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quarta-feira, setembro 17, 2025

Presunção e água benta cada um toma a que quer - o Montenegro que o diga Caixa de entrada
-- A palavra ao meu marido --

 

Antes de ir para o governo, a rapaziada do PSD, com o Montenegro à cabeça, resolvia os problemas do País num abrir e fechar de olhos. 

Após um longuíssimo abrir e fechar de olhos -- que demorou um ano e meio -- não resolveu nada e, pelo contrário, os problemas mais críticos pioraram. 

  • O que aconteceu na saúde é uma tragédia, com novas notícias desgraçadas a saírem todos os dias (bebés a nascerem em ambulâncias ou no passeio, helicópteros com menos disponibilidade que a exigida, urgências obstétricas fechadas, etc) e hoje a ministra anuncia que vai estudar mais um plano para resolver o problema das urgências fechadas. É preciso ter uma lata do caraças para não se ter ainda demitido. 
  • O que aconteceu com as duas MAI também não dá para acreditar. A falta de coordenação no combate aos incêndios e o desconhecimento total que ambas demonstraram das diferentes valências da administração interna é paradigmático. 
  • Na educação, o governo torrou e voltou a torrar dinheiro com os professores e nada foi resolvido. Veja-se que os alunos continuam sem professores e também não há pessoal auxiliar suficiente nas escolas. 
  • A questão da habitação só piorou com as medidas do governo que fizeram subir bastante os custos da aquisição e do aluguer (parece que a malta jovem que tem isenção do IMT pode comercializar a casa que comprou quando quiser, sem ter que pagar o imposto de que esteve isento, o que pode dar ideias assaz lucrativas a mentes mais criativas). 

Boa! É fartar vilanagem. 

A célebre questão ética que os moços laranja tanto levantavam tornou-se uma desgraça com o caso Spinunviva, com as investigações a que são sujeitos atuais e antigos secretários de estado. 

E hoje mais uma cerejinha para pôr em cima do bolo. Os pseudo atrasos nos PRR, que motivaram tantas críticas do Montenegro & sus muchachos e originaram vários momentos de incontinência verbal por parte do Marcelo, tornaram-se reais e vi hoje na TVI que, por exemplo, existem financiamentos previstos para obras na área da saúde que ainda nem sequer estão em fase de projeto. 

  • Solução do governo: tentar renegociar as datas de conclusão das obras. 
  • Solução do Marcelo: calado que nem um rato. 

Não duvido que a rapaziada do PSD tem jeito para festas e coboiadas, o Pontal, então, foi cá uma arraial de animação, mas o jeito para governar é zero.

sexta-feira, setembro 12, 2025

O palerma dos hambúrgueres, a última sondagem, o brutal ataque à democracia a que se assiste nos Estados Unidos... e etc.

 

Depois de ter escrito o post de ontem sobre os atentados à racionalidade, à justiça, à ética, ao decoro, à verdade (e a tudo o mais que queiram juntar) por parte de muitos militantes do Chega, chegou a notícia de que um ex-dirigente do Chega quer pagar para evitar julgamento por prostituição infantil. Ou seja, quando se julga que é impossível piorar, piora mesmo. 

Depois veio o momento caricato do Ventura -- naquele seu tom indignado, superior --, a vir divulgar que o Chega tinha votado contra a ida de Marcelo ao Festival dos Hambúrgueres, até porque, diz ele, é inadmissível que os impostos dos portugueses sirvam para pagar tamanho disparate. Como já foi amplamente parodiado, confundiu a Festa dos Cidadão com um festival de hambúrgueres. 60 carneiros sentados no nosso Parlamento e que estão a ser pagos com o dinheiro dos nossos impostos votaram com as patas, sem saberem o que estavam a votar.

Tendo sido ridicularizado por todo o lado, o que fez Ventura? Pediu desculpa? Não, senhor. Disse que se tinha enganado mas que a culpa tinha sido do Marcelo por andar sempre a viajar... e atirou com um número absurdo de viagens, dez vezes superior à realidade. Porque diz tantas mentiras? Porque faz tantas acusações disparatadas? Má fé, impreparação, desapego da verdade? Seja o que for, é mau demais.

Mas se a reputação do Ventura e da escumalha que se juntou a ele no Chega deveriam merecer o mais frontal e inequívoco repúdio de toda a população, não entregando um único voto a tal agremiação de marginais, mentirosos, incompetentes, mal-formados... o que se verifica é que uma parte significativa da população votante é igual ou pior a eles pois, segundo a última sondagem, aponta-se para o Chega a liderar as intenções de voto, caso houvesse agora novas legislativas. 

Pasmo com isto. Como é possível? As pessoas estão parvas? Ou, pior que isso, são parvas?

Penso que é tempo de se encarar a realidade: para evitar o descalabro (como o que está a acontecer nos Estados Unidos, um descalabro aterrador), há que entender, por dentro, as razões de tanta gente se rever neste culto, no culto Ventura. Provavelmente há que perceber que maioritariamente é gente que não lê jornais (muito menos livros, claro), que não ouve notícias, que apenas consome o lixo veiculado pelas contas das redes sociais do Chega, gente muito ignorante a quem não vale a pena tentar convencer através de factos, de números ou de gráficos pois, com certeza, nem a tabuada sabe, muito menos sabe interpretar gráficos, gente sem bases morais ou culturais, gente que se sente integrada no meio de um partido de meliantes.

Tudo isto preocupa-me demais.

As redes sociais, no meu caso, o Instagram, tem tido um lado positivo: traz-me o acesso à opinião de muitos senadores e congressistas americanos, de muitos jornalistas, de governadores, de gente da Justiça (alguns dos quais varridos pelo Trump), e o que ouço e vejo é aterrador, como se, num par de meses, todos os checks and balances, tal com os freios e o sistema de emergência do Elevador da Glória, tivessem deixado de servir para o que quer que fosse. Dá ideia que se partiu ou desprendeu o cabo da democracia e, inesperadamente, toda a sociedade americana se vê virada do avesso. 

O impensável passou a ser o quotidiano. A ignorância, a incompetência, o revanchismo, as perseguições gratuitas, a prepotência, a rudeza, a malvadez, a subserviência, tudo o que enoja, tudo isso é o que agora impera. 

E tudo isto perante a incapacidade de reacção dos democratas. Parece que estão anestesiados, sem reação. Aliás, para dizer verdade, nem sei quem é o mais poderoso dos democratas: ainda será Biden? Aquele senhor da Câmara dos Representantes? o líder dos democratas no Senado? A Kamala ainda mexe? O que se passa para estarem tão entorpecidos? Parece que apenas Gavin Newsom estrebucha. Mas não é suficiente. Perante os tremendos riscos há que haver uma força que se levante e defenda a liberdade, a democracia, a ética, a moral.

Mas não há.

E à medida que vou lendo, que vou ouvindo, que vou cruzando informação, mais aterrada fico. Sou radicalmente contra teorias da conspiração. Nada disso faz minimamente o meu género. Sou pela objectividade, não pelas suposições infundadas, pelo diz que diz. Só que, nestes domínios, em especial quando há muita patifaria, muito narcisismo, muita psicopatia e muito poder envolvidos, há um mundo paralelo, subterrâneo, do qual apenas nos vamos apercebendo à medida que alguém repara numa ponta solta, outro alguém a agarra e a puxa, outro se esgueira para ver de onde vem... E, portanto, a única coisa que, em concreto, sei é que, nos Estados Unidos, pouco ou nada sei sobre os mais recentes escândalos, atentados, suicídios, homicídios com contornos políticos. Volta e meia dou por mim a querer estabelecer ligações, relações causais. Mas detenho-me. Não sei o suficiente sobre o que se passa para poder, sequer, raciocinar.

Neste tema do jovem que foi assassinado, Charlie Kirk -- alguém que pregava a favor da violência, do porte de armas, alguém que defendia que era aceitável que todos os anos morressem pessoas assassinadas pois isso justificaria o tema da permissão do uso generalizado das armas, alguém abertamente xenófobo, racista, misógino, alguém que mobilizava fortemente a camada jovem do movimento MAGA, mas que, apesar disso, obviamente merecia viver --, estou em crer, a partir do que tenho lido e ouvido, ao constatar que há quem formule algumas dúvidas sobre alguns factos anómalos que envolvem todo o crime, que muito do que não se sabe talvez possa ser mais importante do que o que se sabe. E essa nebulosa que agora parece envolver tantas coisas naquele imenso país ainda torna tudo mais assustador.

Por isso, por tudo o que se vai sabendo sobre o que está a acontecer nos Estados Unidos (já para não falar de casos mais antigos como a Rússia), penso que deveríamos excomungar todo o populismo, todos os que dividem para reinar, todos os que instilam ódio na sociedade, todos os que não respeitam escrupulosamente a democracia, a liberdade, o respeito pela lei e pelas instituições democráticas. A dúvida é: mas como fazê-lo de forma eficaz? 

Aceitam-se sugestões.

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Nota

Claro que leio todos os vossos comentários, claro que os agradeço, os comentários enriquecem o blog, muitos leitores se calhar têm mais curiosidade em ler os comentários do que o que eu ou o meu marido escrevemos. Mas tenho andado com pouco tempo. E continuo a ter este hábito peregrino de só escrever no blog às quinhentas da noite o que faz com que, quando acabo, esteja com sono. Por exemplo, agora que já passa, e bem, da uma e meia da manhã, ainda quero ver os mails (... e já perdi a conta aos que também não agradeço e a que não respondo...) e ainda quero ir espreitar uma notícia cujo título me intrigou. Por isso, mais uma vez não vou responder ou agradecer os comentários. Por isso, peço as minhas desculpas.

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Desejo-vos uma feliz sexta-feira

sexta-feira, setembro 05, 2025

Compreender bem o que aconteceu
-- A palavra ao meu marido --

 

A tragédia que aconteceu em Lisboa, no elevador da Glória, é absolutamente chocante e difícil de admitir. Um acidente como este no centro da cidade ultrapassa a perspectiva que temos do que nos pode esperar no quotidiano. É terrível! 

Espero que esta tragédia tenha resultado de uma falha fortuita e imprevisível no sistema. Espero também que o inquérito aponte conclusões para percebermos o que falhou e quais as razões da(s) falha(s). 

Ao ouvir hoje uma parte da conferência de imprensa do presidente da Carris, houve dois aspectos que me chamaram a atenção. 

  • Primeiro, afirmou que os custos de manutenção tinham aumentado 25 por cento, não me lembro se em 3, se em 5 anos, mas só após a pergunta de um jornalista informou que os custos com a manutenção dos elevadores tinham sido os mesmos nos últimos 3 anos (995.000 € por ano). Parece que queria dizer só meia verdade. 
  • Mas o que me suscitou mais dúvidas foi ele ter dito que o concurso para prestação do mesmo serviço para 2025 tinha como valor base 1,2 milhões de euros, e nenhuma empresa tinha apresentado proposta. Quando um concurso fica deserto, geralmente isso significa que nenhuma empresa achou que conseguia fazer o trabalho pelo valor base. E, ainda assim, comparando com o valor que vigorou até agora, estamos a falar de uma diferença para cima, de mais cerca de 20 por cento (mais de 200 mil euros) -- e mesmo por estes valores bem mais altos ninguém apresentou proposta. Face a isso, a Carris vai ter que lançar novo concurso por um valor superior. Admitamos que o valor passará para 1,3 milhões de euros. 

A minha dúvida é: como é que a empresa a que foram adjudicados os trabalhos nos últimos três anos podia prestar um serviço de qualidade, parecendo que o valor que recebia era manifestamente insuficiente. A Carris pagava 995 mil euros, e, de um ano para o outro, o serviço vale mais de 1,2 milhões de euros, provavelmente 1,3 ou mais milhões de euros. Esteve a empresa prestadora do serviço disposta a perder centenas de milhares de euros por ano? Ou, porque o valor não era suficiente, fez algumas economias na prestação do serviço? Gostava de ver esclarecido este ponto.

O Moedas está sempre na televisão a gabar-se do que faz e, especialmente, do que não faz. Devia ter sido homenzinho e ter estado hoje ao lado do presidente da Carris, empresa tutelada pela Câmara, e assumir a responsabilidade política. 

O Marcelo veio dizer que era preciso apurar rapidamente a responsabilidade por esta tragédia. Concordo. O problema é quando se apuram as responsabilidades para nada, ou seja, apesar de conhecidas, ninguém as assume -- e o caso da Saúde tem sido sobejamente paradigmático disso, com a agravante de isso acontecer perante a conivência de Marcelo.

domingo, agosto 31, 2025

Activos destes & daqueles
-- A palavra ao meu marido --

 

O Marcelo, que corre o risco de ficar para a história como o hipócrita-desbocado -- já que seria  muito pouco sexy ficar com o extenso cognome de hipócrita-dissolvente-"marselfie"-o pior PR-desbocado -- disse, no meio de uma aula da universidade laranja, do alto da sua verve incontinente, que o Trump é um activo russo (por acaso até se enganou e primeiro chamou-lhe ativo soviético). 

Desta vez, concordo com o Marcelo. O Marcelo tem razão: pelas suas ações e omissões o Trump é, de facto, um activo russo. Não sei se não será mesmo um activo soviético porque, com a forma como actua, dá força ao objetivo do Putin de voltar às fronteiras do estado soviético. 

Tenho uma enorme repugnância em falar do Trump. É inqualificável o que ele está a fazer, tanto a nível interno como ao Mundo. Mas, neste caso, como em outros ao longo da história, o que é verdadeiramente insuportável e aterrador é que o Trump tenha sido eleito de forma democrática e continue a ser suportado pelos MAGA cuja acefalia demonstra até onde pode ir a manipulação, o populismo, o poder das redes sociais e a falta de educação. 

[Sofre da mesma acefalia dos MAGA quem recentemente comentou um post aqui do blog dizendo que o problema com o SNS, com os bombeiros, com isto e aquilo resulta do nosso apoio à guerra da Ucrânia. É absolutamente inconcebível que alguém possa pensar e escrever este tipo de coisas. Nada justifica este tipo de mentiras. A  manipulação dos factos e uma mentira muitas vezes repetida não alteram a realidade.]

Voltando aos activos, não me espantará nada se o Marcelo numa próxima universidade de Verão ou, quem sabe, numa tertúlia, disser que o Montenegro é um activo do Ventura, que a Mariana Leitão é um activo do Montenegro, que o Nuno Melo nem chega a activo, e que ele próprio é um hiperactivo. Vale uma aposta?

Nota: já aqui tinha referido o "êxito" que o governo tem tido no combate à inflação. Ontem soubemos que o valor da inflação subiu para 2,8% e que os produtos frescos aumentaram mais de 7%. Sendo conjuntural, como defendem os analistas inclinados para a direita, ou, sendo estrutural, o que é verdade é que esta enorme subida dos preços não é um activo para a bolsa dos portugueses.

sexta-feira, agosto 29, 2025

De "coordenação espetacular" a "nem tudo correu bem" ... para irmos acabar no "colapso"
-- A palavra ao meu marido --

 

O Marcelo armou-se em bombeiro e saiu chamuscado. Quis ajudar o Montenegro e foi dizer ao jantar que estava tudo a correr bem, até a "coordenação era espetacular". Perante a evidência dos factos lá vieram, a muito custo, o Montenegro e a ministra afirmar que afinal "nem tudo tinha corrido bem". De facto, depois das catástrofes que aconteceram (entre outras coisas, fico pasmado com um dos incêndios ter durado 12 dias, parece-me quase inverosímil!), era impossível manter a tese de que tudo tinha corrido bem. Vamos ver se depois de uma análise independente da forma como actuaram os vários agentes não se chega à conclusão que, de facto, de facto, vendo bem as coisas, houve um colapso do sistema. 

Para se resolver a crise a ministra anunciou a "chapa um" do governo quando há problemas: analisar os factos para "empurrar com a barriga" e deixar passar o tempo, e, entretanto, atirar dinheiro para cima. Parece-me até um pouco vexatório para os bombeiros, que todos temos por pessoas abnegadas e não venais, vir anunciar um aumento de 25% do salários aos que combateram na linha da frente. Para além de refletir a versão mercantilista do governo, põe a nu as vistas curtas da ministra e provavelmente do PM que não percebem que, em situações de crise, a retaguarda é tão ou mais importante que a linha da frente. 

Mas nada de razoável se pode esperar destes governantes. Lá perdeu o Marcelo outra vez uma boa oportunidade de estar calado.

Hoje ouvi o Paulo Raimundo, que estava inspirado. Diz ele que há hoje uma "conjugação" das forças de direita em Portugal, e concretizou: a AD executa a política, a IL é a lebre ideológica e o Chega é o arrebanha. Ora apontem aí que esta é boa!

quarta-feira, agosto 20, 2025

Maria Lúcia Amaral, a ministra da administração interna, é uma trainee
-- A palavra ao meu marido --

 

Muitas empresas incorporam anualmente nas suas hostes os denominados "trainees". É rapaziada recém formada, ou em vias de o ser, na qual a empresa encontra potencial para, se as coisas correrem bem, virem a fazer parte dos quadros. 

Hoje o Marcelo comentou os recentes disparates da ministra da administração interna (mai) que, como a anterior, tem demonstrado que não tem competência para desempenhar o cargo. Disse o PR que a ministra não conhecia os problemas e que tinha ainda muito que aprender, que ainda anda a descobrir os cantos à casa, etc., Resumindo, que é uma trainee. 

Percebe-se a subtileza do PR: não quis dizer que a ministra é uma trainee, era chato para a ministra, para ele e para o Luís, pelo que preferiu elaborar um pouco e não dizer a 'coisa" de chofre. 

Como é possível que o  Montenegro tenha escolhido e o Marcelo tenha aceitado para o cargo de MAI alguém completamente inexperiente e sem conhecimentos técnicos nos domínios de atuação do ministério? Será que admitiam que a senhora iria ter tempo para aprender? Esqueceram-se que com as previsões das vagas de calor para o verão e com o tipo de tempo que tivemos no inverno e na primavera a situação no verão ia ser muito difícil e era preciso alguém experiente e conhecedor para o cargo? O desastre que tem sido o desempenho do cargo pala ministra resulta naturalmente de  incapacidade da própria, de falta de discernimento do PM e da incoerência e hipocrisia do PR. A demissão da MAI e da ministra da saúde são urgentes. Não aconteceram é falta de respeito para com os Portugueses.

Nota: muitos dos comentários que nos são dirigidos pelo pessoal da direita são generalidades sem substância de quem não tem argumentos e só sabe atirar as habituais bolas "para o pinhal". Também é hábito referirem o José Sócrates, o que é uma história com barbas. Em vez de virem sempre com as mesmas requentadas alusões, sugiro que defendam as políticas do governo e refiram os sucessos que o "querido" Luís conseguiu. O problema é que isso é difícil, muito difícil, nada haveria para dizer, pois não?

domingo, agosto 17, 2025

A coerência do Montenegro
-- De novo, a palavra ao meu marido --

 

Para quem apoia o Montenegro e também, claro, a quem o critica sugiro que tentem ver um vídeo que circula nas redes sociais em que se comparam duas intervenções do Montenegro sobre os incêndios (a minha mulher mostrou-me uma story na conta de Instagram do Miguel Prata Roque). O que se constata é que o que o Luís disse em 2022, quando era oposição, é exatamente o contrário do que disse agora quando falou dos incêndios. É mais uma confirmação da falta de ética e de honestidade moral do Luís. 

Como é possível que, numa questão tão dramática como são os incêndios (e este ano, até à data, a área ardida já é 17 vezes mais do que a de 2024!), diga uma coisa e o seu contrário só para ganhar ou para não perder votos? 

E a populaça parece que não percebe esta falta de rigor e esta indecência de o Luís (qual Trump) só dizer o que lhe interessa --  não o que é verdade. 

Claro que está bem acompanhado pelo Marcelo que nestas questões é professor catedrático. 

Quando ouvi as declarações da ministra da administração interna sobre os meios alocados para combater os incêndios fiquei ainda mais surpreendido com a evolução dos incêndios. A ministra afirmou que tem meios ilimitados para combater os incêndios e mesmo tendo uma jornalista sugerido que tinha sido um engano, que ela teria querido dizer que os meios eram limitados, manteve a afirmação. Estamos bem servidos com esta ministra. Também é uma coisa para que o Montenegro tem jeito, é escolher os ministros. Os expoentes máximos de acerto nas escolhas são as ministras da administração interna e a ministra saúde. 

O Montenegro é um "espectáculo" populista e sem conteúdo que se aproveite.

sábado, agosto 16, 2025

Silly Season -- A palavra ao meu marido --

 

A silly season dá cabo da malta. Que o diga o Marcelo a quem manifestamente o sol de Monte Gordo não trouxe melhoras. Ir anteontem fazer de bombeiro privado do Luís (segundo o Valupi, com base em artigo do Público) e dizer que a coordenação no combate aos incêndios tem sido "espetacular" dá que pensar. 

Estando perante uma das piores semanas de sempre de incêndios, o que teria acontecido se a coordenação tivesse sido um bocadinho menos "espetacular"? Boa presidente Marcelo, boa! 

Semelhante a esta só aquela do Marcelo que não ia falar da saúde porque a ministra tinha prometido resolver os problemas. 

Silly season é uma coisa, hipocrisia é outra coisa. E a conjugação de uma com a outra dão um produto chamado Marcelo. 

A ministra da administração interna também foi afetada pela estação que atravessamos. Informou o País que não se demite porque há dois meses fez um juramento de lealdade. Ele há cada justificação!  Fica no cargo não porque tem  dotes políticos, conhecimentos técnicos, capacidade de gestão, uma política para o setor,...? Não, fica no cargo porque jurou lealdade e leva esta coisa da lealdade a sério. 

Se está justificação fizer "jurisprudência", estamos tramados, nunca mais nenhum governante se demite. 

Quanto ao Luís, lá esteve na festa dos laranjadas. E não me pronuncio porque não ouvi o que ele disse no Pontal. Para mim um mentiroso é sempre mentiroso, e o Luís...

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Uma observação minha: 

Sugiro que deslizem um pouco mais para lerem um texto que repesquei dos comentários a propósito do Dr. Relvas, essa sumidade.

quarta-feira, agosto 13, 2025

Se não demitem a Ministra Ana Paula Martins, pelo menos transfiram-na para a Secretaria de Estado dos Inquéritos (a criar)
-- De novo, a palavra ao meu marido --

 

O que aconteceu ontem é mais uma vez inacreditável e põe Portugal no mesmo patamar que os países mais pobres que não se preocupam ou não têm condições para se preocupar com a saúde dos cidadãos. Uma mãe ter um bebe à porta do supermercado no centro de uma cidade, sendo o parto assistido pelo avô, porque ninguém atendeu no SNS24, é motivo mais do que suficiente para a ministra se demitir e o primeiro-ministro, no mínimo, pedir desculpa pelo estado a que deixou chegar a saúde em Portugal e deixar de tratar os portugueses com a arrogância habitual. 

Mas o ridículo é tão grande que hoje ouvi na SIC a secretária geral da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia referir, à laia de desculpa, que a parturiente teria tido um parto muito rápido e isso também tinha contribuído para que o nascimento tivesse sido na rua. Fiquei a ouvir expectante, julgando que teria sido uma coisa de minutos. Não, segundo esta senhora foi um parto que terá demorado duas horas! Então, em duas horas não conseguiram fazer chegar uma ambulância ao local...? E agora alguém desvaloriza o problema com um parto rápido...! Haja dó que não há pachorra para tanta falta de honestidade intelectual. 

Ontem o presidente do sindicato do INEM referiu que 20 por cento das chamadas são perdidas. Como é possível isto acontecer? A saúde tem piorado de dia para dia. Os resultados dramáticos da greve no INEM, os problemas com os helicópteros, o aumento dos custos sem quaisquer melhorias no sistema, as urgências fechadas, as parturientes a terem os bebés nas ambulâncias (e agora até no meio da rua!), a falta de controlo dos gastos, os valores milionários que os médicos recebem quando trabalharam como tarefeiros ou fazem cirurgias fora do horário de trabalho, o regabofe das nomeações para as administrações das ULS... são o estado a que isto chegou como resultado da política deste governo. Já passou o período dos 60 dias que prometiam, já passaram os seis meses que , a seguir, prometiam -- só o que não passa é a ministra nem a falta de vergonha do PM.

De cada vez que acontece um escândalo e já se está a perder a conta aos que já aconteceram (e, por muito, muito, menos que isto já uma ministra da Saúde se demitiu), o que faz a incompetente ministra? Um inquérito. Não sei quantos inquéritos já ela mandou instaurar. Uma acumulação de inquéritos. Depois, ou não se sabe quais as conclusões desses inquéritos ou, quando se sabem, são desvalorizadas. De uma maneira ou de outra, a ministra chuta para canto. E o Luís, como sempre, assobia para o lado.

E hoje veio o Marcelo dizer que não se pronuncia porque a ministra prometeu que tudo ia fazer para resolver os problemas. Vá gozar com a prima. Então quando se pronunciava sobre tudo e todos em questões de muito menos gravidade era porque os ministros prometiam que não iam resolver os problemas...? Vá mas é dar uma volta ao bilhar grande porque já não se consegue tolerar tanta hipocrisia.

Mudando de assunto, a questão dos incêndios também revela a incapacidade do governo para planear e resolver os problemas. Os incêndios este ano têm sido uma calamidade, a área ardida aumentou 8 vezes,  e agora soubemos que os Canadair estão inoperacionais, o que tornará o combate aos fogos mais difícil. O PM partiu a banhos para o Algarve e demonstra estar-se nas tintas para o assunto (será que vai haver um clamor de indignação semelhante ao que aconteceu com o Antonio Costa quando alguém, maldosamente, lançou a notícia falsa de que ele estava de férias quando ocorreram os incêndios?). Curiosamente os bombeiros têm estado pouco reinvindicativos e o próprio presidente da liga, tão crítico em anos anteriores, agora anda manso como um cordeirinho. Será porque o governo fez com os bombeiros o que fez com outras corporações, isto é, atirou dinheiro para cima dos problemas...? 

O que aconteceu com os professores e os colocou num patamar de privilégio relativamente ao resto da populaça, o que parece estar a acontecer nas FA, o que se passou com as polícias, os aumentos na saúde e etc... são bem exemplo do que é torrar dinheiro sem qualquer efeito positivo para a maioria da população e tendo apenas como objetivo garantir votos. 

Quando não houver dinheiro para distribuir o que irá fazer a rapaziada do governo?

sábado, julho 26, 2025

Marcelo, até que enfim
-- A palavra ao meu marido --

 

Finalmente, depois de andar a aparar o governo do Montenegro desde o início, o Marcelo deu um ar da sua graça e confirmou que o governo do dito não respeita a Constituição, não respeita as crianças, não respeita os mais elementares valores comuns às pessoas de bem, segue a agenda do Chega e só tem o objetivo de cavalgar a onda para ganhar votos, não olhando a meios para justificar o objetivo. 

Finalmente, o Marcelo esteve bem. Confirma-se também que o Montenegro mentiu. O "não é não" passou a "sim, sim". 

Aliás, após o Montenegro dizer que não tinha acordo com Chega veio o ministro da presidência dizer que o acordo existe. Um deles mentiu e dá-se um doce a quem adivinhar qual foi. 

Temos assim,  a coligação ADEGA (na feliz designação que alguém criou e que o Daniel Oliveira referiu no Eixo do Mal) formada pelo AD e pelo Chega. Pelo exemplo da lei dos estrangeiros, não sabem o que fazem e não respeitam nem as pessoas nem as leis. 

Ao que "chegou" o PSD!

quinta-feira, julho 24, 2025

Dicionário made in silly season

 

Futilidade: sondagens sobre as Presidenciais quando ainda não se conhecem todos os candidatos e quando os portugueses ainda estão muito longe de se ralarem com tal coisa.

Cábulas de primeira: deputados do Chega que, de cada vez que abrem a boca, revelam que não sabem do que falam

Cábula de segunda: Luís Montenegro que vai para a Assembleia da República armado em bom, em erudito, a citar Sophia de Mello Breyner, quando, afinal, a frase referida era da autoria de José Saramago. Ou o tipo que lhe escreveu o texto quis divertir-se à sua custa, colocando-lhe uma casca de banana debaixo dos pés, ou foi outro cábula que nem se lembrou de confirmar o que escreveu. Seja como for, ele próprio, o Luís, deveria ter tido a lucidez de confirmar o que ia dizer para evitar fazer um papelinho mais do que triste

Cábulas de terceira: alguns dos comentadores deste blog que aparecem aqui não para referirem factos concretos ou para rebaterem, factualmente, o que aqui se diz, se limitam a 'mandar' bocas ou, mais calinamente ainda, vêm revelar que têm uma bizarra fixação em Sócrates. 

Incompetente em expoente máximo: Ana Paula Martins. Não há dia em que as notícias não nos deixem estupefactos com as cavalices que se passam sob a égide de Madame Aparelhista

Ridícula: a defesa atotozada dos Anjos que não se calam com a cena do acne. Agora entregaram fotografias que atestam a borbulhagem

Embuste: quando eu trabalhava, sempre que havia actualização das tabelas de retenção de IRS, o que o Departamento de Recursos Humanos fazia era 'carregar' essas tabelas na aplicação informática de processamento de salários e escrever a data a partir da qual a nova tabela vigorava. Se a tabela fosse carregada em Agosto mas com incidência a Janeiro, automaticamente a partir de Agosto apareceria já a nova taxa de IRS e, nessa altura, o sistema calculava retroactivamente o IRS que deveria ser retido, devolvendo o que tinha sido retido a mais. Não havia ciência oculta. O valor retroactivo resultava de uma conta simples: o valor a mais em cada mês vezes o número de meses. Acontece que nada disto acontece com o Ministério das Finanças agora faz: o valor devolvido em Agosto e Setembro é muito superior ao valor resultante daquele referido cálculo. Verifica-se que a partir de Outubro (ordenados a pagar no fim de Outubro, ie, depois das eleições) a diferença no imposto retido é cagagesimal, alcagoitas. Mas o que vão devolver em Agosto e Setembro (antes da data das eleições) são valores simpáticos. Se isto não é manipular as pessoas ou comprar votos, que venham todas as virgens rasgar as vestes e me expliquem qual a lógica matemática desta jogada. 

Escapista: Marcelo Rebelo de Sousa, o palrador-mor, o omnipresente e ubíquo  Presidente que, depois de ter feito a vida negra a António Costa, com bocas encapsuladas e bocas directas ou indirectas, usando-se a si próprio ou usando a so-called fonte de Belém, e de ter feito o possível e o impossível para correr com o PS e para pôr o PSD no governo, agora, haja o que houver, remete-se ao silêncio. Não é apenas que se tenha tornado discreto, é mais que isso, praticamente desapareceu, emudeceu, empalideceu, quase se tornou um fantasma.

quarta-feira, julho 23, 2025

Rita Matias, Catarina Furtado, os tachos e as ignorâncias. Já para não falar em Ana Paula Martins que diz que anda a aprender com as mortes devidas a atrasos do INEM.
O populismo é isto
-- Uma vez mais, a palavra ao meu marido --

 

No seguimento de uma entrevista a propósito das demolições de Loures a Rita Matias, uma das caras da moda dos populistas do Chega,  Catarina Furtado -- que sempre me pareceu uma pessoa sensata, que defende os valores comuns às pessoas que respeitam e têm preocupações com o próximo -- fez-lhe uma referência crítica nas redes sociais, alegando a ignorância demonstrada por Rita Matias ao falar de uma realidade que desconhece. 

A Rita Matias, moça fina, danada, publicou um vídeo de resposta -- vídeo esse em que parece ir a guiar e, simultaneamente, a gravar o vídeo (o que, a ser verdade, terá sido um perigo para quem se cruzasse com ela, já que não desviou o olhar do ecrã do telemóvel). O vídeo revela bem o que são os populistas de extrema direita. Afirma que se o Chega for governo, não demorará a despedir, da RTP, aqueles de que não gostam: "estes tachos e tachinhos na RTP são para acabar e o problema deles é que sabem que o Chega, quando chegar ao Governo, vai mesmos atrás destes tachos incompreensíveis". 

A Rita Matias revela também saber o ordenado da Catarina Furtado, o que é muito curioso para quem dias antes, também numa entrevista, disse que desconhecia o valor do RSI porque, segundo ela, não pertence à comissão de Economia do Chega. Típico dos populistas: não sabem do que falam, falam do que não sabem, mentem e criam bodes expiatórios para enganar os incautos. Nesse vídeo, Rita Matias insurge-se ainda com o facto de serem os contribuintes a pagar o que designa por 'tacho' de Catarina Furtado. Parece ignorar que quem lhe paga o ordenado a ela, para cometer atentados à democracia, para, a todo o momento, revelar ignorância e cobardia, usando o nome de crianças, são também os contribuintes. (Já agora, espero que o organismo que deve fazer respeitar o RGPD a faça pagar uma multa significativa pela indecente revelação do nome das crianças)

E é, com este panorama, que Montenegro, para se tentar safar, resolve dizer que o Chega se tornou num partido responsável. É a normalização da extrema direita num vale-tudo para se manterem no poder e ganharem votos. Onde já vai o "não é não"... Assim se vê o valor da palavra do líder do PSD.

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Voltando ao tema da Saúde. Conheceu-se hoje mais um relatório do IGAS que responsabiliza o atraso na prestação de cuidados médicos durante a greve do INEM por mais uma ocorrência trágica, no caso em Bragança. Soube-se também que os técnicos que são contratados para o INEM, após serem contratados, têm que frequentar cursos de formação e, se não concluírem os cursos com sucesso, ficam em casa a receber o ordenado sem fazerem nada (julgava que era impossível uma barracada pior que a barracada do concurso dos helicópteros -- afinal não é). 

Portanto, contratam-se as pessoas, pelos vistos sem critério, para noticiarem que já preencheram os quadros -- e depois logo se vê se têm conhecimentos e capacidades para desempenharem as funções. Inacreditável! 

E a ministra não se demite (diz que anda a aprender com as mortes), o presidente do INEM não se demite, o Montenegro faz de conta que não é nada com ele... e o Marcelo assobia para o lado. 

Mas que falta de vergonha!

quarta-feira, julho 16, 2025

Sobre a demolição de barracas

 

Vi, estarrecida, imagens horríveis de barracas a serem destruídas sem que qualquer solução fosse apresentada aos seus habitantes e destruído ficou o meu coração ao pensar na aflição daquelas pessoas. 

Fotografia de José Fonseca Fernandes

Hoje disse aos meus netos que se me saísse muito dinheiro no euromilhões, pegaria em parte do dinheiro e estudaria em conjunto com algumas das autarquias em que o drama é maior qual a forma mais expedita de dar casas com conforto e dignidade às pessoas que vivem em condições miseráveis.

Custa-me conceber que, por exemplo, se arranje dinheiro a rodos para a Defesa ou dinheiro para jorrar sobre os médicos do SNS (médicos ditos 'tarefeiros' num daqueles expedientes para fugirem ao fisco e a todo o tipo de controlo -- enquanto estupidamente se continua sem se perceber que o tema da Saúde tem que ser 'agarrado' a sério por gente competente) ou dinheiro aos montes para fazer cartazes que poluem as estradas e as rotundas de cada vez que há eleições ou, nas autarquias, dinheiro a perder de vista com assessores e parasitas partidários e, depois, não há dinheiro para encontrar uma solução para estes pobres coitados que não conseguem um tecto seguro e legal para se acolherem.

Não há muito vi fotografias de um parque de campismo gigantesco na Costa da Caparica. Não parecem tendas, parecem casinhas, ou tendas de campanha, não sei bem, todas iguais. Disseram-me que muitas pessoas vivem ali todo o ano. Perguntei se não poderia ser uma solução para instalar com um mínimo de conforto e dignidade as pessoas que hoje vivem em bairros clandestinos. Responderam que o problema destas soluções é que, em vez de provisórias, soluções assim tendem a ser definitivas. Claro que não sei qual a melhor solução mas parece-me que qualquer solução é melhor do que a indiferença perante a aflição de quem não tem onde viver, de quem não tem uma morada, de quem não tem onde se lavar ou de quem não tem um mínimo de condições decentes para ter filhos.

Não sei se o PRR previu verbas para alojar as muitas pessoas que, tantas vezes vindas de longe, tantas vezes completamente desenraizadas, desaculturadas, vulneráveis, e, ainda assim, trabalhadoras, não têm outra solução senão juntas chapas, cartões e o que encontram para fazer um abrigo mais do que frágil, mais do que impróprio para um ser humano. Se previu, previu pouco e virá tarde de mais. Se não previu, os irresponsáveis que não pensaram nisso deveriam ser corridos.

Há tempos vi uma reportagem com prédios devolutos que pertencem ás Forças Armadas. De que se está à espera para lá instalar pessoas? E quem diz isso diz muitas outras casas do Estado. Ou da Igreja. 

Marcelo, que tanto falava dos sem-abrigo, já se esqueceu? Ou só se lembra quando as televisões o filmam a distribuir a sopa dos pobres? Quanta hipocrisia.

E já nem falo no cagalhoças do Moedas, essa anedota que para aí anda a armar-se em bom. Mete-me nervos de cada vez que o vejo: um saquito cheio de nada, um daqueles sacos pequenos para apanhar o cocó de cão. Obra feita, zero. Real sensibilidade e capacidade de acção para o que é preciso, zero. Só conversa fiada, só, só.

E o de Loures, com aquela vereadora, insensível, empedernida, gente desalmada, que nervos que também me dão. Caraças.

Enfim. Fico-me por aqui. Sinto-me verdadeiramente impotente perante a desgraça desta pobre gente que precisa urgentemente de habitação social. Estão a trabalhar para nós. Não podemos ignorá-los nem deixar que vivam como animais. Neste caso o tema não é o arrendamento acessível nem sem ser acessível pois estamos a falar de pessoas que primeiro precisam de se organizar, de se estabelecerem decentemente, só depois se pensa em como poderão pagar alguma coisa -- neste caso o tema é mesmo alojamento social, urgente, dar tecto e meios de higiene, dar uma morada e uma ajuda àquelas pessoas, permitir que sejam cidadãos de pleno direito.

sábado, julho 05, 2025

Um mau governo
-- A palavra ao meu marido --

 

O Montenegro foi a primeira vez para o governo porque prometeu resolver os principais problemas do país e saiu reforçado na segunda eleição porque os portugueses terão ficado minimamente contentes com o que fez, muito provavelmente porque não eram fãs do Pedro Nuno Santos e porque a acefalia ainda não era um mal generalizado que pudesse dar o primeiro lugar ao Ventura. 

Os principais problemas do país apontados pelo Montenegro, bandeiras da campanha eleitoral e sobre os quais zurzia o PS, eram a saúde, a habitação, a educação, os incêndios. Para seguir a agenda do Ventura também levantou os pseudo problemas nacionais da segurança e da imigração. 

Ao fim de um ano e tal de governo, conseguiu o governo Montenegro resolver minimamente estes problemas? 

Não, não conseguiram! 

Senão, vejamos. 

O que está a passar-se na saúde -- cujos problemas Montenegro anunciou, antes de formar o seu primeiro governo, que seriam resolvidos em 60 dias --, é uma tragédia, a situação piora todos os dias e os resultados da política deste governo são assustadores em todos os aspectos. Com as tragédias que tem acontecido, como é possível que a ministra e o Montenegro não tenham um pingo de vergonha e a ministra não se demita ou não seja demitida? 

E, para variar, o Marcelo, sempre tão interventivo noutras ocasiões, agora mantem-se de bico calado. Que vergonha. A incapacidade do ministério chega ao ridículo de contratarem para o INEM uma empresa para fazer o transporte de doentes de helicóptero que não tem helicópteros nem pilotos. Inimaginável. Ninguém se demite nem é demitido? Pior é impossível. 

Depois de tudo o que aconteceu na saúde no último ano, a ministra continua. Diz que não se demite porque quer resolver os problemas, mas de facto só os agravou. Não se demite porque, como parece e muita gente o afirma, o objetivo não é resolver os problemas da saúde: é privatizar a saúde e o resto é paisagem. Como é  possível que os interesses dos lobbies da saúde se oponham aos interesses dos portugueses?

Relativamente à habitação, o governo conseguiu, com as medidas que tomou, aumentar de forma absolutamente insuportável o preço das casas. É certo que os jovens ricos, ou os pais por eles, compraram mais casas à conta das medidas do governo. Mas resolver o problema da habitação não é ajudar os que têm mais dinheiro. É exatamente o contrário. É criar condições para que quem tem menos rendimentos consiga ter uma habitação condigna. Exatamente o contrário do que foi feito pelo governo. 

Na educação iam resolver o problema de haver alunos que não tinham professores pelo menos a uma disciplina. O brilhante resultado foi haver 1,4 milhões de estudantes que não tiveram professores pelo menos a uma disciplina. Mais um "sucesso" do governo. 

Relativamente aos fogos, a área ardida triplicou. Obviamente mais um problema que não foi resolvido.

Relativamente à segurança, como era um pseudoproblema, nada foi feito e daí não veio mal ao país. 

A política do Governo não tem nada a ver com os reais problemas da imigração (a sua integração, terem habitação, educação para os filhos, saúde, etc). O objetivo é ultrapassar o Chega, se possível pela direita, e ganhar votos. Lamentável. 

Para atirar poeira para os olhos da malta e os jornais não falarem naquilo que não interessa ao governo lembraram-se de propor uma nova lei da nacionalidade que ainda por cima parece que é inconstitucional e que não era sequer tema. Aprenderam com o Trump. 

Em resumo, não resolveram nenhum dos problemas importantes que se propunham resolver. Mandaram a ética e os valores para as urtigas e criaram novos problemas e clivagens na sociedade. Infelizmente, parece ser disto que a maltinha gosta. A esperança em melhores dias já não é grande. O populismo através das redes sociais está a criar uma massa amorfa que não questiona e que não pensa, apostando no perceptível e esquecendo o essencial. 

É o que temos.

quinta-feira, junho 05, 2025

Marcelo a agarrar uma jovem pelo pescoço e a sujeitar-se a uma tremenda humilhação -- um fim patético para um Presidente que, de tanto querer ser amado e de tanto falar e de tanto fazer e desfazer, vai acabar desprezado.
Mas, se me permitem, vou antes falar de javalis in heaven -- o que, não sendo surpreendente, é a confirmação que faltava

 

Hoje o dia começou com o meu marido a dizer que tinha visto um javali. Contei-o numa story no Instagram. 

Há um sítio em que a vegetação é um pouco mais fechada, um lugar sempre à sombra, sempre fresco. Há um grande cedro, uma azinheira, diversas aroeiras, erva diversa. A terra aí é fofa, negra. E frequentemente está remexida. 

O nosso cão anda sempre intrigado por ali. Põe o nariz no chão e anda de um lado para o outro. É frequente ver ali pegadas de bicho grande, terra levantada. Sempre me admirei: que bichos por ali andam e o que procuram? Dá ideia que desenterram coisas. Já pensei muitas vezes: trufas? Não faço ideia.

Esse lugar é numa extrema do terreno vedado (há uma outra parte, separada por uma estrada, que não está vedada). Ali, naquele sítio em concreto, a vedação não está danificada. Ou seja, não é por ali que os bichos entram. O javali que o meu marido viu estava ali, ao lado da vedação e ficou a olhar para ele. O meu marido diz que, pelo tamanho, não era adulto. 

O nosso vizinho que mora na entrada da rua, uma vez que falámos da nossa desconfiança, disse que de vez em quando acordavam com um grande barulho na estrada, animais a trote. Então, passaram a estar atentos e uma noite fizeram uma espera e conseguiram ver uma grande vara de javalis a correr na estrada, na direcção do vale, passando pela nossa casa.

Um conhecido já avisou algumas vezes: é preciso o máximo cuidado com as mães javalis ou com bichos que se sentem ameaçados. Por isso, hoje, ao andar por ali sozinha com o cão sempre por perto, pensei que se me aparecesse um bicho pela frente haveria de ser um festival, o cão aos saltos e a ladrar furioso e o bicho, assustado...

Bem. Não foi surpresa a constatação de que, na verdade, há javalis in heaven mas foi surpresa estarem à vista, de dia, tão perto.

Não tenho falado mas, em contrapartida, dos gatos nem sinal. Desapareceram todos. E dos esquilos agora não tenho visto vestígios, nomeadamente aquela fartura de pinhas roídas em baixo. Estive a informar-me e, nesta altura, as pinhas não estão boas para roer. Por isso, podem continuar residentes mas andarem a alimentar-se com outros acepipes.

Tirando isso e o expediente comum (o meu marido a roçar mato, eu em arrumações e varridelas e etc.), continuo, como sempre, fascinada com o efeito da luz através das flores. 

Que cores, que perfeição, que harmonia. 

Quanta beleza.

Nestes dias não se vê televisão, não se procuram notícias. Ao fim do dia, no carro, por acaso apanhámos o fim do noticiário, qualquer coisa sobre os novos ministros. Desejamos que, a bem do País, corra bem. Contudo, algumas escolhas parecem estranhas.

Quando chegámos a casa, já jantados, ainda demos, bem de noite, um passeio com o cão. Confesso que senti algum receio. O meu marido disse que não havia razão para isso e, por isso, confiei.

Com isto, a verdade é que não consigo ter disposição para falar de política. 

Só quero dizer uma coisa: quando a minha nora enviou para o grupo da família um vídeo com a cena do Marcelo a fazer um tristíssimo papel com uma jovem na Feira do Livro, ao ver tive dúvidas de que fosse real. Depois vi que é. E fiquei perplexa. Mau, muito mau, mau de mais. Começou por parecer um totó de roda da jovem, a querer rebater, a querer interromper, a não saber pôr-se no seu lugar. Depois, no fim, a forma como a agarrou pelo pescoço, com força, foi de uma agressividade inqualificável. Todo aquele comportamento foi de uma inconveniência inusitada, uma menorização da função presidencial como nunca antes se tinha visto. A jovem, de que não sei o nome, pelo contrário, manteve um sangue frio, uma atitude fantástica. Deixou-o nitidamente aos bonés. Se Cavaco acabou mal e retratado com a boca cheia de bolo-rei, Marcelo acabará ainda pior e retratado a agarrar uma rapariga pelo pescoço, acabando com ela a instá-lo a largá-la e a virar-lhe as costas. Cena mais macaca. Marcelo não se enxerga. Que fim mais triste.

A ver se amanhã me regressa a vontade para falar de política para me pronunciar sobre os membros do Governo e o que é que as escolhas podem significar. Preferia, contudo, esperar pelos Secretários de Estado, para ver se são melhores dos que os anteriores. Logo vejo.

E agora vou descansar, é tardíssimo. 

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Dias felizes

segunda-feira, junho 02, 2025

Grande entrevista na CNN. José Sócrates, um grande entrevistado. André Carvalho Ramos, um grande entrevistador.

 

Tive um dia preenchido e feliz, com a casa cheia e alta animação, e isto ao mesmo tempo que um joelho me doía, não sei se fruto de passadeira demasiado acelerada no ginásio, se fruto de muita lavagem esforçada de carpete, se fruto de outra coisa qualquer. Por isso, quando o pessoal se foi, sentei-me no sofá com a perna esticada e pus-me a ver as fotografias que entretanto recebi e a ver mensagens de amigos. E depois pus-me a ler. 

Até que calhou ver o comentário do Caro Leitor Ccastanho sobre a entrevista do Sócrates. Não tinha visto, nem sabia que tinha dado. Mas, entretanto, estava a dar uma coisa que o meu marido queria ver pelo que já passava da uma da manhã quando comecei a ver.

Com isto, eu que ia falar do meu dia em família e mostrar umas fotografias e etc., fiquei a pensar que deveria era falar daquilo a que tinha acabado de assistir. Só que é tarde e estou com sono... 

Mas, ainda assim, não consigo deixar de dizer que:

  • Sócrates continua a ser o mesmo animal político de sempre
  • Sócrates continua a mostrar que tem um estofo e uma estaleca e uma visão e determinação que são ímpares entre os políticos portugueses vivos
  • Sócrates continua a demonstrar que tem um ímpeto reformista com opções modernas e acertadas como a nenhum outro primeiro-ministro vi e voltei a ver
  • Sócrates continua a mostrar uma capacidade e a coragem de falar de frente, de pegar os bois pelos cornos, e a fazê-lo com honestidade intelectual e sem usar eufemismos ou indirectas
  • É pena que a porcaria do processo Marquês não se resolva de vez para que ele possa voltar a andar pela vida política, sem peias 
  • É pena que a história não se faça mais em tempo real para que a verdade sobre os benefícios para o País da sua governação possa ser conhecida e discutida com objectividade
  • Finalmente, é pena que o tema da sua vida pessoal (o apartamento de Paris, os empréstimos do amigo, as escutas, etc.) nunca tivesse sido devidamente esclarecida por ele próprio para que a suspeição que o envolveu e continua a envolver como uma nuvem negra deixasse de ser tema
[Sócrates disse muitas coisas relevantes sobre muitos temas e que aqui mereceriam destaque, mas tenho que me levantar cedo e já é tardíssimo. Contudo, quero aqui, pelo menos, louvar a forma como se referiu a Marcelo Rebelo de Sousa: um personagem inconsequente. Não poderia estar mais de acordo com tudo o que ele disse, na forma intriguista e ínvia como conduziu a sua actuação enquanto Presidente da República. O retrato que Sócrates fez do Presidente Marcelo é perfeito.]

Em síntese: gostava que o convidassem mais vezes para entrevistas como esta. 

E gostei muito, muito mesmo, da excelente entrevista que André Carvalho Ramos conduziu. Um trabalho incrível, uma atitude perfeita -- foi contido, educado, incisivo, inteligente. Entrevistar uma pessoa como Sócrates não é fácil pois é um interlocutor ágil, truculento, desafiador. Mas André Carvalho Ramos esteve completamente à altura. Está, uma vez mais, de parabéns. 

Um belo momento de televisão.

domingo, maio 25, 2025

Modo de pausa

 


Depois de ter esperneado com o resultado das eleições, ter espremido os neurónios tentando pôr em equação o ensarilhamento em que estamos metidos, depois de ter lido mil opiniões e ouvido cinquenta mil sapientes veredictos, o que tenho a dizer é o mesmo que sempre fiz em situações de berbicacho: bola para a frente porque para a frente é que é caminho.

Enquanto muitos dos meus colegas adoravam enfronhar-se em cansativos meas culpas ou em intermináveis sessões de lições aprendidas, eu sempre fui mais de me reunir rapidamente com quem tinha alguma coisa de inteligente a dizer (opiniões de burros ou de papagaios dispenso), tirar meia dúzia de conclusões, com essas conclusões e mais o que há pela frente traçar um caminho e... bora lá antes que se faça tarde.

Portanto, por mim já chega de andar a tentar a pisar e a repisar sobre o mesmo assunto.

É certo que continuo a achar que o Montenegro é um chico-esperto e que, nos 11 meses em que governou, não fez nada de jeito -- e o que pareceu melhorzinho foi a continuação do que vinha do anterior governo ou a distribuição de ma$$a, pois tinha folga (herdada) e sabia que as eleições estavam ao virar da esquina. Mas, enquanto a Spinunviva ou outras argoladas do género não o derrubarem, só espero é que faça aquilo para que foi eleito.

Quanto ao PS, sempre disse que achava que o Pedro Nuno Santos não era a pessoa certa para suceder a António Costa. O PS pela mão de Pedro Nuno Santos quase me levou a não votar no PS. Pedro Nuno Santos foi um erro de casting, como os resultados eleitorais mais do que demonstraram. 

Na altura, pareceu-me que José Luís Carneiro seria a pessoa certa. Mas, na altura, o Chega ainda gatinhava. Agora, os do Chega já andam em duas patas e já convenceram milhão e tal de pessoas que são os melhores para governar o País. Orwell cheirou-os a léguas (a eles e a todos os outros que têm feito o mesmo percurso). Não sei se, para a presente circunstância, José Luís Carneiro tem o carisma, o punch e a visão para levantar o PS e, ao mesmo tempo, para atirar o Chega ao tapete. Não estou a querer dizer que acho que não. Estou apenas a dizer o que disse, que não sei. Não o conheço suficientemente bem. Mas espero que sim. Espero bem que sim.

Face a este panorama, se eu fosse o Marcelo o que faria, antes de mais, em paralelo com as conversas oficiais com os partidos e off the record, seria chamar os directores de informação dos diferentes meios de comunicação social para os desafiar a fazerem um pacto (de regime) para que parem de andar atrás do Ventura. O Chega é o Ventura. E o Ventura é um demagogo, sem ética, sem vergonha. Mas é também um excelente comunicador. Criativo e bom comunicador. Consegue lançar ossos para a praça pública a toda a hora, mobilizando a agenda dos media. Só que os canais de televisão -- ou de rádio ou os jornais -- não são cães para irem atrás de qualquer osso, pois não? Se a Comunicação Social deixar de dar palco ao Ventura, o Chega esvazia-se. Provavelmente deveria ser a ERC a ter um papel pedagógico junto da Comunicação Social. Mas a ideia que tenho é que a ERC não risca, não serve para nada. Portanto, penso que deve ser o Marcelo (que tem muitas culpas no cartório em toda a instabilidade que atravessamos) a atravessar-se.

Identicamente, alguém deveria andar em cima das redes sociais dos partidos, em especial do Ventura e do Chega. Contas falsas devem ser denunciadas. Incitamentos ao ódio ou insultos devem ser denunciados. Há mecanismos legais para lidar com tudo. Não deve haver complacência.

Tirando isso, penso que, com toda a humildade, deve tentar validar-se se as percepções de tanta gente estão erradas ou se, pelo contrário, são legítimas. 

Dou alguns exemplos:

Como são atribuídos os subsídios? Como é que isso é auditado para verificar se não há abusos? Há gente que não faz nenhum e que vive, ao após ano, à pála de subsídios?

Há mesmo milhares e milhares de imigrantes que não trabalham e que recebem subsídios? 

Há mecanismos para acolher e integrar os imigrantes, em especial os que não falam português? 

E, pelo que se tem visto em algumas reportagens, os abusos que se têm detectado no SNS são altamente lesivos das contas públicas e, também pelo que tem visto, os processos administrativos, para além de permitirem toda a espécie de abusos, são manuais, precários e não há auditorias. Será que isto acontece generalizadamente? 

Tenho lido que em Portugal há mais médicos por habitante do que na maioria dos outros países. E, no entanto, há muitos milhares de pessoas sem médicos de família, é preciso esperar muitos meses por uma consulta banal (e sobre as de especialidade acho que ainda é pior). Parece que há sempre falta de dinheiro. E, no entanto, na volta o que há é dinheiro a mais, esbanjamento, aproveitamento, muita ausência de gestão, muito regabofe. Tenho defendido que a gestão de hospitais deve ser entregue a gestores profissionais. Não a médicos, não a gentinha dos partidos. Hospitais que gerem orçamentos de milhões têm que ser entregues a gestores competentes e profissionais. Numa altura em que a Saúde está tão mal, com Urgências fechadas, com tantos atrasos, se entregassem a gestão a profissionais não apenas se poupariam muitos milhões como os serviços melhorariam rapidamente. Se as pessoas começarem a ver 'saneamento' de gastos abusivos e melhoria no atendimento com certeza o paleio populista será esvaziado.

Quanto à habitação, também é preciso arranjar soluções urgentes: aproveitem edifícios públicos, adaptem-nos, alojem o máximo de pessoas. Rapidamente. Com assertividade. Com pouco paleio. E favoreça-se e apoie-se o ressurgimento de cooperativas de habitação. Apareçam com soluções concretas, rápidas, bem articuladas, bem acompanhadas, bem divulgadas. Esvazie-se o populismo.

Já disse e repito-me: é tempo de juntar esforços contra o populismo. E, enquanto a legislatura for avançando, o PS terá tempo para se reorganizar. Ou haverá tempo para aparecer um novo partido (caso o PS não consiga livrar-se do anquilosamento aparelhista, não consiga regenerar-se assimilando com inteligência o ar do tempo).

Mas, dito isto, agora vou continuar na mesma onda em que tenho estado nestes últimos dias: a ler, a curtir, regando, cozinhando, caminhando, estando em família, na boa. Agora nem tenho escrito. Tem-me apetecido descansar, estar em modo de pausa.

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Desejo-vos um belo dia de domingo

quarta-feira, maio 21, 2025

Ainda as eleições
-- A palavra ao meu marido

 

O grande problema dos partidos tradicionais, nomeadamente, de esquerda é que não entenderam as mudanças do eleitorado. Para uma maioria significativa dos eleitores -- e o caso dos mais jovens é paradigmático --, a esquerda e a direita não significam nada e estão-se absolutamente nas tintas para os valores aceites pela comunidade nas últimas décadas. 

O que interessa é o que aparece nas redes sociais. Não interessa se a informação que lhes é apresentada corresponde à realidade ou é mentira. Apenas procuram notícias que correspondam às suas aspirações, que sejam muito sucintas, sensacionais e facilmente compreensíveis e sobretudo disponibilizadas pelos seus gurus nas redes sociais.  Notícias que digam mal do "inimigo" seja ele qual for,  geralmente aquele que dá mais jeito ao "guru" de estimação naquele momento: imigrantes, ciganos, políticos...

O que é preciso é que existam inimigos que permitam mobilizar a massa anónima para que os gurus possam atingir os seus fins. 

A esquerda não percebeu a mudança. Não conseguiu denunciar os embustes, utilizando a nova forma de comunicar, nem apresentar objetivos agregadores que correspondam às aspirações dos que têm mais dificuldades e que lhes permitam perspectivar a célebre mudança por que tanto anseiam, seja ela o que for no imaginário de cada um deles. 

Os dirigentes do PSD, a começar pelo Montenegro, que tem uma enorme tendência para se esquecer dos aspectos éticos e que, nalguns casos parece que estão em cima de uma linha muito ténue entre o que é ou não admissível em democracia adaptaram-se melhor e transmitiram uma mensagem mais fácil de perceber para os que não estão para se chatear com essa maçada de ter que perceber os factos e tirar conclusões. 

Mas, atenção, a subida do Chega também resulta de outros factores como aqui escrevi na noite das eleições. Como é possível que os vários canais noticiosos tenham estado horas e horas a falar do Ventura, nomeadamente, horas a filmarem as traseiras do carro da frente quando ele era transportado para o hospital. O Bernardo Ferrão veio justificar-se dizendo que era notícia. Que notícia? Estavam à espera que o Ventura se atirasse da ambulância em andamento para darem em direto? 

Diversos analistas confirmam que, no período eleitoral, os media  ampliaram e deram grande relevo aos assuntos favoráveis ao Chega: segurança, imigrantes, corrupção, promovendo assim esta gentinha. Tenham um pouco de clarividência e reflictam no papel que tiveram na ascensão meteórica do Chega nos últimos anos. Se forem jornalistas sérios não ficarão certamente orgulhosos do papel que desempenharam. 

Também o Marcelo devia reflectir na forma como atuou e contribuiu para que a possibilidade de que, quando sair de Presidente, o líder de oposição possa vir a ser o Ventura já não seja uma abjecta ficção. Foi, como disse o Júdice, o pior presidente dos últimos cinquenta anos. 

Os dirigentes do PSD, que para salvarem o Montenegro e os seus lugares, não se importaram de provocar eleições e trazer os temas preferidos do Chega para o debate, sejam eles relevantes ou não, também deram para o mesmo peditório. 

A contínua intromissão do MP na política, fazendo passar a ideia de que os políticos  são, por natureza, corruptos, chegando ao extremo de fazer cair um governo com maioria absoluta, cozinharam um caldo pastoso que o Chega  aproveitou para fazer passar as ideias que mais lhe convinham. 

É verdade, o mundo mudou e o Ventura é um líder carismático que faz muito bem o seu trabalho, mas teve ajudas de monta para chegar onde está e, implícita ou explicitamente, a comunicação social, o Marcelo, o MP e o Montenegro ajudaram um bom bocado. A esquerda, por inépcia, também contribuiu.

Hoje li a notícia de que o Chega quer proibir a atuação do Nininho Vaz Maia na Azambuja e, apesar de envolver o comunicado num palavreado pretensamente tradicionalista, a verdade é que os motivos são absurdos e não é difícil perceber que, por trás, há uma motivação racista. É a tentativa de voltar à censura que acabou há cinquenta anos e é perigosamente parecido com o que se passou na década de trinta do século passado nos regimes fascistas. Parece-me tão grave que, antes que esta prática se expanda e o revanchismo e a arrogância anti-democrática comecem a fazer caminho, o Presidente devia ter uma palavra pública de repúdio. 

segunda-feira, maio 19, 2025

Os resultados eleitorais
-- A palavra ao meu marido --

 

Os resultados eleitorais de hoje são chocantes. 

O Ventura teve 25 por cento dos votos. Embora seja difícil entender como é possível que tanta gente vote no Chega é para mim óbvio que as redes sociais, o bota abaixo, a incapacidade de análise, a vontade de acreditar só no que interessa foram preponderantes na escolha que fizeram. Também a frustração por não terem atingido os padrões das redes sociais e as reais dificuldades que enfrentam no dia a dia terão contribuído para esta votação. 

Mas, mesmo assim, como é possível votar num tipo que sai do hospital cheio de pensos com ar de criança mimada, que só diz mentiras e cujo partido é ele e só ele? 

Por mais que tente listar razões, continuo sempre a ficar pasmado com a estúpida opção que um quarto dos votantes fez. 

Mas é preciso recordar que chegámos aqui também porque, durante vários anos, o Marcelo andou a desestabilizar o País, o MP fez cair o governo e o Montenegro preferiu ir para eleições do que dar o lugar a outro. 

O Marcelo, o MP e o Montenegro são também relevantes na posição alcançada pelo Chega. E a Comunicação Social também não é isenta de responsabilidades pois tem andado com o Ventura ao colo. Veja-se a vergonha do outro dia, quando estiveram a dar, em direto, o percurso do Ventura para o hospital. 

Nesta altura de crise, Portugal podia ainda estar a ser governado por um governo eleito por maioria absoluta e, assim, ter melhores condições para enfrentar os problemas. 

Hoje, os laranjas podem estar satisfeitos por terem ganho, mas, com o novo impulso do Chega, ainda lhes vai ser mais difícil governar. 

A esquerda perdeu em toda a linha. A derrota do PS é um desastre. A esquerda tem que aprender que a união faz a força e que os verdadeiros objetivos são, como diz o Sérgio Godinho, a habitação, a saúde e a educação, a segurança social. Transmitam uma mensagem de esperança sobre a resolução destas questões -- e sobretudo resolvam-nas quando forem poder --, e conseguirão voltar a ter preponderância na política portuguesa. 

Caso contrário, vão acabar numa posição residual e a extrema direita -- em coligação ou não com a direita -- vai ser poder por muito tempo. 

Tenhamos esperança que as coisas mudem.

quarta-feira, abril 30, 2025

Ainda sobre o Apagão -- resposta a um Comentador e outras breves considerações
-- A palavra, claro, ao meu marido --

 

Em continuação do que tenho escrito e relativamente aos comentários que um Leitor fez, quero esclarecer que uma coisa são as questões técnicas relacionadas com o apagão, outra coisa é a forma como o governo atuou -- e é isso que eu critico. 

E a coisa piora de hora para hora. As declarações do ministro Castro Almeida a dizer que o PM andou a gerir o gasóleo dos carros dos ministros para garantir o fornecimento de gasóleo à MAC é assustador a todos os níveis. Fica claro que o PM não sabe o que tem que fazer e como deve atuar e que não há planos de emergência para situações críticas. 

Relativamente ao que chama politiquices sugiro que ouça as declarações do  Moedas, do Pinto Luz, do Leitão e do Montenegro: isso, sim, é verdadeira politiquice. 

E não será também politiquice terem ido 11 ministros ontem às televisões para tentarem limpar o que lhes correu mal?

Já agora, uma outra pergunta: a eletricidade ainda não chegou a Belém? Ou o Marcelo está afónico?