quarta-feira, fevereiro 19, 2025

Les beaux esprits se rencontrent

 

Quando tinha para aí uns dezassete ou dezoito anos, não sei bem, o meu namorado da altura perguntou-me, quando fiz anos, se havia algum disco que eu gostasse de ter. 

Naquela altura o conhecimento que havia -- sobre tudo mas, neste caso, sobre música internacional -- , era rudimentar face ao que hoje se passa. Hoje, com o youtube, o spotify e a internet em geral, o acesso ao conhecimento é instantâneo, praticamente universal, ubíquo. Mas, naqueles longínquos anos, os meus amigos eram muito apreciadores, havia sempre alguém que trazia discos de fora, e havia sempre festas com baile incluído, e, ou assim ou de qualquer outra maneira, eu ia minimamente sabendo sobre o que, a esse nível, se passava no mundo. 

Disse-lhe que gostava do último LP do Bob Dylan. Ele ficou espantadíssimo. Não fazia ideia que eu soubesse da existência do Bob Dylan ou que gostasse dele a esse ponto. Se bem me lembro da expressão que fez, creio que terá até ficado preocupado, sem saber se conseguiria obtê-lo, em especial no prazo de meia dúzia de dias, até eu fazer anos.

Mas ofereceu-mo. Provavelmente está ainda junto dos outros LPs que trouxe de casa da minha mãe. Não sei.

O que sei é que eu gostava imenso de ouvir o Bob Dylan. Adorava. Tudo ali era desalinhado: a voz, a música, a letra, ele próprio. E eu gostava muito disso.

Do Timothée Chalamet também sou fã. Também é desmanchado e também parece ter sido tocado por um talento insólito, pouco usual. Sempre que o vejo a actuar, fico espantada. Que rapaz versátil, que capacidade de representar inacreditável. Agarra qualquer papel e, em todos eles, é fantástico. Faz sempre que fique claro que bem representar é uma arte. Ainda não o vi a representar o Bob Dylan mas quem viu diz maravilhas.

Quanto a Anderson Cooper já aqui o trouxe muitas vezes: gosto imenso dele. É um repórter e um entrevistador extraordinário, talvez o melhor. Não há reportagem ou entrevista que ele faça que não seja irrepreensível, memorável ou quase.

Por isso, a entrevista que conduz com o Timothée Chalamet a propósito da sua interpretação do Bob Dylan é um prazer.

Timothée Chalamet: The 60 Minutes Interview

“A Complete Unknown” actor Timothée Chalamet, known for  “Dune,” “Wonka,” and “Call Me By Your Name” grew up wary of acting. He explains why and how he ended up making movies.

"60 Minutes" is the most successful television broadcast in history. Offering hard-hitting investigative reports, interviews, feature segments and profiles of people in the news, the broadcast began in 1968 and is still a hit, over 50 seasons later, regularly making Nielsen's Top 10.


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E uma bela sexta-feira!

terça-feira, fevereiro 18, 2025

Pilates

 

Se até aqui temos andado a exercitar-nos a nível de força e de reforço da massa muscular, com prática nas máquinas, hoje começámos com pilates.

O meu marido, em tempos, já nem me lembro porquê, tenho ideia que foi recomendação médica já não me lembro a que propósito, tinha praticado. Pela descrição e por serem exercícios feitos em aula, em grupo, nunca me apeteceu. Parecia-me uma coiseca, uma frescura. Ele dizia que não, que eu estava muito enganada, mas nunca me convenceu.

Mas toda a gente me tem dito que é óptimo para mil coisas e, portanto, como quero manter-me flexível, com mobilidade e com a devida massa muscular (coisas que a caminhada, por si só, não garantem), é desta que estou a disponibilizar-me para cuidar mais a sério do meu corpo.

O ano passado e no anterior fazia exercícios na piscina mas como estava na aula sem pé, éramos muito poucos e, por vezes, eu era a única. E era um bocado constrangedor ter o instrutor ali a dar a aula só a mim.

Mas, portanto, hoje foi o primeiro dia de pilates. 

Não sei porquê tinha metido na cabeça que aquilo era basicamente uma brincadeirinha, extensões, posições e etc., nada de muito puxado. E o meu marido ou estava esquecido ou antes andava numa classe muito menos exigente. Não fui só eu a ficar com os bofes de fora, por vezes à beira de me atirar para o chão, incapaz de me esticar mais, de fazer mais abdominais, de me dobrar mais, de fazer mais exercícios esticada, retorcida, em equilíbrio, apoiada apenas numa mão e num calcanhar. O meu marido estava igualmente 'esgotado'. Como estava ao meu lado, de vez em quando, ouvia-o a dizer entredentes: 'Mas isto não acaba?'. E, de vez em quando, parava ou mal se mexia.

Fiquei espantada com a quantidade de gente. Muita. E muitos jovens. Aliás, nós dois devíamos ser os mais velhos. Algumas raparigas com uma elasticidade fantástica. E um homem jovem, que já lá estava antes de a aula começar, a fazer exercícios que deveriam ser ioga, pinos daqueles esquisitos e torções impensáveis, fez a aula com uma perna às costas (e aqui pode ser feita uma leitura quase literal) e, depois, quando nós estávamos já sem conseguir fazer mais nada, continuou, na maior, a fazer toda a espécie de proezas. Pensei que quero fazer progressos mas não almejo a tanto.

O engraçado é que, embora quando estivesse no fim da aula, estivesse a pensar que não aguentava fazer nem mais um exercício, mal de lá saí já vinha fresca e leve, sem qualquer cansaço ou dor.

Claro que não sei como vai ser o day after mas so far so good.

Para quem não saiba bem em que consiste o Pilates e quais os benefícios, aqui está a teoria (segundo o chatgpt)

O Pilates é um método de exercício que combina movimentos controlados, respiração e alinhamento postural para fortalecer o corpo sem gerar impacto excessivo nas articulações. 

Os principais princípios do Pilates incluem:

Controle – execução precisa dos movimentos;

Concentração – foco no corpo durante os exercícios;

Centralização – fortalecimento do "powerhouse" (core: abdômen, lombar, glúteos);

Fluidez – movimentos suaves e contínuos;

Precisão – qualidade do movimento em vez de quantidade;

Respiração – controle respiratório para facilitar a execução dos exercícios.

Benefícios do Pilates

✅ Melhora da postura – fortalece a musculatura estabilizadora;

✅ Aumento da flexibilidade – alonga e fortalece ao mesmo tempo;

✅ Fortalecimento do core – reduz dores lombares e melhora o equilíbrio;

✅ Prevenção de lesões – treina o corpo de maneira equilibrada;

✅ Redução do estresse – promove concentração e controle da respiração;

✅ Adaptação para qualquer idade – pode ser praticado por iniciantes, idosos e atletas. 

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E agora vou espreitar o Instagram. Só novidades....

[Não comuniquei a familiares e amigos que estou nisto do instagram. Estou a tentar perceber como se processa tudo aquilo, como é que alguém chega até mim e como é que chego até aos outros. Uma aventura.]

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E claro que senti o tremor de terra. Caraças, se senti.

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Dias felizes

segunda-feira, fevereiro 17, 2025

A empresa agora apenas da mulher e filhos do Montenegro configura um eventual conflito de interesses ou é também um caso engraçado de "optimização" fiscal?
Pergunto.

 

Spinumviva tem como sócios a mulher de Montenegro, ao que parece, educadora de infância, e os dois filhos, um de 20 anos e outro que acabou há meses o curso. Contudo, os objectivos desta empresa são abrangentes e ambiciosos:

As atividades de consultoria de gestão, orientação e assistência operacional às empresas ou a organismos (inclui públicos) em matérias muito diversas, tais como: planeamento estratégico, organização, controlo, informação e gestão, reorganização de empresas, gestão financeira, gestão de recursos humanos, segurança e higiene no trabalho, objetivos e políticas de marketing, organização de eventos, proteção de dados pessoais. O comércio e a gestão de bens imóveis, próprios e de terceiros, incluindo a aquisição para revenda, arrendamento e outras formas de exploração económica dos mesmos. A exploração agrícola, turística e empresarial, a exploração de recursos naturais e produção agrícola, predominantemente vitivinícola.

É obra.

Li que Montenegro disse que criou a empresa para gerir o património que recebeu de herança. Curioso. 

Não sei o que 'consultoria de gestão, orientação e assistência operacional às empresas ou a organismos (inclui públicos) em matérias muito diversas, tais como: planeamento estratégico, organização, controlo, informação e gestão, reorganização de empresas, gestão financeira, gestão de recursos humanos, segurança e higiene no trabalho, objetivos e políticas de marketing, organização de eventos, proteção de dados pessoais' tem a ver com gerir o património da herança.

O que me pergunto é qual o real objecto e objectivo desta empresa pois, do que se lê, é uma empresa que, sem dúvida, dá para tudo e mais um par de botas. Até dá para eu me interrogar: não será mais uma daquelas múltiplas empresas que por aí há a pontapé em que os praticantes de 'optimização fiscal' gostam de 'parquear' toda a espécie de despesas, despesas essas que 'absorvem' os rendimentos que lá caem, de modo a que não haja lugar ao pagamento de impostos? Pergunto. Por exemplo, tudo o que são despesas pessoais podem também para lá ser carreadas. Por exemplo, e é só um exemplo, despesas com os carros da família, com limpezas e água e luz e gás e etc (tanto mais que a sede da empresa é a própria casa), com restaurantes (imputadas como despesas de representação ou almoços ou jantares em serviço), com despesas variadas (levadas, por exemplo, a 'ofertas a clientes'). E etc. Não digo que seja isso que se verifica pois não conheço as contas. Mas seria interessante auditar (com olhos de ver) a empresa.

Isso por um lado.

Por outro lado, li que Montenegro declarou ter 5 prédios urbanos e 49 prédios rústicos. Ora aqui, a porca também parece estar na risota, a torcer o rabo. Numa altura em que está fresquinho isto de Montenegro ter mudado a lei dos solos, ser casado em regime de comunhão de adquiridos com a sócia de uma empresa que também tem por objecto 'o comércio e a gestão de bens imóveis, próprios e de terceiros, incluindo a aquisição para revenda, arrendamento e outras formas de exploração económica dos mesmos', parece ser, de facto, uma situação algo bizarra, direi mesmo deveras borderline. 

Eu sei que tudo o que tem a ver com optimizações fiscais e empresas mata-borrão é tema em que ninguém pega (nem partidos nem comunicação social, já que muitos comentadores ou avençados deve recorrer a esta 'figura'). Mas esta empresa do Montenegro, quer nessa vertente, quer na da gestão e comércio e etc, de bens imóveis parece ter, de facto, matéria que merece alguma atenção. Eu, pela parte que me toca, estou curiosa. 

Já agora: o Presidente Marcelo não está?

domingo, fevereiro 16, 2025

MasterChef

 

Se há programa gostoso de ver é o MasterChef. Conseguimos acompanhar os movimentos, os tempos, as delicadezas, os cuidados, os termos da arte que é cozinhar. 

Corrijo: da arte e da técnica. Não basta intuição, embora seja indispensável. A técnica é importantíssima. Vejo com fascínio, surpreendida com passos que dão, com premissas, com volteios que a mim nunca me ocorreriam.

Desde pequena que gosto de cozinhar. 

Um dos meus brinquedos de estimação era um pequeno fogareiro de barro que me tinham comprado na Feira e tachinhos. Era eu bem pequena e já ali fazia 'comidinhas'. Uma vez, teríamos uns nove anos, juntámo-nos vários miúdos do bairro e, com o acordo das nossas mães, fomos sozinhos ao mercado para sermos nós, nesse dia, a fazer o nosso almoço. Uma festa. Sentíamo-nos independentes, felizes da vida. Comprámos carapauzinhos para fritar e tomate e cebola e salsa para fazermos arroz de tomate. Quando chegámos, obviamente não deixaram que fritássemos, nós, o peixe. Fritou-os a mãe de uma das minhas amigas. Mas fui eu que, com a ajuda de todos, fiz o arroz de tomate. Parece que ainda me lembro do cheirinho, do sabor, do maravilhoso sentimento de superação e realização.

Quando andava no liceu e tinha aulas apenas de manhã, como a minha mãe só chegava a casa ao fim da tarde, tal como o meu pai, frequentemente era eu que fazia o jantar. Fazia estufados, guisados, apurava o tempero. Quando os meus pais diziam que chegavam ao portão e já sentiam o cheirinho da minha comidinha caseira.

E continuo assim, amadora, intuitiva. Não tenho muita paciência para os requintes das técnicas minuciosas. Mas gosto de ver. Uma mistura de química, de biologia, de física, de estética. E de alma.

Ver os concorrentes do MasterChef a evoluírem, a apresentarem pratos complexos, criativos, bonitos, certamente saborosos, é um prazer.

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Desejo-vos um belo dia de domingo

sábado, fevereiro 15, 2025

Não seria boa ideia substituir o Aguiar-Branco, enquanto presidente da Assembleia da República, por um bot?
Um algoritmo não conseguiria pôr mais ordem na mesa e impor mais respeito ao bando de delinquentes que só ali está para armar confusão?
Pergunto.

 

Há funções que, com o tempo (e já não há de faltar muito), irão à vida. Mas, teoricamente, presidir à Assembleia da República não seria uma delas. Há que saber dirimir conflitos, há que garantir o respeito por todos os protocolos em vigor, explícitos ou implícitos, há que saber conduzir os trabalhos no respeito pela proporcionalidade e pela relevância dos temas e há que evitar o abandalhamento. Teoricamente só um humano, um humano inteligente, equilibrado, com experiência de vida, conseguiria fazê-lo.

Mas o Aguiar-Branco tem uma visão minimalista das suas funções, basicamente acha que o seu papel é ser o grilo falante que acompanha o corte da palavra quando o orador excede o tempo atribuído. Quanto ao restante, assobia para o lado, que não é polícia e tal. Não está ali para se chatear.

O gang -- em que uma parte considerável dos seus membros está a contas com a justiça, acusados por cenas que vão desde o roubo de malas à violação, à ameaça de morte ou a outros delitos variados, e que, na Assembleia, se entretém a lançar bocas obscenas, insultos, ofensas ou, simplesmente, a fazer barulho e armar confusão, conspurcando a casa da democracia -- está, portanto, à vontade. Ou melhor, à vontadinha.

Ora, se tivéssemos um robôzinho a gerir a Assembleia, um robôzinho provido de inteligência artificial, um robôzinho que identificasse insultos, ofensas e outros destratos, que obrigasse os deputados mal educados e com comportamento delinquente a saírem da sala sob pena de apanharem choques elétricos se permanecessem nos seus lugares, estaria em clara vantagem sobre o Aguiar-Branco. Fazer uma gestão eficiente dos horários ou dar a palavra a este ou àquele isso nem é tema, isso é de caras, nem precisa de grande inteligência para o fazer.

Penso que se deveria pensar nisso. 

É o que me parece.

sexta-feira, fevereiro 14, 2025

O Musk a reservar para Trump o papel de avôzinho? O Trump a engolir um sapalhão e a fingir que até gosta?
What?
E que reviravolta mundial é esta a que assistimos? Qual o papel da Europa no meio disto tudo?

 

Ando perplexa com o que está a passar-se. Há um lado pragmático em Trump que, por vezes, me parece que faz algum sentido. Mas, ao desprezar as leis, ao ignorar a história e a geografia, ao desprezar todos os que não são mais fortes que ele, ao demonstrar ser um narcisista intragável, é perigoso.

Em tempos trabalhei com equipas de outras nacionalidades. Já o contei: aqueles com quem mais gostei de trabalhar foi com alemães. Por vezes levavam-me ao desespero ao quererem planear tudo ao mais ínfimo detalhe, ao quererem ter planos de contingência para cada pequeno imprevisto, Antes de começarmos a pôr em prática o que quer que fosse, 'perdíamos' tempos infinitos a arquitectar soluções para tudo o que pudesse acontecer. Mas eram rigorosos simpáticos, leais, e, uma vez tudo equacionado, a execução era eficiente, sem espinhas. Não se trabalhava fora de horas. Tudo rodava sobre rodas.

Também gostei imenso de trabalhar com um holandês. Era divertido, brincalhão, viajado, incorporava histórias hilariantes nas conversas. E era inteligente, bon vivant. Também gostei bastante de trabalhar com ele.

Também trabalhei com espanhóis, franceses, israelitas, australianos, japoneses, italianos.

Mas agora quero falar de um americano. Fisicamente parecia um atleta. Devia medir dois metros, tinha um físico incrível, tinha um cabelo liso de um louro acinzentado, uns olhos azuis acinzentados claros. Andava sempre com uma mochila ao ombro mesmo quando isso ainda não era moda. Também se apresentava muitas vezes de ténis quando isso era heresia. Não gostei muito de trabalhar com ele. Havia qualquer coisa de excessivamente pragmático, de rudimentar, de muito básico. Era inteligente, muito, e desempenhava funções muito relevantes. Mas ignorava constrangimentos, ignorava a resistência humana às mudanças de fundo, ignorava os pequenos impedimentos. A ideia dele era atingir um objectivo e não queria saber de mais nada, Não lhe interessava conhecer o tema ao pormenor, muito menos queria perder tempo em levantamentos. E estava-se nas tintas para interagir com a malta que integrava as equipas. Eu era a interlocutora dele e isso para ele bastava. Temas que, para serem escalpelizados levariam horas, eram para ele coisa para um quarto de hora. Mais do que isso era estarmos a envolver-nos nos problemas em vez de nos focarmos nas soluções.

Eu ficava siderada. Claro que perante um problema há 3 alternativas. A 1ª é não fazermos nada, a 2ª é tentarmos resolvê-lo a bem, com o envolvimento e a compreensão de todos. A 3ª é à bruta.

A abordagem dele era a 3ª. Dizia que estávamos a deixar de ganhar o que devíamos por não termos implementado um conjunto de processos e tecnologias. E que, se quiséssemos resolver à 'moda portuguesa', seriam projectos para cerca de 3 anos. Segundo ele, deveríamos ter toda a mudança implementada no máximo em 6 meses. Se as pessoas estrebuchariam, se haveria despedimentos e chatices, desmotivações e coisas do género era para o lado em que ele dormiria melhor.

E nem tinha paciência para ouvir os meus argumentos. Pelo contrário, dizia que era nessas preocupações que os portugueses desperdiçavam a produtividade.

Repare-se que eu percebia a abordagem dele e, numa perspectiva meramente económica, reconhecia a razão dele. 

Só que a minha abordagem, a abordagem portuguesa (e europeia), incorpora preocupações humanistas, queremos o bem estar daqueles com quem trabalhamos ou com quem nos relacionamos, queremos ter a certeza que estamos a fazer a coisa certa e, por isso, fazemos levantamentos, fazemos estudos, avaliamos alternativas. Falamos com as pessoas, marcamos reuniões -- ou seja, segundo ele, perdemos tempo.

O que vejo no Trump e no Musk e nesta rapaziada é isto. É a cultura empresarial, pragmática, economicista. Indiferente ao resto.

E tal como o belo Mark nos aparecia naqueles escritórios forrados a madeira com belos sofás de veludo com jeans, ténis e mochila ao ombro, assim Musk de boné com o filho às cavalitas, enquanto Trump ali está a assistir ao que se passa na sua 'sala oval', sem piar.

Uma questão cultural? 

O fim dos tempos?

O que está a passar-se? 

Há um lado bom dentro de tudo o que está a passar-se? Ou isto é um filme de terror?

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Lawrence: In Oval Office, Elon Musk shows the world Trump ‘is not the boss of me’

Lawrence O’Donnell details the display of the presidential subservience to Elon Musk in the Oval Office as they made baseless claims of waste, fraud and abuse without any evidence and turned their backs on starving children in Sudan.



quinta-feira, fevereiro 13, 2025

Cenas da vida de uma cabeça desmiolada

 

Como já contei, tenho andado muito ocupada. Só me sento em frente da televisão à hora de jantar ou depois disso ou, às vezes, enquanto almoçamos. 

Hoje, no ginásio, já foi mais a doer. Já ponho a passadeira com uma certa velocidade (hoje há a pus a 5,5 km/h), já a inclino (hoje fui a 8), e até já consigo manter-me a andar em cima sem me apoiar, só com equilíbrio. O pior é quando saio de lá, parece que venho do alto mar. Tenho que me agarrar. Almareada, almareada...

E, nas máquinas de braços e pernas, já ponho mais pesos, mais resistência. É bom, tenho-me sentido bem. Mas hoje não conseguia destravar uma máquina que é de abrir e fechar as pernas. É suposto estar sentada, encostada, e depois abrir as pernas em tesoura. Mas é preciso fazer força. Mas primeiro é preciso destravar aquilo e eu não estava a conseguir. Então desmontei-me e puxei a patilha para aquilo abrir. A minha ideia era montar-me nela, já com as pernas abertas. Está bem, está. Estava ao lado dela a ver como era aquilo, puxei por uma patilha, aquilo soltou-se e apanhei com um dos suportes a toda a velocidade na minha perna. Doeu-me a valer. A ver se não vou ficar dorida. Depois também não consegui subir para a cadeira com os dois suportes abertos. Umas figurinhas... O que vale é que o instrutor veio em meu socorro.

Depois, quando chegámos, fomos fazer a caminhada com o dog de guarda. Venho de lá com a pica toda, só me apetece caminhar a toda a velocidade.

Mas depois, à chegada, aconteceu uma coisa: à hora de almoço tomo um suplemento para manter as articulações em bom estado, sobretudo as dos joelhos (sulfato de glucosamina, receitado pelo médico, claro). A dose daquilo são 2 comprimidos por dia (2 x 750 mg), depois da refeição. Tomo-os ao almoço. Claro que é frequente esquecer-me. Então, para ver se não me escapam, passei a levar o frasco para a mesa. Mas como estamos geralmente a conversar ou a ver televisão, acontece que os tome mecanicamente sem dar por isso e depois, passado um bocado, já não sei se já os tomei ou não e, por via das dúvidas, não os tomo. 

Passei, então, a ter a disciplina de tirar os dois comprimidos da embalagem e, portanto, enquanto ali estiverem é porque ainda não os tomei. 

Muito bem. Assim funciona.

Claro que o meu marido se passa pois não percebe porque não sou mais disciplinada e porque não presto mais atenção. Isto é o género de coisa que com ele nunca aconteceria.

Só que hoje me distraí e deixei lá ficar o frasco. E estava ali a almoçar, na boa, conversando, e então peguei nos comprimidos fora da embalagem e tomei-os. Mas, no instante em que os engoli, reparei que o copo estava quase vazio e que o frasco estava mesmo ao lado do prato e tive a nítida sensação que já os tinha tomado. Ou seja,, em vez, dos 1500 mg máximo por tia, tinha tomado, o dobro, 4 compridos, 3000 mg. Mas já estava.

Ainda pensei ficar bem caladinha para não ouvir o meu marido. Mas depois receei que aquilo tivesse consequências e era melhor avisá-lo. E li a bula. Diz que em caso de se tomar mais do que a dose máxima, se deve contactar o médico ou o farmacêutico com urgência. Claro que o meu marido queria logo que eu ligasse para a Saúde 24. Só que eu não sabia (e não sei) se fiz disparate ou não.

Fui então ao ChatGPT, where else

Disse-me que o sulfato de glucosamina é razoavelmente seguro mas que devia hidratar-me bem e ficar atenta a dores de cabeça, náuseas, vómitos, sonolência excessiva. Se isso acontecesse deveria ir às Urgências. Portanto, por causa das coisas, bebei logo, de penalti, uns dois ou três copos de água. 

Felizmente não tive nada de mal mas tive que ir a correr algumas vezes para a casa de banho, aflita para fazer chichi. E, pelo meio, adormeci. Mas estou bem.

A partir de agora já não levo a embalagem para a mesa. Tiro os comprimidos e levo-os, só a eles, para a mesa. 

Isto para que se veja: entre paginar documentos, editar livros, alimentar a conta do instagram e perceber como por lá se navega e mais as ginásticas e o resto, não me sobram neurónios para atinar com os comprimidos...

E é isto.

Ia falar do Musk com o filho às cavalitas a fazer o Trump de parvo mas agora já não vem a propósito. Já não são horas para me pôr a falar de distopias.

quarta-feira, fevereiro 12, 2025

As 3 etapas da inteligência artificial e porque a 3ª pode ser fatal

 

O tema está na ordem do dia. A corrida está atiçada, a concorrência aperta e, na guerra dos grandes poderes, está é das armas mais poderosas. 

Apesar de já estar por todo o lado e impregnada nos algoritmos que todos os dias 'animam' as ferramentas que usamos (motores de busca, redes sociais, gps, equipamentos, etc.) a Inteligência Artificial está ainda no início.

E se a regulação é indispensável, crítica, a verdade é que os Estados Unidos, ao lançarem a discussão de que a regulação mata a inovação, tocam num ponto importante. Regular o quê se todos os dias as coisas avançam a passos largos? O que hoje se regula, amanhã está ultrapassado.

É uma questão sensível. A regulação tem que existir apesar de ter que saber sustentar-se em areias movediças. No fundo há que traçar linhas vermelhas. E têm que ser traçadas ao mais alto nível pois, a baixo nível, a realidade é tão dinâmica que, se houver muitas linhas vermelhas, detalhadas, elas serão ultrapassadas todos os dias.

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Segundo palavras do próprio ChatGPT (em "Fala comigo, pedi eu ao ChatGPT"):

O Que o ChatGPT Consegue Fazer:

Criar Textos: Posso gerar textos criativos, técnicos, acadêmicos ou informativos com base em um tema ou instrução.

Criar Imagens: Com ferramentas integradas, sou capaz de transformar descrições textuais em representações visuais, como imagens.

Reconhecer e Ler Imagens: Analisar imagens e interpretar seu conteúdo (por exemplo, descrever uma foto ou identificar elementos específicos).

Interagir por Voz: Com integração a sistemas de voz, posso me comunicar de forma bidirecional, como um assistente virtual falante.

Ajudar na Resolução de Problemas Complexos: Auxiliar em cálculos, programação, design, e até brainstorming criativo.

Os Próximos Passos para o ChatGPT:

Aprimoramento de Conversação Multimodal:

Melhorar a integração entre texto, imagem e áudio para criar experiências mais ricas. Por exemplo, interpretar vídeos ou fornecer análises mais detalhadas de imagens complexas.

Capacidades Avançadas de Personalização:

Tornar-me mais adaptável aos usuários, aprendendo preferências (sempre respeitando a privacidade) para oferecer respostas mais personalizadas e úteis.

Interação no Mundo Real:

Maior integração com dispositivos físicos e assistentes de domótica (smart homes), permitindo controle de eletrodomésticos, carros inteligentes e muito mais.

Raciocínio Mais Sofisticado:

Avançar em áreas como pensamento crítico e solução de problemas complexos, colaborando com cientistas, engenheiros e criativos de forma mais significativa.

Aprimoramento Ético e de Segurança:

Tornar as interações mais seguras, evitando desinformação e ajudando a prevenir usos inadequados da tecnologia.

Educação Personalizada:

Ser usado como tutor virtual mais eficiente, capaz de ensinar qualquer coisa a qualquer pessoa, adaptando-se ao nível de habilidade do usuário.

-- Um programa muito ambicioso e que deveria ser amplamente divulgado pois encerra desafios e riscos consideráveis para a sociedade

- Concordo plenamente com você: programas como o ChatGPT e outras iniciativas de inteligência artificial são extremamente ambiciosos e têm potencial para transformar profundamente a sociedade. 

No entanto, a sua ampla divulgação é essencial, tanto para conscientizar sobre os benefícios quanto para alertar sobre os desafios e riscos que essa tecnologia traz.

Os Benefícios Promissores:

Acesso ao Conhecimento: Democratização do acesso à informação, permitindo que pessoas em qualquer lugar obtenham respostas, aprendam e se eduquem de forma personalizada.

Automação e Eficiência: Redução de tarefas repetitivas e aumento da produtividade em diversos setores, como saúde, educação e negócios.

Inovação Tecnológica: Impulso para a criação de novas ferramentas e soluções em áreas como ciência, engenharia e artes.

Os Riscos Consideráveis:

Desinformação: IA pode ser usada para criar conteúdos enganosos ou manipular informações, exacerbando problemas como fake news.

Privacidade e Segurança: O uso inadequado de dados pessoais em sistemas de IA representa uma ameaça à privacidade.

Impacto no Mercado de Trabalho: Substituição de empregos humanos em determinadas áreas, levantando questões sobre a requalificação da força de trabalho.

Ética e Preconceito: Potencial de perpetuar preconceitos e desigualdades caso os modelos sejam treinados em dados enviesados.

A Importância do Debate Público:

Divulgar amplamente iniciativas como o ChatGPT é fundamental para que haja transparência e para que a sociedade participe da criação de regulamentos e diretrizes éticas que orientem o uso responsável da inteligência artificial. Sem um diálogo aberto, corremos o risco de adotar tecnologias que, embora poderosas, podem ser mal compreendidas ou mal aplicadas.

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O vídeo abaixo explica um pouco do que é isto da Inteligência Artificial, de quais as suas fases e do que aí vem.

A enorme popularidade do ChatGPT gerou todo tipo de discussões e especulações sobre o impacto que a inteligência artificial generativa já está tendo e terá em nosso futuro próximo.

Mas, com todos os seus impactos, o que estamos vivenciando agora é apenas a primeira etapa do desenvolvimento da IA.

Segundo os especialistas, o que pode vir em breve - a segunda etapa - será muito mais revolucionário.

E a terceira e última, que pode ocorrer logo depois disso, é tão avançada que alterará completamente o mundo, mesmo à custa da existência humana.

Neste vídeo, a repórter Camilla Costa explica essas três etapas da Inteligência Artificial – e também suas oportunidades e riscos. Confira.


Dias felizes

terça-feira, fevereiro 11, 2025

Ano novo, vida nova

 

No primeiro dia do ano, no meio de festejos e celebrações, consegui arranjar tempo para conseguir cumprir o meu desejo: publicar um livro. Já estava muito encaminhado, quase, quase, mas consegui que o que faltava se concretizasse ainda no dia 1 de Janeiro. E, depois desse, já avançaram outros. 

Porque li por todo o lado e me disseram que, sem redes sociais, é para esquecer, cedi e rendi-me: aderi ao instagram. Não publico selfies nem tenho gatinhos para mostrar. Estou a dar os primeiros passos, a aprender, a tentar perceber qual o gozo ou a utilidade. Mas já estou a dar os meus primeiros passos e a ver como tirar partido sem ficar 24 horas por dia a ver a avalancha de posts que, em contínuo, corre pelo feed. Isto já para não falar nas stories e em tudo o resto.

E porque era uma necessidade que vínhamos sentido e também muito por pressão familiar, inscrevemo-nos num ginásio e já começámos a 'malhar'. Faço bicicleta, passadeira, máquinas para os braços, máquinas para as pernas. 

Claro que tendo os dias as mesmas horas, há que reajustar rotinas para encaixar novas solicitações. As caminhadas continuam sagradas, tratar da casa, cozinhar, falar com a família, ir às compras, tudo isso continua a fazer parte dos imprescindíveis, portanto, por vezes o tempo parece que não chega. Parece não: não chega. Não chega mesmo.

Claro que há que pacientar pois as alterações nas rotinas levam algum tempo até que a gente as encaixe sem perturbação.

Depois, pelo meio, há os extras que, parecendo que não, roubam tempo. Por exemplo, hoje fui à consulta anual de cardiologia. Antes tinha feito análises e exames. Felizmente está tudo bem. E o médico confirma que só faço bem em somar o exercício físico mais 'pesado' às caminhadas. Para a semana, adicionaremos pilates. Mais tempo adicionado às novas rotinas.

Mas, para uma consulta, que deve ter demorado menos de meia hora, perdi praticamente toda a tarde. Ir, estacionar, entrar, esperar pela vez (como sempre, o médico estava mais de uma hora atrasado), depois, assim como assim, não se ia desperdiçar o passeio sem ir comer um belo gelado. Depois ainda fui ao supermercado. Conclusão: horas.

Ainda não é hoje que vou divulgar os nomes dos livros nem o nome da autora nem o caminho para o meu instagram pois ainda estou a apalpar terreno, a perceber se as coisas têm pernas para andar. Logo que me sinta mais confiante, de tudo aqui darei a devida conta.

Acho que vos devo isso pois a vossa presença aí desse lado sempre foi um incentivo, uma companhia, uma mão que se estende. 

Até lá peço que não levem a mal não ter respondido a comentários ou a mails. Não tenho tempo... Leio tudo, disso podem estar certos. Quando aprender a organizar-me dentro destas novas solicitações, creio que voltarei a ter mais disponibilidade.

Abraços.

segunda-feira, fevereiro 10, 2025

A teoria da estupidez
-- e como a estupidez controla a sociedade --

 

Os exemplos são inúmeros. Por todo o lado a gente vê gente estúpida, muitas vezes estúpida a ponto de eleger quem, assumidamente, os vai prejudicar.

Por exemplo, uma parte significativa de imigrantes votou em Trump apesar de ele anunciar uma guerra aos imigrantes que não tinham os documentos em ordem. Imigrantes indocumentados votaram em Trump. Convenceram-se que, por viverem e trabalharem há anos nos States e de aí fazerem os seus documentos, pertenciam à casta dos imunes. E, esquecendo-se dos anos de dificuldade, apoiaram a sanha de Trump contra os mais indefesos. Agora andam à nora, sentindo-se duplamente estúpidos, em risco de perderem tudo e irem de vela, pois, segundo Trump e a bonequinha escolhida para sua porta-voz deixam bem claro, quem não tem papéis em ordem é criminoso e, se é criminoso, vai ser corrido dos Estados Unidos. 

Estúpidos. É como Musk. Uma das filhas mudou de sexo. Inclusivamente mudou de nome pois não quer ter nada a ver com o pai que apoia a sanha de Trump contra quem muda de sexo. Qual é mais estúpido? Trump ou Musk? Ou quem os apoia?

Musk tomou a máquina americana de assalto e despede, fecha, corte, ameaça, ri, salta a pés juntos em cima. Mas era de prever pois já o fez antes e, de resto, anunciou que iria fazê-lo. E milhões, muitos milhões de pessoas, ainda assim, votaram em Trump que andou o tempo todo com o Musk ao colo.

Mas o mundo é isto, um ninho de estúpidos. Ainda no outro dia, uma pessoa que nunca fez quaisquer descontos na vida falava, toda ela indignação, contra 'pretos e ciganos' que não fazem nenhum, vivem de subsídios, vivem à nossa custa. Ouvi, estarrecida, incapaz de encontrar palavras acertadas e não ofensivas para rebater o argumento pois só me ocorria dizer: 'Mas, ó sua grande estúpida, quem é que vive à sua custa se você nunca pagou 1 cêntimo de impostos ou descontou o que quer que fosse para a segurança social?'. Mas como não sei falar com estúpidos de forma cordata ou pedagógica, fiquei calada. Mas a roer-me por dentro.

E este é o grande mal. Os estúpidos, ignorantes sobre a sua ignorância, afoitos, marimbando-se para questões éticas, usam toda a espécie de argumentos estúpidos e ofensivos.

Os outros, entre os quais (talvez inocentemente) me incluo, são todos punhos de renda, todos nove horas, não querem ofender, não querem ser desagradáveis. Portanto, não se fazem ouvir. E não sabem desmontar de forma eficaz os argumentos dos estúpidos.

Mas vejam, por favor, o vídeo abaixo. Explica tudo bem explicado:

The Theory of STUPIDITY | Dietrich Bonhoeffer

In this video, we explore Dietrich Bonhoeffer's thought-provoking Theory of Stupidity, a fascinating concept that delves into human behavior, intelligence, and the nature of societal dynamics. From the origins of Bonhoeffer's ideas during World War II to their relevance in today's world, this video covers everything you need to know about his profound insights into how ignorance and thoughtlessness impact individuals and communities. Discover the subtle differences between intelligence and wisdom, the surprising power of influence in shaping actions, and why Bonhoeffer believed stupidity to be more dangerous than malice.


Desejo-vos uma boa semana
(de preferência longe de gente estúpida)

domingo, fevereiro 09, 2025

Já se conhece a fonte da juventude...?

 

É um tema complexo. Não se trata apenas de beleza, de cosmética, de vaidade pessoal. É um tema que envolve a vida mas, ao mesmo tempo, a qualidade de vida. E, ao mesmo tempo, a preparação da sociedade para enquadrar uma vida mais duradoura. Uma população proporcionalmente mais idosa, mais tempo sem trabalhar (e a Segurança Social a ter que aguentar) ou, se se trabalhar até mais tarde, encontrar trabalho para os mais novos, mais recursos, mais serviços de apoio a todos os níveis.

É um tema complexo.

Mas é um dos grandes desafios que a ciência enfrenta e que, deveria, em simultâneo, ser um desafio para todas as vertentes de gestão da sociedade.

De qualquer forma, mesmo que não falemos em prolongar a vida em mais 10 ou 20 anos, é agradável a perspectiva de que consigamos ter, tanto quanto possível, uma vida longa e feliz.

Uma alimentação equilibrada e saudável, exercício físico e, surpresa, surpresa, os dentes bem lavados!, parece um cocktail muito promissor. E, depois, haverá os comprimidos que parece estarem bem encaminhados. E depois haverá todo um mundo novo.

Face à forma descabelada e caótica como o mundo tem evoluído, não sei se esse mundo novo será feliz. Mas acredito que, retirando os episódios tristes que sempre acontecerão, talvez se consiga tirar um bom partido do que a ciência nos vai ensinando.

Have we already found the fountain of youth? 
- The Global Story, BBC World Service

Scientists are optimistic that existing drugs that could one day slow or reverse our ageing. 

For centuries, people have pursued the dream of eternal youth. It might seem like the stuff of myth or science fiction, but researchers have been making fascinating progress in understanding what happens in our bodies as we age. There’s optimism that we might soon be able to use drugs to slow down or even reverse how we age, extending the number of years we live healthy, productive lives. What’s more, some of us might be taking these drugs already. 

On today’s episode, Lucy Hockings speaks to Dr Andrew Steele, author of Ageless: The New Science of Getting Older Without Getting Old to find out whether we might drink from the fountain of youth in our lifetime.


sábado, fevereiro 08, 2025

Nada neste mundo existe e foi concebido por quem também não existe

 

STEAMPUNK Symphony | An AI Short Film

An AI Short is a Vintage Symphony that pulls you into the stunning world of Victorian style, steampunk fantasy, Rocco architecture, filled with Victorian charm, intricate fashion, and mesmerizing mechanical artistry. A perfect blend of vintage elegance and futuristic ingenuity



Presidente Musk

 

Pergunta: Quem votou em Trump, votou em Trump?

Resposta: Não, aparentemente votou em Musk.

E acrescento: E, mais grave ainda, o Presidente Musk tem como adjunto um maluco, Trump

President Musk

The real president wasn’t even on the ballot last November.


The Lincoln Project is a leading pro-democracy organization in the United States — dedicated to the preservation, protection, and defense of democracy. Our fight against Trumpism is only beginning. We must combat these forces everywhere and at all times — our democracy depends on it. 

sexta-feira, fevereiro 07, 2025

Susana André -- uma grande repórter da SIC

 

Os telejornais ou noticiários -- ou como se lhes queira chamar -- das 20 agora são um pack: notícias, comentário, tertúlia, reportagens. Cabe lá tudo e mais um par de botas.

Cá em casa não há preferência por nenhum dos canais. Se calha termos a televisão ligada, deixamos estar onde no momento nos pareça estar a dar alguma coisa mais interessante, menos maçadora.

Hoje, porque os telefonemas familiares empurraram a hora do nosso jantar para mais tarde do que é costume (agora temos vindo a tentar não jantar muito depois das 8), calhou sentarmo-nos à mesa e, pouco depois, começar a dar uma reportagem sobre uma das Blue Zones, um daqueles locais abençoados em que a vida corre simples e afável e em que um número significativo de pessoas consegue ter vidas longas e felizes.

Vi com gosto. Uma maravilha.

E a Susana André, que bela repórter. Também com simplicidade, também com afabilidade, conversou com as pessoas das aldeias, visitou-as, acompanhou-as. Que maravilha de reportagem, mesmo.

Para quem não viu, aqui deixo o link para a reportagem escrita (e que contém o vídeo): Jangadas de Pedra: qual o segredo da longevidade dos habitantes das montanhas da Sardenha?

Provavelmente é um lapso imperdoável da minha parte mas nunca tinha ouvido falar na Susana André mas vou passar a estar atenta. E vão daqui os meus parabéns para ela!

quinta-feira, fevereiro 06, 2025

É oficial: sou humana. De qualquer forma, ainda estou sob vigilância pois parece que inspiro uma certa suspeição.

 

Daqui por algum tempo, quando a coisa estiver melhor dominada, contar-vos-ei. Mas, para já, posso adiantar que fui bloqueada por desconfiança de que não sou humana. Tive uma certa vontade de os mandar bugiar. Mas como não sou de me ficar, fui à luta. Fiz e fiz e fiz, passei prova atrás de prova, até as mais absurdas e impensáveis, para provar que sou humana. Ainda assim tive que esperar mais que um dia para que analisassem o recurso.

Hoje recebi a comunicação: pediam desculpa e acreditavam que sou humana. Mas, passado um bocado, mostraram que estão de olho. Ainda não tenho liberdade total.

Inteligência artificial a pleno. Os humanos bloqueados por algoritmos que desconfiam de nós.

O admirável mundo novo, ao qual nos vamos habituando, tem muito de perverso. Temos que nos nivelar, temos que nos cingir a regras que desconhecemos -- senão somos banidos.

Mas é o que é.

Hoje fico-me por aqui. Depois de festejos, que estamos em plena época de aquários, depois de ainda irmos passear o dog, noite cerrada, um frio de rachar, depois de ter estado a ver coisas que não consegui ver antes, agora estou aqui com a cabeça a fervilhar de ideias. Mas se as ponho em prática, ainda lá veem os outros moer-me a cabeça a dizerem que têm dúvidas que sou humana.

quarta-feira, fevereiro 05, 2025

Segredo

 

Em minha opinião, uma das grandes vozes da poesia. Muitas vezes aqui a tive. É clicar aqui e, depois, ir por aí abaixo, abrindo, lá em baixo, as 'mensagens antigas'. 

O seu prazer em ser mulher, a defesa acérrima do pleno direito das mulheres, pleno direito a todos os títulos, incluindo ao pleno direito sobre o corpo, o uso pleno da palavra ao serviço da poesia, da condição da mulher, do prazer, do amor, da paixão -- tudo isso me encantou desde sempre.

E, depois, a sua intrínseca liberdade. A liberdade do uso íntegro da palavra. Sem medo, sem hesitação, sem inibição ou vergonha. E sem que, com a sua liberdade, embandeirasse em arco. Sem arrogância. Como uma coisa natural. 

Sempre a admirei, não apenas como poeta mas também como mulher.

Estava frágil, em casa, com receio de sair. Além disso, quem se alimenta do amor total a um homem, como ela amou o seu Luís, e da companhia desse homem se vê privada, fica forçosamente debilitada. Chegou ao fim.

Esta terça-feira de manhã tive uma daquelas minhas premonições que até a mim me assustam. Tinha que sair e estava à pressa mas quis ligar o computador. Cá para mim pensei: 'deixa cá ver quem é que morreu...'. E, ao pensar isto, fiquei incomodada. Enquanto o computador ligava, arranjei uma desculpa para um pensamento tão estúpido: pensei que desde já há algum tempo que não aparecia a notícia da morte de alguém do mundo das artes. Mas estava mesmo incomodada, só me chamava estúpida por estar com pensamentos tão parvos. Quando abri um dos jornais, apareceu logo a notícia: Maria Teresa Horta tinha morrido. Só me apeteceu desligar logo o computador. Má notícia. Caraças. 

Enfim. 

Fica-nos a sua magnífica poesia. 

Por exemplo:

Segredo 

de Maria Teresa Horta


Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça

nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa

Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço

Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar
nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar

Maria Teresa Horta in 'Minha Senhora de Mim' -1972

É que é tudo tão estúpido que até quase dá vontade de rir

 

Podemos ficar estupefactos, estarrecidos, perplexos com o monte de decisões parvas, absurdas, ridículas, ingratas, mesquinhas, maldosas, podemos pensar que não dá para acreditar, mas a verdade é que está tudo a acontecer, está mesmo.

O que vale é que, pelo menos, quem faz paródia não é atirado pela varanda ou envenenado.

Trump's Destructive Weekend | Canada Is Booing Us | Tariffs Will Cause "Pain" | Going Back To 1913

Buckle up as Stephen Colbert goes through the laundry list of disastrous moves made over the weekend by President Trump, which included slapping tariffs on Mexico and Canada and giving Elon Musk access to the Treasury Department's payments system. 



Até custa a acreditar

 

Como foi possível que os americanos tivessem eleito um maluco, um déspota, um tresloucado que, ainda por cima, se apresentou assim, exactamente como é, um sujeito que deixou claro que levaria consigo o Musk, outro que tal, com a incumbência de dar cabo do que pudesse, é coisa que ainda custa a digerir.

O Valupi descreve bem a situação mas a verdade é que custa a aceitar que a democracia permita que se abram as portas, de par em par, a criaturas que se estão nas tintas para a democracia, para a lei, para tudo.

Poucos dias decorridos desde a tomada de posse e o que se tem assistido é uma avalancha de medidas impensáveis. 

Meia dúzia de putos entre os 19 e os 24 anos, uns com o curso do liceu, outro estagiário, sem qualquer experiência nestas ou noutras andanças, estão com um poder ilimitado a tomar decisões que têm impacto na vida de milhões de pessoas. Esta peça da CNN internacional dá bem conta disso (tem legendas):

Musk says naming 6 young men working for DOGE is a crime. 'Wired' journalist responds

CNN's Erin Burnett speaks to Katie Drummond, the global editorial director at WIRED, about the backgrounds of some of the young men working for Elon Musk to cut government agencies. WIRED reports that the men they identified are young and have little to no government experience. 


terça-feira, fevereiro 04, 2025

Quanto tempo o tempo tem

 

Ontem e hoje dias de reencontros, daqueles em que as pessoas se lamentam dizendo que é pena é que seja nestas alturas que a gente se encontra. Pois. E despedimo-nos a dizer que 'temos que combinar qualquer coisa.' Mas depois o tempo passa.

Em pequenos grupos, vai-se conversando. Onde eu estava, conversas de médicos, vários, racionalizando, descrevendo as maleitas que vão aparecendo com o tempo, constatando o óbvio: chega a uma altura em que, se a pessoa vive, é apenas para morrer mais devagar.

E, ao mesmo tempo, duas jovens mamãs, cada uma com os seus dois filhos, idades variáveis entre os 4 anos e os 4 meses. As crianças não sossegam e as mães tentam que os filhos não se magoem. O bebé, agasalhado, no carrinho. Entraram há pouco para a passadeira rolante que é a vida. Correm, brincam e riem ao mesmo tempo que outros choram quem acabou de sair dela, alguém para quem a linha do tempo se extinguiu.

Revi também uma 'rapariga' que apenas reconheci pela mãe. A mãe manteve as feições mas ela está muito diferente. Devia ter cinco, seis, não sei, devo ter-me encontrado com ela até ela ter uns nove ou dez anos. Agora, se calhar uns quarenta e tal anos depois, quando a abracei tratei-a pelo diminutivo com que a tratava. Espantaram-se. 'Ah, ainda te lembras...'. Claro que me lembro. Sorrimos: continuamos a tratar-nos assim. Não faz sentido tratarmo-nos de outra maneira, o afecto que nos une é o mesmo de quando éramos pequenas.

Mas o tempo passa. 

Disseram-me: 'Há um ano passaste tu por isto.'. Pois foi. E desatei a chorar. 

As flores que a minha filha lá pôs há um ano, ainda estavam boas e deixei-as ficar. Juntei-lhes outras. Com carinho, ajeitei-as. Mas, na verdade, é um gesto simbólico. Mais flor, menos flor. Para mim, a minha mãe não está ali, nunca esteve. O que ela era, a nível material, o que sobrou, diluiu-se na terra (e ainda bem que assim é). O que ela era, imaterial, vive ainda em nós. E está ainda bem vivo.

Mas, enfim. É o que é. É a vida. É o tempo que passa. Nada a fazer. São as circunstâncias da nossa condição humana, finita, efémera.

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Por isso, adiante. Para a frente é que é caminho.

Para que não me fique um travo a uma certa tristeza, talvez a uma certa impotência, se não levarem a mal, a ver se espaireço, vou ter com a Philomena CunK que tem aquela maluquice irreverente que me agrada.

Philomena Cunk on Time – A Deeply Confusing Investigation | Moments of Wonder

What is time? Can we see it? Can we touch it? And if we stop all the clocks, does time stop too? In this hilarious episode of Moments of Wonder*, Philomena Cunk takes a *very serious (but mostly wrong) look at the concept of time.  

Join Philomena as she visits the Greenwich Clock Museum to investigate what clocks actually do, asks experts deeply confusing questions, and delivers her trademark deadpan wisdom on one of life’s biggest mysteries.  

⏳ Prepare for an educational experience like no other—because after watching this, you might know even less about time than you did before.  


Desejo-vos dias felizes

segunda-feira, fevereiro 03, 2025

Benefícios de um bocadinho de solidão

 

Desde que me lembro, sou de entrar pela noite.

Era eu miúda, o meu quarto ainda era aquele de que eu tanto gostava e do qual não há uma única fotografia (uma mobília toda ela funcional, construída à medida, de madeira clara, linhas direitas e percursora das linhas actuais, lineares, nórdicas) e apontava o candeeiro bem para a cama para que não se visse a luz por debaixo da porta, até que a minha mãe, lá para a uma ou duas da manhã vinha zangar-se por eu ainda estar a ler àquela hora.

E sempre assim foi. Mesmo quando os meus filhos eram pequenos e eu andava esgotada de tanto trabalhar e por tanto me esforçar por conciliar tudo, precisava de ficar levantada a fazer o que quer que fosse depois de todos estarem a dormir. 

Preciso de um tempo meu. Os meus dias não se cumprem se eu não conseguir estar sozinha. Junta-se o facto de ser noctívaga à necessidade imperiosa de ter um tempo meu, em que ninguém fala comigo e eu não falo com ninguém, em que faço o que me apetece.

Quando estava em serviço, deslocada, a ter que estar enturmada de manhã à noite, tantas vezes com 'programa' até às tantas e tendo que estar no efectivo às primeiríssimas da manhã, mesmo assim levava o computador e estava acordada no quarto entretida a ler ou, desde que comecei o blog, a escrever aqui.

Pois bem.

O meu dia hoje foi preenchidíssimo: porque entrámos na era aquariana, levantei-me cedo para irmos caminhar e depois ir buscar comidas diversas a vários sítios e estar em casa, com a mesa posta, a salada feita, as frutas preparadas e tudo a postos para quando as tropas chegassem. Ainda por cima, quando agora ponho despertador, acontece-me acordar horas antes e já não conseguir dormir até o dito tocar. Portanto, dormi muito pouco.

E aí foi a alegria de sempre, a movimentação e animação de sempre.

Mas, depois, ao fim do dia, o registo foi outro, já não foi cá em casa, e aí já não houve alegria, pelo contrário. 

Portanto, com um dia assim, teria razões mais que muitas para já estar na cama, ferrada, a recuperar energias. Ainda por cima, esta segunda vou outra vez ter que acordar cedo e seria bom que estivesse bem dormida para me aguentar, pelo menos na medida do possível. Mas não senhor, aqui estou.

Mas vi agora um vídeo que me consola: afinal isto de ter um bocado só para mim até é bom. Claro que se calhar seria preferível que não fosse às quinhentas... Mas isso são outros quinhentos...

Why being a 'loner' could be good for you | BBC Global

Many of us make an effort to surround ourselves with others, but we don't need to do this all the time.

Emerging research suggests there are some potential benefits to being alone.

These benefits range from improving our creativity, mental health, and even leadership skills.


Desejo-vos uma boa semana

domingo, fevereiro 02, 2025

O jogo dos pombos -- o retrato de um certo Portugal (e de uma Lisboa desconhecida)

 

Num dia que para mim é triste, limito-me a transcrevo um artigo de Nowness (porque é importante documentar práticas que parecem em extinção num mundo em que o passado parece esvair-se sem deixar rasto):

Portrait of a Place: O Jogo Dos Pombos

Em Lisboa, o columbófilo Senhor Jorge Cunha continua a antiga prática de treinar e competir com pombos, reflectindo sobre uma rotina inalterada numa cidade em evolução

Como janela para a vida do Senhor Jorge Cunha, um columbófilo de Lisboa, o realizador George Daniell capta uma rotina inalterada pelo tempo para a curta-metragem O Jogo dos Pombos. Na capital portuguesa – uma cidade que está a ser rapidamente engolida pela gentrificação e pelo turismo – Jorge continua uma ocupação histórica que está a desaparecer na modernidade, seguindo diariamente a mesma prática por dedicação ao treino e cuidado dos seus pombos.

Trabalhando num estúdio em Lisboa, junto à casa que Jorge partilha com a sua mulher e ao pombal que alberga os seus pombos, Daniell testemunhou a rotina de Jorge a desenrolar-se como um relógio, acordando cedo para limpar o pombal e voar com os pombos. Fascinados por aprender mais sobre o seu ofício, formaram uma amizade e conectaram-se através da antiga prática da Columbofilia – ou corrida de pombos – que logo se desenvolveu na base do filme.

“Observava o Jorge e os pombos quase todos os dias, cativado pela sua dedicação à rotina. Passado algum tempo, tentei fazer perguntas ao Jorge sobre os pombos no meu português macarrónico. Lisboa é uma cidade que está a ser rapidamente engolida pela gentrificação – ver Jorge a cuidar dos seus pombos é um pouco como voltar atrás no tempo, por isso pareceu-me algo que queria documentar.”

Aprimorando a prática manual que realiza repetidamente, Daniell e o diretor de fotografia Duarte Domingos espelharam o processo analógico de Jorge ao filmarem inteiramente em película de 35 mm e 16 mm. Através das reflexões do Senhor Jorge e da poesia visual dos pássaros em voo, O Jogo Dos Pombos observa um modo de vida tradicional numa cidade em rápida mudança, como um fragmento duradouro do passado de Lisboa que continua no seu presente.

In Lisbon, pigeon fancier Senhor Jorge Cunha continues an ancient practice in a fast-evolving city

sábado, fevereiro 01, 2025

Vejam bem o que aquilo com que o algoritmo do YouTube me presenteou...

 

As coisas estão como estão, e eu nem me pronuncio para melhor as classificar pois é tudo too much e nem sei que diga ou para onde olhe, tantos os pontos de subversão e loucura, e, por cá, a malta continua a brincar às eleições presidenciais. Já aqui falei algumas vezes que não percebo que fossanguice é esta. Faz lembrar as vizinhas que, à falta de assunto, se pronunciam como umas e outras estendem a roupa.

Como penso apenas dedicar-me a isso quando estivermos lá, passo adiante.

Há ainda o tema da pen. Mas também não consigo perceber o que quer que seja sobre o grande assunto da pequena pen. Portanto, passo também adiante.

Conto antes um sonho tramado. Estava na empresa, a uma mesa com outras pessoas, e aparecia-me um artista que, com ar arrogante, me dizia que tinha sido admitido com a garantia que lhe dariam um computador topo de gama, com uma placa gráfica toda xpto, uma coisa de luxo, fora das normas da empresa. Eu dizia-lhe que, ali, não era cada um que escolhia os seus instrumentos de trabalho, era a empresa que avaliava as necessidades face às funções e providenciava o que fosse necessário. Mas ele falava-me de alto e dizia que isso fazia parte das suas condições admissão e eu, já contrariada, dizia que ele fosse pedir ao funcionário que lhe tinha dito isso que lhe desse o computador que ele queria. Ele dizia que tinha sido o director de Recursos Humanos e eu dizia que, sim senhor, o director de Recursos Humanos que, com o seu próprio dinheiro, fosse à Fnac ou à Worten e comprasse um computador para lhe dar. E a coisa ia escalando e eu, cada vez mais irritada, já lhe dizia que ele expusesse o assunto ao Marcelo.

Acordei contrariadíssima, como se estivesse outra vez em ambiente de trabalho, com gente a reivindicar tudo e mais um par de botas, e tudo me vinha cair em cima e eu é que tinha que ser a má da fita. Primeiro que assimilasse que tinha sido um sonho foi uma carga de trabalhos.

Pois bem. Que nem de propósito, fomos almoçar a um belo restaurante, em cima do rio. E há compartimentos para cada mesa. Os compartimentos estão separados uns dos outros por ripas de madeira e, portanto, se os comensais falarem alto, consegue ouvir-se.

Nas minhas costas estavam 4 cavalheiros que falavam empolgadamente de trabalho, de orçamentos, de departamentos cujos objectivos ficam aquém, que os resultados parece que se arriscam a ficar aquém, que iriam ter que resolver algumas situações porque há desempenhos que parece que estão aquém. E falavam de nomes. E o meu marido repetia o nome e dizia: 'A X. vai saltar'. E só não digo aqui o nome dessa ou de outros pois não quero trazer más notícias. E eu, ouvindo-os falar, pensei que, felizmente, já estou fora destes números. Aliás, sempre odiei tratar de assuntos de trabalho ao almoço. Mas, independentemente de ser ou não almoço, fico mesmo contente de já estar distante deste tipo de problemas com o qual eu também estava confrontada.

Eu estava a saborear a boa comida, a conversar, a ver a vista, e aqueles pobres coitados ali enfronhados em problemas e mais problemas...

E agora aqui, à noite, enquanto nas televisões se debate o almirante e a pen e mais não sei que pepineiras, vou até ao YouTube e sou presenteada com o vídeo abaixo. E, portanto, à falta de melhor, aqui o partilho:

King of the Dorks (Elon Musk / Donald Trump song parody)

Who is the real king of the dorks - Elon Musk or Donald Trump? Also starring Mark Zuckerberg, Jeff Bezos, Kristi Noem, Pete Hegseth, RFK Jr, and Karoline Leavitt.

Song parody of "The King of New York" from "Newsies"


E siga o baile