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domingo, novembro 07, 2021

Crónica de um sábado tranquilo

 



Fui conhecer a peixaria em que, supostamente, o peixe vem do mar, comprado na lota. Contudo, hesitei bastante pois o que lá vi daria para grelhar ou para uma caldeirada e eu estava com ideia era num belo peixinho cozido. Quando estava a vir-me embora, a peixeira falou-me nuns chocos muito frescos. Abriu o frigorífico e mostrou-mos. Vi-os e deixei-me tentar pois pareceram-me mesmo a escorrer frescura. 

Fi-los cozidos com tinta. À parte, cozi batata normal, batata doce, feijão verde e uma cebola. Cozi os chocos sem colocar sal. Cozeram rapidamente. Depois de cozidos, retirei o pequeno saco da tinta, os olhos e os dentes. De resto, aproveitei tudo. Cortei-os, temperei com cebola crua, salsa e azeite. Estavam óptimos. Mérito deles pois sabiam a mar. Uma pessoa depois fica com a língua preta... mas paciência. Depois vai ao sítio.

Fiz duas máquinas de roupa e algumas arrumações. O meu marido esteve outdoor: limpou a caruma e as folhas secas.

A caminhada foi ampla. Tínhamos tempo. A temperatura estava baixa mas, como havia sol, o frio ficava disfarçado de agradável.

Encontrámos várias pessoas. Tenho ideia que, desta vez, de bicicleta apenas um casal. Os outros todos a caminhar.

A pessoa mais curiosa foi um rapaz muito alto e magro que vinha ao telefone, falando numa língua que não reconheci. Creio que seria nórdico. Trazia ao colo, numa daquelas cadeirinhas, um bebé que ia virado para ele, quase espalmado. Só se viam as perninhas e o gorro com dois pompons. O meu marido achou que devia ser um boneco, por ser tão pequeno e ir tão espalmado. Mas não faria sentido um homem daquele tamanho andar a passear um boneco. Quando passou por nós sorriu e disse bom dia. Em português mas com um sotaque curioso que fez soar o bom dia quase imperceptível e divertido. 

É muito frequente cruzarmo-nos com pessoas que estão a caminhar ou a cuidar dos seus jardins e que percebemos que são estrangeiras e que, agradavelmente, nos cumprimentam na nossa língua. 

Contei ao meu marido que ontem, quando vinha a chegar a casa me tinha cruzado na rotunda lá mais ao fundo com aquela mulher jovem que costuma caminhar apressadamente, de calções e top de alças e com um bebé no carrinho. Com o frio que estava ela ia, na mesma, de calções curtinhos. Não com o top de alças (por vezes praticamente apenas um soutien), mas uma tshirt de manga curta. Não sei como aguenta o frio assim vestida. O meu marido diz que se calhar no país dela as temperaturas são muito mais baixas.

Numa casa muito bonita, espectacular mesmo, uma obra de arquitectura de se lhe tirar o chapéu, onde antes já vi um homem a apanhar sol na sua espreguiçadeira mas nunca uma mulher, hoje vi-o a ele com uma mulher. Estavam curvados a plantar flores junto a um dos lados. Estavam encostados, numa cumplicidade partilhada, ambos dispondo pequenos pés de flor.

Numa outra rua, passaram por nós duas mulheres a caminhar a muito bom ritmo. Não eram especialmente jovens mas estavam vestidas de uma maneira jovem e tinham o cabelo apanhado de uma forma displicente e também juvenil. Conversavam de forma muito viva, como se falassem de alguma coisa que as indignava. Falavam em francês. Tão focadas iam no tema que nem nos viram. 

Cheirava a lareira junto a uma das casas e gostei imenso de sentir esse cheiro. Fiquei mesmo com vontade de acender a nossa.

Quase todas as casas têm pelo menos um cão. Há cães de todas as raças. Hoje vi um belíssimo, com um porte imponente. Não percebo nada de raças. O meu marido disse que lhe parecia um pastor belga. 

Passou por nós, uma rapariga com um grande pastor alemão. A rapariga quase voava, tal a força com que ele a puxava. Quando regressávamos a casa, voltámos a cruzar-nos com ela. Ia na mesma, sem conseguir impor a sua vontade, simplesmente a voar atrás dele.

O nosso ursinho ficou no jardim. Quando puder sair, virá connosco. 

Há bocado fez uma coisa que só vista. Aliás, ao fim do dia voltou a ficar com as pilhas todas e as rotações a mil. Fez trinta por uma linha. 

Antes de o pormos para dormir, o meu marido leva-o à rua. Por vezes, vai e vem com sono. Mas ultimamente esperta e volta a ser o fim da picada para conseguirmos que fique sossegado e calado. Vira e revira a sua caminha, tira a mantinha, tira o peluche que a minha filha trouxe. Aparece tudo virado do avesso no meio da cozinha. Ouvimos aquele estrafego à mistura com os seus latidos. Hoje estava de mais, ouvia-o raspar e raspar.

Acho que já o contei: da cozinha para o corredor há uma porta mas para a sala não. Então fizemos uma barreira com uma mesa de cabeceira virada com as costas para a cozinha e um aquecedor (porque a mesa de cabeceira é mais estreita que a passagem) e, para ele não ter força para empurrar o aquecedor, atrás põe-se o saco de 15 kg de ração. Quando o saco estiver menos cheio temos que encomendar outro, senão não resulta. 

Foi o que aconteceu hoje. O meu marido foi-se deitar e eu vim para a sala. E ouvia-o a fazer aquela barulheira toda. Mas o truque é não irmos lá nem dizermos nada porque ele acaba por se cansar e adormecer. E estava eu aqui a começar a escrever isto quando deixei de o ouvir. Pensei: finalmente cansou-se. Eis senão quando senti uns passinhos e... me aparece ele aqui, todo animado, a dar ao rabinho. Até me assustei. O saco da ração não devia estar a fazer suficiente pressão no aquecedor que ele tanto o empurrou que conseguiu abrir uma pequena abertura entre o aquecedor e a mesa de cabeceira. Não me perguntem como é que ele conseguiu caber por tão estreita abertura porque não consigo perceber, dir-se-ia impossível. 

E mais outra: agora tenho que chamar o meu marido para me ajudar a raspar-me da cozinha pois a irrequieta criatura, mal me vê a dirigir-me para a porta, até salta para se empoleirar em mim e, mal abro a porta, esgueira-se para o corredor. E o pior é que depois não se dá apanhado... O meu marido diz que não posso deixar que ele faça o que quer. Mas a verdade é que não consigo impedi-lo. O meu marido dá-lhe com o pé e ele quase voa. Não é um pontapé, é um empurrão com o pé. Mas claro que não consigo fazer isso, Recearia magoá-lo. Não há explicação para as coisas que ele faz, um pequeno terrorista. Mas uma graça, uma inteligência. Só que teimoso, teimoso, teimoso. 

Tomara que tenha as vacinas todas para ver se se cansa com as caminhadas. O que vale é que depois dorme até de manhã. 

Enfim. Nada mais tenho a dizer sobre este sábado tranquilo. E desculpem ter tomado o vosso tempo com coisas tão de nada.


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Flores de Salvador Dali ao som de Motherland por Natalie Merchant

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Desejo-vos um bom dia de domingo

quarta-feira, março 06, 2019

Potpourri com a cataplana do Costa na casa da Cristina Ferreira, com bochechas e queixadas à mistura e com a saltitona Katelyn Ohashi a mostrar o que é a alegria absoluta





Gostava de contar todas as minudências do meu dia mas acredito que seja fastidioso para quem me lê.  Tudo muito mais do mesmo e, como sempre, nada de relevante.


Conto apenas por alto que desbastei uma árvore grande que está num dos lados do caminho que vem do portão grande. Não sei que árvore é aquela, não é azinheira nem é aroeira. É uma árvore muito linda e tem uma madeira amarela que, quando cortada, cheira muito bem. No fim, estava no chão um mega monte de ramos que arrastei com esforço lá para baixo. Quem veja e não saiba, nem vai perceber o grau de desrame que a árvore sofreu: continua armada e sombrejante como se não tivesse passado por toda aquela amputação. Também continuei com ancinho e vassoura a apanhar bolotas, folhas, terra, musgos e restinhos de cenas que, tudo junto, voltou a dar mais um montão de carrinhos de mão. Também varri, lavei e limpei a casa por dentro. E, para além de peixe cozido para o almoço, cozinhei queixadas de porco no forno com orégãos, alecrim e mel e bochechas, também de porco, estufadas. Para acompanhar, arroz de cenoura feito com o caldo do estufado. E isto trouxe para jantarmos em casa da minha filha. Rever os meus amores, estar na conversa, é das coisas boas da minha vida. Estão grandes os meninos, brincalhões, felizes da vida. Viemos de lá relativamente cedo porque o meu marido anda com dores no pescoço e, às tantas, fica impaciente e, além do mais, tínhamos coisas para arrumar e, segundo decretou, 'estamos a precisar de descansar'.


E é verdade. Foram uns belos dias in heaven mas em que trabalhámos de sol a sol. Intercalei apenas por volta do meio dia para ver o António Costa com a mulher, os filhos e a nora no programa da Cristina Ferreira. Muito bem todos, uma família simpatiquíssima, tudo gente boa onda. Todos bem... excepto a Cristina Ferreira. E o excepto tem a ver com aquele excesso, aqueles gritos, aquela gargalhada insuportável, aquela maneira histriónica de ser e de se vestir, aquela maneira absurda de se pôr de perna aberta quando está de pé a falar com alguém, aquela parvoíce que aparece a todo o momento como, por exemplo, ao tirar os sapatos e pôr-se de chinelos, supostamente para ir almoçar. Não há dúvida que bate a concorrência aos pontos mas, como nunca vejo televisão de manhã, não consigo estabelecer paralelismos. Provavelmente os outros, nos outros canais, são mais sóbrios e a malta gosta é de chinfrim, de baderna e de fofoca. Do que percebo, a grande aposta da Cristina Ferreira é devassar a vida privada das figuras públicas. Ora isso apela ao voyeurismo de que toda a gente padece um bocadinho. No fundo, no fundo, é a decadência.


Confesso que, na véspera, ao ouvir que o Costa lá ia, temi o pior. Pensei: não me digam que vai sujeitar-se àquelas perguntas que apelam ao sentimentalismo, à lágrima. Se ceder a essa piroseira vai ter-me à perna, ah vai, vai. Mas não senhor, manteve-se no seu registo de boa onda e depois concentrou-se na cataplana, foi respondendo com a leveza típica de quem vai conversando enquanto faz a comida e deixou a Cristina a fazer a festa com o resto da família. Gostei de vê-lo, na boa, com a sua alegre Fernanda, com o filho que é outro simpático e as duas meninas, bonitas e sorridentes. Portanto, por esta passa. E se aquilo chega a casa de um milhão de pessoas pois, muito bem. Manteve a dignidade, não disse nada que envergonhasse aqueles que o apoiam. Portanto, adiante. 


Tirando isso, só sei que daqui a nada estou de volta ao trabalho e que nem tão cedo volta a haver feriados e isso não é ideia especialmente inspiradora. Também sei que tenho alguns assuntos de que gostava de falar aqui (e um foi-me agora enviado pelo P, a quem muito agradeço) mas requerem alguma concentração e, a esta hora, não tenho neurónios acordados em número suficiente. Também sei que, neste momento chove que deus a dá, sopra o vento com intensidade, atirando fortes bátegas de água contra a janela -- e esse som é outro que me agrada. 


Como sempre faço, abro o Youtube, preguiçosa de ir à procura, passiva, curiosa de ver o que o safado do algoritmo resolveu escolher para me mostrar. E, uma vez mais, ele acertou. Tinha, logo em primeiro lugar, mais um extraordinário desempenho da mocinha reboludinha, pequeninha, elástica, risonha: Katelyn Ohashi. É humana, mulher e, no entanto, parece uma boneca saltitona, um pássaro maroto, alguém muito diferente dos outros humanos. Vê-se e pasma-se. Como é possível?



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Como continuo tomada pela indolência, em vez de ir escolher fotografias feitas por mim e para fazer jus ao potpourri do título, fui buscar a companhia de uma malta dada ao surrealismo, a saber, respectivamente, Roberto Matta, Wolfgang Lettl, Paul Klee, Salvador Dali, Wolfgang Lettl e Jindřich Štyrský. Para companhia musical: Malena de Ennio Morricone. Tá-se bem.

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E agora já ia desejar uma boa semana a começar por ... quando dei por mim a acordar a tempo de ver que onde é que já lá vai a segunda-feira. Thanks god já é quarta-feira. Mas que seja tudo bom na mesma, ora essa.

segunda-feira, fevereiro 16, 2015

O que é o amor?


Gala por Dali



De que coisa é feita o amor? Que mistério é esse que aproxima quem antes se ignorava? Com que invisíveis laços se unem pessoas que antes nem se pressentiam? 

Pode amar-se alguém cujo olhar nunca se tocou? Podem as mãos não se tocar e os corações já se sentirem próximos?

Não sei. 

Nem sei em que momento se pode usar a palavra. Pode ser apenas uma curiosidade, uma vontade de descoberta, a intuição de um afecto que se esboça, uma aproximação de interesses, pode ser só isso, nada de mais. Pode nem ser amor. Ou pode até nem ser importante saber qual a palavra a usar. Talvez a palavra só sirva para atrapalhar, ser como que um compromisso desnecessário, ou uma ameaça. Pode ser até mais cómodo fazer de conta que nem se suspeita disso.


L'amoureuse de Paul Éluard - Nena Venetsanou



Olho os retratos de Gala e tantos são eles e não a acho atraente. E, no entanto, que paixões despertou. 

Do que sei (ou julgo saber), o que faz com que dois seres se sintam próximos de uma forma especial e queiram manter-se assim e cada vez mais e cada vez mais, não é algum aspecto físico em particular, não é a voz, não é o olhar, não é a inteligência, não é a sensualidade, não é a generosidade, não é o apelo da sedução, não são ss afinidades: é a mistura harmoniosa de todos estes factores e de outros e é a forma como um completa o outro, como um consegue aproximar-se do outro, como um consegue tocar o outro, como um se deixa invadir pelo outro.

Talvez tenha sido isto que Gala conseguia junto dos homens que a amaram. 


Max Ernst, Gala Dali e Paul Éluard



Elle est debout sur mes paupières
Et ses cheveux sont dans les miens,
Elle a la forme de mes mains,
Elle a la couleur de mes yeux,
Elle s'engloutit dans mon ombre
Comme une pierre sur le ciel.

Elle a toujours les yeux ouverts
Et ne me laisse pas dormir.
Ses rêves en pleine lumière
Font s'évaporer les soleils,
Me font rire, pleurer et rire,
Parler sans avoir rien à dire.


 
poema dito por Gilles-Claude Thériault


Éluard et Gala casaram-se em 21 de Janeiro 1917


Un poème, comme une tentative de surmonter un amour agonisant : l'infidélité de son égérie russe, de sa muse Gala avec le peintre allemand dadaïste Max Ernst, sorte de 'ménage à trois', et son départ avec Salvador Dali.

« Ta chevelure glisse dans l'abîme
qui justifie notre éloignement. »

Entre un passé heureux et quelques souvenirs, la brisure du lien amoureux.


Gala e Dali - até que a morte os separou

....

terça-feira, outubro 22, 2013

A motivação de quem trabalha e a qualidade de vida das pessoas em 142 países, entre os quais, Portugal.


No post a seguir a este respondo, de forma genérica, aos Leitores que têm escrito comentários ao Um Jeito Manso na sequência da opinião que exprimi sobre a entrevista de José Sócrates ao Expresso e que, pelo calor que lá puseram e pelo trabalho que tiveram a escrevê-los, talvez gostassem de ver a minha reacção. 

Por mera questão de tempo, não respondo individualmente a cada um dos Leitores mas, de certa forma, é como se o fizesse. Mas isso é lá mais em baixo. Aqui, agora, a conversa é outra.

*



Música, por favor, para ver se a leitura do texto fica mais aprazível




*

Saiba, meu Caro Leitor, que 13% dos trabalhadores um pouco por todo o mundo, mais concretamente em 142 países, estão motivados. 


Com isto quero eu dizer que 13% dos trabalhadores estão emocionalmente envolvidos com as organizações para as quais trabalham, estão focados em fazer bem, em criar valor.

13%. 

Apenas 13%.

Estes dados de que vos falo reportam-se a 2011 e 2012, ou seja, dados muito actuais.


Trabalhadores motivados são a seiva das organizações. Está provado que com a motivação vem a produtividade, a conquista ou a retenção de clientes (ou utentes, consoante a natureza das organizações), menos absentismo, menos acidentes de trabalho. Está provado que as empresas com trabalhadores mais motivados são muito mais lucrativas do que as outras.

A desmotivação activa representa perdas brutais para as economias.

Reportando-me apenas à Alemanha, posso dizer-vos que se calcula que a desmotivação activa custe, naquele país, entre €112 a €138 mil milhões por ano. 


Bom, se apenas 13% dos trabalhadores a nível mundial é que estão francamente motivados, o que acontece aos restantes?

Pois bem, digo-vos, é uma desgraça: 63% estão desmotivados (na base do deixa-andar) e 24% activamente desmotivados (ie, contrariados, a fazer contra-vapor).

Gostava de poder pormenorizar um pouco mais estas conclusões mas um blogue não é o melhor sítio para grandes dissertações. Por isso vou tentar ser muito breve.

Começo por vos dizer que, como é bom de ver, o grau de motivação não é uniforme ao longo dos vários países.

Claro que não, até intuitivamente éramos capazes de dizer isto. A questão está, sim, em conhecer melhor a realidade tal como ela é, tentar perceber as razões, tentar fazer qualquer coisa de positivo a partir desse conhecimento.


[Eu devia ser capaz de aqui introduzir tabelas, isto é, quadros direitos, com linhas, para se ler melhor o que vou escrever mas o facto é que não sei como se faz. Já tentei fazer no power point ou no excel e copiar para aqui mas não resultou. Paciência, que eu não tenho tempo nem motivação para pesquisas deste tipo. Vai mesmo à antiga portuguesa, de carreirinha. O pior é que isto fica tudo torto, já aqui andei às voltas a tentar alinhar mas, quando estou a editar, vejo direito, quando vejo depois de publicado está uma desgraça, uma vergonha. Só que às 2 da manhã já não tenho capacidade para andar a  dar espaços e tirar espaços e isto sempre aos ziguezagues. Fica assim, fazer o quê? Conto com a vossa tolerância, também; por favor, olhem e façam de conta que está tudo direitinho, está bem?]

Claro que não vou poder mostrar as estatísticas para os 142 países mas posso mostrar alguns.

E, vou já adiantando, fiquei surpreendida com os resultados:



                                                                                  NÃO                     ACTIVAMENTE
                                          MOTIVADOS        MOTIVADOS            DESMOTIVADOS

Israel                                          5%                            73%                              22%
China                                          6%                            68%                              26%
Japão                                          7%                            69%                              24%
Indonésia                                     8%                           77%                              15%
Índia                                            9%                           60%                              31%
Holanda                                       9%                           80%                              11%
França                                         9%                           65%                               26%
Palestina                                     11%                          64%                               26%
Itália                                           14%                          68%                               18%
Alemanha                                   15%                           61%                              24%
Espanha                                     18%                           62%                              20%        
Portugal                                    19%                          65%                             16%
Dinamarca                                  21%                           69%                              10%
Austrália                                     24%                           60%                              16%
Brasil                                          27%                           62%                              12%
Estados Unidos                           30%                           52%                              18%
Costa Rica                                  33%                           53%                              14%


Rosa a meditar


Surpreendente, não é? Os holandeses, os alemães e, até, os espanhóis menos motivados que os portugueses... Quem diria?

E os últimos desta tabela....? Brasil, os States, a Costa Rica? Que animação aquilo deve ser. Que motivados eles andam, quando comparados com os do princípio da lista.

Os autores do estudo pensam que os maiores níveis de desmotivação têm a ver com a falta de condições de trabalho, com a exigência de uma carga de trabalho sem respeito pelos direitos humanos, com exigência de resultados sem atender às aspirações individuais de cada um.


No entanto, há países que apresentam níveis de desmotivação para os quais não se encontram explicações óbvias.

Um desses países é a Alemanha, relativamente à qual, face a estes resultados, se espera uma progressiva quebra de produtividade fruto da desmotivação que se tem vindo a instalar. 


Uma das causas possíveis prende-se com a quase ausência de ensino de gestão de pessoas nos cursos profissionais de gestão, o que faz com que os gestores das empresas e outras organizações não prestem atenção àquilo a que agora costuma chamar-se gestão de talentos.


Muito gostaria de aqui partilhar convosco mais alguns dados do estudo que tenho vindo a referir, estudo este que envolveu centenas de milhares de inquiridos. Mas é um estudo extenso e eu também não tenho tempo para fazer um resumo como deve ser.

Contudo há um outro conjunto de dados que me parece assaz interessante e de que aqui vos vou deixar um apontamento.


Interrogadas sobre o que mais desejavam na vida de modo a poderem considerar que teriam uma boa vida, a resposta centrou-se geralmente no seguinte: Ter um bom emprego. O que querem dizer com isso? - Simples: um emprego estável, de preferência a tempo inteiro.


Mas o estudo foi mais longe e interrogou as pessoas sobre o seu nível de vida. Poderiam escolher uma das três hipóteses: uma vida próspera, uma vida de luta ou uma vida de sofrimento. As respostas são uma vez mais surpreendentes.



                                          VIDA                          VIDA                   VIDA DE
                                       PRÓSPERA                DE LUTA           SOFRIMENTO

Egipto                                     9%                            70%                          20%
Palestina                                  9%                            68%                          23%
Índia                                      15%                            59%                          25%
China                                     23%                            68%                           9%
Japão                                     24%                            61%                         15%
Portugal                                25%                           61%                        14%
Nigéria                                   28%                            70%                           1%
Espanha                                  37%                            58%                          5%
França                                    44%                            53%                           3%
Alemanha                                47%                            48%                           5%
Estados Unidos                       58%                            40%                           2%
Brasil                                       63%                           36%                           2%
Holanda                                   68%                           32%                           0%
Dinamarca                                81%                           19%                           0%


E é este quadro sobre a qualidade de vida que me entristece mais.

Tanta luta e tanto sofrimento na vida dos portugueses. 

Que pena que me dá ver isto. 

Pior ainda que a Nigéria.


Se eu estivesse à frente dos destinos do meu País, iria debruçar-me sobre estudos deste tipo, tentaria perceber o seu significado e, depois, iria governar de forma a aumentar a qualidade de vida dos meus concidadãos, aumentando simultaneamente a sua motivação e a sua vontade em envolverem-se na condução do seu destino e no destino do seu País, de modo a poderem melhorar a produtividade e competitividade do meu país.

Vivermos num País em que apenas 25% das suas pessoas sente que tem uma vida próspera enquanto os restantes 75% parece não conseguir tirar prazer de viver é uma coisa de que me sinto envergonhada. Se não é para dar uma vida boa às pessoas, então governa-se para quê?

E isto resulta de inquéritos conduzidos entre 2011 e 2012. Se fosse agora, seria bem pior. Que vergonha.

*

NB: O estudo na íntegra pode ser consultado aqui. Chama-se 'State of the global workplace: employee engagemnet insights for business leaders worldwide' e é da responsabilidade da Gallup


*

As imagens representam obras de Salvador Dali. A música é Bridge Over Troubled Water, interpretado por Paul Simon (com um senhor de que não consegui descortinar o nome) no Orleans jazzfest.

Como de costume já não consigo rever o texto, estou praticamente a dormir sentada. A ver se amanhã de manhã consigo arranjar maneira de o rever e corrigir. E, já sabem, se quiserem saber o que respondo aos meus prezados Comentadores, é descerem um pouco mais. Para além do mais, há um belo momento de dança. Uma animação. Animemo-nos com(o) eles.

*

E, por hoje, por aqui me fico. Tenham, meus Caros Leitores, uma bela terça feira.

domingo, agosto 19, 2012

A grande festa do ego e o bordel das subjectividades de António Guerreiro; os anjos, os bosões e a picada no dedo de Jorge Calado e, imaginem, a propósito disto, a grafologia como forma de conhecermos melhor quem somos


Música, por favor



Ernst Bloch - Prayer for cello and piano
Dimitri Ferschtman/cello; Mila Baslawskaja/piano


*


Eu
Id, Ego, Superego, ....


Escreve esta semana António Guerreiro, na rúbrica 'Ao pé da letra' do caderno Actual do Expresso, que 'até os jornais mais sóbrios se tornaram permeáveis a esta grande festa do ego que se tornou um bordel de subjectividades'. E, continua, dizendo que 'o discurso universal, que foi outrora representado por uma figura desaparecida, a do intelectual (...), deu lugar à grande parada carnavalesca dos "Eus" que gritam, saltam e se atropelam.'

Talvez. 

É um facto que os jornalistas tanto aparecem como jornalistas, como comentadores, como bloggers, como animadores de debates, como escritores, como dando entrevistas por serem algumas das coisas anteriores. Ora, com esta múltipla exposição, como evitar que haja como elemento unificador o 'eu'?

E, se constato esta múltipla exposição, não o faço de forma censória pois que cada um se multiplique ou se divida como gosta e como pode, é coisa que não me incomoda nem a mim e que não vejo como há-de incomodar alguém (para além dos próprios).

E, de resto, mesmo que ainda encontrássemos jornalistas intelectuais, não encontraríamos nenhum que estivesse acima da condição humana de ser quem é, conseguindo escrever como se estivesse a ser portador de uma palavra que lhe tivesse sido soprada por um invisível outrem.

Por muito isenta que uma pessoa seja, é sempre ela que ali está. Pode disfarçar, usando artifícios linguísticos, fazendo de conta que não é o próprio a relatar ou a ter aquela opinião mas, sim, um ser independente, uma criatura sem identidade. Pode fazê-lo mas, mesmo na forma como o faz, está a marca do seu 'eu'. Por isso, parece-me uma falsa questão a de António Guerreiro.

E, além do mais, se o próprio não sabe nem de que matéria é feito como pode ter pretensões a poder falar acima de si próprio?

*



Quando falo que nenhum de nós conhece a matéria de que é feito não estou a usar uma expressão à toa, estou mesmo a querer dizer isto: não sabemos sequer de que matéria somos feitos. Se queremos saber coisas simples (como está o nosso estômago, as nossas articulações, etc) temos que nos fazer radiografar, analisar, espreitar com câmaras introduzidas dentro de nós.

E isto para saber as coisas simples. Porque, para se saber as coisas mais complicadas, têm os cientistas, em imensos, soterrados e bunkerizados túneis, que acelerar as partículas de que a matéria é feita, analisando depois, através da mais sofisticada tecnologia, o rasto que elas deixam. E o curioso é que estas coisas complexas que apenas poucos conseguem testemunhar são afinal as mais simples, as mais ínfimas de todas as coisas, são as partículas elementares, as mais pequenas e indivisíveis partículas de que tudo é feito.

No mesmo Actual, podemos ler o curioso artigo de Jorge Calado na sua sempre interessante 'A tabela periódica'. Fala ele do bosão de Higgs, a intrigante partícula de Deus, como ficou a ser conhecida - depois de ser apenas a goddamn particle (o estupor da partícula, digamos assim). Termina ele o seu artigo dizendo que 'meteu-se a mão num enorme monte de palha e sentiu-se uma picada' e que espera 'que seja a proverbial agulha'.

Antes, explicava ele que 'dois fermiões não podem ocupar o mesmo estado (quântico), mas dois (ou mais) bosões podem'. E, com o seu sentido de humor apurado, remata Jorge Calado que 'esta é a resposta à questão levantada por São Tomás de Aquino de saber se dois anjos podem pousar simultaneamente na mesma nuvem'

*


Las tres esfinges de Bikini, pintura de Salvador Dal


E volto, ainda que muito brevemente, à questão da identidade, juntando-a agora à questão de não nos conhecermos sequer a nós próprios.

De todos os mistérios da vida, o desconhecimento de nós próprios é talvez um dos mais fascinantes. Como somos? Porque somos assim? Como agimos? Como somos perante os outros?

Isto sempre me interessou e leio tudo o que apanho sobre o tema e que esteja à altura da minha compreensão. António Damásio e muitos outros que agora não vêm ao caso têm alimentado a minha curiosidade.

Mas não é só a ciência que aplaca a minha vontade de saber mais sobre este assunto.

Desde há algum tempo que a grafologia me despertava interesse. A grafologia estuda a personalidade, o carácter ou o comportamento das pessoas a partir da sua escrita à mão. Assim, frequentei um curso ministrado pelo Dr. Alberto Vaz Silva no Centro Nacional de Cultura. O curso foi interessantíssimo e aprendi imenso pois ele é uma pessoa culta, um bom conversador, uma pessoa com uma vida riquíssima e com vastos conhecimentos sobre a matéria. O curso era frequentado maioritariamente frequentado por psicólogos, professores e até um juiz. Eu devia ser a única pessoa que ali estava apenas pelo prazer de aprender, sem qualquer intenção de utilizar os conhecimentos na prática. No entanto, apesar de me reconhecer como uma simples iniciada, por piada, tenho ousado fazer várias análises e, curiosamente, os analisados reconhecem-se naquilo que sobre eles tenho referido. Por vezes acontecem surpresas mas, depois de analisados os comportamentos, geralmente acabamos por concordar com a análise feita.

As análises grafológicas debruçam-se sobre a pressão na escrita, a inclinação da letra e das linhas, as margens, a junção das letras, o espaço entre palavras e entre linhas, a assinatura e a sua localização, a própria forma das letras, etc (mas, note-se, a caligrafia não é, nem de longe, o mais importante).

Uma das caracterizações básicas que se fazem a partir das primeiras impressões da escrita tem a ver com os temperamentos (colérico, sanguíneo, fleumático, melancólico). No interessante blogue A Matéria dos Livros, já anteriormente aqui referido, a sua autora faz uma caracterização dos quatro principais tipos de temperamentos. Num comentário que ali coloquei, referi muito sumariamente como é relativamente simples, a partir de uma análise até imediatista, traçar um rápido retrato comportamental do indivíduo cuja escrita se analisa.

Mas a análise permite ir mais além: permite detectar traços de imaturidade, ou de ligação excessiva aos pais ou à família em geral, ou ao passado, ou ver distúrbios graves, ou ver uma ausência de respeito pelos outros, ou uma introversão excessiva, ou um temperamento apaixonado ou criativo, ou uma tendência para a mentira, ou uma ambivalência extrema, ou o gosto em aprender ou, pelo contrário, um espírito fechado, etc.

É interessantíssimo. A grafologia é um mundo vasto e muito aliciante.

E uma coisa muito curiosa na escrita é que não controlamos a forma como escrevemos (a menos que o façamos deliberadamente para tentar ocultar a nossa identidade - e mesmo assim é muito difícil, e deixaremos, seguramente, 'rastos') pois a forma como escrevemos revela-nos e nós somos o que somos ainda que não o saibamos.



Carta de Fernando Pessoa a Ofélia
Nota: Tal era o desdobramento de personalidades de Fernando Pessoa
que, nele, a escrita era mesmo variável consoante os heterónimos que usava
*

E, por hoje, é isto. É isto e é, sobretudo, desejar-vos um belíssimo domingo.




domingo, abril 08, 2012

Onde a propósito de 'O Bem e o Mal' de Manuel S. Fonseca se fala de 'Não de todo o coração' de Manuel António Pina e onde se mostram fotografias de Sebastião Salgado, se interroga sobre o grande enigma da mente humana e se mostra uma pintura de Salvador Dali - e tudo ao som da Patética de Beethoven. Não sei se é grande programa para um Dia de Páscoa mas foi o que me ocorreu


Música por favor

Beethoven - Sonata nº 8 para piano (Patética), por Daniel Barenboim


Charlot


A propósito da crónica de Manuel S. Fonseca no Expresso que também pode ser vista no Escrever é Triste e que dá pelo nome de O Bem e o Mal e na qual fala de Charlie Chaplin, pessoa de mau feitio e carácter não totalmente piedoso, lembrei-me de uma outra escrita em 2008 por Manuel António Pina em 2008 com o título Não de Todo o Coração.

Transcrevo alguns excertos:

Deixem-me parafrasear Beethoven: a bondade é a única forma de superioridade (não gosto da palavra, mas é a que usa Beethoven). A primeira vez que ouvi isto - e ouvi-o como se ouvem coisas que sempre soubemos mas não sabíamos que sabíamos -, perguntei-me se conheceria alguma boa pessoa. E conheço. Pelo menos, três ou quatro (sou um privilegiado). No entanto, o nazismo serviu-se de Beethoven, como se a própria beleza não fosse imune à maldade.

Rapazinho - Fotografia de Sebastião Salgado

E Manuel António Pina refere um poema escrito há cerca de 50 anos por um miúdo, o Ferraz, então com 12 anos, que vivia num Centro de Recuperação de Crianças:

                       Eu quero ser bom,
                       mas não de todo o meu coração
                       porque a bondade é intolerante,
                       é uma fortaleza contra os maus

E continua com um outro poema em que um miúdo, o Paiva, na altura com 8 anos, falava dos 'maus':

                      Os maus querem matar
                      o Nosso Senhor
                      com um chicote,
                      andam com setas.
                      Pregaram Nosso Senhor na cruz
                      atiraram-lhe setas
                      a ver se ele diz ai,
                      andam com cassetetes
                      os anjos maus,
                      andam à procura do Nosso Senhor
                      e o S. José a fugir com o cavalinho.
                      Depois ele parou em casa
                      depois deitaram o anjinho na cama.

E continua Manuel António Pina:

Por outro lado, a  bondade, como a beleza e como a justiça, pode ser terrivelmente destruidora, a bondade pode ser má.

Einstein e Mileva, a sua primeira mulher

Uma das mais inquietantes descobertas da minha juventude, foi a de que muitos dos meus ídolos eram feios, porcos e maus, que Pound e Eiolt eram anti-semitas, que Rilke era uma oportunista, que Chaplin batia na mulher, que Einstein se aproveitara de Mileva, nunca conhecera a filha Liserl e abandonara o filho mais novo, demente. 

É um pouco inquietante, de facto. Como podem pessoas até um pouco mesquinhas produzir obras grandiosas, pessoas lúgubres serem, noutra faceta da sua vida, divertidas; como pode a mente humana desdobrar-se de forma tão antagónica?

Salvador Dali - O enigma infinito


E como podem tantas pessoas fechar-se no seu pequeno mundo e não ver o grande mundo à sua volta? 

E como podem tantas pessoas, em nome da bondade, serem tão intolerantes, tão insensíveis, tão cegas às necessidades e anseios dos outros, como podem ser tão más?

E, mais inquietante ainda, como podem tão poucas pessoas causar mal a tantas pessoas?

Como podem as pessoas esquecer o sentido da palavra bondade?

[Não a bondade das pessoas boazinhas, moralistas, intolerantes, cheias de pequenas certezas, mas a bondade das pessoas imperfeitas que querem, acima de tudo, o bem de todas as pessoas.]

Rapariga numa escola - Fotografia de Sebastião Salgado

Há algum tempo, durante uma acção de voluntariado numa escola de uma zona carenciada, pedi aos miúdos (que tinham à volta de 14, 15 ou 16 anos) para escreverem algumas palavras e dizerem, a propósito, qualquer coisa que lhes ocorresse. E disse algumas palavras entre as quais a palavra bondade. Uma das raparigas, uma muito faladora, virou-se para mim, muito admirada: 'Bondade? Bondade...? O que é que isso quer dizer...?' e não sabia mesmo. Expliquei-lhe e ela sorriu, encolhendo os ombros como se eu estivesse a falar de metafísica, coisa totalmente deslocada naquele contexto. Várias vezes essa rapariga me disse que não queria estudar, dizia que não aprendia nada de útil, que só estava na escola a perder tempo, estava desejando ter idade para poder desistir. Eu andava intrigada com aquilo, aquele desinteresse absoluto, aquela vontade de ir para casa. Um dia perguntei-lhe. Ela explicou-me 'Quero ir tomar conta dos meus irmãos para a minha mãe poder ir trabalhar'. Simples, afinal.

Já nem sei onde é que quero chegar com esta conversa, com esta deriva. Comecei com uma ideia mas acabei aqui, nem sei como. 

Talvez queira apenas dizer que mais do que palavras vãs, moralismos sem sentido, intolerâncias absurdas, deveríamos antes pensar nas crianças, nos que mais precisam, nas pessoas em geral, no seu bem estar, no seu futuro, na segurança, na estabilidade, no desenvolvimento, na liberdade.

Ninguém é perfeito, há pessoas absolutamente contraditórias, parecem uns anjos mas afinal são pérfidas criaturas. Pode acontecer que, apesar disso, deixem uma obra fantástica. Mas o pior é quando nem isso, quando deixam atrás de si aridez, pobreza, devastação.

Mas hoje é dia de renascimento, dia de todas as esperanças. Por isso, vamos esperar que venham tempos que justifiquem o sacrifício de todos os que, de uma maneira ou de outra, se sacrificam, se esforçam, lutam por uma vida melhor.

Crianças - Fotografia de Sebastião Salgado


Tenham, meus Caros, um belo dia de Domingo de Páscoa.