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segunda-feira, junho 30, 2025

Totalmente de acordo com o combate a sério à evasão fiscal anunciada pelo Governo e totalmente de acordo com o apontado por Vital Moreira

 

Desde que por aqui ando que falo disto: em Portugal, quem paga impostos paga mais do que deve, especialmente quem ganha um pouco acima da média, e isto porque há muita gente que deveria pagar (ou pagar mais do que paga) e não paga.

A partir de certo ponto, a carga fiscal é sentida como um esbulho. Taxar como se fossem milionários pessoas que são classe média  -- e, em vários países europeus, classe média baixa -- é dissuasor para quem pode ir trabalhar para outro país ou para quem pode fugir ao impostos.

A cena do IRS jovem é falaciosa, creio que até absurda. Qual é o jovem que opta por Portugal porque até aos 35 anos tem IRS baixo, sabendo que, quando fizer 36, o fisco lhe vai cair em cima? Nenhum. Se o tema for impostos, ele vai olhar para o que vai descontar à medida que progredir profissionalmente e aí vai ver que em Portugal se impede que alguém ganhe um pouco mais, pois metade do que ganha vai direitinha para impostos e contribuições. 

Isto do lado do que é preciso fazer na redução de impostos como arma de combate à evasão fiscal.

Mas depois há os casos especiais que igualmente carecem de combate.

O caso de que já aqui falei inúmeras vezes das personalidade coletiva (pseudoempresas unipessoais ou familiares) como expediente de fuga ao fisco, em que incorre um bom número de profissionais liberais (advogados, médicos, etc.) é para mim chocante e, num primeiro momento, eu incidiria muito claramente nesta vertente. Claro que muitos deputados, provavelmente muitos governantes (antes de estarem no Governo -- espera-se) recorrem a essa habilidade pelo que terão o rabo mais que preso e, portanto, motivação nula para irem atrás disso.

Mas, reconheça-se que, se a legislação o permite e se a alternativa é deixar ficar uma parcela enorme de rendimentos na mão do Estado, a tentação pode ser quase inescapável. 

Por isso, ao mesmo tempo que se vá atrás disso, volto a dizer: baixem-se os impostos, baixem-se de forma palpável, reduzam-se os escalões, torne-se tudo mais aceitável.

Já aqui falei que tenho muitos amigos médicos e os que já atingiram a idade da reforma e têm gosto por continuar a exercer apenas trabalham um ou dois dias por semana pois dizem que mais que isso é para ser comido pelos impostos. Portanto, os que não têm a dita empresazinha para ser encharcada de custos e para fugir ao fisco, fazem a optimização fiscal não trabalhando. Isto, numa altura em que a escassez de médicos é brutal. E isto é um exemplo pois cada um tem os seus motivos e argumentos para estar revoltado com o esbulho fiscal a que é sujeito.

Outra situação é a dos senhorios e da "enorme percentagem de arrendamentos não declarados". O que não falta são as situações de arrendamentos 'por fora' ou 'por baixo da mesa'. Só não digo que conheço vários casos em que assim é para não me virem pedir que os denuncie. Os senhorios põem as suas casas ao dispor de pessoas que não conhecem, pessoas que lhes podem trazer problemas, os senhorios têm que fazer a manutenção das casas, têm que pagar IMI, têm que pagar o seguro da casa, têm que pagar o condomínio, e, no fim, têm que pagar um imposto que é francamente dissuasor. Conheço pessoas que preferem ter uma trabalheira a manter casas antigas a que não dão uso apenas porque acham que não lhes 'compensa' se forem pagar os impostos mas não querem entrar numa situação irregular. Por isso, optam por não arrendar as casas. Com a falta de casas que há, para além de serem precisas mais casas, em especial casas para os muito pobres e para os 'remediados', habitação social, portanto, da responsabilidade do Estado, há que conseguir pôr no mercado mais casas para a classe média. E a maneira sensata será baixar os impostos sobre as rendas, mas baixá-los consideravelmente, e, em simultâneo, criar incentivos fiscais para os inquilinos que declarem as rendas através de contratos registados nas Finanças. Só assim se incentivará os senhorios a arrendarem casas a que hoje pouco ou nenhum uso deem e, ao mesmo tempo, se incentivará a que declarem fiscalmente os contratos.

O caso "do setor dos restaurantes, bares e estabelecimentos similares, onde é percetivel uma elevada evasão", também referido por Vital Moreira, é outro que merece destaque. O número de vezes em que vou a uma churrasqueira buscar frango assado ou a uma pizzaria ou a um qualquer restaurante em que, ao pagar, me dão o ticket do pagamento e o ticket da 'registadora' (no qual está escrito que é para conferência e não substitui a fatura) é impossível de quantificar. Quanto peço a fatura, até ficam a olhar para mim como se fosse uma excêntrica: 'Ah quer...?'. Confesso que nos locais de maior afluência em que, mal me despacham, se viram para atender o seguinte, até para não atrapalhar a cadência, acabo por deixar passar. Mas é indecente, é escandaloso. Impunidade total. Isto já para não falar que em muitos destes sítios só aceitam pagamento em dinheiro, ou seja, nem fica rasto. A AT não deveria regularmente andar em cima destes estabelecimentos? Deveria, deveria. Muitos impostos deveriam ser colectados se houvesse auditorias ad hoc, ie, de surpresa.

É que por haver tanta, tanta, tanta gente a não pagar impostos ou a pagar muito menos do que devia, andam outros, os que gostam de fazer as coisas by the book, a pagar muito mais do que seria razoável.

Portanto, apoio completamente que o Governo crie medidas efectivas, fáceis de implementar e de controlar para combater a evasão fiscal. E apoio que se simplifiquem as regras fiscais e se baixem os impostos. No caso do IRS, defendo que se reduza, pelo menos para metade, o número de escalões e que se reduza significativamente as respectivas taxas. 

No caso da habitação, como forma de alavancar a oferta de casas para arrendamento, que se baixem capazmente os impostos na tributação autónoma e se criem incentivos aos inquilinos que tenham recibos emitidos pelas Finanças.

Tal como nos malfadados tempos da troika ataquei ferozmente a política de austeridade porque asfixiou a economia e empobreceu as pessoas e o País, agora continuo a defender que a economia precisa de liquidez para se movimentar e para crescer. Libertar mais rendimento (por redução da carga fiscal) só aparentemente empobrece os cofres do Estado pois, havendo mais liquidez circulante, há mais consumo, há mais investimento, há mais emprego, há mais poupança. E, em qualquer dessas vertentes, incidirão os impostos, fazendo com que a colecta se fortaleça (não por via das taxas mas da base sobre a qual se aplicam).

Sei bem que haverá quem diga que lá está a minha costela liberal a manifestar-se. É verdade. Tenho uma costela liberal, já o disse muitas vezes. Liberal (qb) na economia e liberal (qb) nos costumes sociais. Quando disse há tempos que se o Partido Socialista não souber reinventar-se e trazer de novo para os seus valores os da social-democracia que estão na sua origem, há lugar para um partido novo, progressista, democrático, humanista, moderno, venerando a cultura e o planeta, liberal.

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A imagem lá em cima, muito primariazinha, foi o que saiu via IA.
Se fosse mais cedo, tentava coisa mais apurada. Assim, peço que aceitem as minhas desculpas

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Desejo-vos uma boa semana a começar já por esta segunda-feira

sexta-feira, maio 02, 2025

Clara Ferreira Alves: estou a ouvi-la no Eixo do Mal e fico estarrecida com os disparates que diz.
Alguém proíba esta criatura de opinar em público!

 

O que diz -- abordando com imprecisão, distorção e baralhação aspectos técnicos misturados com aspectos políticos -- deixa-me perplexa e revoltada. O meu marido, que tem o rastilho mais curto que eu, já fez várias tentativas de mudar de canal, furioso com os disparates que ela diz. Furioso, furioso.

Eu ainda não percebi se ela é ignorante sobre a maior parte dos assuntos, se é demagoga, indo acefalamente atrás da última coisa que ouviu, se é mal intencionada, se é, apenas, tonta. Mas fico chocada com as análises que faz. Troca-se toda, confunde alhos com bugalhos. Mas, como fala com arrogância e armada em boa, parece que ainda há quem compre o que ela diz.

E eu fico intrigada: não há ninguém na SIC que perceba que esta pessoa presta um péssimo serviço à opinião pública em Portugal? Caraças.

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Quanto ao Montenegro, esse cantor pimba que ocupa S. Bento, recomendo a leitura de Montenegro "apanhado", prosa linear e objectiva de Vital Moreira, bem como a de O padrão PSD, mais um tiro certeiro de Der Terrorist.

domingo, outubro 13, 2024

Digam-me que isto não é verdade! Digam-me, se faz favor!
A ser verdade, é um escândalo, é uma vergonha, é inadmissível!

 

Eu -- que sou pensionista da Segurança Social, que vi o meu ordenado esquartejado de todas as maneiras possíveis e imaginárias de tal forma que julguei que se tinham fortemente enganado (desconhecia todos os artifícios que existem na lei para poderem cortar de qualquer maneira) e que, apesar de ter muitos, muitos, anos de serviço, tenho uma pensão muito inferior ao que ganhava quando estava a trabalhar --, leio o que Vital Moreira escreveu no Causa Nossa e fico perplexa. 

A minha primeira reacção é: Não pode ser verdade! Não acredito! Seria indecente demais! Se fosse assim, já alguém teria denunciado tamanha aberração. 

Mas depois penso que o Vital Moreira é pessoa informada, cuidadosa. Não ia escrever uma coisa destas se não fosse verdade. Então, tento fazer um esforço para acreditar mas, palavra de honra, só me apetece desatar a dizer asneiras a a distribuir pontapés. Mas como não tenho nenhum destes juízes, escandalosos privilegiados, abusadores sem vergonha, à minha frente, guardo a indignação para mim e venho para aqui desabafar.

Transcrevo:

O problema da pensão da ex-PGR (e dos magistrados superiores do MP em geral, quando "jubilados") não é somente o seu elevado montante, no caso o maior do setor público, mas sim o facto de as suas pensões serem equivalentes ao último vencimento bruto no ativo (sem dedução da contribuição para a segurança social!...), e de assim se manterem todo o tempo. Ou seja, é maior a pensão de aposentado do que a remuneração líquida no ativo!

(...)

Se o regime de pensão dos "jubilados" é um privilégio dificilmente justificável no caso dos juízes, torna-se num superprivilégio sem nenhuma justificação no caso dos magistrados do MP.

(...)

Em Portugal, os privilégios corporativos tendem a assumir-se como direitos adquiridos irrevogáveis.

(...)

Um leitor acrescenta a «manutenção pelos pensionistas do chamado "subsídio de compensação" (cerca de 900€), relativamente ao qual, durante anos a fio, através de decisões judiciais, em benefício próprio, decidiram que não era tributado em sede de IRS». Inicialmente atribuído aos magistrados deslocados como compensação no caso de falta de "casa de função", foi depois estendido a todos, convolado em compensação da exclusividade das funções (como se esta não fosse já levada em conta no montante da remuneração). De facto, perante um poder político frágil, não há limite para a imaginação na captura de benefícios pelas corporações profissionais privilegiadas.


Texto completo aqui: Privilégios (22): As pensões dos magistrados do MP "jubilados"

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Só espero que isto gere uma onda de indignação geral e que seja imediatamente revogado. Quem são os juízes para terem privilégios que o resto da população não tem? Quem, caraças? Esta Lucília Gago que só fez porcaria enquanto Procuradora geral (e mesmo que tivesse sido exemplar!) o que é que é mais que eu para ter privilégios que eu (e o comum dos mortais) não tem?

Digam-me qual é o partido que vai acabar com isto imediatamente (e com outros privilégios que por aí haja) para eu saber em quem devo votar nas próximas eleições

terça-feira, abril 16, 2024

Pelos vistos, tudo mentira, de uma ponta a outra
-- e isto ao fim de meia dúzia de dias...

 

Dizia o embusteiro com o seu sorriso escarninho que o crescimento económico previsto pelo PS era 'poucochinho', modesto, pouco ambicioso. Em contrapartida, dizia ele, a AD previa um boom, um crescimento que ninguém percebia bem de onde aparecia. Respondia o embusteiro que, com o choque fiscal e o boost aplicado à economia, o PIB cresceria como se não houvesse amanhã.

Afinal, uma semana depois, já aí andam, pé ante pé, como se não houvesse contradição, a dizer que isto e aquilo, re-beu-béu, pardais ao ninho,  a revisão é em baixa e a folga orçamental já não permitirá acomodar as promessas. Pelos vistos nenhumas promessas. 

Claro. E o que se constata é que não podem agora nem puderam nunca. Era tudo um embuste.

Provavelmente, abrem uma excepção para dar uma borla fiscal, em sede de baixa de IRC, às grandes empresas (EDP, Operadores, Petrolíferas, Grande Distribuição).

E parece que, uma vez mais, no Programa de Estabilidade estão a ser imprecisos, vagos, omissos e entregando um documento que não inclui as medidas que vão tomar. 

Ouço isto não sei como interpretá-lo. Impostores? Incompetentes? Amadores? Palermas que não sabem ao que andam? Não faço ideia. Mas que é muito preocupante, lá isso é.

E eu, que não sou de leis, pergunto se não é crime levar milhões de pessoas ao engano com base em propaganda falaciosa? De facto, como provar que os votos que receberam não se deveram ao engodo do leite e mel que prometiam derramar sobre os portugueses? 

Seria interessante que os juristas se debruçassem sobre o tema. Eu, na minha ignorância sobre matérias legais, diria que estamos perante um crime público.

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Um aparte. Soube hoje de mais uma nomeação para lugar de relevo nas equipas ministeriais. Um zero, zero dos mais redondos e inequívocos que há. Quem conhece a pessoa não consegue fechar a boca. Os crentes não param de se benzer. 

Quando Maria João Avillez dizia, convencida que estava a falar para mentecaptos, que tinha tido a agradável surpresa de descobrir que tanta gente tinha querido ir para o Governo e adjacências, saberia que alguns estavam desempregados, despedidos por incompetência dos empregos anteriores, e que irem para o governo era a sua tábua de salvação? Saberia que são nulidades sem conhecimentos académicos ou profissionais na matéria pela qual vão ser responsáveis? Saberia que está a ser feita pesca de arrasto entre os que não têm nada a perder?

Ou isso não interessa para nada? 

Aldrabice por aldrabice, nada é para levar a sério pelo que pouca coisa tem relevância...? É isso....?

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Aproveito para recomendar a leitura integral de Assim não vale (9): Um "programa de estabilidade" politicamente "ajeitado", por Vital Moreira, de onde extraio os dois últimos parágrafos: 

Sendo óbvio que os dados de partida dos dois documentos, tão próximos, não podem ser diferentes, o Governo resolveu claramente "ajeitar" os números, de modo a tentar reduzir antecipadamente o impacto orçamental negativo das medidas do seu programa político. Impõe-se que o Governo justifique devidamente estas convenientes alterações do quadro macroeconómico.

Depois da fraude da pseudodescida do IRS, não é admissível que o Governo "brinque" mais uma vez com os números em matéria de finanças públicas.

sexta-feira, fevereiro 02, 2024

O que é que Francisco Seixas da Costa, Vital Moreira e José Simões têm em comum?

 

No balneário da piscina, as minhas colegas encarniçam-se contra 'isto' e dizem que no dia 10 de Março é preciso ir votar para 'acabar com isto tudo', 'para os tirar de lá'. Tentei contrariá-las, contrapondo factos mas percebi que é escusado. Eu falo de números que confirmam o óbvio, não fujo do registo da objectividade, enquanto elas falam de uma fotografia que alguém lhes mandou com pessoas a dormirem à porta de um centro de saúde. Não sabem onde e muito menos sabem se a fotografia é verídica. Nem querem saber. Outra contrapõe com uma idosa que morreu à porta do hospital. Pergunto se a pessoa se salvaria se estivesse dentro do hospital ou se chegou lá já sem salvação. Não sabem nem querem saber. Sabem é que 'são todos uns gulosos' ou que 'há mais crimes violentos por causa dos brasileiros', 'uma vergonha'.

Quem vai votar no Chega não quer saber o que é que o Ventura fará se um dia chegar ao poder. Isso é coisa que não lhes ocorre. A única coisa que sabem é cavalgar a onda da maledicência e do deita abaixo.

Os meus filhos contam que colegas e amigos, técnicos superiores e gestores, pessoas em cargos relevantes e escolaridade elevada, dizem que vão votar no Chega pois acham que 'já chega de tantos anos de status quo' e que 'está na altura de rebentar com isto'. Uns são religiosos, frequentam missas e retiros, outros praticam muito desporto e têm muitos amigos. Não têm tempo nem pachorra para ouvir notícias, para ler artigos. Nasceram depois do 25 de Abril, só conheceram a democracia, não valorizam o que têm e, por desfastio e porque é cool, 'querem rebentar com esta porcaria toda'.

Numa entrevista, com pasmo, ouvi o pobre do Raimundo a apelar aos que antes votavam no PCP e agora vão votar no Chega. Diz, com ar de quem percebe que está a bater no fundo, que o PCP também é um partido de protesto. Já não quer saber de ideologia nem de coerência nem de nada. Desde que votem no PCP, tanto se lhe dá que seja gente que nem sabe o que faz e tanto vota na esquerda como na direita desde que seja do 'contra'. Demonstra que populismo é populismo, pinte-se de esquerda, pinte-se de direita.

Aliás, num grande cartaz Ventura diz que 'é preciso acabar com isto tudo' e põe cruzes em cima de Ricardo Salgado, Sócrates, Medina e Costa.  E, ao lado, Mariana Mortágua, num cartaz igualmente grande, diz 'Não lhes dês descanso'. Populismo igual a populismo. 

Quando a minha mãe morreu, a senhora da agência funerária perguntou se queríamos serviço religioso. Sendo a minha mãe crente, respondo que sim, mas uma coisa breve, simples. Pois, para meu espanto e, confesso, desconforto, já para não dizer mesmo desagrado, o padre falou que se fartou, um verdadeiro comício. Só faltou apelar ao voto no Chega. Disse que o país não está preparado para receber tantos imigrantes e por isso que não nos admiremos por haver tanto roubo e tanta desgraça, que cada vez se ouve falar mais em miséria e nem sei mais o quê. Eu estava como estava, prestes a despedir-me de vez da presença física da minha mãe e a ter que ouvir um homem que, em vez de dizer umas palavras simples alusivas ao momento, resolveu pregar contra o sistema de uma forma básica, quase boçal. Não consigo reproduzir mais pois, se antes já estava triste e enervada, às tantas comecei a ficar mesmo revoltada. Pois devo dizer que vi algumas colegas e amigas da minha mãe a acenar com a cabeça,  a concordarem, como se ele estivesse a dizer coisas acertadas. Escusado será dizer que os meus filhos e primos se mostraram, depois, incomodados, quase incrédulos com o que se tinha passado. Naquelas circunstâncias não me pareceu correcto interrompê-lo para o mandar calar e limitar-se ao que seria suposto. Mas fiquei a pensar que se, ali, junto a uma urna, numa capela mortuária, fez um tal comício, imagino o que será quando está à larga, nas homilias. E isto foi numa zona central de uma grande cidade. Imagino o que não será por essas igrejas afora... quanta lavagem ao cérebro será feita por estes padres, inchados de reaccionarismo...?

E enquanto o PS não perceber bem isto, este caldo de gente desinformada, que não quer informar-se, que não está nem aí, enquanto não perceber bem a forma como o Chega está a manobrar e a manipular as opiniões, e enquanto não conseguir encontrar um antídoto eficaz, o risco de a democracia sair seriamente beliscada vai continuar a aumentar.

Seria também interessante que a gente do SIS andasse em cima das movimentações de bastidores pois não me admirava nada que a longa mão de Steve Bannon, quiçá alimentada por Putin ou afins e sei lá por mais quem, essa gente obscura que tem vindo a manobrar nas catacumbas para manipular as opiniões públicas e para conseguir levá-las a perder a confiança nas instituições democráticas. Não estou a alucinar. Basta fazer meia dúzia de pesquisas sobre a erosão que as democracias liberais ocidentais vêm sofrendo ao mesmo tempo que o populismo mais descarado e destruidor vem subindo para se perceber que este não é um mundo inocente, habitado por piedosas virgens.

E, no entanto, ao contrário do que dizem o Ventura, o Montenegro, a Mortágua, o Raimundo e toda essa gente que tem alimentado a opinião pública com o insistente discurso de que 'isto está tudo mal', a verdade é que não está tudo mal. Pelo contrário, na verdade é francos sinais de que as coisas estão a melhorar e que já não estão nada mal.

Passo a palavra a três ilustres bloggers que sigo pela sua coerência, inteligência, e objectividade, esperando que não levem a mal que puxe, na íntegra e com as formatações de origem, posts seus que me parecem ser exemplares, muito esclarecedores.

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duas ou três coisas

É isto

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Causa Nossa


Aplauso (34): Abaixo dos 100%!

1. Para quem, como eu, há muito anos considera essencial a frugalidade orçamental e a contenção do endividamento público - desde logo, porque fica caro! -, só posso saudar vivamente a notícia de que, apesar da grave crise da pandemia, voltámos a uma dívida pública bem abaixo dos 100% do PIB e que baixámos mesmo stock da dívida pública em termos líquidos, retirando o país do clube dos países mais endividados. Um notável triunfo político! 

Para além de confortável seguro contra qualquer crise orçamental superveniente, esta notável redução do peso da dívida pública traduz-se numa substancial poupança orçamental em jurosproporcionando maior flexibilidade na gestão da despesa pública aos governos que vêm.

2. Com este importante desempenho orçamental do governo do PS, um dos melhores da UE, ficamos menos longe e mais bem posicionados para atingir o objetivo do Pacto de Estabilidade da União, que é de 60% do PIB. Ponto é que os próximos governos não enveredem de novo pelo laxismo orçamental e pela "desbunda" na despesa pública ou num demagógico corte da receita, como deixam temer muitas das promessas eleitorais neste momento irresponsavelmente apresentadas por quase todos os partidos.

Neste quadro, é especialmente preocupante o programa do PSD, que, entre aumentos de despesa e um maciço e aventureiro "choque fiscal", propõe um rombo de mais de 5 000 milhões de euros nas contas públicas -, ou como um partido de governo outrora financeiramente responsável, passou a acreditar irresponsavelmente em operações de prestidigitação orçamental.

Eleições parlamentares 2024 (34): Azares do PSD

Como se não bastasse a pouco recomendável novela política sobre o governo regional da Madeira e a inquietante especulação sobre uma possível aliança de governo do PSD com o Chega nos Açores, no plano nacional acumulam-se as notícias pouco propícias, como a dos números sobre o crescimento do PIB em 2023, o maior da UE, ridicularizando a acusação de Montenegro sobre o "ciclo de empobrecimento" do País (como já havia mostrado AQUI).

Em condições normais, o PS deveria obter uma vitória folgada nestas eleições. Mesmo que o PS pareça não querer explorar excessivamente os resultados económicos da sua governação de oito anos, os portugueses não podem deixaram de notá-la, no emprego, nos rendimentos e no poder de compra. Não se vê como é que o PSD pode contrariar eficazmente este panorama daqui até às eleições.

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por josé simões, em 01.02.24


Com o país a crescer acima de média da União Europeia, a Segurança Social com um excedente de 5,46 mil milhões de euros, a dívida pública abaixo dos três dígitos - 98,7%, Portugal como o sétimo país mais seguro do mundo, o partido da taberna vai passar a campanha eleitoral a berrar nas ruas "Isto é monhés por todo o lado! Alguns até rezam virados para Meca!", "Um gajo quer sair à rua e não pode que é logo assaltado!", e o irmão gémeo Ilusão Liberal a martelar contra a carga fiscal, a AD - Anedota de Direita, contra o "gonçalvismo" que nos esbulha com impostos, coadjuvados pelos ex líderes partidários, agora comentadores "independentes", nas noites de domingo da televisão do militante n.º 1 e na CNN Portugal, mentira azar, a "carga fiscal foi de 38% em Portugal em 2022, abaixo da média europeia". Daqui até 10 de Março vai ser terrível com os "Goebbels" de pacotilha nas televisões. 

[Link na imagem] 

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Um dia bom

Saúde. Lucidez. Paz.

quinta-feira, novembro 30, 2023

"MP iliba Siza Vieira, Medina e Duarte Cordeiro no caso dos ajustes diretos" --

E eu pergunto a todos os jornalistas, comentadores e tropa fandanga dos partidos que perseguiram aquelas pessoas a perguntar-lhes, de forma massacrante, se tinham condições para continuarem no Governo e que andaram a perorar contra a fraca qualidade dos ministros que Costa escolheu, o que vão agora fazer?
Nada?
Vão assobiar para o lado e fazer de conta que não se portaram miseravelmente?
E onde o destaque dado a isto? Não deveria ser dado igual destaque ao que, na altura, deram ao lançar lama sobre pessoas contra as quais, afinal, não há quaisquer indícios de práticas ilícitas?
E à tropa fandanga do Ministério Público que tem andado a queimar a reputação de gente séria e digna, lançando difamação sobre difamação, sobre políticos honestos, uma vez mais não vai acontecer nada?
E o Presidente da República que tanto fez para queimar a maioria absoluta, a que, desrespeitosamente, chamou 'requentada', como assiste a isto?
Agora que por duas vezes dissolveu a Assembleia da República, desrespeitando o voto dos Portugueses, e que permitiu e alimentou o reforço do populismo e da justicialização da política, fica calado?
Depois de ter feito o que fez, agora é que acha que deve ficar calado...?
O que Marcelo fez tem tradução directa no aumento das intenções de voto no Chega, na degradação do nível e da qualidade democrática na política portuguesa. E fica calado? Não nos pede desculpa?
Quanto a Lucília Gago, já sabemos: nada disto lhe assiste, segundo ela não é responsável por coisa alguma.
Uma tristeza.

 

Lucília Gago, a senhora que já fez saber, alto e bom som, que, haja o que houver,
ela não é responsável por coisa alguma. Portanto, se alguém tem que responder pela continuada pouca-vergonha, esse alguém não é ela


Uma vergonha, tudo isto.

Nem me apetece dizer mais nada.

Tomo antes a liberdade de passar a palavra a quem sabe bem do que fala, esperando que não leve mal o abuso:

Ai, Portugal (13): A "justiça" à moda do Ministério Público
Vital Moreira 

Ao fim de 7-anos-7, o Ministério Público veio ilibar das suspeitas que tinham sido levantadas contra nada menos de 4-Ministros-4 do então Governo PS, por supostos crimes na adjudicação de contratos públicos, investigação que na altura foi obviamente explorada politicamente pelos media que servem de megafone às operações de legal warfare do Mº Pº contra o mundo político.

Sete anos para concluir pela inocência de políticos cujo bom-nome e reputação - direito constitucionalmente protegidos - foram manchados pela leviandade ou má-fé do Ministério Público? Haverá quem se não revolte contra esta irresponsável prepotência ?

Adenda

Também um ex-secretário de Estado do Desporto e atual deputado soube agora estar sob investigação por factos ocorridos há quatro anos, cujas suspeitas penais o visado considera «delirantes». Independentemente do que se vier a apurar, será tolerável que o Mº Pº demore outros tantos anos a concluir a investigação?!

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Para quem queira ler o artigo do DN:

 MP iliba Siza Vieira, Medina e Duarte Cordeiro no caso dos ajustes diretos

Fernando Medina, Duarte Cordeiro, Pedro Siza Vieira e Graça Fonseca, que fazem ou fizeram parte dos Governos de António Costa, foram ilibados pelo Ministério Público (MP) no caso dos alegados ajustes diretos irregulares e eventual violação das regras da contratação pública, avança o ECO.

Fonte oficial da Procuradoria-Geral da República disse ao portal especializado em economia e confirmou à Lusa que "este inquérito conheceu o despacho final de arquivamento relativamente a todos os investigados", uma vez que o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa considerou não haver "qualquer indício criminal na matéria em apreço" e considerou que esta investigação, iniciada em 2016, foi dada como terminada porque seria uma perda de recursos e tempo se continuasse.

(...)