Conforme referi no post anterior sobre a felicidade, segue-se um texto da autoria do meu marido.
Vejo com alguma frequência a "Grande Entrevista" com Vítor Gonçalves na RTP3. O entrevistador prepara as entrevistas com cuidado, a maioria das vezes deixa os entrevistados falarem sem os interromper e os entrevistados são geralmente personalidades interessantes.
Vi as entrevistas do Ministro da Economia, do novo CEO da Delta, da Joana Vasconcelos e, ontem, do Governador do Banco de Portugal.
Certamente que o sr. Presidente Marcelo teria aprendido algumas coisas com estes quatro entrevistados se as tivesse visto.
Sobre economia teria aprendido que, afinal, há sectores industriais em Portugal em forte progressão, que afinal os salários médios têm aumentado, que existem politicas económicas suportadas no PRR e com objetivos definidos.
Com o CEO da Delta aprenderia que o bom senso, o ouvir os outros. o criar grupos coesos com objetivos comuns deve fazer parte da ética do dia a dia de quem dirige e deve ser exemplo para a sua "equipa".
Com a Joana Vasconcelos podia aprender que para se ser reconhecido e respeitado em muitos Países de vários Continentes não resulta de estar sempre nos media a dizer não importa o quê.
Finalmente, com o Governador do Banco de Portugal poderia ter aprendido que afinal os salários disponíveis para os 20% mais pobres da população entre 2019 e 2022 cresceram 21% e que nos mesmo período a percentagem de crescimento do salário dos 20% mais ricos foi significativamente menor (6%). Também devia saber que, julgo, no mesmo período o número de empregos criados com salários bastante superiores ao salário médio foi praticamente o triplo (122 mil) dos salários criados no turismo cujo valor é bastante inferior ao salário médio, e que, felizmente, o incumprimento relativamente aos bancos não disparou, situando-se o crédito mal parado próximo da média europeia.
Teria feito bem ao Sr. Presidente assistir a estes programas e atentar na forma de estar destes quatro entrevistados, naturalmente, cada um com as suas ideias mas todos eles sensatos e merecedores do nosso respeito. O Sr. Presidente também poderia retirar das entrevistas assuntos importantes que vale a pena divulgar para que tenhamos orgulho naquilo que fazemos bem e seria um contributo para que os media revelassem este sucessos em vez de nos massacrarem com os dizeres sem relevância de muitos dos nossos políticos (incluindo o Sr. Presidente).
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Duas pequenas notas
1. Nos media somos matraqueados com a crise. Sugiro que investiguem se existe um grupo de pessoas que migra de festival para festival, de concerto para concerto, de arraial para arraial, de jogo de futebol para jogo de futebol, de restaurante para restaurante. Como está tudo sempre cheio/esgotado ou são sempre os mesmos que passam por lá ou então a crise não será tão abrangente como nos querem fazer crer.
Isto já para não falar no que as agências de turismo dizem que nunca se viajou tanto, para tão longe, para destinos tão caros.
2. Ouvi hoje o noticiário das 20:00 da TSF. Falaram do incidente no aeroporto do Porto em que foi dada autorização para aterrar a um avião numa pista em que um outro avião se preparava para levantar. Podia ter sido uma tragédia. Pasme-se: o relevo que a Senhora que estava a ler as notícias deu não foi ao potencial acidente. Salientou, isso sim, que as conversas com os controladores são gravadas e, assim, se poderia esclarecer as causas do incidente. Até neste tipo de notícias a comunicação social toma a nuvem por Juno. É triste e trágico!