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sábado, outubro 28, 2017

Sobre Puigdemont o que tenho a dizer é que tenho muitas dúvidas de que eu alguma vez votasse num sujeito com aquele cabelinho


Gosto muito da Catalunha. Adoro Barcelona. Para mim aquilo é Espanha. É a Espanha solar, alegre, vibrante. Contudo, eu não sou espanhola e a minha opinião sobre assunto tão obnóxio não é para aqui chamada.

Quanto a Rajoy, à laia de disclaimer, o que tenho a dizer é que não gosto. Não faz o meu género.
E, calma, não é por, a falar, ser xopinha de macha -- que isso até poderia ter graça. 
Não, não gosto porque o acho inábil, babaca e porque aquilo que ele defende não é propriamente a minha praia. 

Nesta coisa, Catalunha versus Espanha, a sensação que tive desde o início foi que quis armar-se em bom, em mauzão, e que conduziu o assunto da autonomia e da independência com os pés. Ou melhor, com as patas porque, de facto, se portou como um autêntico burro.

Mas também não me parece que tenha ponta por onde se pegue que, nesta altura do campeonato, um bocado de um país se meta a besta, numa maluqueira destas, declarando-se independente.

Parece-me uma macacada. Um filme cómico em que o elenco passou a agir na vida real como se estivesse em pleno plateau.

No entanto, o ponto que aqui me traz nem tem a ver apenas com uma magna questão estratégica ou de geo-política: é mesmo a criatura em pessoa. Ou seja, o meu ponto tem a ver com o artista ele-mesmo. Carles Puigdemont i Casamajó. O verdadeiro macaquinho do rabinho pelado e cabecinha despendeadinha mental.


Com aquele cabelinho, aquele arzinho de totó, aquelas declarações redondas que revelam que, a nível de coiso, nem é carne nem é peixe -- a mim não me convencia ele. Mesmo que me vendassem. Acho que o ouvia e, mesmo às cegas, conseguia logo adivinhavar o cromo que ali está.

E mais: não percebo como é que ainda ninguém fez a caridade de lhe dar uma rapada, nem que fosse para a sua conversa soar mais credível.

Assim, bem pode proclamar que é o reizinho da República da Catalunha que, cá para mim, grande parte da malta está a pensar: 'Está bem, está. Deves mas é ter fugido de Rilhafoles, por supuesto. E, caracoles, que lluny vieste parar....'.

E, à falta de melhor, acho que devem é ir buscar o rei-velho aos braços das so called amigas para ver se ele põe alguma ordem na mesa. Apesar das wild caçadas e das surtidas nocturnas e diurnas, se fosse ele a reinar talvez tivesse arranjado tempo para enquadrar Rajoy como devia ser, não tendo deixado levar Espanha para este estado de big enchavilhadela, no qual parece não haver rei nem roque que a salve. Digo eu. Mas, lá está, nem sou espanhola nem prevista.

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E, pronto, é isto.

Ou hoje ou amanhã de manhã estarei de volta. Estou aqui só a acabar uma cena.
Até já.

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segunda-feira, julho 02, 2012

O falhanço colossal da política de austeridade e a demonstrada incapacidade de Passos Coelho em perceber o que se está a passar


Música, por favor

Wagner - Tannhauser Pilgrim's chorus

*


A austeridade como estratégica económica e política -  e o fatal empobrecimento colectivo



O mais que comprovado fiasco das chamadas políticas de austeridade - que vêm espalhando a insolvência por onde passam - parece, felizmente, começar a motivar uma tentativa de correcção de rota a nível europeu (embora, para nossa desgraça, tal ainda não tenha sido assimilado como necessário pelo governo português).

Como é sabido, e reportando-nos apenas ao passado próximo, essas políticas começaram por ser experimentadas na Grécia a mando de técnicos da chamada troika (contrariamente ao que aconteceu na Islândia que rejeitou liminarmente seguir essa via e onde os resultados já são conhecidos e até são melhores do que os expectáveis).

Se na Grécia, fruto de um poder político fraquíssimo, desestruturado - especialmente depois de posto a nu o embuste nas contas públicas, embuste este preparado com o apoio da Goldman Sachs (onde António Borges era vice-presidente entre 2000 e 2008) - não houve quem tivesse condições para impor um caminho alternativo ou, pelo menos, mais moderado, já em Portugal a questão foi outra.



Os mercados à solta


Os chamados mercados (nos quais pontuam entidades financeiras tais como a omnipresente Goldman Sachs) têm mecanismos de salvaguarda que lhes permite ganhar sempre, especialmente quando o alvo se encontra enfraquecido. Um deles é exigir taxas de juro elevadíssimas e, dessa forma, garantir a elevada rentabilidade dos fundos que comercializam. Quando um país começa a vacilar, aí estão eles a sobrevoar a vítima.



A especulação financeira é isto



Tem vindo a acontecer progressivamente na Europa. Quando as atenções se viraram para Portugal, José Sócrates - que tinha injectado dinheiro na economia (sobretudo porque essas eram as orientações da UE na sequência da crise financeira despoletada pelo caso Lehman Brothers) incrementando o défice das contas públicas - viu-se encostado à parede. Com a maioria do parlamento a puxar-lhe o tapete, com Cavaco Silva a desautorizá-lo publicamente, com os bancos a anunciarem mediaticamente o fim do financiamento público, José Sócrates não teve outra alternativa senão ajoelhar perante quem lhe podia valer.



Os homens que apareceram para experimentar receitas num País em estado de aflição
- e a quem Passos Coelho estendeu a passadeira encarnada
(como se fossem canais de transmissão da Merkel, a sua guru),
e a quem, achando que ficará bem visto, diz pretender ultrapassar na posologia a aplicar aos portugueses


O plano da troika continha muitas coisas boas, era um plano muito razoável de reestruturação das várias frentes despesistas. Tinha um ou outro ponto excessivo (por exemplo, os relativos à redução de direitos associados ao trabalho), pontos esses que deveriam ter sido corrigidos na negociação mas, de modo geral, era um plano lógico. Deveria ter sido um plano a 5 e não a 3 anos e isso deveria ter sido outro aspecto a ser negociado. E, sobretudo, deveria ter sido considerado como um dos planos a pôr no terreno, um dos, não o único. Ou seja, deveria ter sido complementado com um outro plano: o plano do lado do crescimento estratégico da economia portuguesa.

As taxas de juro são suportáveis quando não excedem o somatório da taxa de crescimento e a da inflação. Ora com uma taxa de crescimento negativa (ou mesmo que, dentro em pouco, tendencialmente nula), os juros praticados são manifestamente impossíveis de suportar, gerando, portanto, mais dívida. Ou seja, a grande prioridade por todos os motivos e também por este é a de conseguir que a economia portuguesa cresça.

A economia portuguesa não prima, desde o princípio dos tempos, por ser sólida e florescente. Reportando-nos às últimas décadas, poderemos perceber que, com um Estado Novo retrógrado, fechado e protector, difícil seria esperar que a economia, nessa altura, manifestasse um generalizado pendor inovador e competitivo.

A seguir, com o 25 de Abril, seguiu-se um período de periclitância política que se traduziu em avanços e recuos, naturais num período de aprendizagem democrática e de abertura ao mundo. Quando se estava, pois, a dar os primeiros passos no sentido da aculturação ocorreram profundas alterações estruturais no panorama económico internacional com fortíssimo impacto directo no tecido económico português.



Instalações fabris encerradas - uma imagem dramaticamente multiplicada ao longo do País


A adesão à moeda única e a sucessiva queda de barreiras no comércio internacional, deixaram a economia doméstica exposta, em toda a sua fragilidade, à violência dos mercados internacionais.

Tudo isto está descrito de uma maneira breve e superficial já que este não é o local para análises longas e aprofundados (nem eu seria a pessoa mais habilitada para as fazer) mas, em traços largos, é muito disto que se tem passado.

Voltando pois ao nosso passado recente.

Quando Passos Coelho, impreparado, inábil, resolve provincianamente adoptar um estatuto de menoridade perante a Alemanha (o de aluno, o aluno acrítico, submisso, marrãozinho) impondo medidas ainda mais draconianas que o programa da troika e esquecendo o lado do desenvolvimento, condenou ao fracasso toda a sua política.



De mãos postas, coluna vergada, eis Pedro Passos Coelho perante uma Merkel mandona de punho fechado
- a típica imagem do aluno engraxador (manteigueiro, ouvi agora, Miguel Sousa Tavares chamar-lhe no Prós e Contras)



E tão incompetentemente o fez que isso se traduziu em descalabro em menos de 1 ano. Sem qualquer visão estratégica, sem conhecimentos, incapaz de desenvolver um raciocínio que envolva operações algébricas, colocou-se nas mãos de dois teóricos no que à economia e às finanças diz respeito, e nas mãos de um típico fura-vidas (daqueles para quem a ética é um conceito abstracto ‘que não lhe assiste’) para efeito de coordenação política.

Esquecendo este último que tão sequiosamente se atirou a todos os potes (na linguagem de Passos Coelho) que acabou por se descredibilizar totalmente junto da opinião púbica, detenhamo-nos então nos dois primeiros.



Dois dos vários erros de casting - estes especialmente responsáveis pelo buraco
em que Portugal está a ser (irremediavelmente?) enfiado



Para o ministério da Economia, Emprego, Desenvolvimento Regional, Inovação, Transportes e Energia, Passos Coelho - que se lembrou de inventar este ministério ingovernável - não teve a lucidez de perceber que, para que aquele mastodonte funcionasse, teria que ter alguém com uma grande dose de experiência e com um cabedal de Schwarzenegger. Em vez disso foi buscar um tenrinho. Absolutamente inexperiente, vivendo a milhas do país, académico, o exercício de Álvaro Santos Pereira tem sido uma festa. Não consegue fazer nada, não sabe nada, não tem jeito para nada. Aos poucos, Passos Coelho começou a fatiar-lhe o ministério e a distribuir fatias por outros, incluindo por outros que nem ministros são, como é o caso do oportuno (digamos assim) António Borges. O célebre Álvaro é, pois, desde o primeiro dia, um dos elos mais fracos do governo, um erro de casting que descredibiliza acima de tudo quem o escolheu.

Para as Finanças, Passos Coelho foi buscar outro verdinho, desta vez um homem de gabinete de bancos centrais. Ao que dizem, conhecedor da realidade financeira europeia, Vítor Gaspar não tinha experiência de gestão concreta nem do impacto que os modelos, quando mal construídos, têm no mundo real e, o dramático, é que, justamente,  revela não saber construir modelos, não saber aferi-los, não saber corrigi-los nem, sequer, perceber os erros quando demonstram não se ajustar à realidade. É, portanto, desde o primeiro dia um colossal erro de casting.

E o que, para mal dos portugueses, está a acontecer é que, enquanto Vítor Gaspar, sem perceber o que anda a fazer, se entretém a traçar medidas que desgraçam as contas públicas e destroem a economia, o outro, o Álvaro, não consegue nem agir, nem reagir, e por aí anda a ouvir desacatos, a levar enxovalhos para casa, a ser justamente acusado de não fazer nada, a ser gozado e, mais grave, sem conseguir perceber o que é que os coisos querem (os coisos, isto é, os portugueses).



Mariano Rajoy e Mario Monti, dois dos PIGS que fizeram a Merkel dar um passo atrás


E, portanto, enquanto a Espanha e a Itália batem o pé e forçam a Merkel a dar os primeiros passos de recuo e enquanto o mundo inteiro implora para que a Europa ganhe tino e se organize no sentido de se pôr na rota do crescimento, Portugal - país pobre, envelhecido, sem tecido económico sustentável, com as falências e o desemprego a galoparem, com as suas melhores e mais estratégicas empresas a serem vendidas de qualquer maneira a qualquer um que apareça com dinheiro no bolso, com grande parte da população a ser tratada de forma indigna (o episódio da miséria paga aos enfermeiros é apenas mais um dos sistemáticos episódios que revelam a imoralidade de toda esta política) - continua pela voz do primeiro ministro a dizer que cumprirá a meta do défice custe o que custar (leia-se, nem que tenha que lançar mão de mais medidas de austeridade).

Podia ser autismo mas não é porque os autistas geralmente são pessoas inteligentes.

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Dizia Einstein: 
Insanidade é fazer a mesma coisa uma e outra vez e ficar à espera de resultados diferentes
  
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Estou a acabar este texto e está justamente agora a acabar o Prós e Contras que hoje está ser interessantíssimo. Viriato Soromenho Marques, meu conhecido de outros carnavais, brilhante como sempre. Mário Soares lúcido, determinado e líder como sempre. António Esteves Martins muito objectivo, como nos tem habituado. Miguel Sousa Tavares polémico (e um pouco superficial, convenhamos) como sempre. Fátima Campos Ferreira hoje mais comedida. Ou seja, um belo programa.

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Bom, se vos apetecer amenizar: hoje lá no meu Ginjal e Lisboa, a love affair as minhas palavras andam em torno de um certo corpo ao sol, um corpo de que fala Nuno Júdice num dos seus belos poemas do novíssimo livro Fórmulas de uma luz inexplicável. A música é ainda Manuel de Falla, de uma alegria envolvente.

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E, depois disto tudo, o que vos desejo é que tenham uma bela terça feira! 
Be happy!