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sábado, dezembro 19, 2020

Falar de cherne já a cheirar a peixe podre, de uma múmia paralítica recozida em fel, de um láparo burro e ressabiado e de um mangas de alpaca armado em parvo...?
Eu heim...
Vou mas é tentar perceber para onde vão os sonhos de que não me lembro ou aprender a dançar flamengo com a Irene

 




No outro dia entrei na mini-estufa que está ao fundo, na horta, e que está meio destruída. O chão cheio de erva alta, a erva a encobrir não sei o quê, uma prateleira meio caída, umas latas não sei com quê. Aventurei-me admitindo que não haveria de sair uma cobra azul com duas cabeças de debaixo da relva ou um rato gigante a rir às gargalhadas de dentro de uma lata. Então, entre restos de meias coisas, vi uma floreira rectangular, com terra e, sobre a terra, não sei o quê, se ovos de bichos hediondos, se larvas nojentas, e umas meias flores, meias vivas (que é a mesma coisa que dizer meias-mortas). Peguei na floreira, pesada, e com os pés pousados sobre não sei o quê, tentei trazê-la cá para fora. E, então, de lá começaram a sair bichos, talvez formigas gigantes, talvez apenas uns bichos meio aterradores. Suportei a agrura, projectei-me cá para fora e consegui pô-la em terra. E, cheia de comichões e brotoeja de toda a espécie, sacudi-me e sacudi de mim toda a bicheza saída daquela terra estranha coberta por coisas esquisitas e meio tenebrosas.

A seguir, com a mangueira lavei tudo, a terra, a flor, tudo aquilo que tinha sobrevivido sem água e entregue àqueles urubus.

E isto é verdade, que ninguém pense que estou a criar aqui uma história armada em fábula.

Pois bem. A fenómeno idêntico tenho assistido nos últimos dias: tudo o que é bicheza infecta parece que está a sair de debaixo da terra para vir chatear a malta. Primeiro foi o seboso do cherne Barroso, a criatura mais inútil e mais informe que a política portuguesa conheceu e que estranhamente conseguiu aguentar-se à tona de uma Comissão Europeia então paralisada. Depois, nem percebi a que propósito, dei de caras (na televisão, bem entendido) com a cavaquítica múmia paralítica a exibir o seu crónico ressabiamento e mau feitio, respondendo ao que ninguém lhe perguntou. E agora, respondendo ao apelo do seu pupilo, o popufacho ventoso, eis que deu à costa o láparo mais burro que a terra alguma vez pariu; apareceu disfarçado mas, ao falar, logo mostrou que mudam as aparências mas não as substâncias. 

De onde é que esta gente anda a aparecer? O que deu neles? O que anunciam estas sinistras aparições?

E o mais estranho é que, parecendo querer competir com a zombiada que anda a sair de debaixo das tumbas, quais fantasmas a sair de armários escaqueirados, o alpacas, esse apertadinho e sempre maldisposto rio, resolveu armar-se em engraçadinho fazendo piada com morto, com desgraça, com vergonhas alheias. O psd está em decomposição acentuada. Como as minhas romãs pelos vistos devoradas pelos ratos de que só sobrava a casca, assim o clube da laranja. Os fantasmas e os ratos que se pensava estarem defuntos andam a devorá-las por dentro. 

Brotoeja é o que sinto só de ver. Fará os sociais democratas de gema que ainda andam iludidos acreditando que ainda têm hipótese... Talvez até tivessem. Mas, para isso, teriam que renegar a maioria dos estafermos que o dirigiram. 

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Já não chega o corona a dar conta disto tudo, ainda aparecem agora estes vírus bactéricos e putrefácticos. Caraças.

Mas vou estar para aqui a falar de múmias ressequidas e bicheza abutríca no fim de uma semana como a que tive....? É o vais.

Portanto, vou mas é aplicar aqui ao texto umas flores e coisas de natal cá de casa à laia de defumação para ver se afasto a mente dessas avantesmas.

E, olhem, vou pôr-me aqui a olhar estes vídeos a ver se aprendo a dançar, revoltear e sapatear ou, até, a ficar com os cabelos em pé mas com graça.




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Ah, e já contei que tenho andorinhas residentes? 

Um dia mostro o ninho.

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E um bom sábado.

quarta-feira, outubro 14, 2020

Todas as alforrecas são iguais mas algumas são mais iguais do que outras

 

Gosto de passear na praia. No fim-de-semana andei numa praia onde nunca tinha ido. Bela, extensa. Quando está sol e calor, é dos livros que é praia que está sempre cheia; e o acesso é mau. Já tentámos algumas vezes mas, até agora, sempre sem sucesso: não há lugar para estacionar, há demasiada barafunda para o nosso gosto. Mas, agora que estamos em Outubro, aventurámo-nos. E ainda bem. Será lugar a explorar nos próximos tempos.

Mas o tema não é esta praia, é outro. 

Como tenho constatado em todas as praias por onde tenho passeado -- para nós, a menos que estejamos em família, a praia é sobretudo um belo local para passear, para fazer caminhadas com os pés na água -- há alforrecas por todo o lado. Os areais estão pejados delas. Dão à costa. Esbambalhadas, esmolengadas. 

Não sei o que lhes anda a dar para nos aparecerem de metro a metro. Estão a ser escorraçadas do seu habitat? O resto dda bicharada fartou-se do género e anda a dar-lhes um valente chega para lá? Ou é o próprio habitat que já não está para acolher bichos do género? 

Uma pessoa a querer andar a direito e, a cada meia dúzia de passos, lá temos que nos desviar. É coisa da qual acho que ninguém quer proximidade. Não sei se fede ou se só causa brotoeja. Seja como for, o melhor é guardar higiénica distância. Foge...

Sá Carneiro Talks. Durão Barroso e os "4 D" da crise


sábado, julho 18, 2020

Jorge Jesus, Cristina Ferreira, Ferreira Fernandes - começou a época das transferências e, ao mesmo tempo, a silly season





Jorge Jesus vai e vem, faz e desfaz, salta de clube em clube, é aplaudido e vaiado, sai em ombros ou ao estalo, passa de rival em rival, atravessando a segunda circular ou o atlântico, dancing for money e cagando para o resto. Pelo caminho vai abichando uns milhões. Não há cá amor à camisola, conversa mais fajuta, há é profissionalismo. E os $$$$$ a crescerem na conta bancária (nas muitas contas bancárias) e quem o achar traidor que pense duas vezes: quem trai traidor deve ser como o ladrão que rouba ao ladrão, mil anos de perdão. E nham-nham-nham, rebenta o balão. (O balão do pastilhão, bem entendido)


Cristina Ferreira, outra caga-milhões, salta da TVI para a SIC e na SIC é recebida em ombros, deitam-se no chão para ela saltar em cima, o pastor Rodrigo fecha o noticiário com 'o país, o mundo e o bolo da mãe da Cristina Ferreira' e as engraxadoras da Arrastadeira Vermelha lambem as botas e os próprios pés da Cristina, e a Cristina guincha e escaganifa-se com risinhos escaganifobéticos e toda a gente aplaude, e vai aos globos de ouro armada em nossa senhora de fátima e toda a gente ajoelha e agora, sem mais nem ontem, a dita Cristina, santinha no altar das vaidades, caga de alto para os devotos da SIC e baldeia-se outra vez para a TVI. Cristina e Jorge Jesus, grandes profissionais do espectáculo e da carteira recheada. Diz que vai agora para accionista. Quem a venerou, babando-se enquanto a venerava, que vai agora dizer? (Pergunta retórica esta minha). 

E, provando e reprovando que abriu a época das transferências, eis que me cai o queixo ao chão. Na mesma onda dos anteriores, dou com mais uma troca-sensação. Ferreira Fernandes, ex-Público bandeou-se para o Diário de Notícias onde chegou a Director. E se eu gosto de lê-lo, caraças. Pois bem, bandeou-se outra vez para o Público. Faz sentido? Eu diria que não. Mas a minha segunda consciência diz-me: 'Define sentido'. Não sei. Dou-me uma segunda oportunidade: 'Define faz sentido'. Mas também não sei definir pelo que, na volta, isso de 'fazer sentido' não existe. Portanto, trocas e baldrocas é o que está a dar e que se fornique essa coisa do sentido. E eu, que não gostaria nada de estar a servir o FF na mesma travessa em que apresento o JJ e a CF, face às insólitas circunstâncias, vejo-me forçada a fazê-lo. Ele há coisas.

Depois disto, só falta o Durão Barroso, esse perfeito-nulo, porteiro das Lajes, nos aparecer como grande educador da classe operária, liderando o MRPP,  ou o Ventura, esse pintarolas manhoso, aparecer no PSD de braço dado com o Passos Coelho, esse grande estadista que, apesar de só ter feito merda, agora por aí anda ao colo de tudo o que é burro neste país e, para cerejar o topo do bolo, nos aparecer o Carlos Costa, essa mítica figura que esteve cega, surda e muda enquanto o sistema financeiro ruía, como gestor de offshores. 

Não sei porquê mas parece que só me apetece exclamar: Eh Lecas.

Tirando isto... que mais?

Quarenta e tal graus por aqui, uma temperatura desumana. Deve ser isso. Estas temperaturas de assar pimentos ao sol estão a virar as casacas do avesso, estão a virar frangos às cegas, estão a fazer cambalhotear as mais gradas figuras desta grande nação.

Eu própria tenho que pensar bem. Qualquer dia destes, se a coisa é pegajosa como o corona, ainda pego a pandemia e ainda vos apareço a assinar posts aí num outro blog, num daqueles que vos deixaria de cara à banda: What?! Esta aqui?!?! Não... Não é possível...

 Ah pois não, violão.

E vai daqui um beijinho para vocêzes. Com máscara, claro, que eu, noblesse oblige, com isto do corona, não facilito.


Um bom sábado. 

(E bebei água com farturinha, está bem?)

terça-feira, dezembro 05, 2017

A célebre expedição das cabeleireiras pafinhas ao Everest
que, como é sabido, levou Mário Centeno a presidente do Eurogrupo


Sobre a nomeação de Mário Centeno para a presidência do Eurogrupo e a propósito de certas reacções, podia limitar-me a dizer:


Mas vou dizer algo mais.

Com vossa licença, claro está.

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Quando, há un meses, Schäuble elogiou Mário Centeno fartei-me aqui de rir. Escrevi então O elogio, pela boca de Schäuble, de que Centeno é o Cristiano Ronaldo do Eurofin é a pimenta que faltava no cu de Passos Coelho.


Contudo, no dia seguinte, ao ler a opinião de gente sábia -- desde embaixadores a comentadores com pedigree, passando pela fina flor dos PàFs -- fiquei a achar-me uma eterna ingénua encartada.

Onde eu tinha percebido uma mudança de ventos, estes outros viram gozação -- obviamente o Schäuble está a gozar com o Centeno e só os totós é que acreditam em tamanha patranha, decretaram. Onde eu tinha visto motivo para me rir do Láparo, outros viram razão para se rirem, uma vez mais, do Centeno, esse pobre risonho com carinha de enjeitado.

A minha intuição fazia-me sentir que a Europa estava a querer começar a virar a agulha, rendendo-se à evidência dos factos e predispondo-se a arrepiar caminho depois de uma errática deriva austeritária, pressentindo que ou era isto ou acabaria devorada por dentro, pelo populismo, essa gangrena que se alimenta do descontentamento legítimo mas mal informado. 

Mas, onde eu via isso, outros, os inteligentes, sabiam que não, que a Europa de Schäuble e Dijsselbloem não cedia um milímetro nem descia do seu pedestal dourado para elogiar um pobre patareco vindo dos escafundós, do portugal dos pobrezinhos.

Pensei: que reacção mais naïf a tua, oh UJM, sua santinha desmiolada. Fosses tu mais esperta e terias percebido também que o Schäuble estava a gozar. Para a próxima, benze-te três vezes antes de acreditares no pai natal.

Entretanto, o tempo foi passando.
  • E depois de uma irrisória cruzada pàfienta, em que os direitolas-unidos tentaram derrubar o pobre Centeno com base em inocentes sms, sms essas que o próprio rei do big reality show se sentiu no direito de inspeccionar, 
  • depois do Láparo ir às lágrimas com as intervenções parlamentares do dito ministro-alvo-a-abater, 
  • depois da estonteante Teodora ter botado várias das suas prescientes faladuras ao alertar para os potenciais perigos das contas risonhas do ministro-risonho, 
  • depois da pinókia albuquerca ter demonstrado a sua veia de vendedora de banha da cobra dizendo, com ar doutoral, banalidades de pernas para o ar
  • e da Cristas da coxa grossa ter expelido mais uns quantos dejectos em forma de sound bites
a comunicação social começou a dar, finalmente, algumas tréguas a Centeno. Na verdade, não sabiam por onde pegar.
A dívida a dar sinais de querer baixar, o défice baixinho, baixinho como jamais se esperaria (ler jamé, se faz favor), o desemprego a baixar estupidamente, a confiança a subir... e cada vez menos por onde pegar.


E, na Europa, a possibilidade de Centeno ir para a frente do Eurogrupo ia ganhando terreno.


Mas Portugal não é amigo dos seus. Está na massa do sangue dos portugueses. Não sei se é dor de cotovelo, se é fatalismo. Seja por que for, a verdade é que logo, logo, saltaram as velhas do Restelo. 



Até o omnipresente rei do big reality belém show veio a terreiro dizer que, se a eleição acontecesse mesmo, não se esquecesse o ministro Centeno de fazer o trabalhinho de casa nem de quem é que lhe paga o ordenadinho e coiso e tal -- e que não viesse alguém dizer que ele, a omnipresente Voz, não tinha alertado.


E os das so called esquerdas-unidas também saltaram a pés juntos -- que não fosse o zé povo acreditar que ir o Centeno para a frente do Eurogrupo ia ser boa coisa, que não ia, que aquilo lá quer-se é nas mãos dos mais estafermos de entre os estafermos para haver quem corporize o mal dos males e eles, os das esquerdas-unidas, terem a quem apontar o dedo. 

E os mais catastrofistas, de cabeça perdida, já falavam como se ele, Centeno-o-risonho, caso fosse eleito, se preparasse para  largar o ministério das finanças português, não passando, pois, do novo durão, a alforreca nº 2. 


Mas, enfim, o caminho faz-se caminhando e o impensável aconteceu. 
Claro que, colateralmente, foi-nos dado observar o costume: o pequeno Cambalhotas fez mais um flic-flac à rectaguarda, os comentadores avençados afinal sempre acreditaram e sempre souberam que sim e já todos conhecem a história de trás para a frente. Os avençados têm que continuar a ganhar o deles. Fazer o quê?

Mário Centeno foi eleito e vai ser o próximo presidente do Eurogrupo. E eu, a simplória de sempre, apenas posso dar-lhe os meus parabéns, desejar-lhe boa sorte e esperar que aguente as pressões e os trabalhos acrescidos e que se aguente igual ao que é, simples, lúcido, equilibrado. E fiel ao seu ideário. Será bom para a Europa e, claro, também para Portugal. Não tenho reservas. Ter Mário Centeno à frente do Eurogrupo é melhor que ter o Dijsselbloem ou qualquer outro da mesma linha. Centeno, ao longo da sua vida profissional tem sabido provar -- e é isso que espero que continue a acontecer.



Enquanto isso, Costa soma e segue. Inteligente e determinado como poucos, pode faltar-lhe alguma queda para os perdoa-me e para os beijinhos, abracinhos e selfies mas parece decidido a continuar a mostrar à Europa que há uma alternativa à austeridade-custe-o-que-custar. E isso é bom. 

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Portanto, quase a terminar, aos incrédulos, aos cépticos, aos catastrofistas, aos velhos do restelo e a tuti quanti só tenho a dizer:


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E aos Pàfs, ex-PàFs e candidatos a PàFs que acham que a eleição de Mário Centeno para o Eurogrupo se deve também ao lindo trabalhinho que Passos Coelho, o ex-irrevogável Portas, a Pinókia, a Cristas da Coxa Grossa e restante trupe fizeram antes, o que tenho a dizer é que só me fazem a lembrar a expedição de cabeleireiras ao Everest. É ver.


Monty Python e a expedição de cabeleireiras ao Everest



Muito boas, as meninas pafinhas...

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E um dia muito feliz a todos quantos por aqui passam.

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quarta-feira, dezembro 28, 2016

2016





Não sei se já alguma vez fiz um balanço de um ano que passou, coisa como deve ser, rigorosa, pensada. Só a nível profissional e é porque a isso sou obrigada. Chego a Dezembro e lembro-me lá eu bem do que aconteceu lá para trás. Não me lembro e estou-me nas tintas para isso. Posso ter uma ideia geral. Mas de que serve isso, agora que já passou?Neste tempo de reacções exacerbadas e efémeras, de que serve a reflexão sobre o que passou? 

Por exemplo, sei que a nível político, cá pelo burgo, a oposição começou por aboborar, depois definhou e, finalmente, feneceu. Em 2016 Passos Coelho cobriu-se de ridículo a cada dia que passou apesar de as televisões continuarem a levá-lo ao colo. Mas é ao colo. Não em ombros como antes: levam-no ao colo como se leva um inválido. Isto o Passos Coelho. Do lado dos orfãos do ex-Irrevogável, a desgraça não é menor. Enquanto o Láparo se vai deixando cobrir de moscas, a Madame Cristas-da-coxa-grossa aposta no glamour à moda da colunável Katia Aveiro. Infelizmente nem uma nem outra conseguem ser levadas a sério. O rapazito Adolfo do verbo fácil e olhinho faceiro lá tenta fazer de conta que o partido ainda mexe mas não consegue. Aquilo vivia dos trocadilhos do Portas. A sucessora, Madame Cristas, que não tem a verve do ex-discípulo do Esteves Cardoso, aposta nos quadrinhos e lembrancinhas 'tipo' pré-primária e o garçon Adolfo, não sabendo como fazer pendant com essas gracinhas escolares, aos poucos, vai também perdendo o brilho que lhe vinha do reflexo do tutor.


Quanto ao PS, lá vai andando, sem grande brilho, a reboque da energia catapultante de António Costa. Muita gente agarrada ao passado, a épicas memórias, muita gente com os pés agrilhoados ao aparelho, muito culto de seita que vem do espírito das jotas e muito encosto a facilitismos por via de nomeações para assessorias e outras mordomias. Mas, aqui e ali, alguém sobressai e consegue caminhar sobre esse terreno, alguém consegue formar uma equipa de gente que consegue puxar o barco e seguir em frente, com presciência, competência e determinação. António Costa tem estado a ser um exemplo de energia, capacidade de agregar diferenças, vontade de tirar o pé do país da lama -- e sempre num registo descontraído, não como um missionário, não como um mestre-escola castigador. Um primeiro-ministro que não nos envergonha. Pelo contrário: um primeiro-ministro de que nos podemos orgulhar.

O PCP é cada vez mais um agrupamento de gente desnorteada -- mas séria. Jerónimo de Sousa é um homem honrado. O PCP já não consegue ter ideais porque todos os seus modelos ruiram. Agora apoiam-se em utopias. No entanto, pode ser gente antiquada e, por vezes, um pouco quadrada, mas é gente de bem. Penso que uma aliança com o PCP, seja sob que forma for, é um esteio de honorabilidade.

O BE não é que, de vez em quando, não tenha razão. Tem. Concordo, com frequência, com o que dizem. Mas há ali um onanismo latente e um histrionismo cansativo que estraga o efeito do que dizem e quase anula a razoabilidade de algumas ideias. Se calhar, ao escrever isto, estou a pensar essencialmente na Mortágua e na Catarina Martins e a ser injusta para os outros. Mas a verdade é que, tirando elas, o resto não risca.

Marcelo é o que é e está na presidência como esteve nas campanhas (nas presidenciais e nas autárquicas). E como esteve nos comentários. Aliás, entre mil outras coisas, ainda está nos comentários. É a personificação do dom da ubiquidade, da hiperactividade e da criatividade ao serviço da política. Envolve o país em sorrisos e afectos, transporta uma mensagem de optimismo e confiança e isso é positivo. Não tem sido lesivo do País e tem ajudado a limpar a sombra negra do Cavaco e, enquanto assim se mantiver, nao está mal. Além do mais, não vai descansar enquanto não conseguir limpar o PSD de Passos Coelho e isso é motivo para todo o País lhe ficar grato.

Tirando isso, o que mais?


Na UE a pasmaceira do costume, a falta de visão, a calhandrice inconsequente a que já habituaram o mundo. Um bando de burocratas inúteis. E a vergonha de ter um ex-presidente da Comissão a enxovalhar uma instituição que, já de si, não sabe dar-se ao respeito. Durão Barroso é a bosta do regime cavaquista -- e eu, que nunca emprego esta palavra e que não acho graça a quem a usa, tenho que pensar mesmo muito mal da criatura para a usar.

Nos EUA, o cúmulo do ridículo a que isto chegou: um palhaço eleito presidente. E palhaço aqui não é profissão, é insulto mesmo. Os riscos que o mundo vai correr com um parvo daqueles aos comandos do mundo são difíceis de antever. Custa perceber como um país que é tido como um bastião da liberdade e do progresso elege um parvalhão retrógrado, uma nulidade, um perigoso bronco. Um perigo.

A Rússia continua a ser o urso grande que caminha sem medo por entre a negra floresta, de quando em vez até pode parecer amigo e fofinho, mas logo deixa claro que é capaz de dar abraços que asfixiam e que não se ensaia nada para deixar pegadas de sangue, 

A China é o grande império que se deixou deslumbrar pelo pechisbeque mas que mantém os hábitos ancestrais de planear a longo prazo, de avançar com a paciência milenar de quem sabe que a vida de um homem é curta mas que a cultura impregnada nos genes da nação é vasta. E avança. E avança a caminho do ocidente. Delicados, avançam por onde os caminhos são fáceis e as portas abertas. 


Tirando isso, o terrorismo, essa doença infantil de um mundo que não tem sabido lidar com a democracia, com a inclusão, com as dificuldades de um progresso que deixa muito a desejar. Este é um mundo onde abunda a testosterona besta, onde campeia o aproveitamento da situação por parte de quem vive da indústria de armamento e, sobretudo, onde os agentes evidenciam uma cultura de Play Station e muito poucos neurónios -- e isto quer do lado de quem pratica o terrorismo quer do lado de quem não é capaz de o combater. Talvez o ano que aí vem traga algum separar de águas nesta matéria.

Omnipresente, o capitalismo desregulado, a ganância insaciável, a corrupção boçal. Um mundo que se move a partir dos bastidores.

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Nas artes, nada de disruptivo, pelo menos que me lembre. O mais significativo talvez seja mesmo que a ceifa em 2016 tem sido brutal, levando mais artistas do que era costume. A grande malvada não tem sido branda.

Mas grandes obras, grandes livros, grandes pinturas, grandes músicas, grandes esculturas, grandes coreografias, grandes filmes, etc, etc,... assim que agora possa destacar não estou a ver. Contudo, talvez seja lapso de memória da minha parte.

Nas ciências, certamente por ignorância minha, mas também talvez devido à fraca visibilidade de um mundo que parece viver muito em circuito fechado, talvez devido ao estupidificante desinteresse da comunicação social, também não consigo pronunciar-me.

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E, no entanto, há todo um mundo aprazível, um mundo de gente boa, corajosa, heróica, especial. Ou de gente normal capaz de milagres. Do milagre da sobrevivência, por exemplo. Gente generosa. Gente inteligente. E há a natureza. O milagre da renovação da natureza. E a ciência. Gente que espreita o desconhecido, que procura o que se esconde debaixo da pedra, gente que procura a luz ao fundo do indecifrável labirinto. E a arte. Pode não acontecer a obra prima mas há a arte de todos os dias. A arte das palavras perfeitas, de as escrever, de as cantar, de as dizer, e a arte dos acordes sublimes, e a arte das cores e da luz, e a arte de mudar a forma dos materiais, e a arte de desenhar o movimento. 

E é isto que faz mover o mundo e que faz valer a pena viver.


E a nível pessoal, o que se passou comigo?

Uma avalanche de trabalho desabou em cima de mim. Muitas vezes sinto que não sei se vou aguentar ou conseguir dar conta do recado. Depois lá vou pondo de lado esses pensamentos e seguindo em frente. A nível de saúde, tive uma tendinite tramada que, porque fui deixando arrastar a toque de brufens consecutivos, deu também em bursite. Durante algum tempo escrevi aqui cheia de dores, com gelo, cheia de anti-inflamatórios. Devia ter descansado mais mas continuei a trabalhar, a conduzir, a fazer a vida normal (apesar do esforço, por vezes, tremendo). Lá passou. No tempo livre, passeei sempre que consegui, caminhei, fotografei, estive com os meus, porque sem eles é que não passo, carreguei com mais toneladas de livros cá para casa. Quase não pintei. Que me lembre só três quadros para a minha filha. E cada vez mais constatei que o mais importante na vida é o afecto. Talvez tanto ou mais que a saúde.

E agora, assim de repente, acho que mais nada que valha a pena figurar aqui. Ou melhor, haver mais, há. Se calhar o mais importante nem está aqui. Mas são coisas cá minhas.


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As imagens são algumas das fotografias do dia que, ao longo do ano, foram sendo publicadas pelo site National Geographic.

A música, interpretada por Nick Cave é To Be By Your Side porque assim me mantive ao longo de 2016, ao vosso lado.

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Permito-me ainda convidar-vos a descer até ao post seguinte onde me interrogo sobre qual a forma de lidar com alguém que está com uma depressão ou com um esgotamento.

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quarta-feira, setembro 14, 2016

O triste fim do pouco europeu José Manuel Barroso, aquele que esqueceu o Durão no dia em que se marimbou para Portugal


Ora então muito bem, vamos lá. Não é que me apeteça mas acho que tem que ser.

Tento manter-me afastada da política nacional, em especial da que é alavancada por uma comunicação social que dá dó, mas nem sempre consigo. 

Passos Coelho arrasta a sua indigência intelectual por eventos sem qualquer interesse e lá vai a comunicação social atrás a pôr-lhe um microfone debaixo da boca sem que ninguém pareça incomodado por ele o usar como um babete para o qual pode bolsar insanidades à vontade. Anuncia diabos, resgates, buracos e, apesar de nunca acertar, ele continua a agourar como uma bruxa burra e decadente. 

A deslumbrada Cristas põe um chapéu de palha na cabeça e diz meia dúzia de bacoradas e aí estão as televisões e jornais a fazer manchetes.

Os spin doctors do PSD, CDS e sabe-se lá de quem mais (a quem até parece anedota chamar spin doctors dada a infantilidade do que fazem) vertem isco para a rede e é ver os media a morder o anzol, debatendo temas inventados como se fossem verdadeiros. 

Pelo meio acontecem fait divers que mostram a fraca qualidade das elites deste pobre País e dos quais já aqui falei:

  • o Lima, o ultrajado ex-assessor presidencial, por mesquinha vingança, desbronca-se e revela os podres do dono, dono esse que foi ministro, primeiro-ministro e presidente da república do País (as minúsculas não são lapso) e ficamos ainda mais ao corrente do que já sabíamos de quase certeza absoluta. O dono e a voz do dono não eram, afinal, pessoas sãs de cabeça (para além de terem um conceito enviesado do que é a ética. E não só).

  • o super-juíz Carlos Alexandre, auto-denominado  Saloio de Mação, com vocação para diácono e que, certamente, gostaria muito de ouvir confissões (tal como deve atingir picos de auto-satisfação ao ouvir, em casa, as escutas), numa curiosa entrevista evidenciou a sua índole e deixou os portugueses atónitos e preocupados por ver a mente pequenina, tortuosa e perigosa que ajuíza sobre grande parte dos grandes processos do País.

E ficou a saber-se que o cherne Barroso, essa outra fraca e esponjosa figura  -- que, por motivos que ainda se hão-de um dia perceber, conseguiu alcandorar-se a um cargo de relevo na União Europeia, empenhando-se, enquanto lá esteve em deteriorar a imagem europeia -- se deixou arregimentar pela Goldman Sachs, essa máquina-sombra de poder-paralelo que influencia, mina e subverte, a seu bel-prazer, os regimes em vigor, seja onde for.


Alguns de nós ficámos chocados -- pois não tinha sido a Goldman Sachs a, por exemplo, ajudar a mascarar as contas gregas para enganar justamente a Comissão Europeia?

Mas logo o PSD veio dizer que tinha sido bom, que a contratação era prestigiante. Tal como tinha sido prestigiante a sua deputada, ex-ministra, ir trabalhar para uma gestora de fundos do calibre da Arrows. Provavelmente como tinha sido prestigiante o ex-doutor Relvas agora ser banqueiro. E tal como Dias Loureiro era tão prestigiado que tinha assento no Conselho de Estado. São critérios. Durão Barroso deve, pois, ter sentido as costas quentinhas pelo apoio que os seus correlegionários lhe prestaram. Se é que ele quer saber desta gentinha para alguma coisa.

O que talvez Durão Barroso não estivesse à espera era da onda de indignação geral que se vem espalhando pela Europa. Mais: de manifestações de indignação agora passou-se a humilhação, pura e dura.

Os europeus
-- que viram, durante o consulado Barroso, a erosão da liderança, a agonia da independência económica e finaceira face aos fundos abutres e, em geral, face aos sacrossantos mercados e o definhamento da importância estratégica da Europa, olham agora para este pequeno sabujo que, em tempos, se prestou a ser a concierge dos que quiseram a guerra do Iraque e que, na primeira oportunidade se apressou a vender os seus contactos ao expoente máximo dos 'mercados' -- 
não estão dispostos a deixar passar em claro esta sua última manifestação de desprezo pela ética e pela honorabilidade.

Do mais alto ao mais humilde funcionário de Bruxelas, todos tiram o tapete da respeitabilidade a Barroso, mostrando desprezá-lo como a um qualquer vulgar promíscuo.


Não apenas afirmam retirar-lhe privilégios de tratamento como ameaçam retirar-lhe a faustosa reforma, e pedem-lhe que preste contas, que mostre o contrato, que se vergue -- mas que se vergue mesmo, que rasteje. E ele, habituado a vergar-se, aí está de novo. Agora escreve cartas, justifica-se, quase pede que não o castiguem. Humilham-no e ele, por dinheiro e porque gosta, sempre gostou, de estar perto de quem ele acha que tem poder, deixa-se humilhar, humilha-se por conta própria.

Em condições normais, um sujeito que foi o Presidente da Comissão Europeia seria tratado com honrarias e justa deferência. No caso de Durão Barroso é o contrário: é tratado como um vulgar vendido.


NB: Faço mal se deixar no ar a ideia de que todas as elites portuguesas são pífias. Não. Há gente honrada, muito capaz, leal ao País, com valores sérios, justos, bons. Há. O drama é a sua escassez.

A mentalidade mesquinha de parte da população portuguesa, da parte que vive da inveja soez e da má língua inconsequente, tem contribuído para afastar gente competente e para impedir que gente capaz se sujeite a ultrajes sistemáticos. Por isso, na política e nos cargos relevantes de governo da coisa pública acabam por ficar os bichos rastejantes, sem coluna vertebral, sem intelecto, sem moral, sem vergonha na cara.

Tenho pena.

E tenho para mim que só a educação mas uma educação a sério, uma educação para o conhecimento e para a modernidade, pode afastar o sarro que cobre a maneira de ser de parte da população portuguesa, aquela parte que gosta do ranço do juíz Carlos Alexandre, que ainda se revê na degradação que é hoje o PSD ou o CDS, aquela parte que consome acriticamente tudo o que a comunicação social vende, sejam aleivosias do Láparo, sejam mentiras, insinuações, transferências de futebol, crimes, violações ou divórcios de figuras públicas.


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Excepto as fotografias que circulam por aí, as outras imagens que usei provêm, como é bom de ver do saudoso blog We Have Kaos in the Garden

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E caso queiram saber qual a explicação para a generalizada onda de indignação que a situação de Durão Barroso está a provocar na comissão Europeia e arredores, queiram, por favor, ir ao encontro do inteligente Paulo Rangel.


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E, caso queiram lavar os olhos, desçam, por favor, até ao post já abaixo.


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sexta-feira, julho 29, 2016

FMI, uma vez mais, bate com a mão no peito e reconhece que errou na obnóxia receita que aplicou a Portugal.
E eu daqui pergunto aos viris Pafiões que quiseram ir ainda para além do prontuário da troika:
Já está claro que a receita do mata e esfola foi, sob todos os pontos de vista, uma cavalice e uma inútil humilhação para Portugal?
Já está claro que a política seguida durante os humilhantes 4 anos, a mando da troika e dos seus sabujos representantes em Portugal, foi completamente errada?
Já...?
É que, se ainda não, então ouçam as explicações do ex-cheerleader da troika, o impagável mano Costa






No dia em que o omnipresente e caleidoscópico Presidente Marcelo apareceu a espetar alfinetes nos balões da crise que o pafiano Láparo e amigos para aí têm andado a encher (Crise? Qual crise? Se havia, evaporou-se -- riu o tal catavento, escarninhamente), aparece o relatório do multicéfalo FMI a dizer que a receita aplicada aquando do so-called resgate a Portugal parece exercício académico feito por inexperientes totós. Que não resulta, que não atacaram a raiz dos problemas, que, ao exigirem objectivos inantigíveis, humilharam inutilmente os pobres portugueses que não tinham mesmo como alcançá-los -- e por aí fora.



Como tenho um certo lado de menina marota, ao ler isto, só me apeteceu ir pôr-me à frente do intelectualmente pouco dotado láparo ou do ex-irrevogável e de todos quantos andaram a esporear os portugueses -- e gozar com eles mas gozar mesmo, esfregar-lhes na cara o relatório do FMI, obrigá-los a engolir, uma a uma, cada página até as conclusões lhes saírem pelos olhos. Depois pensei que não, pronto, nada de vinganças, coisa mais feia. Devia, isso sim, arranjar uns quantos capangas para conseguir obrigá-los a confessarem, em público, que foram burros, sabujos, e anti-patriotas. Obrigá-los a pedirem desculpas aos portugueses. Isso sim.

Qualquer pessoa que tenha olhos de ver e que conheça minimamente a realidade do país percebe que Portugal tem problemas estruturais sérios e que nenhum deles foi objecto de intervenção por parte do esgazeado governo cujo objectivo foi ir além da troika.

Refiro alguns desses problemas:

Portugal não tem capitalistas. Eu gostava de saber que dinheiro ou que património livre (livre de garantias, penhoras, etc) têm, de facto, os mais ricos de Portugal. Vivem bem, sim, ok, mas dinheiro mesmo seu? Casas em seu nome? Que impostos pagam? Ok, são accionistas de empresas valiosas. Mas... e qual a dívida dessas empresas? Se quiserem investir, têm capitais próprios que não sejam activos já alocados como garantia a financiamento alheio? Pergunto.

O que temos, sobretudo, são empresas endividadas até ao tutano. Daí que, por muito bem que o patriotismo fique na lapela, quando a crise aperta os nossos soi-disant capitalistas vendem ao primeiro que apareça (angolano, chinês, omanita, francês, fundos apócrifos, whatever).

Ora, num país em que nem os capitalistas têm dinheiro, em que a classe média estava endividada a pagar a casa e pobres, mesmo que envergonhados, eram (e são) mais do que muitos só pela cabeça de gente muito burra é que passava a brilhante ideia de que a receita para a crise consistia em secar a pouca liquidez circulante, cortando nos rendimentos e aumentando a eito os impostos.

Depois não temos indústria a sério. Temos um ou outro pólo industrial - coisa sem grande expressão. Parte da pouca indústria foi vendida a estrangeiros cujos centros de decisão estão lá na terra deles. Não ter indústria forte é sinónimo de importação em força e de débeis exportações, ou seja, é sinónimo de uma economia frágil.

Se Portugal precisava (e precisa) muito de alguma coisa é de um forte apoio à reindustrialização. Com a reindustrialização principal vêm as empresas fornecedoras, vem o emprego qualifificado, vem o ensino e a investigação para suporte à diferenciação.

Um apoio intensivo na identificação de oportunidades, de modernização das redes logísticas a começar nos portos, um apoio intensivo aos centros de investigação e desenvolvimento e um apoio forte ao ensino a todos os níveis -- isso, sim, Portugal precisava e precisa como de pão para a boca. Mas a receita da troika passou por aqui...? Passou, passou. Como cão por vinha vindimada.

A agricultura é marginal. Não são as hortas das tias que animam um sector que, em tempos (nos vis anos do reinado do tal das cagarras), foi apoiado para pôr as terras de lado (a chamada política do set aside). 

Temos uma administração pública ainda, em parte, antiquada que consome muitos recursos dando, em alguns sectores, pouco em troca. O programa Simplex foi asininamente parado pelos pafiosos. Não apenas não fizeram qualquer reforma como, estupidamente, pararam o que estava em curso. Felizmente a Maria Manuel Leitão is back e com ela as reformas são de fundo e a sério.

Portugal tem ainda um outro problema grave (e só porque estou a escrever depois da meia-noite, deitada num sofá e mais para lá do que para cá é que coloco um problema desta natureza a meio do texto, quando deveria ser um dos primeiros): a definhante demografia.

São necessários apoios sérios e integrados de apoio à natalidade. É indispensável que os portugueses sintam confiança no futuro e sintam que serão apoiados na criação dos seus filhos. Os troikanos e seus discípulos perceberam isto e actuaram...? Então não...? Fizeram foi tudo ao contrário.

A dívida é imensa e impossível de pagar? Ah pois é. Tem que ser renegociada, os prazos dilatados. E tem que ser percebido que a dívida é uma consequência, não um objectivo primário.

Se for encarado como um objectivo primário como o foi por parte do FMI, congéneres da troika e membros do trágico governo PSD/CDS, acontece o que aconteceu em Portugal: se for necessário, correm-se com os portugueses de Portugal, corta-se a reforma aos mais velhos, atira-se com milhares de empresas para a falência e com centenas de milhares de portugueses para o desemprego para chegar ao fim de cada ano e verificar que a dívida tinha aumentado e que o país estava cada vez mais arrasado.
Broncos do caraças. Quando penso nisto, sinto cá uma raiva.
Quando se ouve a cambada a lamentar que o actual governo reverta as reformas estruturais, só me pergunto: mas referem-se a quê?

Que me lembre a única reforma que conseguiram levar por diante foi a laboral. Leia-se: foi precarizarem o trabalho. Como se algum empresário ou gestor que se preze, daqueles que trazem desenvolvimento ao país, gostasse de vulnerabilizar a segurança dos trabalhadores e, apesar de não ter dinheiro, fosse investir só pelo gozo de poder explorar à vontade os trabalhadores.

O que esta cambada pafiana conseguiu foi que se banalizassem os ordenados de 500 euros e a precaridade de tanta e tanta gente que trabalha para empresas que são subcontratadas por outras que, por sua vez, são subcontratadas de outras. O que conseguiram foi ferir a dignidade de quem dá o melhor de si para chegar ao fim do mês e receber trocos que mal chegam para o mês inteiro. É assim que se projecta o futuro de um país!?

Cambada.

Outra coisa que me dá uma raiva do caraças é o desplante de uns caras-de-pau militantes. Então, não é que acabo de ver o Ricardo Costa, na SIC, todo videirinho, a falar do mea culpa do FMI e falando como se os erros fossem óbvios e como se  ele próprio não tivesse feito outra coisa nos 4 anos da dupla Láparo&Irrevogável do que denunciar os clamorosos erros...? Que topete. Se houve opinadores que tivessem andado aos balcões da televisão a pregar a favor da receita troikiana e, com ar douto, a explicar que ou aquilo ou o dilúvio, foi ele e todos os que, tal como ele, andam pela trela.

Muito do que é a microcefalia ou, mesmo, a acefalia de parte da população portuguesa  se deve ao excesso de lavagens cerebrais que toda a espécie de apaniguados e papagaios avençados fazem a toda a hora na comunicação social.

Teria ficado bem ao mano Costa olhar de frente os espectadores e reconhecer que se enganou quando defendeu o FMI, a troika e o Governo de Passos Coelho. Em vez de se pôr, como esta noite, a lavar a imagem dessa trupe, dizendo que era a primeira vez e que, pronto, não se conhecia bem como funcionavam aqueles mecanismos, deveria ter dito que ele próprio tinha acreditado acefalamente, não dando ouvidos aos piegas que alertaram que a coisa não ia correr bem. Ricardo Costa devia ter pedido desculpa por ter induzido os portugueses em erro ao fazê-los acreditar que estavam a ser sugados e tratados como indefesas cobaias mas que era para seu bem já que, no fim, viriam radiosas e cantantes amanhãs.


Mas não o fez. Uma vez mais falou como se os portugueses fossem estúpidos.

Os amigos da TINA

E eu, quanto a isso, o que tenho a dizer é que Ricardo Costa e os que o secundam ainda acabam por levar à falência os órgãos de comunicação social por onde deixam essa sua sonsa matreirice.
É que já não há paciência para tanta chico-espertice. Não há paciência! Uma pessoa não tem outro remédio senão fugir sempre que os vê.

Para acabar, que isto já vai para além de longo, uma palavrinha relativa ao cherne: boa malha a da Goldman Sachs ao terem a soldo um acéfalo que se enganou tão redondamente em tudo em que se meteu. 


Porque não nos esqueçamos: nisto das medidas da troika, ao lado da galinha bronzeada do FMI, que dá pelo nome de Lagarde, esteve sempre, inútil e esponjiforme, o cherne Durão. 


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira.
Dias felizes para todos.

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sábado, julho 09, 2016

Durão Barroso, chairman da Goldman Sachs
- ou o lógico destino do cagão que só faz porcaria por onde passa e acaba sempre promovido a lugares onde possa exercer mais facilmente a sua fétida vocação


Poderia limitar-se a ser inútil. Mas não. Por onde tem andado, para além de inútil, só faz porcaria. Saia de onde sair, não deixa saudades. É o exemplo acabado do que é um naco de basófia (mesmo que basófia disfarçada ou contida), um capacho do verdadeiro poder, um cherne emproado. 

Toda a sua vida tem sido um percurso de ambição temperada pela traição, pela deslealdade perante aqueles a quem devia respeitar, pela facilidade em desculpar-se -- não perdendo oportunidade para evidenciar que não tem coluna vertebral, dignidade, respeito pelos outros.

Depois de ter estagiado no governo português, conseguiu alcandorar-se ao lugar cimeiro que ocupou durante anos na Comissão Europeia, enterrando na putrefacta lama dos interesses financeiros os ideiais mais nobres da Europa. A Durão Barroso para sempre ficará associado o período miserável em que a Europa abriu as mais perigosas brechas num edifício que se queria feito de solidariedade, direito à igualdade, liberdade plena dentro dos ideais democráticos.

Saíu pela porta baixa dando lugar ao alcoolizado chefe do governo de um país conhecido por ser, às escâncaras, um bastião dos mercados e da fuga às leis e aos impostos.

Não contente com todas as suas torpes medalhas -- de entre as quais não podemos esquecer a de concièrge das Lages aquando da aldrabona e criminosa cimeira de onde saíu a ordem para se avançar fraudulentamente sobre o Iraque -- eis que Durão Barroso, essa enxundiosa figura, vai agora alojar o fétido corpo na Goldman Sachs, a poderosa e octopédica instituição financeira que tão gananciosamente contribuíu para a ruína de vários povos e para o descalabro de várias economias. 


O Goldman Sachs, mais do que qualquer outra entidade financeira, contribuíu para que a especulação abutre dos mercados prosperasse e passasse através das malhas da lei. Para tal, sempre se rodeou de gente de verbo fácil e que facilmente se vende, gente de dúctil carácter e que se move facilmente por entre os corredores dos lugares onde as leis são feitas e as grandes decisões tomadas. 


Não foi por acaso que, ao sair do Bilderberg, Balsemão lhe passou o testemunho. A trilateral não dorme. Os seus homens são colocados em todos os lugares onde dê jeito ter gente com o perfil de um Durão Barroso.

O que é esta Europa de bananas, de frouxos, de vendidos, de gente que enoja os povos dos países que são obrigados a vergar-se perante os ataques soezes a que são sujeitos pelos ditos mercados é bem ilustrado na pessoa deste sujeito que, nas horas livres, ainda tem a falta de vergonha de aparecer em Portugal a dar lições de moral aos seus concidadãos. 

A Europa desagrega-se a olhos vistos enquanto os responsáveis por isso airosamente por aí andam, tratando da sua vidinha -- e isto revolta. 

Em concreto, neste caso, tomara que tão cedo não tenhamos que voltar a pôr-lhe a vista em cima:
este José Manuel Durão Barroso é uma vergonha.


[Hesitei em escrever isto e, embora me apeteça desenterrar factos que ilustram o percurso desta nauseabunda personagem, forço-me a parar. É fim de semana, está um quente dia de verão e ninguém de bom gosto usa o seu precioso tempo sujando as mãos com tema tão fétido. Mas, de vez em quando, a urgência da indignação sobrepõe-se à apatia do desencanto.]
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Os cartoons que mostram o cherne de mau nome provêm do extraordinário e saudoso blog We Have Kaos in the Garden.

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E a ver se me encorajo a cá voltar com tema melhor.

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