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sexta-feira, julho 08, 2016

Tem medo de não ter jeitinho nenhum na cama...?
- Muito bem. Tem remédio. Veja o vídeo que aqui tenho sobre o assunto




Gosto de futebol mas sou muito selectiva: só quando joga a nossa selecção. Agora, enquanto se joga a outra meia-final e a França vai garbosamente à frente da Alemanha, ponho-me a cirandar pela net. Não vejo nada de extraordinário. Melhor: nada que me interesse -- porque coisas extraordinárias, aberrantes, impensaveis e estúpidas é o que não falta.

Mas eu aqui, com um céu cor de rosa e um rio em azul alfazema na minha janela, um fio de aragem a percorrer-me a pele, estou mais para estar ao fresco, apoiada no parapeito, do que para armar guerra com láparos mentecaptos ou bafientos comissários ou mostrar a minha preocupação pelo racismo ou pelo fácil uso do gatilho contra indefesos -- ou seja, penalizando-me por isso, não estou com disposição para coisas sérias. Não estou mesmo. Fútil, cabeça vazia, loura burra, o que quiserem chamar-me. Aceito. Há bocado, a falar com a minha filha, vinha eu a dizer que estou a precisar de férias e ela a dizer-me que anda toda a gente assim, já ninguém anda a dar uma para a caixa, tudo a precisar de encostar às boxes. Mesmo.

E, portanto, em dias assim, apesar de ir deitando um coup d'oeil ao futebol (com vontade que o Schäuble esteja a roer os dedos de raiva), ponho-no nas mãos do meu grande amigo, a minha soul mate, o algoritmo da google.

Ou seja, dolentemente deixo-me cair nos braços do youtube. E podia passar a noite a ver o que ele escolhe para me agradar. Espertinho, ele. Agrada-me. E malandreco.

Já estive a ouvir uma música quente e sensual, a ver um belo tango, já estive a aprender sobre June e Júpiter (até com vontade de falar daquela superfície tão bela), já estive a ver imagens e explicações sobre a origem dos tempos -- e, claro, testes aos molhos, testes para ver se sou uma das 50 pessoas que sabe responder a um conjunto de perguntas, se tenho um QI superior a 150, se sou flirty, se isto, aquilo e o outro.

Mas até para fazer testes eu estou com falta de paciência: obriga-me a optar e a anotar as respostas e não aguento tanta trabalheira.

Portanto, o corpo abandonado e a mente em ponto morto, deixo-me estar a ver vídeos.

Este aqui abaixo, um dos recomendados, não me traz nada de novo: sei do que ali se diz desde que nasci. Bem, não literalmente do que ali se diz, mas do conceito.

Por exemplo. Lembro-me agora. Quando fui viver para uma residência universitária feminina, no meio de marronas que até me punham doente, namorava eu que me fartava e, talvez por isso, ou talvez porque, sem querer, dava conselhos amorosos às outras, numa festa qualquer organizada pelas veteranas para praxarem as caloiras, puseram-me a dar uma aula de sedução: Como arranjar um namorado num abrir e esfregar de olhos. Estava toda a gente a ver, incluindo as beatas e ortodoxas da direcção daquilo, umas camelas que passavam a vida a dar-me sermões.

Pois bem. Queriam festa? Tiveram-na. Na irreverência dos meus 17 anos, dei uma aula que faz favor. Ao princípio estavam todas no gozo a achar que me ia atrapalhar. Ia, ia. Se há matéria que me é cara é essa. Claro que nem sempre exerço - ou melhor, contenho-me. (Claro que aqui devia inserir smiles, eheheheh ou lol para ficar claro que há nisto muita ironia - mas não o faço; e não me apetece explicar porquê).

Portanto, sabendo deste meu gosto (académico!) pelo tema, eis que o meu amigo algoritmo diz que acha que eu gosto do vídeo que abaixo vos mostro. E eu, para o caso de ele também ter ouvidinhos, daqui lhe digo: gostei, sim senhor, mas, para apróxima, se faz favor sugira-me qualquer coisa que para mim seja novidade. OK?


De qualquer modo, sabendo que gente pouco praticante, desabituada, atrapalhada, medrosa, com poucas oportunidades, com falta de jeito, timidez a rodos, bronquinha, mal informada, ou etc, tem muitas vezes medo de dar barraquinha ou de não cumprir ou, pior, tem falsas ideias e percebe tudo ao contrário, aqui fica o instrutivo vídeo. 

The Fear of Being Bad in Bed


Being good or bad in bed has nothing to do with physical exertion; it’s all about a state of mind.



Learn. And enjoy.

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segunda-feira, julho 04, 2016

Nesta noite tão quente






Noite quente, quente. Ao meu lado a janela aberta traz uma leve aragem mas não arrefece a casa. Há pouco ouvi um ribombar ao longe. Esqueci-me de espreitar. Devem ser fogos de artifício do lado de lá do rio, longe.

Gosto de, de vez em quando, ir espreitando o rio, as luzes que piscam no meio das negras águas e no casario que contorna as margens. E gosto de tentar distinguir os sons que chegam. São sons esbatidos, diluídos pela frescura escura da noite. Por vezes, um cão ladra ao de leve, talvez assustado pelo deslizar silencioso de algum gato.


Uma vez não, não foram sons esbatidos: uma vez ouvi acelerar na rua, depois bruscas travagens. Espreitei. Luzes azuis. Carros da polícia, polícias que saíam a correr rua abaixo, uma grande agitação, gritos. Depois veio um rapaz com as mãos no ar e os outros polícias cercaram-no. Eu à janela a ver uma cena que parecia de filme. Olhei as janelas em volta e ninguém. Quando os carros da polícia se foram embora fiquei a pensar que, se calhar, tinha sonhado já que, pelos vistos, mais ninguém tinha testemunhado o que se tinha ali passado.

Há bocado, enquanto dava o jogo de futebol na televisão e as janelas estavam abertas de par em par, entrou um cheiro a comida caseira, um guisado talvez. De vez em quando agora chega-nos um cheiro assim. Deve haver vizinhos novos no prédio, alguém que cozinha bem. Não consigo conhecer os vizinhos. Apenas conheço uns dois ou três e mesmo assim nunca sei em que andar moram. Gosto. Gosto da sensação de me sentir estrangeira. Tenho a sensação de morar numa torre que se ergue sobre o rio, desligada da vida normal. Da janela vejo castelos, grandes navios, veleiros, vejo igrejas, serras, pontes, horizontes. Sempre gostei de morar em sítios with a view. Desde sempre me lembro de morar em casas em que ia à varanda ver como estava o rio ou espreitar se o céu estava carregado do lado da serra ou ver o fogo de artifício do lado do castelo. 

Parece que preciso que o meu olhar não alcance limites. Mas fico a pensar no que se esconde por debaixo do que a lonjura oculta. Eu aqui, numa casa adormecida, numa torre no meio do rio a escrever à noite e, em milhares de outras casas por todo o mundo, outras pessoas a escreverem, outras a lerem, outras a conversarem umas com as outras, desenhando laços, estendendo invisíveis pontes. O mundo é um lugar misterioso, cheio de intangibilidades, transparências, habitado por invisíveis seres. 

Provavelmente alguém, algures, talvez alguém não igual a nós, não sei onde, esteja a ver-nos. Acredito que sim. Acredito que pareçamos pequenos e tontos pequenos bichos, de efémera e tantas vezes inútil vida, afadigando-se em estéreis tarefas. Mas desejo que, de nós, esses invisíveis e talvez longínquos seres recebam os sons da nossa música, as toadas da nossa poesia, as cores e a luz do nosso mundo. E que, de nós, aprendam também o riso e os afectos, sem os quais, para além de pouco inteligentes, seríamos apenas, a olhos estrangeiros, uns pobres bichos indiferenciados. 

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As fotografias foram feitas a um muro graffitado do Parque da Paz.

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Permitam que vos convide, Caros Leitores, a visitarem o post abaixo onde falo em sonhos, paixões, destinos.

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