Mostrar mensagens com a etiqueta Erika Astrid. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Erika Astrid. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, novembro 08, 2019

Sou um 0 (zero) na escala de Kinsey





A sério. É aquilo de que tenho falado. Tanta tecnologia, tanto automatismo, tanta porcaria e, afinal, o trabalho parece que cresce pelos lados. Não dá para perceber. Parece que atraio, caraças. O trabalho cai-me em cima. No carro, vinha a falar com a minha mãe e bocejei e ela disse que se percebia pela minha voz que eu estava cansada. E estava. De tantas horas de trabalho, de tanto trânsito, de tantos anos disto.

E, cá em casa, estive a trabalhar até agora. Até agora.

Bem, mas não estou aqui para continuar agarrada aos temas que se me colaram durante todo o santo dia, de tal forma que ainda me está a custar largar-me deles.

Ainda por cima ando com um outro tema encravado nos dedos. Já no outro dia o aflorei (quando falei da Mona Lisa que, na volta, tinha era um baita pirilau debaixo da saia) mas depois derivei, coisa que me acontece muito quando os deixo à rédea solta (e, nisto da rédea solta, tanto posso estar a referir-me aos dedos como aos temas, não aos pirilaus). Li um artigo sobre o amor na arte e fiquei com vontade de falar nisso. Hoje, ao vir para casa, noite bem noite, uma música boa na Antena 2, vinha a pensar em dar-lhe continuidade: pintores que puseram as suas amantes nas telas, algumas delas casadas com quem lhes tinha encomendado as obras, ou mensagens encriptadas que só eles viam, poetas que cantaram os seus grandes amores ou desgostos, compositores que escondiam segredos onde só eles sabiam. Pano para muitas mangas. Mas, a esta hora e depois de tanta tema desengraçado desfiado ao longo de tantas horas, como começar agora uma coisa dessas que, parecendo que não, requer alguma atenção? Não dá.

Para me enquadrar no mundo, ainda aqui dei uma volta breve pelas notícias e entristeci-me com umas, fiquei indiferente com a maioria, arreliei-me com algumas. Mas não é perto da uma da manhã que vou começar com resenhas, até porque já não me sobra tento para ter algum cuidado e não faltar ao rigor. Impossível.

Portanto, deixei-me de coisas e aterrei na platitude. Ou seja, já andei à procura daqueles casaquinhos de tricot que no outro da irrompiam por todo o lado, quando andava a navegar noutros mares, pois a minha mãe disse que anda sem nenhum trabalho em mãos e eu que visse se alguém quer alguma coisa. Ela disse: Vê lá com elas. Ainda só sondei a minha filha que disse que os miúdos já não querem coisas de malha mas, para ela, talvez um casaquinho ou um vestido. Vestidos não estou a ver mas um daqueles casaquinhos bonitos que, quais cuquinhos nos relógios de cuco, no outro dia me saltavam aqui da toca a toda a hora, talvez. E tanto cirandei que me apareceu finalmente qualquer coisa, não sei se era o mesmo site do outro dia, mas talvez. Já mandei à minha filha para ver se algum lhe parece bonito para o encomendar à avó.

E agora, já a assumir que hoje não dá para escrever nada, fui-me outras vezes aos quizzes. Se estivesse in heaven ia aos medronhos. Ou fotografar cogumelos, Ou, se fosse verão, ia às amoras. Assim, aqui, de noite, na sala, não tenho muito por onde ir em busca. Podia ir em busca de palavras, claro. Podia, por exemplo escrever:
sumo rubro das amoras a escorrer nos lábios, figos doces a derreterem-se na boca, uma manta macia sobre os ombros, uma sombra vertical num muro branco, o som das árvores numa noite de ventania que quase parece o rugido do mar, anjos sem corpo nem nome, os mais desejados, olhares húmidos de amor, perfume de ervas do campo, um abraço apertado, umas mãos tranquilas, o canto de um pássaro chamando pela liberdade, o som do violoncelo, o riso, o sorriso, a lágrima, a palavra nunca dita.
Mas não sei se tem grande jeito pôr-me para aqui a desfolhar ideias que se querem esvoaçantes e não transformadas em letras num ecrã.

Portanto, fui-me mesmo a mais um quizz. Como o fiz meio distraída e sem saber bem de que se tratava, nem estava bem a perceber a lógica das perguntas.

Quando apareceu o resultado, Straight as an arrow, não percebi. Avancei para a explicação e quando vi que era um zero pensei: pronto, uma nulidade. Não sabia qual a escala e, a bem dizer, nem sabia bem o significado da dita escala. Entretanto, já fui instruir-me, na modalidade instrução a la minute. A escala vai de zero a seis. É esta, escala de Kinsey:


E o que me deu foi isto (nada que eu não estivesse fartinha de saber, mas é sempre bom a gente perceber que minimamente se conhece -- isto fazendo de conta que acredito que estes testes, mais do que duvidosos, têm qualquer substância)
You are a 0 on the Kinsey scale meaning that you are exclusively attracted to members of the opposite sex and have never had any sexual experiences or fantasies about the opposite gender. You prefer to stick solely with the opposite sex and are not likely to experience any bisexual or homosexual encounters in the future.
E é isto. E já fiz um outro, sobre qual a minha característica psicológica dominante mas, bolas, haja algum respeito pela vossa paciência, não vos maço mais com estas palermeiras.

Espera-me mais um dia cheio de cenas e isto deixa-me menos espaço na cabeça para dar largas ao que me apetece. Mas as coisas são o que são e esta é a minha vida e, para dizer a verdade, não tenho de que me queixar. No outro dia um colega dizia-me que tencionava ficar a trabalhar até depois da idade da reforma para 'ir buscar umas bonificações'. Eu disse-lhe que eu não, que a vida é curta e que tenho uma nova vida para começar quando me vir livre desta vida de trabalho que levo há séculos. Ele ficou a olhar para mim muito sério, certamente intrigado com a vida nova que quero começar. E eu tive vontade de dizer um disparate, com ar muito sério, para o deixar a pensar que estou maluca. Por exemplo: vida de árbitro de futebol feminino. Ou vida de bailarina de dança clássica. Ou vida de guarda nacional republicana. Mas não disse nada. E ele também não. Quando contei ao meu marido, ele disse: no caso dele, não quer ir para casa para não ter que aturar a mulher. Consta que é uma coisa do além: ciumenta, chata, faladora, possessiva e eu já comentei isto em casa. E eu pensei que devia ser mesmo isso e não as bonificações.

Pronto. Calo-me já, não estou a dizer coisa com coisa. Vou pregar para outra freguesia.


---------------------------------------------------------------------------------

Fotografias muito bonitas de Erika Astrid em Like a painting na Vogue italiana na companhia de Pedro Abrunhosa em dueto com Sandra de Sá em  'Eu não sei quem te perdeu'

-----------------------------------------------------------------------

E um dia feliz a todos.
Thanks God it's Friday.