meio do povão, essa mole humana que se pela por selfies presidenciais e, sobretudo, por aparecer na televisão? É certo que tomou posse (e falou bem, sim senhor, tiro-lhe o chapéu, bom discurso, o discurso de um democrata), é certo que não é todos os dias que se toma posse pela segunda vez, é tudo certo. Mas não podia ter-se aguentado a bom recato para não dar maus exemplos? 

Aquela sua veia carente é um problema: tem que se sentir amado e isso leva-o a cometer excessos. E eu, que até gosto de excessos, tenho para mim que um senhor presidente, se não consegue controlar as suas carências, deve procurar ajuda. Só aconselho é a não procurar a comentadora residente do Correio da Manha, Joana Amaral Dias de sua graça, que aquilo ali parece mais maluca que do que muitos malucos que tenho conhecido. Também não recomendo a glamorosa e fofinha psicóloga Passadeira Torrinha que, notoriamente, aquilo ali não me parece que tenha pedalada intelectual para acompanhar pacientes mais exigentes. Podia aconselhar-se com o Chicão (em bom) que deveria ficar bem servido mas isso já sou eu a dizer.

Tirando isso, mais nada, obrigada, está tudo numa nice.

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A primeira imagem provém do blog Raiva Escondida e as outras do saudosíssimo We have kaos in te Garden

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E um dia feliz

domingo, dezembro 27, 2020

Tino de Rans e Marcelo e os que acham que é um debate que faz muita falta.
Passos Coelho e os que acham que ele faz cá muita falta.
Gente que, numa era de vacinas-vacinas-vacinas, me fazem dizer como o outro:
contra a estupidez e a burrice, tomo até injeção na testa
.

 

Sobre o estado da política em Portugal pouco tenho a dizer a não ser que me faz alguma espécie que qualquer um possa candidatar-se a Presidente da República. Quem imaginou a democracia (gente dada a dramas e tragédias, teatros, filosofias e exercício de dotes de oratória e, portanto, com certeza com pouco sentido prático), não sonhou que, com o tempo, a coisa se fosse avacalhando (pardon my french). E é por todo o lado. Em vez de se apresentarem a votos os melhores de entre os melhores, não senhor, tudo o que é cão, gato, pato, sapo ou porco pode pôr-se em bicos de pés e dizer que quer ser Presidente da República. E, em vez de haver uns testes psicotécnicos ou, até, umas vulgares provas de aferição ao nível para aí do 9º ano de escolaridade para que grande parte se ficasse logo por aí, não senhor, vai tudo adiante. E não falo especificamente de Portugal, falo em geral. Veja-se o Trump, veja-se o Bolsonaro. E tal a brincadeira, sancionada pela letra da lei, que depois temos que gramar com eles armados em candidatos a sério. Por cá, entrámos já no período das entrevistas (não vi uma única) e daqui a nada vamos para os debates (não sei se verei algum, duvido). Parece que algumas televisões não querem Vitorino Silva, aka Tino de Rans, nos debates e já por aí há quem se insurja, como se houvesse pitada de ponta de hipótese do simpático Tino ser levado a sério como presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa com Tino de Rans. Dir-se-ia que é daquelas brincadeiras que seria desmascarada como a anedota que é. Mas, não senhor, capaz de haver debates destes em algumas televisões e quem já se prepare para armar um pé de vento se não houver carnaval em todos os canais. E haveremos de ter o putativo coveiro, o Ventura, também a usar o palco que a democracia que lhe dá, para tentar minar os seus alicerces. E a malta aceita estas coisas sem reflectir no disparate que é tudo isto. Pior, há malta -- certamente com algumas questões que Freud explicaria (e talvez nos explicasse que é malta ainda na fase anal) -- que não apenas gosta de assistir, e quanto mais desconforme melhor, e que até vibra com os entrevistadores a quererem sangue e tanto palco como os entrevistados como, na hora de escolher, até vai e vota é nos mais impreparados, nos mais coveiros, nos mais anti-democratas. 

E, se a campanha é para ser assim, na base de obter share, mais valia entremear os debates supostamente a sério com outros a fingir só para aumentar o frisson (e, já agora era bom ir fazendo sondagens a ver se a malta estava com atenção): por exemplo, depois do Tino com o Marcelo, um da Marisa com o Emplastro, depois um da Ana Gomes com o Manuel João Vieira, outro do Tino com a Teresa Guilherme, um do Ventura com o não-sei-quantos da coisa liberal, outro do Manuel João Vieira com o Emplastro. Na volta, a malta papava tudo como candidato de lei e ainda dava a vitória ao Emplastro. Sorte macaca.

Faz-me ainda alguma espécie que, depois dos anos de láparo-burrices de alto calibre a que assistimos -- com o país a ser vendido ao desbarato, a ser deliberadamente empobrecido e os portugueses tratados como se fossem asnos, querendo a criatura ser o bom aluno mas não passando de um daqueles marrões broncos que estão sempre dedo no ar, trabalhando que se esfalfam sem fazerem a mínima do que aqui se fala -- ainda haja gente que deseje o seu regresso. Parece que há um clamor que vem do vespeiro, do ninho de baratas, da tumba de onde até a múmia cavaquítica se levantou, parece que chamam pelo láparo. Dirão os mais distraídos: não se pode generalizar, nada de confusões, quem o quer de volta são as laranjas podres, só essas. Pois não sei. O que digo é que, podres ou não, devem ser outras laranjas que tais, outras sobre quem Freud também deveria ter algo a dizer, quiçá que se trata de malta FAS, ou seja, também ainda na fase anal, forever anal stage. Só falta mesmo a Albuquerque dos Swaps, o Vai-Estudar-ó-Relvas, o Gaspar-primo-do-Louçã e outros artistas que tais (e que o We Have Kaos in the Garden, de quem sinto tanta falta, sempre tão bem ilustrou) também saírem à cena a dizerem que querem o láparo de volta para nos presentear com mais proezas como as que fizeram nos desépicos tempos em que enterraram o país sem dó nem piedade.

Tirando a política, penso que também não há muito a dizer a não ser que a palavra de ordem do ano da graça de 2021 já começou a invadir o 2020: "vacina", essa pomada a que muita malta gosta de chamar väcina, com um a tão aberto que a palavra quase vira esdrúxula. Quem toma, quem tomou, onde tomou (e, por falar em anal, ao ler este 'onde tomou', nada de relacionar com aquela erudita expressão usada pelo saudoso Viegas, na altura Secretário de Estado justamente da Cultura), quando posso eu tomar, quem tomou ficou com brotoeja? ou, como diz o bolsoburro, 'virou jacaré'? e o Marcelo tirou tudo ou só a camisa?

Vacina, vacina, vacina, vacina -- vai ser a nossa triste sina. 

Li no outro dia um artigo que tinha um título que acho que deveria ser emoldurado: Contra a estupidez e a burrice, tomo até injeção na testa. Assim eu. Tanto cientista junto, remando no mesmo sentido e com a cenoura de lucros faraónicos na mente das farmacêuticas, conseguiram arranjar vacina contra o corona. Mas contra a burrice e a estupidez está quieto. Essa eu até referendava para tornar o acto obrigatório. E não era só por cá, era por todo o mundo. Onde houvesse um exemplar da besta humana, toma, já levaste, uma injecção bem no meio da testa.

E é isto. Nada de jeito a acontecer. Uma seca. 

O que me vale é que, nisto de Natal ser quando a gente quer, hoje fomos com a família caminhar ao longo do mar e depois viemos cá para casa e demos cabo do que tinha sobrado da véspera. Tive que fazer mais umas massas recheadas, o meu marido fritou umas alheiras de caça e mexeu uns ovos. De resto, com o que havia de batatas no forno, outras massas recheadas, salmão selvagem, entrecosto, salada de tomate, carnes frias, queijos, tostas e etc, a coisa fez-se. Doces era o que não faltava pelo que foi outro brunch natalício, esse clássico, à maneira -- com a vantagem de que foi ao ar livre. Estava sol e, com a mesa grande toda aberta e uma outra mais pequena, assegurámos o distanciamento.

E brincaram que foi uma alegria. Da parte que me toca, o que posso dizer é que gosto do arco e flecha e não sou totalmente desprovida de pontaria. Numa das vezes, para que saibam, até saiu uma potente flechada directinha à mouche. Ao passar as fotografias para o computador, vi também vídeos feitos ontem e antes de ontem, uns feitos por mim, outros pelos meninos. Até estou a chorar de tanto rir. Gandas malucos. Contudo, para parecer que é tudo gente muito compenetrada, a começar por mim, escolho a fotografia de uma das novas yellow roses, fenómeno que me traz encantada (e intrigada).

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E, vá, como ainda estamos no período natalício, encerro o expediente com um medley de músicas de Natal, apenas protestando pelo facto de os músicos estarem a usar boxers -- para um melhor desempenho, todos os instrumentos se querem a descoberto, sempre ouvi dizer.

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Desejo-vos um belo dia de domingo.

😇😎😇

terça-feira, junho 25, 2019

As inteligentes perguntas do PSD a Sócrates.
As úteis e inteligentes Comissões Parlamentares de Inquérito


Ouvi na televisão que os deputados da Comissão de Inquérito à CGD querem lá o Sócrates e, não querendo ele oferecer-lhes o pratinho e optando por responder por escrito, vão enviar (ou já enviaram) perguntas.

Uma coisa meio maluca. Tudo isto é maluco, desprovido de senso. Ao fim de não sei quantos anos, os deputados resolvem acordar para a vida e, virgens de primeira viagem, ficam numa excitação, coisa adolescente, pueril, parvoíce de juventude retardada e bobinha.

Nos tempos áureos da alavancagem financeira, em que as universidades (e polvilhem tudo de um bom catolicismo) ensinavam que bom, mas bom mesmo, era as empresas endividarem-se, endividarem-se até ao tutano, com ou sem garantias palpáveis, em que a publicidade invadia todos os espaços com empréstimos para toda a gente, empréstimos a perder de vista, até para quem não tinha dinheiro nem para mandar cantar um cego  -- nessas alturas, os senhores deputados não viram nada, não juntaram dois e dois. Olhinhos wide closed, como é seu costume. Nem o fizeram os comentadores económico/financeiros que sabem tudo mas só depois de toda a gente o saber. Nessa altura, os senhores deputados haveriam de andar entretidos com outras questões póstumas porque só reagem muitos anos depois, quando do morto já nada resta, só memórias esfumadas.

Nesta altura há questões presentes, profundas, que se não agarradas a tempo impactarão intensamente os tempos futuros mas que é lá isso...? Não são temas mediáticos, não são a espuma dos dias. E os senhores deputados só se interessam pelo que já lá vai. 

Agora que os bancos até já estão razoavaelmente sanados, em que os tempos dos créditos à tripa-forra já lá vão e em que os bancos até se uniram para tentaram, pelas vias normais, ressarcir-se dos buracos causados pelos grandes caloteiros do regime, é que os deputados acordaram e querem saber, ao pormenor, quem é que fez ou desfez nos idos de já nem sei quando. 

Não digo que não haja coisas a saber agora. Há. Por exemplo, seria interessante como foi possível dissolver um grande banco da forma como foi, com ministros de férias e a assinarem de cruz. Ou como foi aquela divisão entre o bom e o mau, em que o bom ficou cheio de coisas más que parece que não cabam e que, agora que o banco foi vendido nem sei bem a quem, é preciso continuar a meter lá dinheiro. Isso seria interessante saber. E não foi assim há tanto tempo. Agora é que seria de questionar a Marilú e o Láparo, ou até a Cristas, amiga, assina lá, enquanto a memória deles ainda estiver fresca. Ou a nulidade do Carlos Costa, esse que passou por todo o lado em que houve buraco sem nunca se ter dado conta de nada e indo acabar no Banco de Portugal onde elevou a sonsice até a um nível de manhosice insuportável.

Mas não. Os senhores deputados armam-se em investigadores, em juízes fora de água e, para ali estão, horas a fio, entretidos com um exercício de auto-exibicionismo e onde também oferecem palco a exibicionistas falhados, a gente que já não se lembra de nada (* e já vos explico porque é que acredito que não se lembrem mesmo), um exercício que volta e meia é de pura prepotência, maldade gratuita e humilhação dos inquiridos, um exercício que dá canal, que garante partilhas nas redes sociais, que alimenta a indústria do comentário político, que alimenta a rábula, a graça fácil -- e que, em termos práticos, não passa disso.

E tudo isto culmina na parvoíce mais completa ao quererem que Sócrates, que deixou de ser primeiro-ministro há oito anos e que, desde então, tem sido escrutinado, virado do avesso, inquirido, inspeccionado, trespassado por raios x e ressonâncias magnéticas, scanneado, espiolhado, bisbilhotado, trespassado, passado a ferro, posto atrás de grades, vigiado à distância e à lupa, agora responda a puerilidades como esta:
Sr. Eng. recebeu quantias monetárias ou outros bens por parte do Grupo BES, Grupo Lena ou Vale do Lobo?
Agora, meus Caros, digam-me: isto não é de gargalhada? Estarão à espera de que resposta? 

Olhem, só me ocorre isto: LOL 😂😂😂😂😂 (a ponto de ir às lágrimas)


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* Por razões que agora não vêm ao caso, não devo conseguir escapar de ser testemunha de um caso que se passou há uns quatro anos. Quando chegou a notificação, chutei para canto. Quando me perguntaram o que sabia eu do caso, a minha primeira reacção foi que pouco ou nada sabia, que tinha acompanhado a coisa já no rescaldo. Foram-me fazendo perguntas e eu fui puxando pela cabeça e, aos poucos, fui-me lembrando de alguns episódios. No outro dia, numa reunião com advogados, tentaram que me lembrasse de mais coisas. Às tantas eu disse que só tinha tido algum envolvimento já o caso estava consumado, para aí a partir do verão de há uns três anos. Uma das advogadas olhou-me como se não acreditasse, dizendo-me que não lhe parecia provável que no prazo de um ano não tivesse havido nada e que eu não soubesse de nada. Um hiato de um ano? Fiquei a pensar que, de facto, era estranho. Mas não me ocorreu nada em que eu tivesse participado nesse período. Fiquei de procurar mails antigos. Pois bem. Resmas, paletes. Tive conhecimento, participei durante o dito ano em que juraria ser-me totalmente alheio. Estive a reler os mails e fiquei perplexa. Não me lembrava de nada de nada de tudo aquilo. Ao reler, claro que as memórias se foram reconstruindo mas, antes, juro: zero. Como explicar isto? Penso que é simples. Para mim, aquilo era marginal. Sendo caso grave, muito grave mesmo, para os lesados e para os directamente envolvidos, para mim aquilo era coisa em que participava sobretudo como expectadora. E, de lá para cá, todos os dias acontecem coisas. Quantas outras crises, quantos outros problemas? Mal de nós se mantivéssemos vivos todos os registos de tudo o que fazemos em todos os dias da nossa vida. Acho que até tenho boa memória e, no entanto, apesar de todo o meu envolvimento naquele caso durante um ano, só me recordava, e sem grande pormenor, do que se passou de há três anos para cá e apenas porque passei a ter intervenção na primeira pessoa. Portanto, acredito e mais do que acredito que aquela gente que vai à Comissão e que não se lembra do que se passou há oito ou dez anos, em reuniões iguais às que se têm todos os dias de todos os meses e de todos os anos, está a falar verdade.

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As duas últimas imagens provêm do mui saudoso We have kaos in the garden

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terça-feira, maio 21, 2019

Desenterraram o Passos Coelho para mostrar que não aprendeu nada e, cá para mim, para enterrar ainda mais o Rangel.
Coisa esperta.
O PSD está a especializar-se em dar tiros nos pés.


  • Se um País tiver muitos desempregados, que não descontam para o fisco e não contribuem para a Segurança Social, e, pelo contrário, recebem subsídio de desemprego, 
  • se, além disso, houver muita gente a emigrar e, portanto, sem fazer descontos no seu próprio país, 
são os que ficam e trabalham que descontam por todos. Ou seja, havendo menos gente a descontar, são os poucos que descontam que terão que suportar taxas de impostos e contribuiçãoes mais elevadas. Foi o que aconteceu na era do Láparo. Em especial a classe média foi esmifrada até ao tutano. Com  cortes de ordenados, agravamento de taxas e com taxas suplementares, penaram a bom penar. 

Em contrapartida, em era de maior desafogo, há menos desempregados, há menos subsídios a pagar e há mais gente a trabalhar e, logo, a descontar. E, se muitos emigrados voltarem, mais gente ainda haverá a fazer descontos. Mesmo que cada um pague menos impostos, e, portanto, sofra menos, quando tudo é somado, o 'bolo' total é superior. E é isto que se pretende, que mais gente pague e que cada pessoa pague menos. É o que acontece agora.

E é isto, caraças, que o Láparo (o campeão dos orçamentos rectificativos, o campeão do não-acerta-uma, o campeão dos insultos aos portugueses) não consegue perceber.  Apareceu agora na campanha eleitoral, ao lado do Rangel, a atacar o actual governo pela maior carga fiscal de sempre, sem perceber que houve um alívio a nível individual. 

E o PSD, um partido de gente doida varrida, parece também não conseguir perceber que, desenterrando o Láparo para ele exibir o que tem, ou seja, a sua proverbial ignorância e o seu deselegante e desagradável ressabiamento, só consegue uma coisa: enterrar ainda mais o incapaz Rangel. 

Andavam a cantar de galo, e nunca percebi porquê, dizendo que a campanha do PS estava a correr mal. Nunca percebi em que é que se baseavam. 

No fundo, apregoavam o que desejavam como se fosse uma verdade -- e os jornalistas-papagaios e os comentadores-papagaios, que nunca validam nada, repetiram a boutade como se fosse um facto. Mais: em cima da pueril parvoíce, construiram uma narrativa. Ficção, claro. E, claro!, enganaram-se em toda a linha.

E o que tudo isto revela é a triste falta de tino desta descomandada tropa fandanga laranja. 

O Rio, como sempre, pouco aparece. Deve andar a processar a informação -- sempre com um delay de dois dias. Como todos os dias há novas cenas, todos os dias precisa de mais dois dias. Ou seja, não consegue sair da fase de reflexão. O partido perde relevância de dia para dia e ele népias, tem mais que fazer.

Não vão longe, claro. Mas no dia 26 à noite logo falamos.


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Os cartoons do Kaos são do Kaos e eu, para não me repetir, só digo que muito gostaria se o dito We Have Kaos in the Garden regressasse. Faz tanta falta.

Onde andas, Kaos? Volta...

sexta-feira, maio 17, 2019

José Sócrates e Elvis, dois mitos, duas popstars eternas
(com a diferença que Sócrates está vivo e, que eu saiba, nunca ninguém o ouviu cantar ou dançar meneando as ancas)





Vire eu a televisão para onde vire, ouço falar em Sócrates. Seja o que for que aconteça neste País, a culpa foi do Sócrates. Na SIC Notícias uma jornalista encarniça-se, toda invocada, transtornada até, parece cansada que ainda haja quem não tenha percebido que, qual Berardo qual carapuça, qual presidente da Caixa qual carapuça, quem manobrava tudo, mas mesmo tudo, era Sócrates. 

E, se rebobinarmos a box por tudo o que é canal e pusermos os papagaios a repagaguear, o que se ouve é o de sempre: um homem que negociava em lixo e ofereceu robalos ao Vara estava mancomunado era com Sócrates, que com robalos no bucho o Vara era mais fácil de manobrar, e o Vara bem manobrado dava muito jeito, e o Zeinal, esse pipi cagão que se pelava por milhão, recebeu condecoração e não devia, nada a ver com quem o condecorou e nem digo quem foi para não baralhar a lógica, a culpa foi do Sócrates, e a Manuela Moura Guedes com quem a Judite se zangou a ponto de deixar de lhe falar, tudo culpa do Sócrates que não ia com a Boca Guedes nem à lei da bala, e, o Moro que o diga, se o Lula está preso, a culpa é do Sócrates que o inspirou. Pelo mundo fora, se não foi Sócrates, o próprio, foi a sua aura que inspirou delito, grande delito, pequeno delito. Até roubo por esticão, bater na vovó, cuspir na sopa. Tudo. Tudo coisa do Sócrates. Um mito is born.

E, se não há prova, mais provado está, só prova a inteligência dele e, se ninguém ouviu, mais provado está, o bicho é esperto, fala sem ninguém ouvir, tudo para não deixar indício. 

Agora isto do Berardo: alguém ainda tem dúvida? Por amor da santa. Os bancos, vários bancos, deram dinheiro, não executaram garantia, deixaram que o calote virasse imparidade e, no fim, ainda houve quem desse condecoração, comenda, coisa fina, e também nem interessa dizer quem deu para não estragar o raciocínio, porque a culpa, como é óbvio, é do Sócrates.

E nem vale a pena a gente somar o tempo que ele levou a governar, a ter reuniões e a fazer viagens, mais o tempo em que esteve a urdir uma trama mais comprida que dez diâmetros da terra e que o levou a armar testas de ferro dentro de testas de ferro, umas dentro das outras, para terem contas que não eram deles mas de outros que não tinham dinheiro porque o dinheiro era sempre de outros, mais o tempo gasto a engendrar esquemas para controlar a comunicação social, Boca Guedes incluída, mais a banca, mais as telecomunicações aqui e no Brasil, os empreendimentos imobiliários no Algarve, os computadores magalhães na venezuela, mais os quadros do Berardo -- para concluirmos que, nem que dormisse menos que o Prof. Marcelo, o Sócrates teria sido capaz de fazer tudo. A menos que fosse o que é: um deus, uma alta divindade, um mito dos bons, dos supersónicos, um Elvis sempervirens.


Não tarda teremos poster do Sócrates a enfeitar parede de quarto de adolescentes, os jovens imitarão o estilo com jeans, gola alta e echarpe esvoaçante à Sócrates, teremos cantigas da Capicua com a história cantada do Sócrates, verso do Carlão contando as aventuras, desventuras e milagres de Sócrates, telenovela com o monstro Sócrates que subornava tudo o que era grande empresário e que, às escondidas, ia rezar numa igreja abandonada e soltar sentida lágrima e que, para espanto geral, era pai da inocente Cláudia Vieira e namorado da vilã Alexandra Lencastre que o enganava com o Diogo Morgado, e avô secreto do Lourenço Ortigão que era, afinal, irmão gémeo de outro que ninguém conhecia, esse, sim, o verdadeiro bandido da história.

E, mais importante ainda, não tarda teremos novo mega best seller do José Rodrigues dos Santos, O verdadeiro segredo de Sócrates, que virará filme com o Joaquim de Almeida como galã, e um dia destes tê-los-emos aos três, o Orelhas, o Sócrates e o Joaquim Almeida no programa da Cristina Ferreira, não sem que, depois, a TV 7 Dias traga uma fotografia ao longe do Sócrates aos beijos à Cristina Ferreira e, a seguir, na Nova Gente, a grande notícia de que o Casinhas fez uma espera ao Sócrates porque ele e a Cristina secretamente reataram e logo a Caras desmentirá isso tudo porque Sócrates afinal entrou foi para um convento onde viverá secretamente amancebado com uma certa senhora que lá vive disfarçada de Madre Superiora. E o mito manter-se-á vivo, sempervirens.

Sócrates, Sócrates, Sócrates. Sócrates, Sócrates, Sócrates. 

E um dia, daqui por muitos e muitos anos, e o Juíz Ivo Rosa -- já., então, parecido com o Assange de agora, cabelo e longa barba branca -- estiver quase a acabar de ouvir as gravações e ler os dossiers, já ninguém saberá de que é que afinal o procurador Rosarinho acusou o Sócrates, essa eterna e omnipresente estrela pop, se foi por ele ter tido relações sexuais com uma Madre Superiora, se por não querer assumir ser avô do bandido Ortigão, se por gostar de comer lasanha com robalo escondido, se por tirar a ex-Procuradora Moura Guedes do sério, se por ter dito que o Cavaco era a mão atrás da moita, se por gostar de saltar à vara e cair sempre em cima da Alexandra Lencastre ou se por ter dito ipse se nihil scire id unum sciat quando era suposto filosofar era em grego.

E, assim, putativos políticos, jornalistas justiceiras, dominatrixes, santas manas, pseudo-procuradoras, gralhas e papagaios comentadeiros contribuirão para, ao longo de anos e anos, ajudar a manter vivo o mito Sócrates. Sócrates-a-lenda. Sócrates Super-Star. Forever and ever.

quinta-feira, abril 04, 2019

O problema do Cavaco não é o que ele diz. O problema é a comunicação social dar-lhe palco.
Já não há caridade, caneco.
Porque é que têm que envergonhar o senhor?
Deixem-no pensar que ainda diz coisa com coisa, façam de conta que o filmam mas depois façam a gentileza de esconder as imagens (e o som).

Pela parte que me toca, aproveito a ocasião para o homenagear com uma selecção de obras do ilustre Kaos.



Ou, Senhores Jornalistas, façam uma reportagem muda: filmem a Dona Cavaca a olhar para as cenas, a Drª Beleza a ajeitar o mega penteado, o Sr. Mangas de Alpaca Rio a sorrir, com ar entre o envergonhado e o apatetado, o Púbico Catroga com ar de pinguim corado e gordo, também já sem grande compreensão para o que se passa à sua volta e que não diga respeito a algum que lhe toque, ou filmem os quantos mais que fizeram o frete de ir ouvir o senhor a mostrar que continua igual a si próprio mas em pior: ressabiado, má pessoa, a trocar a volta às conclusões para as usar a despropósito, recozido em mau feitio, em maus fígados.

E, sobretudo, façam a caridade de não chamar comentadeiros para opinarem sobre as baboseiras de um cavalheiro que nunca fez ou disse nada de jeito quando teve oportunidade de mostrar serviço e que não era agora, retirado, os neurónios sobrantes já em repouso, que nos ia surpreender.

Popupem o senhor. E poupem-nos.

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E, nada mais tendo a dizer, presto aqui homenagem à arte e bom humor do fantástico autor de We Have Kaos in the Garden a quem o Cavaco, El-Rei das Cagarras e das Vacas que Riem tanto inspirou.








E toma lá

(assim o Kaos designou a imagem seguinte)



quarta-feira, janeiro 09, 2019

Marcelo loves Cristina


Marcelo liga em directo para novo programa de Cristina ferreira
Hoje, para meu espanto, várias pessoas repetiam a desculpa de Marcelo, dizendo que ele tinha ligado em directo para a Cristina Ferreira para equilibrar com a entrevista que deu ao Goucha. Uma desculpa esfarrapada. Mas a malta não apenas gostou como engoliu.

Se isso fosse razão, agora deveríamos ver o Presidente da República a aparecer de surpresa no estúdio da Tânia Ribas de Oliveira, a fazer uma perninha numa gravação com a Sónia Araújo, ter uma simpatia captada pelas câmaras para com a Paula Moura Pinheiro, fazer um agrado público a alguma pseudo-repórter do Correio da Manhã, comparecer no Eixo do Mal e no Governo Sombra para dar troco a qualquer dos residentes... e por aí vai. É que se fez aquele pífio e inaceitável telefonema para a Cristina Ferreira para equilibrar não sei o quê, então tem muito mais atenções públicas para distribuir. 

Mas a malta gosta sempre de ser boazinha e desculpar tudo. Brandos costumes. Eu também sou assim, tendo a não gostar de pisar quem está no chão. Mas Marcelo não está no chão. Tem a popularidade nos píncaros. 

Marcelo rei dos afectos e das selfiesE, calma aí, eu até acho que ele tem feito, em regra, um bom papel. 
É dado a excessos, abusa da ubiquidade, não perde a pica de ser comentador, comentando tudo a toda a hora, gosta de gostem dele e faz de tudo para se certificar disso quase parecendo querer garantir que será entronizado como o presidente dos afectos ou, se possível, até canonizado. Mas é civilizado, tem mundo, é culto, é contemporizador, tem boas maneiras e, também em regra, não nos envergonha. Depois de Cavaco, ele é o dia a comparar com a noite.
Mas isso não me impede de achar que, volta e meia, derrapa para o lado perigoso da coisa, lá onde o excesso tende para o ridículo (como foi agora o caso do inenarrável telefonema para a escaganifada da Cristina Ferreira), lá onde o querer ser simpático e querer ser o primeiro o leva a atirar-se para fora de pé (como foi o convidar o 'irmão' Bolsonaro a vir visitar Portugal) ou noutros casos em que só nos ocorre que não havia necessidade.

Está-lhe na massa do sangue ser como é -- e a roda-viva em que anda ainda acelera mais aquele metabolismo já de si acelerado.

E eu só posso recomendar-lhe que tire uns dias para descansar, para reflectir. Caso contrário, um dia a coisa derrapa de vez e já se sabe como é -- com a velocidade a que as coisas correm nas redes sociais e com a tendência para a malta se mover em rebanho -- daí até cair em desgraça junto dos portugueses vai um ai.

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[Imagens de Miguel-ngelo e We have Kaos in the Garden]

quarta-feira, outubro 24, 2018

Cavaco, o homem que queria ser Quinta-Feira.
[As páginas rasgadas que jamais serão lidas]





A Maria ensinou a criada do Palácio a ter sempre pastilhas de mentol em cima da mesa para ninguém ter desculpa para ter mau hálito.
Porra, Maria, era preciso uma canelada dessas? Mais logo já vais ter que me dar aqui uma fricção. Porra, vou ficar com uma nódoa negra.
Pronto, corrijo: como tenho mau hálito, tanto que a Maria diz que tenho que comer sabonetes antes de falar com alguém -- e ela não quer que os invejosos se sirvam disso para me atacar -- ensinou a sopeira a pôr os rebuçados de mau hálito em cima da mesa. Pois o gajo, pouco dotado como é, nunca se enxergou e, ao longo de anos, tive que estar ali a gramar-lhe o pivete dos maus ácidos. Sempre que eu tinha que lhe dar uma rabecada, subia-lhe do estômago uma baforada fedorenta enquanto todo ele se retorcia para fazer de conta que me respeitava. Mas nunca conseguiu. 

Só me trazia burrices, tudo ao lado, o gajo não percebe nada de nada. Pudera. Com a outra gaja como professora de que é que se estava à espera? 

Por causa dessa gaja, queria o outro menino mimado, um menino da mamã cheio de raivinhas, demitir-se. Fingi que me ralava muito com isso mas, claro, que não mexi uma palha. Desde os tempos do Independente que só se não puder é que não lhe mostro que quero é que ele se f...
Porra, Maria, vai chatear outro. Queres ver que já não posso dizer o que quero aqui na minha marquise? Era só mesmo o que me faltava. Queres lá tu ver que o defendes? Convencido que é um marquês, um lord inglês. Não há pachorra. 
Mas voltando ao destituído. O gajo até salivava quando vinha apresentar as sacanices que ia fazer aos portugueses. Cheguei a temer que tivesse um orgasmo ali mesmo à minha frente. Eu bem tentei ensinar-lhe que havia alternativas àquela receita mal parida mas o gajo é um caso perdido. A outra gaja convenceu-o que é dos livros que austeridade até espremer os cidadãos até ao tutano é que bom e o gajo aplicou-a até deixar o país e os portugueses depenados e as grandes empresas públicas vendidas ao capital estrangeiro e, até, a Estados estrangeiros. Bem tentei dizer-lhe que era melhor ir estudar a sério com professores a sério mas o gajo, obstinado e pouco dotado como é, não percebeu. Por três vezes disse que se ia demitir. Uma coisa na base do 'agarra-me senão eu bato-te'. Também não mexi uma palha. Era o melhor que ele fazia era demitir-se. Mas está bem, está. Não arredou pé. Só fez merda. Aquilo da TSU ainda foi o menos. O pior foi o resto. Só merda. Que ninguém diga que o apariquei ou que lhe pus uma mão por baixo. Mentira. A Maria está aqui ao lado e não me deixa mentir. 
Pois não, Maria? 
Ela diz que não. Eu tive foi vontade de lhe dar biqueiradas. 
Não é a ti, Maria, porra que nunca percebes nada. Qual má dicção, qual carapuça. É ao aluno da outra gaja que também só fez porcaria, desde os Swaps até ao rectificativos, que nunca acertou uma.
Que fique para a história: eu ao Passos Coelho nem com molho de tomate. Não gramo, nunca gramei. Que fique para a história: Não apoiei nem uma das muitas medidas que tomou. Zero. Levou o país para o lixo. Que fique para a história: sempre achei e sempre mostrei aos portugueses que tudo o que Passos Coelho fez foi porcaria. Porcaria da grossa.

Mas foi corajoso. Não é uma galinha qualquer que faz merda anos a fio e, mesmo constatando-se que nada daquilo se aproveitava, se mantém fiel ao seu rumo. Nunca percebi foi se fez porcaria sem perceber que fazia porcaria ou se aquele era mesmo o seu rumo, o de dar cabo do País. Mas foi corajoso.
É pá, Maria, deixa-me dizer parvoíces, não estejas para aí só a dar-me belinhas. Acho que me fica bem elogiá-lo, não quero saber que não seja coerente com o que escrevi acima. Alguém repara lá nisso? Vai fazer tricot e deixa-me dar largas à minha maneira de ser.
E depois apareceu-me o outro, o que leva tudo na boazinha. Não aguento. Gente bem disposta tira-me do sério. Eu a ranger os dentes e com o esfíncter apertadinho e o gajo todo Babush, a rir, a dizer que tudo se resolve. Não suporto gente bem resolvida. Por muito que eu me mostrasse cinzento, bafiento, múmia encartada, por mais que o bafejasse com o meu hálito sinistro, o raio do monhé não desarmava. E o sacana conseguiu mesmo dar o braço àquela caganita que fala pelos cotovelos e ao Jerónimo que, filho da mãe, se vendeu e agora já não se importa de apoiar o PS. Os comunas que estavam no túmulo ainda devem estar aos pinotes.  

Mas, calma aí, inteligente e sábio como sou, percebi logo que aquela coisa que dá pelo nome de geringonça -- e que eu, por mim, tinha feito o que na minha terra fazem aos gatos que nascem a mais -- estava para dar e durar. Que fique para a história: adivinhei logo que a caranguejola se ia aguentar até ao fim. Adivinhei tudo. E mais: que fique registado que tenho uma memória de elefante. Tomei nota de tudo, tenho opiniões sobre tudo, acerto sempre, sei tudo. E se me pisam os calos tenho ainda mais para sair à cena. Posso contar do outro que, numa recepção, deu um pum e depois ficou com um risinho amarelo, posso contar do outro que, mal chegava a Belém, ia a correr à casa de banho e vinha de lá sempre de braguilha aberta (tinha que ser o Liberato a puxar-lhe a orelha para lhe chamar a atenção), posso contar da loura inconveniente que, num jantar de cerimónia, deu tal arroto que o convidado perguntou se não estaria nenhum cavalo escondido atrás do cortinado. Não venham para cá com bocas senão vão ver.

Ah, e só espero que o Marcelo não ande agora por aí com indirectas e piadinhas para a geral senão a ver se, no próximo livro, não leva também umas bujardas que até vai de lado, catavento do caraças. Não tenho pachorra nenhuma para aquele emplastro, sempre pregado às televisões, sempre a dar beijinhos em tudo o que é velha que se lhe apresenta à frente. Como se aquilo fosse maneira de ser presidente. E não acerta uma. Eu é que acerto sempre. Eu é que sou o presidente. 
Presidente das Marquises...? Vai gozar com a prima, ó Cavaca duma figa. Porque é que não te candidatas a Presidenta para ver se deixas de andar colada a mim? Olha, já escreveste hoje a carta do dia ao Oliveira e Costa, ao Arlindo de Carvalho, ao Dias Loureiro? Vá, os amigos não se esquecem. Diz que mando saudades.
Agora vou interromper antes que apareçam por aí os invejosos do PS a dizer que estou a fazer felação delação ou que me falta sentado de Estido. E, para mais, tenho que ir ali pôr água na tigela da casota do cão que está ali no canto da casa de jantar. Enfiei lá o Lima. Aqui não tenho sótão e a Maria, esquisita como é, não o quer na marquise, diz que ele é como o Coelho, larga pêlo.

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Ei ei ei. Calma aí. 
Não foi o Cavaco que me deu estes apontamentos. Nem pensar. Encontrei estas folhas a voar por aí. 
Estavam dentro de um envelope voador que dizia  fake sheets. Ou seja, tudo fakeria.

As imagens provêm do saudoso We Have Kaos in the Garden

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sábado, março 10, 2018

CDS em congresso: ideias chave


O CDS tem que crescer. O CDS é a única alternativa viável ao governo das esquerdas unidas. O CDS é o único partido que sabe falar aos portugueses.
OK. Mas em concreto, quais as vossas ideias e o que se propõem fazer?
Como disse, o CDS é o único partido que sabe falar aos portugueses. E é isso que vamos fazer: vamos falar aos portugueses. O CDS é a única alternativa viável ao governo das esquerdas unidas. Por isso, o CDS não se cansa de dizer: temos que crescer para haver uma maioria de centro-direita.
Ok, ok. Mas em concreto o que é que se propõem fazer pelo país?
O CDS vai dizer a verdade aos portugueses. Como sempre dissémos e como vamos continuar a dizer. Acha pouco?
Ok, ok, mas qual verdade?
O CDS é o único partido que pode ajudar a derrubar o governo das esquerdas unidas. Vamos crescer e vamos ajudar a que haja uma maioria no parlamento. E isto não se ouve mais nenhum partido a dizer. O CDS di-lo de forma muito clara.
Ok, ok. Mas como vão convencer os portugueses de que têm um projecto para o país?
Em termos concretos o que eu posso garantir aos portugueses é que vamos continuar a falar como se matraqueássemos as palavras. Vamos continuar a apostar na dicção e nos sound bites. Vamos inventar muitas expressões que fiquem no ouvido como isto das 'esquerdas unidas' ou esta hoje do Pedro Mota Soares a dizer que 'este governo é o mais reaccionário da Europa'. Vamos fazer concursos de ideias entre os jotas para produzirem ideias destas. Vamos fazer desenhos para mostrar no parlamento. Vamos dar entrevistas em que vamos explicar que vamos crescer e que somos o único partido que sabe falar com os portugueses. Não há nenhum outro partido que tenha uma estratégia tão clara.
Mas não seria bom que o Manuel Monteiro regressasse ao partido?
Nem pensar. Tem má catadura. Carrega muitas mágoas e nós gostamos de ser o partido feliz, da cara alegre, da boa onda. Para mais e com todo o respeito, essa figura que mais parece uma assombração, fala muito, usa frases muito longas. Nós já não estamos aí. Nós gostamos de frases curtas. 
Mas, escute, essas vossas ideias não são, na verdade, um bocadinho curtas?
Não. Ora essa. Nada curtas. Compridas. Ideias compridas. O CDS é o partido que têm as ideias mais compridas. Ouça. Com-pri-das. Frases curtas com ideias compridas. Permita-me a analogia para se perceber melhor: saias curtas com pernas compridas. Penso que a mensagem é clara e que os portugueses compreendem. 

Ok. Se calhar, por essas e por outras, é que o CDS já não tem expressão eleitoral que se veja e tem que andar sempre à babugem. Quanto é que valem em termos de votos? Na volta, já menos que o PAN. Mas ok, deixe estar. Continue a fazer de conta, a alimentar a tal fábula que Mestre Jerónimo evocou, a da rã que se achava grande e importante como um boi. E dê entrevistocas e faça desenhinhos e invente metáforas pueris e soletre sound bites e peixeirices com a boca muito arregaçada que a gente gosta de ter motivos para se rir. Em qualquer parlamento há sempre quem goste de se fazer de bobo da corte e a maltinha do CDS tem jeito para isso.

Tá-se.
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Aproveitei-me das imagens que o Kaos-Man e o Miguel-ngelo criaram para ilustrar a pinta de Miss Cristas e a eles agradeço

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E queiram seguir para o grande momento em que o camarada Adolfo anunciou que não ia resgatar António Costa, que, se ele se quer salvar das esquerdas encostadas, pois que chame a polícia.
Nem mais.

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