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sexta-feira, novembro 11, 2011

Cavaco Silva nos EUA e Paulo Portas também. E as postas cheias de espinhas quando se quer levar uma posta do meio. E Rita Barros e Woody Allen a propósito de Nova Iorque


De manhã começo o dia bebendo uma bica quentinha no Café aqui ao pé de casa. Tem uma televisão na parede que está sempre ligada e o dono vai esticando o queixo na sua direcção para nos ir chamando a atenção para o que acha importante. Frequentemente, encolhe os ombros e diz 'Está bonito isto, está..'

Hoje, dizia 'Olha para eles...'. Olhei. Ao princípio não percebi bem o que era. Cavaco Silva, naquele seu estranho dialecto de inglês falado com acentuado sotaque algarvio, dirigia-se, com ar importante, aos jornalistas, via-se que, ao falar, se achava impregnado de um verdadeiro espírito imperialista. Mas parecia-me que estava ao ar livre e eu pensei 'Mas onde está ele? Parece que está num jardim a falar às massas, coisa estranha'.

A jornalista fazia entretanto a locução e explicou que estava nos jardins da Casa Branca. Deu-me vontade de rir. Tinha estado não mais que meia hora com Obama e a seguir vai para o jardim armar-se em importante. É como se eu recebesse uma pessoa vagamente conhecida, vinda da província mais recôndita e essa pessoa, depois de eu fazer a cortesia de a receber por breves minutos, se fosse pôr a dar entrevistas e a ser fotografada no jardim da minha casa.

Mas ainda me deu mais vontade de rir outra coisa. É que estando eu de cabeça no ar a olhar para a televisão, apreciando o estilo 'mechicano' de Cavaco, eis que vejo Paulo Portas a esconder-se. Por duas vezes apareceu e por duas vezes se escondeu.


Agora, enquanto aqui estou a escrever, mostraram outra cena engraçada. Cavaco Silva, a D. Maria e outros acompanhantes passeando pelo Memorial às vítimas do 11 de Setembro, um verdadeiro grupo excursionista -  e imagino o estilo, o casalinho algarvio, sempre com aquele arzinho caseiro, imagino-os aos dois e mais o séquito (até vi um senhor de idade todo fardado a preceito), e todos rodeado de turistas, imagino-os naquelas conversinhas tão à Aníbal e Maria, ali não há certamente vacas que riem, todas as felizes no prado, mas devem descobrir outros motivos ternurentos. E, então, quem é que vejo de novo lá atrás...? Paulo Portas, claro. Dá ideia que se arrasta. Ar vagamente enfastiado. Mas é educado e apenas o percebemos pela boca num breve e logo disfarçado trejeito.

Como é que um homem cosmopolita, que certamente adorará passear em Nova Iorque, tem paciência para andar ali no meio daquele grupinho excursionista?

Não lhe virá à cabeça, de vez em quando, aquele período do Independente em que ele, o MEC e outros jovens talentosos, transbordando de energia e de uma irreverente juventude, se divertiam a inventar títulos memoráveis para a primeira página, em que deviam gozar que nem uns perdidos com a saloice de Cavaco e dos que lhe eram próximos?

Como esses inspirados e luminosos tempos lhe devem parecer agora longínquos.

Afastado da triste política nacional e a percorrer os caminhos da ambígua diplomacia económica (Líbia, Venezuela e outros países cujos regimes são o que são mas é de lá que pode vir algum dinheiro para nos ajudar) o que pensará, nestes momentos, Paulo Portas?




Agora mesmo, na televisão, volto a vê-los numa reunião com uns quantos empresários. Vejo que tentam convencer os presentes que investir em Portugal é uma boa. Mas falta ali uma centelha. Estão todos com cara de caso, sorumbáticos - quando se esperaria ver rostos confiantes, motivados.


Cavaco Silva, gestos rígidos, um esgar fixo, espreme-se todo para falar aquele latin american english e parece que estou a ver uma série cómica. Ao lado Paulo Portas aguenta-se, o rosto fechado.

A seguir fala. Sem o à vontade do costume, parece um pouco nervoso, lê enquanto fala, mas, ao menos, não nos envergonha, tem bom ar e fala com um sotaque polido.

Mas, enfim, ter que se ver metido no meio de um grupinho excursionista vindo directamente de Boliqueime, é o reverso da medalha, tal como será ver-se no meio de tanta gente desqualificada; quando cá está, imagino o que serão aqueles conselhos de ministros com o Relvas armado em ideólogo do regime (ah,  o que o MEC e o PP há uns anos fariam no Indy com um petisco destes....). Está na função que tanto quis mas tem, certamente, que amargar com cada uma...


Quando eu ia comprar peixe ao mercado (coisa que, por preguiça deixei de fazer - agora abasteço-me no supermercado), às vezes comprava postas de safio para fazer caldeirada. Mas as peixeiras diziam sempre: 'se vai levar postas do meio, que não têm espinhas, tem que levar também uma posta do rabo ou um bocado de cabeça' . Assim acontece com Paulo Portas. Certamente que, por cada posta do meio, muitos bocados carregadinhos de espinhas tem ele que suportar...

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Nota: Não se infira, do que acabei de dizer, que não acho meritórias e, mesmo, indispensáveis estas incursões diplomáticas. Aquilo do que falo não tem a ver com incursões, tem a ver com excursões, com o ar de excursões provincianas, de excursões do Inatel, tem a ver apenas com a forma porque, em boa verdade, desconheço o conteúdo. Só que nestas coisas a forma também conta, e de que maneira.

 
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Já passa da 1 da manhã. Ainda me apetecia falar da discussão do OE 2012 e da tristeza que ele é, uma coisa pindérica, um empobrecimento sem fim à vista, como o iluminado e bem humorado Gaspar veio alertar.

Mário Soares já veio dizer que o País é feito de pessoas antes de ser um palco para os números e que o Pedrocas é bom rapaz mas que é preciso terem paciência e explicarem-lhe bem as coisas. Assim como quem diz, 'é uma bem intencionado, não percebe é nada disto, tem que ser ensinado'.

Mas já é tarde e hoje estou cansada. Por isso, meus amigos, quanto a novidades, fico-me por aqui.

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Mas não sem antes vos deixar com a fotógrafa portuguesa Rita Barros que vive nos Estados Unidos desde 1980.






A prória Rita Barros que durante algum tempo viveu no Chelsea Hotel
Aí fez numerosas fotografias - e foi também fotografada

Queria agora, por New York, deixar-vos Wody Allen ao clarinete esperando que gostassem mas estou com problemas no editor do blogger, não estou a conseguir. Queria também juntar aqui o Manhattan, um delicioso black & white, mas também não consigo. Amanhã, se tiver tempo, tentarei juntá-los. Com o tempo que já perdi nisto, já passa das 2, credo.


Se quiserem ainda poderão saltar até ao Ginjal e ouvir a guitarra portuguesa pelo Pedro Caldeira Cabral que vem logo a seguir ao Eugénio de Andrade.


E, meus queridos leitores, thank's God it's friday! Divirtam-se! Tenham um belo dia, está bem?