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segunda-feira, agosto 31, 2020

Deixar-vos-ei palavras




Regressei à casa nova. Embora estivesse feliz e descansada in heaven, sentia vontade de voltar.

Trouxe de lá umas cobertas branquinhas que estavam guardadas e as duas carpetes maiores de Arraiolos, umas em tons claros. Troquei-as por duas, feitas por mim, modelos originais do Sec XVII, nos tons fortes originais que estavam no apartamento. Mas trouxe tudo lavadinho, tudo seco ao vento e ao sol.

Mal cheguei, vim logo colocar nos devidos lugares. Nesta sala em que agora estou, os dois sofás, um de três lugares e um de dois lugares, estão cobertos por cobertas brancas. Há ainda um cadeirão pequenino em tecido aos quadradinhos cor-de-rosa esbatido e branco. E uma banqueta clarinha, com um galão florido em tons claros. As almofadas são também brancas ou em veludo em cor-de-rosa velho muito claro. E, imagine-se, a coincidência de tudo isto (porque tudo isto já existia e parece que estava tudo à espera de ser conjugado) é que a carpete de arraiolos que aqui coloquei é justamente em tons rosados, um rosa pastel claro, com barra beige, floral, tudo muito claro, a barra muito nos tons do galão do banquinho. Fica tudo de uma harmonia que me parece perfeita, tudo muito tranquilo e feliz.

Desde o início, a minha filha dizia-me que esta casa poderia ser assim, clara, luminosa. Eu dizia-lhe que não ia deitar fora as coisas que tinha em casa e comprar tudo de novo e ela ia enviando fotografias que obtinha nos instagrams e quejandos desta vida para me mostrar como poderia ser. E a verdade é que, revirando tudo do avesso, trazendo coisas daqui e dali, redescobrindo o enxoval, desencantando cobertas e colchas, a casa está, em tudo, o oposto do que era a minha outra casa. 

E depois dá-se esta coisa de eu estar a colocar cobertas e colchas e carpetes tudo acabadinho de lavar pois, obviamente, não ia colocar coisas guardadas há muito tempo nem ia trazer carpetes de uma casa para a outra sem aproveitar a ocasião para fazer coincidir a lavagem anual que lhes faço com a mudança de casa. E, então, cheira tudo muito bem, a lavadinho. Um ambiente verdadeiramente bom, clean. E até tinha duas bonecas curiosas, igualmente em tons rosados, que agora aqui estão sobre os móveis. A ver se um dia destes perco a preguiça e volto a usar a máquina fotográfica para vos mostrar. E os quadros também são em tons neutros, claros, pastel. Tudo parece ter nascido para aqui se reunir.

E, na salinha dos lusófonos, a tal em que as estantes novas saíram em tom a modos que pardo -- mas de que agora até já gosto --, penso que está também tudo em total harmonia. A carpete também veio da casa in heaven e é identicamente um arraiolos em tons pastel mas, neste caso, em tons verde seco claro, beige, amarelo quase dourado claro. A chaise longue que está junto à janela é em cetim às risquinhas douradas e pérola com franja dourada. Mas cobri-a com uma coberta branca e, por cima, na zona do assento, por uma colcha de renda simples, branca. Por cima tem um rolo e duas pequenas almofadas em tecido igual à chaise-longue. Os quadros são em tons predominantemente amarelos, ensolarados. Gosto mesmo. Quando vou ao quarto ou à casa de banho, vou lá espreitar. E sinto-me feliz.

Antes de aqui chegarmos passei pela minha mãe para a ver e lhe deixar figos. Tinha, para me dar, uma tarte que fez, daquelas boas que toda a gente come e chora por mais, o vestido da minha filha arranjado nas mangas, uma pulseira para a minha nora, uma pêra abacate grande que uma vizinha lhe tinha dado e um vaso com umas hastes de feto. Sabe que sempre adorei fetos grandes.  A ver se consigo ter um, a ver se o mudo para um vaso maior e arranjo um lugar à sombra. Também gostava de ter uma avenca. Um dia ainda hei-de tentar. E também gostava de ter uma orquídea. Mas receio não ser capaz e ter um desgosto grande se a perdesse. Deve ser uma flor de alma demasiado sensível. As rosas são mais carnais. Estas rosas que agora aqui tenho estão bonitas, parece que estão mais vivas. Pelo menos, gosto de pensar nisso, que as flores gostam de mim. Mas de uma orquídea não sei se saberia tratar. Parece-me flor esquiva, cheia de subtilezas, uma flor com alma de gato. 

Antes disso, como disse (e deu para perceber através dos posts anteriores), tínhamos estado no campo, eu a varrer, fazer máquinas de roupa, a lavar a casa, a lavar mais três tapetes -- gosto cada vez mais de fazer limpezas, lavagens -- e a ler. Estive a ler parte de «O Rei Faz Vénia e Mata» de Herta Müller que a querida JV um dia me recomendou. Depois passei para outro de que já antes tinha lido uma parte. Pensei ler a partir do ponto em que tinha ficado mas, depois, voltando a sentir o prazer da bela escrita, regressei ao início. Há na inteligente escolha das palavras qualquer coisa de ancestral. Vitorino Nemésio escreve sobre Raul Brandão, «Íntimo».
Como ele saberia aproveitar a medula trágica deste brado do serrano empolgado pela solidão e a penedia -- «braveza, solidão e negrume», como escreve --, ele que chegou a este apuro: «olho para a ilha descarnada pelo vento, tão forte de inverno que o sino tange sozinho, e sinto-me como nunca me senti, isolado do mundo. Que vim eu aqui fazer?»!
O que gostei de ali estar, deitada, sentindo o calorzinho bom do fim de Agosto, lendo um escritor a falar sobre um outro escritor, lendo palavras sobre a casa, os hábitos e algumas peripécias de Raul Brandão. Agradável. Nestes últimos dias voltei finalmente aos livros, e com que prazer voltei.

À vinda, ainda não eram nove da noite e já anoitecia. Os dias parece que se fartaram do verão, fogem para a noite, parece que procuram o outono. E eu pensei nas minhas roupas mais quentinhas, pensei nas minhas écharpes. Tive saudades de me perfumar. Tive vontade de fazer um chá quente e cheiroso.

Tive vontade de me sentar a uma das mesas desta minha casa onde as janelas dão para um jardim -- e começar a escrever.

Penso por vezes que, da minha passagem pela terra, vão sobrar os tapetes que fiz e, talvez, as palavras que tenho escrito e que, se ninguém as tirar do ar, para sempre poderão ficar por aí, pelo espaço, voando ao sabor de quem as procurar.

Je te laisserai des mots
En dessous de ta porte
En dessous de la lune qui chante
Et quand tu es seule pendant un instant
Embrasse moi
Quand tu voudras

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Ilustrações do Cântico dos Cânticos, das quais as três últimas da autoria de Marc Chagall. Ao som de Je te laisserai des mots de Patrick Watson

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E uma boa semana. Saúde e amor.

quarta-feira, março 29, 2017

Coitado, tão feio. Mas uma ternura.




Sofria -- sofreu. 

Amachucado, traído, aos empurrões de todos, sucedeu-lhe a pior coisa que pode acontecer à matéria: veio-lhe fastio. 


Grotesco, feio, com a existência aos baldões, sem um bocadinho de ternura (a morte leva-lhe todos os amigos), rei ainda por cima, as suas anedotas, a sua vida, a sua figura, são ainda hoje motivos de grotesco... 

E no fundo, sob essa capa ridícula, por baixo da barriga, da papeira, da beiça, do olhar desconfiado, havia, houve sem dúvida uma ternura enorme. 

A mulher traíu-o; os filhos enganaram-no e mentiram-lhe; teve de fugir, de se livrar do veneno, das revoltas, da intriga, sempre a encostrar-se à amizade deste, daquele, dos generações, dos embaixadores, dos ministros, dos criados.. Não foi uma grande inteligência nem um grande carácter, mas foi uma extrema bondade. Passou a vida a afligir-se. 

Por qualquer lado que se encare é um motivo de chacota. 

É o senhor D. João VI -- é o pataco -- é o rapé  -- é a beiça... 


É -- mas é também o melhor homem da sua época, e, sob o grotesco, encontras uma grande beleza escondida, sumida, escarnecida. 


Sofria -- sofreu.

[in 'El-Rei Junot' de Raul Brandão]

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[E agora, depois de tanta maldade -- sim!, que, francamente!, não é bonito troçar do aspecto físico de tão clemente e régia figura -- aliviemos a consciência bailando uma chaconnne. E nada de trazer para a dança a memória desse herege do Raul Brandão que aquilo não são modos de falar, em especial a propósito de um rei tão determinado e formoso, tão gastronomicamene alavancado em coxinhas de galinha.]



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E depois deste meu momento bem comportado, de cariz histórico/literário, queiram, por favor, descer até onde esclareço um ou outro ponto relacionado com ilusões de óptica e outras cenas.

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quarta-feira, fevereiro 19, 2014

"Se quisermos modificar o País, temos de fazer exactamente o mesmo que se faz com os cavalos, temos de mandar vir homens do Norte, ingleses, escandinavos ou suecos, e de montar aqui e além postos de cobrição." No entanto, antes de porem em prática mais esta série de golden visa, deviam pôr os olhos no que a Érica diz do material do João.


No post abaixo já vos falei de como, entre dormir e acordar (efeito do comprimido que tomei), dei com o vice-irrevogável Portas a falar não de submarinos mas sim, imagine-se, de porta-aviões. E como, a seguir, dei com o Pires de Lima a confessar que exagerou quando falou em milagre económico. Aquilo ainda é coisa de quando vendia cervejas e tinha que ser criativo na publicidade.





Estava com esperança de me manter acordada e escrever mais qualquer coisa mas, qual quê?, uma sonolência...

Por isso, vou limitar-me a deixar-vos aqui matéria para reflexão. Quando estou assim como agora estou, dá-me para pensamentos profundos.



Vinha tudo à baila: Deus, o universo, os filósofos e a política. 

Agregavam-se às vezes àqueles homens alguns rapazes, que os ouviam fascinados. Eu era um deles, e ouvi-lhe, uma noite, estas palavras que nunca mais me esqueceram: 

– Escusam de procurar... a nossa ruína não vem dos políticos nem do regime. 

Mudaremos o regime e ficaremos na mesma. O mal é mais profundo – o mal é da raça. 

– A raça? Mas, com esta raça, descobrimos o Mundo!... 

Não me lembro o que ele respondeu, nem mesmo se atendeu à interrogação. Sei que continuou: 

– O mal é da raça. Se quisermos modificar o País, temos de fazer exactamente o mesmo que se faz com os cavalos, temos de mandar vir homens do Norte, ingleses, escandinavos ou suecos, e de montar aqui e além postos de cobrição. 




Leio isto e fico a pensar. Será isto que o Lombinha dos Saudosos Briefings e o Poiazinha Madura, os neo-olheiros do regime, têm em mente quando prometem golden visa para imigrantes talentosos. 


Será? Será que querem apurar a raça? Será que essa será o próximo passos coelho a saltar da cartola? Primeiro atraíram chineses, russos, angolanos, guineenses equatoriais. Depois dizem que depois de malta da pesada, dos que lavam dinheiro, canibais, gente de mete medo à UE e etc, agora querem gente com talento. 

Ou seja, não é do talento que os da primeira tranche mostram que andam agora atrás. Ora bem: é bem capaz de ser malta para os ditos postos de cobrição. Eu já não digo nada. Das cabecinhas pensadoras deste desgoverno tudo é possível.

Mas, uma vez mais, lamento que desprezem os que cá estão para depois irem dar vistos golden aos que vêm de fora. Então não temos por cá gente talentosa?


A Érica, a Vencedora,  que o diga, revelando o segredo do João, seu colega na Casa dos Segredos (ou no Desafio Final?), respondendo a uma Fátima Lopes salivando por uma resposta circunstanciada, mas diga lá, tem que ser capaz de dizer o que é que o João tem de especial, nham, nham.




(Com um João que tem um material que envergonha pretos... ingleses, escandinavos, suecos para quê? )

*

Bem agora vou-me deitar porque já me está outra vez a doer mais o pescoço e além do mais, no registo em que vou, ainda acabo a dar mais pretextos aos meus filhos quando tentam apelar a que o pai controle o que a mãe aqui escreve. 

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O texto em itálico faz parte de 'Sangue' in 'Vale de Josafat – Memórias, Tomo III' de Raul Brandão, 1933.


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Sobre o Paulinho das Feiras a ver se exporta porta-aviões numa feira de enchidos (estou a brincar, não sei se a feira era de enchidos) e sobre a santinha arrependida, a Pirosa Limiana, é favor descerem até ao post abaixo. 

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta feira! 
Haja saúde e boa disposição.

domingo, abril 14, 2013

"A fé das árvores", "Não posso ver uma árvore sem espanto", "Felicidade é ter um quintal com árvores enormes", "Os grandes anjos cujas asas contêm todo o vento dos espaços", "Distant gardens" - José Tolentino Mendonça, Raul Brandão, Sophia, Mazgani e os meus Leitores tão amigos, aqui comigo in heaven


Este sábado, quando abri o correio, tinha mails de leitores com fotografias de árvores e músicas de primavera, palavras simpáticas e, também, esta bela imagem da mulher abraçada à árvore que tem tanto a ver comigo.

Abrir o correio e ter estes belos presentes é como abrir a porta e descobrir que os amigos lá deixaram vasos com flores ou que um coro de crianças está ali para nos cantar canções felizes, matinais.

Como vos poderei, alguma vez, agradecer?



Felicidade é ter um quintal com árvores enormes

E é mesmo. 

Estou in heaven. A Primavera chegou, perfumada, florida, doce. O grande portão de ferro já está florido. Onde há pouco havia troncos nus, retorcidos, estão agora flores, cachos de flores. As glicínias aparecem por esta altura, lilases, lindas. 




De tarde, o sol estava quente, dourado, e, nas zonas de sombra, do chão vinha um cheiro morno, íntimo, um cheiro orgânico, a terra ainda húmida das chuvas recentes. 

À porta de casa, onde no outro dia havia um lírio tombado sob o peso da chuva, há agora uma boa dúzia deles. Belos demais. Delicados, requintados. Nesta terra agreste, pedregosa, onde agora, com tanta água, o mato cresce de forma impetuosa, aparecem estas flores que parecem jóias muito raras, inventadas.




E eu ando em volta destas flores que nascem espontaneamente, debruço-me, ajoelho para escolher o melhor ângulo (ou para as adorar?) e penso que é sábia a natureza que me surpreende com belezas imprevistas, quase excessivas, e depois as leva e, quando as julgo perdidas para sempre, as traz de volta, uma e outra vez, mas já são outras, igualmente belas, ou talvez mais ainda porque os meus olhos as vêem com cada vez maior devoção e espanto.

Lá em baixo, o rosmaninho floresce também em toda a sua doçura. Fica muito bonito assim, o campo, todo ele lilás envolto em luz dourada. 




As pequenas folhas macias e as flores são perfumadas. Aqui o rosmaninho mistura-se com o alecrim e com a sálvia, variando entre o azul suave, o lilás e o rosa, tudo perfumado, delicado, efémero.

O sol quando se põe deixa a sua luz muito dourada sobre as árvores, a luz fica coada, suave. Veludo, rendas, perfumes. Por estas alturas, a natureza é muito feminina.




A jovem grevílea que nasceu do tronco daquela outra que se partiu, com o vento, há uns dois anos, continua saudável e tem uma folhagem rendilhada.

Com o sol do fim de tarde fica assim, como a vêem, uma filigrana dourada.

Tenho muita dificuldade em vir para casa em momentos assim. A luz do sol, que aos poucos se vai escondendo nas montanhas ao longe, vai descendo, aparece quase rente ao chão, intensa na hora da despedida.

Fui quase a correr para ver uma última vez o sol. Desaparecia lá ao fundo mas ainda consegui apanhar esse instante através do jovem pinheiro manso que há em frente à casa e de onde gosto de ver o sol a pôr-se atrás da serra ao longe.




Antes tinha estado calor, um calor muito educado, leve, e eu descobri-me para que a minha pele toda o recebesse. Afinal aqui sou uma mulher in heaven, tudo me é permitido.

Deitei-me na espreguiçadeira ao sol e peguei na Revista do Expresso.

E, com surpresa, como se os meus pensamentos tivessem voado de mim para a página que estava a ver, li:

Hoje encontrei na rua o encenador Jorge Silva Melo, que apontou para um carreiro de árvores flagrantemente primaveris e me disse, meio a sorrir: 'Elas acreditam'. Olhei para aquele alinhamento rubro, de entoações e alturas diferentes, e também a mim me pareceu um uníssono rumor. 'Elas acreditam'

(...)

Uma vez, em Paris, assisti a uma cena que me deixou sem palavras. (...) A dada altura, junto da torre de Saint-Jacques, Cesariny sai do carro e corre a abraçar uma árvore. Eu poderia escrever 'corre a abraçar-se a uma árvore', mas creio que não faria justiça ao que me foi dado ver. Era mesmo um abraçar. O mundo fez um silêncio que eu desconhecia. 

Existem, no hebraico biblíco, duas formas alternativas para designar uma árvore: ets e ilan. A primeira forma é a mais persistente na narrativa bíblica, mas a segunda também se pode encontrar, e é aquela que, por exemplo, os cabalistas trabalharam mais intensamente. A Cabala rabínica aplica-se a explorar as dimensões simbólicas e espirituais escondidas nas palavras e nos números. (...) O valor numérico do termo ilan (árvore) é 91. Outra palavra da categoria 91é malakh (anjo).

Ao dizer árvore é, então, como se nos avizinhássemos daquilo que dizemos quando dizemos anjo.

(...)

A vida é um espanto partilhado. Por isso, não pode permanecer indiferente a esta nossa primavera incerta a mensagem do vegetal sobressalto, do arborescente e inequívoco desejo de durar.

Nas memórias de Raul Brandão, encontramos este arranque prodigioso, que pode, quem sabe, servir-nos de mapa:

'Se tivesse de recomeçar a vida, recomeçava-a com os mesmos erros e paixões... Perdia outras tantas horas diante do que é eterno, embebido ainda neste sonho puído. Não me habituo: não posso ver uma árvore sem espanto... Ignoro tudo, acho tudo esplêndido, até as coisas vulgares: extraio ternura duma pedra.


Era a crónica de José Tolentino Mendonça, 'A Fé das Árvores' inserida na sua sua rubrica semanal a que deu o belo nome 'que coisa são as nuvens'.

Belíssima crónica (como são todas as crónicas do Padre-Poeta), belíssimas palavras. Os meus pensamentos em forma de letra.




Talvez por tudo isto, eu tenho mandado serigrafar nuns azulejos que estão no meio das árvores, aqui, in heaven, este poema de Sophia:


Há sempre um deus fantástico nas Casas
Em que eu vivo, e em volta dos meus passos
Eu sinto os grandes anjos cujas asas
Contêm todo o vento dos espaços.


E talvez seja também por isso que eu abraço árvores como se me sentisse abraçada por anjos.

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Distant Gardens
Mazgani



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Convido-vos ainda a virem comigo até ao meu Ginjal e Lisboa. Hoje temos poesia dita: Mário Viegas diz a Tabacaria de Álvaro de Campos.

A música é igualmente maravilhosa. Anne Akiko Meyers interpreta Arvo Pärt - 'Spiegel im Spiegel' (Mirror in Mirror).

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Despeço-me não sem antes de vos desejar, meus queridos Leitores, um belo, perfumado, florido e feliz  domingo.