Por estes dias, aqui chegada, à noite, não tenho muito assunto. Muitas vezes nem muito nem pouco. Não vejo televisão nem sei de notícias senão quando aterro aqui no sofá.
Abro a página em branco e penso: 'Escrevo o quê?'. E, muito sinceramente, só me ocorre falar do que foi o almoço. Fazer o quê?
Por isso, aqui vai e vai sem mistérios: grelhada mista.
Fui ao talho em que estou a habituar-me a ir pois tem carne boa e um jovem talhante que sabe ir ao encontro do que lhe digo.
O meu filho tinha-me falado em piano. Não havia. Mas tinha uma peça de entrecosto alto, ainda com o courato. Não se atrapalhou: retirou o courato e o toucinho. Isso não veio. Depois, retirou um rectângulo de carne alta. Ficou, então, a parte do osso com fina camada de carne por cima. Mas depois vi aquele rectângulo de carne e resolvi trazê-la. O rapaz sugeriu abri-la ao meio, transformando-o em dois bocados de carne baixa. Pareceu-me interessante.
Depois trouxe costeletas do cachaço mas em corte largo, para ficarem costeletas grossas.
Trouxe também pernas de frango do campo pois toda a gente gosta de pernas de frango grelhadas. O meu filho tinha-me falado em peitos de frango. Aí o rapaz sugeriu abrir os peitos ao meio e eu achei boa ideia. Afinal o meu filho disse que ficariam melhores inteiros, altos. Para a próxima, já sei.
Trouxe também bifes do pojadouro que ele me disse que eram um espectáculo mas para se lhes dar apenas um cheirinho de calor.
Logo de manhã recebi uma mensagem do meu filho para preparar uma marinada mas apenas para as carnes de frango e de porco: 1 cerveja, sumo de 1 limão, alho picado (não muito pois o pessoal não gosto de sabores demasiado intensos), louro, um pouco de pimentão doce e sal. Juntei também orégãos.
Os bifes de vaca, apenas uns leves grãos de sal e sumo de limão na hora de irem à grelha.
Ao contrário do que dantes eu pensava, não se deve pôr azeite no tempero da carne. Pelo contrário, deve pôr-se limão ou cerveja pois o ácido cítrico do limão ajuda a quebrar as fibras musculares da carne, tornando-a mais macia. A cerveja também amacia. Além disso, ao grelhar carne em altas temperaturas, são gerados compostos como aminas heterocíclicas (AHCs) e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs), que têm potencial cancerígeno. Marinadas à base de ácidos (como o sumo de limão) ou antioxidantes (presentes na cerveja) podem ajudar a reduzir a formação desses compostos.
Acresce que, às brasas, foi adicionado um pouco de alecrim, que perfuma a queima mas é tido um outro cuidado: usam-se grelhas altas por forma a não submeter a carne à queima directa ou ao contacto com temperaturas muito elevadas.
Aprendemos isto com nutricionistas ou investigadoras como a Conceição Calhau.
E, digo-vos, faz toda a diferença. Claro que é também essencial haver arte no grelhador. Juntando a arte e o conhecimento, o produto final é uma maravilha. E bem mais saudável.
Depois, na mesa, para temperar a carne grelhada, tinha um molho simples feito com azeite, sumo de limão, orégãos e coentros migados. Mexendo tudo, emulsiona. 'Servi' com um pincel para se poder pincelar devidamente a carne ao ir para o prato. Fica muito bom mas, mesmo não pondo nenhum molho, o tempero e o ponto estavam suficientemente bons para até poderem dispensar tempero adicional.
Para acompanhar, tinha batatas fritas (de pacote, tradicionais, umas normais e outras light), salada de alface (que fiz com alface ice, que é nutricionalmente mais fraca mas de que todos gostam, abacate aos bocados, azeite, orégãos e vinagre bio com mel), salada de tomate (tomate maduro cortados aos quadradinhos, com azeite, orégãos, e queijinhos mozzarelas às bolinhas) e feijão preto (num tacho, com um pouco de azeite, frito cebola picada e um pouco, para aí um quarto ou menos, de chouriço artesanal aos bocadinhos e salsa. Quando está tudo douradinho, juntei duas latas de feijão preto mais ou menos escorrido. Mexi bem, deixei ferver mas sempre em lume brando). Tinha ainda pão de Rio Maior.
Para sobremesa tinha salada de frutas e um doce que o meu marido fez e que estava bom.
Numa frigideira cozinhou maçãs cortadas aos cubinhos, com casca (apenas sem o pé e sem caroços), juntamente com um frasco inteiro de compota de pêssego. Juntou um pouco de sumo limão e um pouco de canela. Quando a maçã estava cozinhada, passou para a fase seguinte.
O forno estava a aquecer a 200º.
Forrou um tabuleiro com papel vegetal e pincelou com azeite. Em cima colocou a massa folhada fresca que comprámos no supermercado, com formato rectangular. Encheu com a fruta cozinhada em compota. Foi ao forno que, entretanto baixou para 170º
Só depois se lembrou que, supostamente, era para levar amêndoa torrada aos bocadinhos. Poderia remediar-se mas já estava farto, não quis pôr. Mas estava bom na mesma. Serviu-se com gelado de limão. Aqui não foi especialmente apreciado, disseram que teriam preferido de baunilha ou natas. Fica para a próxima.
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E pronto, não sei que mais vos conte. Só se for o lanche.
O almoço acabou já depois das 3 da tarde. Depois ainda houve jogos de cartas e outro de que não me lembro o nome mas que me fez rir até às lágrimas. Depois, parte deles, na verdade todo o sector masculino menos o avô (incluindo o mais novo de sete anos), como a tarde estava de assar, resolveram ir fazer um passeio de bicicleta. São doidos. Saíram todos de capacete, parecia a volta a Portugal, tudo em fila de pirilau a encher a estrada. Depois, passado um bocado, vieram deixar o mais novo em casa (furioso, a achar-se discriminado) mais o guarda-redes mais velho que não queria perder o jogo do Sporting, e continuaram para um passeio mais puxado. Regressaram passada uma hora, completamente afogueados. E claro que o desporto não se ficou por aí pois ainda houve partida de vólei.
Banhos tomados, hora do lanche. Que ainda não estavam com muita fome, que se calhar não era preciso nada de especial.
Pois... Como se já não os conhecesse...
Fiz batido de leite e fruta para uns
Fiz batido de kéfir com latte dourado para outros
Uma das comensais comeu iogurte natural com salada de fruta.
Quase todos comeram salada de fruta.
Depois tostas (fatias de pão-de-forma de Rio Maior, tostadas) com queijo fresco e presunto e outras com tomate.
Depois tostas com fatias de queijo e o doce de gamboa.
E, no fim, estando o lanche terminado, para meu espanto, um dos meninos veio ter comigo e perguntou se não havia mais e se não podia comer uma sandwich ou qualquer coisa que o enchesse mais.
Fui então buscar uma carcaça, enfiei-lhe lá um bife do pojadouro (do que tinha sobrado do almoço), pus um pouco de ketchup e como piada, juntei, lá dentro, batatas fritas. Chamou-lhe um figo, claro.
Talvez fossem já umas sete ou mais da tarde, nem sei bem.
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E agora é que já não sei mais que vos diga. Só se for para vos desejar um feliz dia de domingo.