Ver todos aqueles cardeais, todos homens (agonia-me que as mulheres estejam excluídas de toda a sua hierarquia -- e agoniar é mesmo o verbo que melhor define o que sinto), lustrosos, paramentados, com fitas e dobras e dobrões, ornamentados a ouro, tudo aquilo me incomoda soberanamente. Apetece-me chamar-lhes parasitas, pimpões, seres anafados, instalados.
A meu ver, a fazer sentido haver uma igreja, seria para ser um local de inclusão, de ajuda a quem precisa, local despojado, apenas com o essencial, guardando tudo o que haja para distribuir pelos pobres, pelos desprotegidos, para ajudá-los a reerguer-se, a desenvolver-se. E sempre sem juízos, sem catecismos, sem aqueles moralismos que tresandam a beatice.
Simpatizava com Francisco, como pessoa, apesar de me incomodar que não fosse tão explícito quanto devia para afastar a beatagem que continua a penalizar as mulheres que praticam aborto ou a olhar de lado para os homossexuais. Mas, apesar das peias, era uma mente aberta, era bondoso, era empático e próximo.
E o facto de rejeitar aqueles ornamentos cagões em sedas encarnadas e douradas e o facto de usar uma cruz simples e não uma pesada cruz em ouro agradava-me.
Nada sei de Robert Francis nem tenho nada a dizer sobre ter escolhido ser conhecido por Leão. Olho para ele e acho que tem um sorriso simpático. Mas não gosto de tanto ornamento. E nem é não gostar, é mesmo desagradar-me.
De resto, apenas gostaria que fosse um homem corajoso que rompesse com tudo o que me desagrada... mas, não sei porquê (ou talvez saiba), acho que isso não vai acontecer.
Por isso, estou a escrever isto e o fumo que estou a deitar não é propriamente muito branco.