No post abaixo já me fiz eco da perfídia que levou Vítor Gaspar, na saída, a dar um tiro de misericórdia na sustentabilidade do sistema que assegura o pagamento das pensões. Penso que é um caso que deve ser conhecido e que deve merecer a firme manifestação da nossa rejeição. Velhaquices destas não devem passar despercebidas.
Mas isso é no post abaixo.
Aqui, porque me apetece acabar o dia com um tema diferente, a conversa é outra.
Trata-se de um pequeno apontamento. Será do verão, do calor que regressa, não me interessa: quero dizer isto e não vejo porque não fazê-lo.
Trata-se de um pequeno apontamento. Será do verão, do calor que regressa, não me interessa: quero dizer isto e não vejo porque não fazê-lo.
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Vou falar sobre mulheres que vivem sozinhas. Não é a primeira vez e talvez não seja a última.
Solteiras, divorciadas, viúvas, tanto faz.
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Música, por favor - e podem rir-se à vontade, não apenas pelo tema escrito como pelo tema musical.
Soa lamechas? Quero lá saber. Foi a música que me ocorreu quando me ocorreu falar disto.
Beautiful girl
(interpretação a cargo de Paulo Ricardo)
Nem todas as mulheres sozinhas serão iguais. Aliás não o são seguramente. Há as que estão a fazer o luto, luto pela perda, seja que tipo de perda for. Há as que estão a dar um tempo, a desfrutar da liberdade enquanto não caem noutra. E há as que andam a tentar deixar de o ser e que o tentam activamente. Há locais em que se vêem facilmente mulheres que estão à caça. Não disfarçam, são ousadas. No entanto, se me permitem a opinião, até acho que são frequentemente as mulheres casadas que mais ousam, que mais evidentemente mostram que estão disponíveis para uma pulada de cerca ou para um flirtzito inofensivo.
As mulheres acompanhadas, especialmente as bem acompanhadas, são frequentemente mulheres seguras - e a segurança, na sedução como em tudo o resto, é uma arma geralmente infalível.
Ora segurança é o que, em regra, falta às mulheres sozinhas. E aqui falo essencialmente das que estão sozinhas, seja por que motivo for, mas gostariam de o não estar. A segurança vem não apenas da consciência de si própria, do que se vê quando se olha ao espelho (em sentido literal e figurado), mas também do que os outros nos transmitem. Se eu tiver um companheiro que me aprecia, que me acha bonita, ou que gosta da minha malandrice, que me acha uma boa companhia, que acha graça à minha conversa, que gosta de me ver com um certo vestido, etc, já me sinto mais tranquila, já penso que, se aquele pensa assim, talvez outros o achem também.
Ora uma mulher sozinha não tem, geralmente, essa opinião que lhe dê segurança. Pelo contrário, teme que os outros a achem um caso perdido, um falhanço, uma mulherzinha complicada ou azarada, alguém que carrega sombras. E, já com esse receio em cima, essa mulher que, noutras circunstâncias, pisaria a calçada como uma vencedora, vai parecer um passarinho perdido.
Dou um exemplo recente.
A semana passada tive que ir a uma farmácia. Estou de férias e além disso sou naturalmente descontraída. Vesti uma roupa simples, apanhei o cabelo, e lá fui à cidade. Lá chegada, o meu marido ficou no carro. Não me vi ao espelho ao entrar na farmácia mas devo ter entrado na maior descontração. Ora, ao mesmo tempo que eu, entrou uma outra mulher que era o meu oposto. Não apenas fisicamente mas toda ela. Morena, cabelo bem penteado, um bonito vestido num padrão discreto em tons de azul escuro, carteira carmim, sapatos abertos de salto alto igualmente em carmim, não reparei nas unhas mas imagino que estariam pintadas da mesma cor. Bonita, elegante. E, no entanto, parecia um passarinho perdido. Parecia pisar o chão como se receasse fazer alguma coisa mal feita, olhou em volta como que para ter a certeza que não tirava a vez a ninguém, toda ela insegurança. Claro que me posso ter enganado mas pareceu-me logo tratar-se de uma mulher sozinha. Se algum homem a tivesse olhado mais demoradamente, certamente ter-se-ia sentido inibida, com medo que estivessem a olhar para algum defeito no vestido, alguma coisa no cabelo.
Quando a chamaram para ser atendida, lá foi, mas quase parecia que não pisava o chão, como que receosa. E eu pensei: mas porquê tanta insegurança?
Essa insegurança, esses receios, são o principal óbice à disponibilidade para descobrir a companhia certa. Uma pessoa com inibições, medos, inseguranças, é geralmente uma pessoa que se fecha aos outros, desconfiada, um coração que se fecha, uma pessoa que mascara a solidão com pretextos, com ilusões, com agasturas e angústias.
Claro que a ter a atitude contrária não vem por decreto nem se aprende facilmente. Mas perceber isto é meio caminho andado para a disponibilidade para a partilha, e a partilha é meio caminho andado para um encontro feliz. Não sei se a ordem dos factores é esta, nem sei se os termos que usei são os mais ajustados. (É muito tarde, estou com sono e com pressa para me ir deitar a ver se descanso alguma coisa. Mas a ideia é esta, mais coisa, menos coisa).
Se eu tivesse entrado naquela farmácia vestida daquela maneira, sentir-me-ia vestida para matar. Ou melhor dressed to impress. Ora não...! Nem era por nada: é que, simplesmente, seria um desperdício estar ali assim, toda giraça, e apresentar-me com ar de passarinho amedrontado.
Por isso, seja ou não uma estampa, minha Cara Leitora, sinta-se uma beautiful girl. Pise a calçada com segurança, olhe de frente, não tenha medo, vá em frente se for caso disso (porque, se verificar que não é caso disso, pode sempre recuar). Apeteça-lhe ser feliz.
[Nota para quem esteja geralmente de pé atrás: o uso do imperativo, aqui, não é - obviamente! - uma ordem: é um conselho, uma sugestão. Relax, be cool...]
Bom. Eu sei que este foi um tema muito estival mas estamos no estio, que hei-de eu fazer? No entanto, para temas mais sérios, é descer até ao post seguinte. E se ele é sério...!
Quando a chamaram para ser atendida, lá foi, mas quase parecia que não pisava o chão, como que receosa. E eu pensei: mas porquê tanta insegurança?
Essa insegurança, esses receios, são o principal óbice à disponibilidade para descobrir a companhia certa. Uma pessoa com inibições, medos, inseguranças, é geralmente uma pessoa que se fecha aos outros, desconfiada, um coração que se fecha, uma pessoa que mascara a solidão com pretextos, com ilusões, com agasturas e angústias.
Claro que a ter a atitude contrária não vem por decreto nem se aprende facilmente. Mas perceber isto é meio caminho andado para a disponibilidade para a partilha, e a partilha é meio caminho andado para um encontro feliz. Não sei se a ordem dos factores é esta, nem sei se os termos que usei são os mais ajustados. (É muito tarde, estou com sono e com pressa para me ir deitar a ver se descanso alguma coisa. Mas a ideia é esta, mais coisa, menos coisa).
Se você que me lê, Leitora, é um destes passarinhos inseguros, sempre com receio de não ser aprovada, com medo que censurem, que falem, que não gostem, etc, tente não ser assim. Sinta-se bem consigo própria, sinta-se gira, apetecível, sinta-se conquistadora, sinta-se uma mulher de corpo inteiro. E marimbe-se para o resto.
Se eu tivesse entrado naquela farmácia vestida daquela maneira, sentir-me-ia vestida para matar. Ou melhor dressed to impress. Ora não...! Nem era por nada: é que, simplesmente, seria um desperdício estar ali assim, toda giraça, e apresentar-me com ar de passarinho amedrontado.
Por isso, seja ou não uma estampa, minha Cara Leitora, sinta-se uma beautiful girl. Pise a calçada com segurança, olhe de frente, não tenha medo, vá em frente se for caso disso (porque, se verificar que não é caso disso, pode sempre recuar). Apeteça-lhe ser feliz.
[Nota para quem esteja geralmente de pé atrás: o uso do imperativo, aqui, não é - obviamente! - uma ordem: é um conselho, uma sugestão. Relax, be cool...]
Kate Moss, capa da Esquire Set/2013, fotografada por Craig McDeanUma mulher muito pouco insegura |
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Bom. Eu sei que este foi um tema muito estival mas estamos no estio, que hei-de eu fazer? No entanto, para temas mais sérios, é descer até ao post seguinte. E se ele é sério...!
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta feira.
E boas conquistas!
E boas conquistas!