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sábado, julho 02, 2022

É até heresia este salmo estar aqui...
mas também não se pode dizer que este blog seja um local muito dado à devoção

 


Sempre gostei de ter as janelas abertas. Quando morava na cidade, uma vez entrou um pombo para a sala de baixo. O meu marido passou-se, disse que já me tinha avisado mil vezes que isso poderia acontecer. Foi o fim da picada para o tirarmos de lá. O pobre andava assustado, às voltas. Vimos o caso mal parado. 

Mas pior foi a gaivota. Grande, umas asas enormes. Já estávamos preocupados, com pena. Já o contei aqui. Dei uma de S. Francisco de Assis. 

(Não sou de listas mas um dia hei-de começar a fazer uma com as cenas incríveis que já aconteceram na minha vida, começando pelas vidas que salvei. Não sei se no caso da gaivota é correcto dizer que lhe salvei a vida mas, pelo menos, salvei-a de um mau bocado)

A gaivota estava presa na varanda pois, quando queria abrir as asas, batia nas paredes e não conseguia elevar-se para dela sair. Aquela varanda, em concreto, é uma varanda estreita. O meu marido tentou ajudá-la mas ela assustava-se, não aceitava ajuda, fugia. Estava num desespero (ela -- mas ele também). Gritava, esvoaçava a batia com as asas de um lado e do outro. Uma coisa que fazia impressão e pena. Pensei que tinha que acalmá-la. Então fui-me aproximando devagarinho. Pedi ao meu marido que me trouxesse uma vassoura. Comecei a falar com ela, a falar baixinho. Fui-me aproximando, ela foi ficando mais calma. Eu falando, apaziguando, dizendo que ia ajudar. Ela já sossegada a ouvir. Depois deitei a vassoura no chão e tentei que ela se pusesse em cima da parte mais larga. Assustada, a escapar-se. A tentar esvoaçar. E eu falando baixinho. Até que ela aceitou que eu deslizasse a vassoura sob as suas patinhas. E eu: 'Schhh, não tem medo, só quero ajudar, schhh...'

Isto pode parecer inverosímil e, ao escrever, até a mim me custa a acreditar. Mas aconteceu. O meu marido assistiu a tudo. Atónito. 

Quando ela já estava em cima da parte mais larga da vassoura, comecei a ver se levantava a vassoura na horizontal. Queria pô-la ao nível do parapeito para que pudesse voar. Assustou-se com o movimento. Eu a segurar a meio do cabo, muito perto dela e sempre a falar baixinho, 'não se assusta, não tenha medo, vou ajudar...' e ela sossegadinha, assustada, trémula. Até que comecei a conseguir levantar e ela quase imóvel. Muito pesada. Tive que segurar o cabo mais perto. Ela já confiando. E eu a fazer um esforço enorme para não a deixar cair. O meu marido em silêncio a observar. E eu sempre falando: 'está a ver? está quase... não tem medo, já vai voar..'. Até que consegui elevá-la até ao ponto em que ela percebeu que já podia abrir as asas. E voou. 

Quando me lembro, sinto-me emocionar. Um momento extraordinário.

In heaven temos mais cuidado. Já bastam os aranhiços, os bichos de conta, as melgas, as borboletas. Agora pusemos redes mosquiteiras, já é outro sossego. Mas há uns meses entrou um ratinho pequeno. E às vezes encontramos pele seca de cobra lá perto. Não quero pensar se um dia alguma entra. Isso assustar-me-ia. 

Aqui nesta casa só hoje vi um bicho aqui dentro. Não. Já uma vez entrou um passarinho lá para cima. Pusemos as janelas todas abertas e lá conseguimos que encontrasse o seu rumo.

Deixo as janelas a bascularem de dia e algumas à noite. Mas à noite os estores estão para baixo, não entra nada. Mas, de dia, se calhar entram. 

Há pouco vi um bicho aqui na sala. Não sei se era grilo, se quê. Matei. O urso felpudo nem aí. Coisa pequena destas não lhe faz mossa. Eu aqui sozinha na sala é que tive que resolver a situação. Quando, de manhã, contar ao meu marido vai fazer logo aquele número de me perguntar quantas vezes já me avisou. Mas gosto de ter as janelas abertas para entrar a luz e o ar da rua.

Custa-me matar bichinho. Não me fez mal nenhum. Porque o matei? Nem sei. É daqueles gestos reflexos em que a gente nem pensa. Poderia ter pegado nele com um papel, aberto a janela e atirado lá para fora. Foi uma crueldade desnecessária.

E hoje não tenho mais nada para contar. As reuniões foram demoradas, pouco tempo sobrou para mim. Os telefonemas também. Estou naquela fase do ano que, quando o telefone me toca depois das seis e tal, já fico irritada. E quando o tema é chatice só me apetece é pedir que me deixem em paz. Ou, como diz o José Leôncio lá do Patanal: 'larga da mão'.

Mas digo isto por dizer. Na verdade, não tenho de que me queixar.

No outro dia, ao fim da tarde, fui a uma consulta de rotina. Como sempre, o médico estava atrasadíssimo. A televisão estava sem som. Então, ia -- discretamente -- observando as outras pessoas. Nada de especial para observar. Até que uma senhora já de uma certa idade recebeu um telefonema de uma prima e o atendeu em alta voz. Todos na sala ouvimos tudo. E o que ouvi deixou-me nem sei como dizer. Não quero contar pois foi há poucos dias, não quero cometer uma inconfidência. Quem estava na sala ouviu o que eu ouvi mas a senhora que estava a falar não foi avisada de que a chamada estava em alta voz. Quando a gente pensa que tem um problema esquece-se de relativizar e pensar que há quem não tenha um mas, sim, vários problemas. E nenhum deles problemazinho, tudo problemazões. E, no entanto, nada fatalista e sempre simpática e generosa, preocupando-se com a saúde da prima com quem estava a falar.

Enfim. A vida de algumas pessoas, de facto, não é nada um mar de rosas.

Mas como estamos a entrar no fim de semana, não é altura para carpir ou reflectir. Não é altura para filosofias ou metafísicas. 

Mas para arquitectura, com vossa licença, já pode ser. 

Deixem, pois, que partilhe dois vídeos bons de ver, em especial por se situarem em extremos opostos

 La Casa Rosa, uma casa moderna projectada por Luigi Rosselli Architects, um prestigiado e galardoado arquitecto

E agora algo de verdadeiramente fabuloso. 

O Zaha Hadid Architects projectou o centro cultural de Xi'an para evocar "vales sinuosos". Foram divulgadas imagens do Jinghe New City Culture & Art Center, que abrange uma autoestrada de oito pistas em Xi'an, na China.

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Imagens da vida selvagem do Guardian

I Come Alone and to You de Nick Cave, do álbum Seven Psalms

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Desejo-vos um bom sábado
Tudo a correr bem

segunda-feira, maio 30, 2022

Apanhá-los quase à mão

 

O domingo foi de descanso. Dormi até vir a mulher da fava-rica. Depois foram as coisas das quais não reza a história: lavar e estender roupa, descobrir uma coisa aqui e outra ali (coisa que, qual pós vendaval, sempre acontece quando a malta miúda por aqui passa -- e, desta vez, até a televisão da sala de cima mudou de sítio), fazer uma caminhada, falar com a minha mãe, fotografar as flores do jardim, ver qual a melhor maneira de pôr as grinaldas solares. Coisas assim.

O almoço foi o resto da caldeirada, agora ainda mais saborosa e apurada que na véspera. Depois, viemos para a sala. Ele ligou a televisão e eu a Netflix para ver a nova temporada da Grace & Frankie. Mas, ao fim de algum tempo, comecei a baquear. Como tudo, quando há um interregno, o que vem a seguir sabe a déjà-vu com a agravante de aqui não se aplicar aquilo de estar melhor porque 'mais apurado'. Talvez por isso, a tarefa de me manter acordada revelou-se de difícil consecução. Tentei resistir mas não fui bem sucedida. Acordei com a fera felpuda que ladrava. Acordei eu e acordou o meu marido. Moles que só visto. Não faço ideia de quanto tempo durou a sesta mas a verdade é que acordámos meio zombies. Fomos fazer outras coisas mas o tempo cinzento e abafado não ajudou. Fomos lá para fora e sentámo-nos nos dois cadeirões de onde se vê todo o jardim e que ficam num recanto bem acolhedor. Mas continuávamos moles. Presumo que tenha dormido meia hora ou mais para estar assim.

Resolvemos, então, ir andar para a praia. Levei um corta-vento pois o tempo estava incerto. 

Antes de chegarmos, o urso peludo começa sempre a dar sinais de impaciência. Com a nossa boxer acontecia o mesmo. Pressentem que estamos a chegar a lugar de seu agrado e, tal como as crianças que perguntam de minuto a minuto se estamos quase a chegar, assim os canitos. Cheira-lhes a praia e não vêem a hora de chegar.

Gosto do mar em dias assim. Estupidamente esqueci-me da máquina fotográfica. Estas fotografias foram feitas com o telemóvel.

Gaivotas a refrescarem-se à beira de água. Fomos até mesmo ao pé delas. A fera impassível. Olha, certamente tentando perceber que animal é aquele que anda com as patas na água e que, de vez em quando, levanta voo. Olha mas nada do que vê o tira do sério. Quem o viu feito parvo com uma menina no nosso jardim e quem o vê agora indiferente a tudo, apenas entregue à curtição do momento... Nem parece o mesmo.

Entretanto, vi uns pescadores num pontão e, ao fotografá-los, reparei num rapaz alto que, com a cana da pesca na mão, entrava na água. Calçado e tudo. Ficou com a água pela cintura.

Ao andarmos no areal vimos uns quantos robalos aos saltos. O meu marido disse: 'se calhar são peixes que aquele ali apanhou'. Pensei que seria pouco provável pois tinha-o visto entrar e sair da água mas há pouco tempo, enquanto fotografava.

No entanto, ao estarmos intrigados com aquilo, vimos que o rapaz estava, uma vez mais, a sair da água. E reparei que vinha mais um peixe a saltar na ponta da corda.

De facto, dirigiu-se ao lugar onde os outros robalos saltavam e deixou ficar mais um. 

E voltou a entrar na água. E nós continuámos. Mas intrigados com aquilo. Até sugeri que o meu marido passasse a dedicar-se à pesca. Ia um bocadinho até à praia e regressava carregado de robalos. O meu marido disse: 'Há anos que andas a querer isso.' Protestei. Não me lembro de alguma vez ter sugerido isso. Ele diz que sim. Depois condescendeu: 'Talvez nos últimos anos não tenhas dito. Mas já disseste.'. Nestas situações, não vale a pena a gente fazer braço de ferro. Observei apenas: 'Não sei. Mas tenho quase a  certeza que nos últimos cem anos não disse'. E ele também já não disse nada.

Mas eu estava deveras intrigada pois não vi o rapaz a pôr isco no anzol. Aliás, nem devia ir a pensar apanhar aquilo tudo pois, pelos vistos, nem tinha onde pôr o peixe.

Continuámos o nosso passeio. Na volta, voltámos a vê-lo. Vinha a sair da praia. Vinha uma rapariga com ele, com um saco de plástico na mão. Talvez levasse lá os peixes. O rapaz trazia um robalo grande na mão, bicho para uns dois ou três quilos. Parecia um daqueles caçadores que andam com os coelhos ou os patos à ilharga. Um casal que ia a passar abeirou-se e pareceu-me que logo ali estavam a mercadejar. 

Pensámos que também poderíamos ir transaccionar um daqueles peixes para levar para a janta. Mais fresco não poderia haver. Eu disse, quase me lambendo por antecipação: 'Grelhadinho...' Mas o meu marido disse: 'Sim, deveria ser bom. O problema é o trabalho que ia dar'. Concordei: 'Ia, não ia...?'. E seguimos viagem. A brisa fresca do mar tinha-nos feito bem, estávamos mais frescos mas não a ponto de nos irmos pôr a atear fogareiros.

E foi isto. Um dia tranquilo, portanto.

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E, façam-me o favor, queiram descer até ao post abaixo. 

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Desejo-vos uma boa semana, a começar já nesta segunda-feira

Saúde. Confiança. Força. Melhores dias. Paz.

segunda-feira, dezembro 13, 2021

Manhã junto ao rio, tarde junto ao mar.
Reportagem fotográfica com família e cão dentro

 



A minha mãe está sem saber o que oferecer ao médico. É médico e, de certa forma, amigo. Tem uma dívida de gratidão que não há como pagar. Há uma meia dúzia de anos, só por ela andar cansada, prescreveu-lhe uma sucessão de exames que o levaram, num ápice, a descobrir que era o cancro do cólon que andava a fazer perder sangue e, daí, o cansaço. Teve também a sorte de arranjar um excelente cirurgião que a operou rapidamente. Mas o seu médico assistente é o médico para todas as ocasiões, para todas as dúvidas. Deve ser da mesma idade, mais coisa, menos coisa. E é um espírito livre. 

Conheci o irmão dele, outro que tal, uma pessoa de quem toda a gente gostava. Excessivo, destemido, desbragado. Penso que já o contei. Um dia, um amigo comum, apareceu ao pé de mim e disse-me: 'Morreu o Manuel'. O nome não é Manuel mas não quero dizer o nome verdadeiro. Esse amigo estava abalado, tenho a certeza que tinha o coração descompassado. Não percebi a quem se referia. Passei em revista os Manuéis que poderiam morrer e não me ocorreu nenhum. 'Manuel? Qual Manuel?? e ele: 'O Manuel! Morreu!'. Fiquei na mesma. E ele, à beira de colapsar: 'O nosso Manuel!'. De repente, ocorreu-me que poderia ser mesmo o 'nosso' Manuel. Fiquei parada. Ele explicou: 'Caiu. De repente. Morreu'. 

Morreu. Era inteligente, brilhante. Vivia a vida no limite. Era um gozão para lá dos limites, um amante que, rezavam as lendas (e contava a namorada), era do mais loucamente apaixonado que se poderia imaginar, era um dos melhores garfos, um connaisseur dos melhores vinhos. Rematava os bons momentos com um demorado cubano. Era uma das suas imagens de marca. Onde quer que estivesse, se lhe dava para isso, na maior irreverência, puxava longas e perfumadas baforadas, recostava-se, ria.

Conheci a sua filha. Com ela convivi de perto durante algum tempo e com ela me diverti à grande. Detestava a namorada do pai que era mais nova que ela. Mas detestava também excessivamente, destemperada como o pai.

O tio, médico da minha mãe, é outro irreverente. Canta, escreve, diverte-se. 

Também não sei que presente apreciará ele. Se fosse eu, arriscaria um presente igualmente irreverente. Mas a minha mãe é mais convencional, mais tímida, tem sempre receio do que os outros pensam.

Também eu tenho algumas dúvidas em relação a alguns presentes. Antes da pandemia, naquela minha outra vida de frequentadora das catedrais de consumo, eu conseguia, nem que fosse a correr à hora de almoço, ver o que por ali havia que pudesse ser apropriado para uma e outra pessoa. Agora estou a leste.

Este domingo, de manhã, fomos buscar a minha mãe para irmos passear na zona ribeirinha, agora tão arranjada, tão bonita. Estava uma boa temperatura, sol. O urso peludo adora a minha mãe e ela gostou de ver como o pequeno terrorista, nestas circunstâncias, se porta tão bem. Tirei-lhes fotografias. Toda jovem e sorridente, num cenário luminoso.

Depois de almoço, fomos para outra praia, desta vez de mar, onde o meu filho e a sua trupe se nos juntaram. Foi a primeira vez que o little teddy bear esteve na praia, tal como foi o primeiro dia que esteve face a face com outros cães, em contacto directo, farejando-se, avaliando-se. 

Os meninos, cada vez mais mais crescidos, disputam o passeio à trela, os meninos correm, os meninos brincam, os meninos brigam uns com os outros para disputarem a condução da trela. E o maluco, portando-se como um cão ajuizado, porta-se à altura, (relativamente) bem comportado. Mesmo sem trela portou-se bem.



Provou como é bom andar na água, escavou, correu, brincou. E sentiu o afecto bom de estar em família.



Mas, mal chegou a casa, deitou-se no chão do corredor e ali ficou, como se estivesse inanimado. Vinha exausto, pois claro. Pensámos: cansado como está vai dormir até amanhã.

Sim, sim...

Passado um bocado acordou, comeu e, na maior euforia, tentou virar a casa do avesso. O bom comportamento esvaiu-se num instante. Há sempre um momento do dia, geralmente ao fim do dia, em que um pico de energia o faz dar-nos conta do juízo.

E nesta vida acelerada em que parece que nada acontece mas em que todos os dias estou ocupada de manhã à noite dou-me conta que, sem perceber como, o ano está quase a chegar ao fim. O Natal é para a semana e o Ano Novo logo a seguir. Não sei se os cientistas estão atentos a este fenómeno: o tempo está a correr mais depressa do que devia.

Estive a ouvir as previsões do Economist para 2022. Ou tudo muito previsível ou tudo muito distante. Senti uma grande indiferença em relação ao que ouvi. Gostava de ter ouvido outras coisas: descobertas científicas revolucionárias, inesperadas tomadas de consciência colectiva, altamente promissoras reviravoltas políticas, o mundo das artes a assumir um insólito e saudável protagonismo... coisas assim. Mas não, nada disso. 


Quanto às notícias do dia, o que posso dizer é que não quero saber de nada do que dizem se forem meros veículos para mostrar a imagem de um homem levantado da cama, de pijama, com barba por fazer, a instantes de ser preso. Mostrar isso é infame e os jornalistas que aceitam isso são cúmplices da canalhice sancionada. Rendeiro pode ter sido um canalha mas os que o desrespeitam de forma tão vil merecem-me igual desprezo. Rendeiro fez muito mal porque teve inteligência e pulhice intrínseca para saber mover-se sem ser apanhado. Estes jornalistas só não fazem tão mal como o Rendeiro porque não têm a mesma inteligência. Mas em maldade e indiferença perante os direitos alheios estão ao mesmo nível.

Esta imprensa acabará por definhar pois, mais cedo ou mais tarde, os seus consumidores deixarão de tolerar tamanha mediocridade. Apenas os mais medíocres de entre os medíocres a apreciarão mas esses, estou em crer, não estão para gastar dinheiro em jornais nem têm paciência para ver noticiários.


Mas o mundo, apesar de tudo, ainda é um lugar maravilhoso e isso é o que importa.

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Desejo-vos uma boa semana a começar já nesta segunda-feira
Saúde. Alegria. Esperança. Confiança. Ânimo.

sábado, setembro 18, 2021

Passear nas avenidas, caminhar à beira de água, ouvir música, fotografar a praia

 



Poder-se-ia pensar -- se alguém pensasse sobre isso o que não é o caso -- que a parte mais substancial do meu dia teve a ver com o que fiz para justificar o que me paguem de ordenado. Pudesse eu aqui descrever e talvez até pudesse ter alguma graça. Personagens de filme não faltam, mulheres bonitas muito menos, homens para vários gostos também não. Até um que estava quase sem cabelo anda agora com frondosa melena. E sempre muita intriga. Romance, se houver, é clandestino. Comédia e tragédia também há -- e sempre em dose dupla.

Mas, se tiver que eleger os melhores momentos incluirei aqueles em que conduzi pela cidade branca, luminosa. Acompanhada pela Antena 2, rolando ao longo do rio, por entre árvores e flores, ou nas largas avenidas (em que felizmente se conduz devagar), de janela aberta, sentindo o calor suave, a brisa, os odores, vendo o movimento. Uma sensação boa de liberdade.

Decidi uma coisa: não deixei o carro no parque da empresa. Deixei-o antes, num parque público. Apeteceu-me muito andar a pé, por entre gente desconhecida, vozes de outras nacionalidades. Já estranho um pouco quando tenho que andar mais, na rua, de saltos altos. Mas rapidamente me habituo. O prazer de me misturar com pessoas, em especial com estranhos, com ente de todas as cores, idades e nacionalidades é muito grande. 

Uma vez mais aconteceu-me o que ultimamente acontece sempre: esqueço-me de pôr o relógio, aliança ou anéis. Nem pulseiras. Braços e mãos nuas. Desabituei-me de os usar e agora parece-me que faz mais sentido ver-me assim.

Também muito boa a praia ao fim da tarde. Estava um pouco de vento, talvez uma aragem fresca. Ainda assim, estive de fato de banho. Caminhámos e depois sentámo-nos na areia. Levei a máquina, estive a fotografar. Outro prazer dos bons.

Gaivotinhos pequenos brincando à beira da água, casais passeando em contra luz, crianças correndo e mergulhando, jovens autofotografando-se, o espaço aberto e limpo, o som do mar e do vento - momentos bons.

À vinda da praia, porque sexta-feira é sexta-feira, passámos por um dos restaurantes que nunca desilude e fomos buscar comida. Ao aproximarmo-nos, um pequeno ajuntamento em movimento no passeio. Olhei. Reconheci uma candidata. Rodeada de uma dúzia de pessoas, uns já um bocado entrados, uns três ou quatro jovens que, creio, estavam a filmar, oferecia uma imagem de desolação. Estacionámos. Quando estava a ir para o restaurante, estava o grupinho a fazer o mesmo. Não sei se foram cumprimentar ou deixar folhetos. Uma coisa meio triste, fora do tempo. Ali ia aquele pequeno e desgarrado bando, sem vida, não se sabe bem a fazer o quê. O olhar da candidata cruzou-se com o meu. Ambas de máscara. Inexpressivos os olhares como se, quer eu, quer ela nos estivéssemos nas tintas uma para a outra. E era mesmo isso. Reparei que ao longo do passeio, se algumas pessoas se cruzavam com a fajuta comitiva, não se detinham nem prestavam atenção. A candidata mudou de passeio e vi algumas pessoas com instrumentos musicais. Não sei se iam improvisar alguma sinfonia ali mesmo. Mas nem eu quis saber nem os próprios também o queriam. Tinham os braços caídos ao longo do corpo e o instrumento pendurado na ponta da mão. 

Não sei para que servem estas arruadas. Do que vi apenas servem para demonstrar à saciedade que não fazem qualquer sentido nem têm qualquer utilidade.

À noite voltei ao Homeland. Viciante, viciante. Uma qualidade inexcedível. O argumento, a dimensão psicológica dos personagens, o enquadramento político dos acontecimentos. E, claro, o mundo dos serviços secretos que é um mundo dentro do mundo e que é demasiado fascinante.

Agora estou aqui. É a minha última tarefa do dia: escrever no blog. 

Lembro-me da Ana de Amsterdam que eu gostava tanto de ler. Contava coisas mirabolantes, sexo sem tino, bebida sem limite, desolações, tristezas, actos extremos. Não percebia se seria tudo verdade, se tudo mentira, se um misto. Parecia tudo verdade até as coisas que inventava. Havia sempre um elemento de surpresa e de insólito na sua escrita. E isso prendia-nos.

Tenho pena que tenha deixado de escrever o seu blog.

Mas isto para dizer que eu não tenho nada assim para reportar e que, quando abro o computador às tantas da noite, já cansada e perdida de sono, penso inúmeras vezes: para quê? o que tenho eu a dizer que valha a pena? E concluo, sem falsas modéstias, que nada. Mas gosto de escrever e, no fundo, no fundo, também tenho esperança que gostem (mesmo que só um bocadinho) das banalidades e insignificâncias que para aqui vou desfiando.

Quando me reformar e me dedicar à escrita das minhas memórias é que vão começar a aparecer histórias cabeludas. Me aguardem...

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As fotografias foram feitas esta sexta-feira e acompanham Mandy Patinkin, o fantástico Saul Berenson de Homeland, em I Have Found My Happiness

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Um dia feliz

segunda-feira, dezembro 23, 2019

Em dia de muito mar, muita poesia







Procurámos o mar. 

Se o mar é um deus, é um deus com estados de alma, umas vezes apiedado, outras contemplativo e sereno, outras, como hoje, todo ele fúrias, exaltações. Um deus infinitamente forte, de uma força indomável, incontrolável, inclemente. Um deus superior a tudo. Indiferente a tudo.


A lente da máquina fotográfica sempre embaciada tanta a humidade, o paredão invadido, com areia e água e cheio de flocos de espuma espessa, o ar que insufla as águas ali materializado. 


Os acessos ao areal interditados mas, ainda assim, alguns inconscientes a passear, certamente sentindo-se rebeldes e especiais, se calhar sentindo-se superiores aos elementos. 


Mas logo a força das águas lhes provou o risco que corriam. Num dos casos o meu marido chegou-se às rochas e zangou-se, que é uma inconsciência, que é assim que morrem pessoas, que fazem correr riscos a quem os vai resgatar. 


Uma mulher ficou com as pernas molhadas e sem sapatos e um homem ficou molhado até à cintura. O meu marido, que os ouviu a falar, disse que pareciam estar noutra, como que eufóricos. 


Não sei, mas vê-los como os vi fez-me impressão. É que, por vezes, têm sorte e podem sentir a superação. Outras vezes, por mera futilidade, arriscam a vida e fazem arriscar a vida dos que querem salvá-los.

E, depois, as gaivotas. Poucas gaivotas. 


Não sei para onde vão as gaivotas em dias assim. Onde se acolhem? Voam para longínquos rochedos? Para torreões secretos, nos confins da terra? Não sei.

Fotografei as poucas que ali se chegaram. 

No areal, umas quantas. Na praia que, no verão, foi preenchida com areia há agora uma funda piscina. O mar levou parte da areia. Entre a piscina e o mar, uma língua de areia onde as gaivotas se agrupam.


Acho-as maravilhosas. Fotografo-as tentando captar os seus movimentos.

Lá em baixo uma mulher de cabelo encarnado fotografa-as também. E eu fotografo a mulher de cabelo encarnado. Naquele contexto, aquele cabelo parece uma insólita plumagem rubra. Introduz uma nota de cor numa paisagem quase incolor.


Ao fundo, quase oculto pela névoa (reparem na fotografia acima), um homem arrisca, soltando o cão. Pouco depois, pressentindo a força das ondas, o cão foge para terra enquanto o dono é envolvido pela água.

Sem quererem saber de quem as olha ou dos riscos que as pessoas correm, as gaivotas desfrutam a sua livre e feliz existência.


Aquelas asas grandes, aqueles bailados longos, aquela elevação pelos ares em total liberdade, aquela graça e tranquilidade enquanto caminham pela beira da água, tudo nelas me fascina. 


E o ar branco, a névoa, a luz diluida na neblina, tudo muito belo, muito apaziguador apesar do rugido, apesar da força bruta das águas ali ao lado. Ou talvez mais ainda por isso mesmo.


Por vezes, a luz branca transforma em luz e em prata as ondas que se agigantam ao largo. Custa olhar. Parece irreal.


Em casa, para além de trabalhar e de ter ido comprar mantimentos, li. Li de gosto, devagar, saboreando o sentido e a música das palavras, o verso e o reverso, a sua sombra e a sua luz.

Senti-me feliz a ler. Aquela sensação de paz vivida instante a instante, de satisfação serena e boa.


bebemos os poemas e a paixão
bebemos sôfregos o vento ardente
até perdermos o sentido das palavras

digo-vos é mentira
o corvo não regressou à arca de noé
continuou a voar entre duas águas
perdeu-se na travessia do caos e da ordem
fascinado pelas líquidas imagens
que se desprenderam do infinito dilúvio

quando a terra por fim secou
o corvo impregnava tudo de treva
para que a pomba não encontrasse o ramo de oliveira
e deus
ao olhar o que nunca fora obra sua
mal soube por onde fissurar tanta escuridão

vingou-se
aprisionando os homens em territórios
de abandono e desolação.


Ave, Maria!
Ave, carne florescida em Jesus.
Ave, silêncio radioso,
urdidura de paciência
onde Deus fez seu amor inteligível.


Senhor meu amo, escutai-me,
a donzela espera por vós, no balcão.
Cuidado que não acorde os fâmulos
a paixão que estremece o vosso peito.
Os galgos estão inquietos, a alimária pateia.
Rogo-vos que vos apresseis.


E, agora que parei de ler, penso outra vez no mar. Como serão as ondas que se formam ao longe, amplas, imensas, quando ninguém as vê? Serão igualmente assustadoras ou, esquecidas do medo dos homens, suavizarão as arestas e os rugidos e avançarão com mais vagar, ondulantes, desfrutando a absoluta solidão da noite? Haverá espuma branca e rendilhada a rematar as ondas ou a espuma será negra, densa e perfumada de maresia como a paixão que se cola ao corpo das mulheres nas noites de irreprimível paixão?

Não sei. Há muitas coisas que não sei. 

E essas tantas coisas ainda por saber enchem-me de uma tal alegria que só eu sei.

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Desejo-vos uma boa semana, a começar já por esta segunda-feira

segunda-feira, dezembro 02, 2019

Seria eu um outro bicho se a minha casa fosse outra?







Os dois manos agora têm uma brincadeira nova, mais maluca ainda do que as anteriores. Chama-se Espasmo. A todo o instante levantam o braço, batem no outro ou alçam da perna e dão uma sapatada e, acto contínuo, dizem: Espasmo. Como é óbvio não percebi que brincadeira era aquela. Afinal era mesmo óbvio: faz de conta que temos um espasmo. A minha filha confirmou: é isso mesmo que parece: uma estupidez. A verdade é que com isto estão sempre às brigas. Tudo amistoso mas sapatada pede sapatada de volta e, às tantas, os espasmos estão acesos. Mas tudo na base da risota.


Estava era muito frio, escuro, a querer piorar. Apesar de tudo, linda a beira do rio, as gaivotas a rasarem a pala do Maat, a rasarem as águas, a elevarem-se em contrluz, a deslizarem sobre o vento. E a luz a passar pelas nuvens. 

Mas mesmo muito frio. Tivemos, pois, que nos abrigar e foi bom irmos lanchar um lanchinho bom, conversando em família. 


Antes de almoço tínhamos estado, só os dois, junto ao mar. Tínhamos pensado caminhar na praia mas, uma vez lá chegados, desatou a chover e levantou-se uma ventania. Saímos do carro mas não por muito tempo. O mar estava francamente revolto e o frio e o vento tornavam a tarefa quase impossível. Tinha levado o meu chapéu de feltro e estava a saber-me tão bem ter a cabeça protegida mas, para não correr o risco de ficar sem ele, tive mesmo que abrir mão do conforto. E o que aconteceu é que, com alguma pena minha, nem chegámos a descer até ao areal.


Quando vinha no carro, debaixo daquele mau tempo, a ouvir uma bela música, lembrei-me que debaixo daqueles grandes pinheiros mansos que nascem do areal fizemos, em tempos, vários picnics. Éramos cinco casais e, na altura, uns sete ou oito miúdos. Depois vieram mais, um por adopção e outros por nascimentos imprevistos, quando as respectivas mães pensavam que já tinham fechado a loja. Uma andou a tratar-se do estômago até a criança já ir para aí nos seis meses de gestação. Depois ficou em pânico com medo que os medicamentos lhe tivessem feito mal, isto já para não falar de ser mãe tardia e nem ter vigiado o início da gravidez. Felizmente, veio sem problemas de maior.

Mas, na altura, aquele primeiro lote de crianças tinha idades muito afins. E era uma paródia pegada.


Depois acabámos por perder aquela ligação próxima. Os miúdos ganharam vida própria e um tinha testes, outro tinha uma festa de anos, outro tinha um jogo. Eram muitos e conseguir agenda livre em simultâneo era um totoloto. Entretanto, quando vieram os bebés, os outros já adolescentes e com amigos e programas autónomos, estavam as mães a ter que 'guardar' em casa os bebés com viroses, com dentes a nascer. E isto, quando passa um mês e não se consegue e outro e não se consegue, o hábito vai-se perdendo. E depois, pelo meio, aconteceu uma coisa fracturante. Um dos casais que era central, até pela animação que proporcionava (animação, frequentemente, no mau sentido) separou-se. Foi muito complicado. Não era fácil estar com um e deixar o outro de fora das combinações. Resolvemos 'ficar' com ele porque ele existiu antes dela, já que, anos antes, ela apareceu no grupo como a namorada dele. Só que ele nos desnorteava pois, de cada vez que nos aparecia, vinha com uma namorada nova. Uma coisa louca. Para nossa surpresa, constatávamos que a ele, low profile, fisicamente até nada de mais, lhe caíam namoradas no colo como se fosse um galã. E não avisava. Combinávamos ir jantar e, por exemplo, encontrar-nos em casa dele e, pelo caminho, já íamos a pensar se seria a mesma. E nunca era. E ele, sempre o mesmo tímido, irónico, falinhas baixas e elas derretidas, olhando-o como se estivessem frente a um Brad Pitt desta vida. Embora, pensando bem, ele faz é lembrar o Al Pacino. Quando era casado, a mulher mais alta que ele, giríssima, interessantíssima, roía-se de ciúmes embora dissesse que o tinha escolhido por ele ser feio (e dizia-o à frente dele) e, assim, não ter que ter medo que as mulheres se perdessem de amores por ele. Enfim, umas cenas que nos divertiam e ajudavam a tornar o grupo ainda mais coeso em torno daquele casal meio disfuncional, sempre na corda bamba. E o que se passou foi, portanto, que aquele divórcio ainda mais ajudou a separar o grupo. 

Ao passar por ali, pensei que há tanto tempo que não íamos para aqueles lados, como se os lugares estivessem associados às pessoas que os frequentam.


Tive vontade de lá voltar para, com melhor tempo, ver melhor. Já deu para ver que o que antes eram umas aldeias esparsas são hoje condomínios e condomínios, vivendas e moradias e, pareceu-me, uma certa confusão. Mas talvez andando a pé fique com uma ideia mais benevolente. 

Ao passarmos de carro, vimos um casal que vinha da praia, a pé, à chuva. Vinham a conversar. Provavelmente tinham uma casa ali perto. Pensei na Isabel e no seu gosto em vir a ter uma casa ao pé da praia. Como a compreendo. Também eu, em tempos, o desejei. Desejava ter uma casa como a que que havia encavalitada nas rochas, salvo erro entre a Figueirinha e Galapos. Tinha uma escada que descia directamente para a areia. Talvez hoje não autorizassem a construção de uma casa assim. De resto, não faço ideia se tinha sido autorizada. Era uma boa casa e era uma casa de sonho, mesmo sobre o mar. Tinha um passadiço da estrada para a casa. Imagino como deve ser bom estar numa casa assim, ouvindo-se as vagas, a dança das ondas, o rugido das marés em dias de tempestade. Ou descer para a praia, a meio da noite, em dias de calor e lua cheia. E o cheiro da maresia, tão bom.

Quando andávamos à procura de uma casa no campo, isto há mil anos, chegámos a equacionar ser também perto da praia. Ouro sobre azul. Mas eram muito caras.


Depois de muito procurarmos e de vermos inúmeras, encantámo-nos por aquela ali, triste e escura, ainda com os móveis dos proprietários (também divorciados) que diziam que lá deixavam tudo, no meio de pedras e mato e rasteiro. Qualquer coisa ali nos atraíu irresistivelmente. Os miúdos puseram-se a correr pela casa, num entusiasmo, e a minha filha disse este é o meu quarto e o meu filho disse e este é o meu. E eu pensei tiro este móvel escuro e triste daqui e mudo o sítio dos móveis e tudo vai ficar diferente e o meu marido disse também de sua justiça. E eu pensei e vou plantar árvores porque aqui vai haver um bosque. Quando se riam, eu doseava a expectativa: um petit bois. O pior foi quando o meu cunhado lá chegou a olhando para aquilo de que nós já começávamos a gostar tanto e, naquele gesto tão típico dele, deslizou a mão pelo ar a meia altura, como que varrendo o espaço, e disse: 'deitam abaixo esta merda toda para conseguirem uma leitura diferente do espaço'. Bem conhecedora daquelas suas soluções que passavam sempre por deitar abaixo, fui taxativa: nem pensar, não vai nada abaixo, era o que faltava. Nem era só pelo acto em si, era também o dinheiro que aquilo que ele estava a idealizar ia custar. Mas aí o meu marido teve outra ideia, fez outros desenhos, unir aquilo com aquilo, rasgar uma grande janela, dali nascer um telheiro virado à serra. O irmão desaprovou: solução mediana quando poderia ser uma coisa fantástica. Paciência.


Ficou assim e acabou por reconhecer que foi uma boa solução.

E aos poucos foram nascendo os caminhos, os murinhos, as árvores foram crescendo, os pássaros foram chegando, as flores aparecendo, as borboletas, os cogumelos, a terra ficando atapetada de carumas, de musgos, de orvalhos. E eu tornei-me o bicho que tão bem conhecem.


Por isso, penso que, se calhar, as casas também nos fazem a nós. Talvez se, em vez daquela casa, nós tivéssemos descoberto uma outra que não nos permitisse mudá-la e, com ela, mudar a paisagem, talvez não fossemos o que hoje somos. 


Mas acordar de manhã e ir caminhar à beira do mar também deve ser uma coisa boa, talvez eu aprendesse a descobrir conchas, algas, pássaros e outros bichos que moldassem também a minha maneira de ser. Sabe-se lá.

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Já aqui partilhei este vídeo pelo menos mais duas vezes mas gosto tanto que me arrisco a partilhar uma vez mais.


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E só para vocês verem como é a minha fraca cabeça: quando comecei o post a minha ideia era olhar para os livros que aqui tenho quase ao colo e dizer qual ofereceria a cada um dos bloggers aqui do lado ou Leitores que conheço por comentarem ou me enviarem mails. Mas, se isto dá para perceber..., distrai-me e segui pelo caminho que viram. Se isto fosse na estrada, a esta hora estava a caminho do Porto.  (E estava muito bem que já estou é com saudades de lá ir dar uma volta.)

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Desejo-vos uma bela semana a começar já por esta segunda-feira. 
E muito obrigada pela vossa companhia aí desse lado.