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quinta-feira, agosto 05, 2021

De sexo bem aviado e de boca colada ao ouvido

 


Como é que um lugar como a Faculdade de Ciências, com os seus professores catedráticos e eminências muitíssimo pardas, podia rivalizar com o magnetismo pecaminoso dos 'imperadores do Chile', chulos que prostituíam as raparigas do bairro, engatatões que se contentavam 'com as sobras das desenganadas do Clube Estefânia, das academias recreativas ou dos tristes bares do Intendente'? Que professor monocórdico podia ensinar tanto sobre a vida como os 'carteiritas mal-engonhados que andavam à babugem', a fauna dos bailes dos Bombeiros, da Rádio Graça, das Manas Pretas, do Incrível Almadense, dos Alunos de Apolo, os jogadores de batota que se reuniam em casas clandestinas, os 'bilharistas às três tabelas, batedores de sueca brava ou praticantes de dominó em sintaxes ardilosas', 'um Al Capone viseense que fazia os negócios numa leitaria da Almirante Reis enquanto acariciava os anéis', uma Dona Sol, manicura de 'ancas majestosas', os homens com alcunhas dignas das personagens do submundo nova-iorquino -- 'Mãos de Seda', 'Mil e Quinhentos', 'Ganso', 'Carlos Chófer', 'Dente de Ouro' -- ou esse inesquecível Simas Anjo que, na Sociedade Recreativa Vitalense, em Campolide, templo de bailes com orquestras de cordas e bufete -- 'pede-se aos cavalheiros o favor de acompanhar as damas ao bufete' -- 'dançava de sexo bem aviado e de boca colada ao ouvido da garina para que ela o escutasse por entre as pernas'?

Mesmo que se esforçasse muito e conseguisse boas no Desenho de Máquinas, Geometria Descritiva, Estereotomia e Física, que futuro é que isso lhe oferecia? Quando muito, via-se como um professor medíocre de liceu, a exibir nas salas de aula o seu tédio e resignação a manadas de alunos na sua maioria desinteressados. Não, a faculdade também não era lugar para ele. Mas haveria um lugar para ele?

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José Cardoso Pires aparece aqui retratado por Júlio Pomar e por Abel Manta e descrito por Bruno Vieira Amaral em Integrado Marginal, biografia de José Cardoso Pires.

Simone Távora Stross é a compositora de Valsa lenta que é interpretada por Arnaldo Rebello ao piano

O título deste post, extraído do pequeno excerto que acima transcrevi, é deliberadamente provocador e mais não pretende do que chamar a atenção para este livro que, até ver, me está a sair melhor do que a encomenda.

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Já agora, José Cardoso Pires por ele mesmo




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Desejo-vos um dia feliz

terça-feira, novembro 14, 2017

Mais giros do que a rapaziada do PCP só mesmo os novos escritores portugueses


Tenho um amigo de quem algumas más línguas, a minha filha incluída, dizem ser abichanado. Quando digo que não sei, ela reage no gozo: Não...! Muito macho... De facto, muito macho não será mas também não estou certa de que seja gay-praticante. Só se for uma coisa ainda na base da tendência. Mas isso também não vem ao caso. O que vem é que ele, volta e meia, ao conversar comigo, de alguns homens, diz com ar admirativo: é muito bem apessoado. E eu gosto desta expressão.

E isto para dizer que vi a fotografia de um escritor de quem nunca li qualquer livro e de quem desconhecia a aparência. E, vendo-o, logo me lembrei de um outro que também tem ar de quem a sabe viver bem. E de um outro que uma vez vi actuar (porque também é dado à música) e que tem um jeito sorridente de ser. Bem apessoados de dar gosto. Olhando para eles, penso que inventava uma história, dela fazia um filme e a eles punha-os lá dentro. Não sei se como malandrecos dados ao garboso manejo de alguns instrumentos, nomeadamente no dedilhar do teclado, ou se como simples homens dados ao culto das paixões e, nem sempre, nobres.

Com vossa licença, passo a elencar e me dirão se não são todos bem apessoados (to say the least). A ordem é (mais ou menos arbitrária) até porque não quero agora cá ciumeiras. 

Sandro William Junqueira, nascido em 1974. Boa pinta. Ar sexy. 

Todo ele francamente bem-apessoado.



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E, como dizia, lembrei-me de um outro de quem já uma vez aqui perguntei se, com aquela pinta, era escritor, galã ou actor de filme porno. Nunca ninguém fez a caridade de me esclarecer.

Bruno Vieira Amaral. Nascido em 1978. Um descaradão de primeira, deve ser o que ele é.


Como sou dada a ligar bastante à aparência das pessoas, nunca me deu para o levar como escritor a sério pois olho para ele e acho que há ali um tal pedaço de mau caminho que não sei se lhe sobrará mérito para a escrita. Preconceito meu. Parece que ainda não percebi que, para escrever bem, não tem que estar morto ou ser gordo badocha, pálido, óculos de dar dó, velho ou invisível.


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E depois há o terceiro. Não é aquele da história que eu gosto de lembrar, o que chegou como quem chega do nada, o da história da Teresinha. Este é outro.

Afonso Cruz. Nascido em 1971. 


Não tem ar de ser tão mau rapaz como os anteriores mas, ainda assim, quando despir aquele seu ar de bem comportadinho, capaz de poder ombrear em maladrangem com os anteriores. Digo eu. Mas não muito certa disso. Capaz de não ser rapaz para uma viagem ao fim da noite como os outros. Mas, seja como for, de aspecto, nada mal.


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Não sei se, para o futuro, ficará como uma geração de ouro a nível da escrita mas como a geração dos escritores bem-apessoados, disso não duvidem. Acreditem que sim. E podem ir por mim à confiança -- eu, homens bonitos, inteligentes e com outras qualidades, é comigo. Catrapisco-os à légua.

Até acho que podíamos promover aí uma competição qualquer: este trio de um lado e, do outro, uns deputados do PCP -- e, dado o adiantado da hora, limito-me a uma amostra de dois.

João Ferreira. Nascido em 1978. Feito para ninguém lhe botar defeito.



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Miguel Tiago. Nascido em 1979. Ar ciganão, sarrafeirão. Telúrico.



Aposto nele e no colega de cima para fazerem frente ao naipe de escritores. Não desmereceriam --- não desfazendo de quem está aí desse lado, a ler-me, claro.

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E, se um dia tiver que contratar um guarda-costas, já sei que não vou ter a vida facilitada: vai ter que ser na base das entrevistas e de um assessment a sério entre estes cinco. Com qualquer deles, cá para mim, não ia ficar mal servida. Capazes de darem um valente chega-para-lá em qualquer meliante que viesse importunar-me. Os de cima teriam a vantagem de ser de boa palavra, prosa musculada, certamente engajada e transbordante de virilidade, enquanto os de baixo seriam, do que lhes conheço, de boa retórica, combativos, homens de bem, quiçá uns puros (no pun intended about Havana). Em comum, se repararem, uma boca bem desenhada e bem preenchida. Dizem que é sinónimo de sensualidade em dose bem medida e eu acredito nisso. Mas, claro, para guarda-costas esse seria atributo menos relevante.

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Não me ficará bem prestar tanta atenção à forma e não tanto ao conteúdo mas faz de conta que é do adiantado da hora. E, de resto, quem disse que a forma, nestes casos, não é tão ou mais relevante que o conteúdo?

E pronto. Mais não digo para não ferir a susceptibilidade dos amigos do Panteão, dos praticantes das novenas das oito, dos seguidores da santinha da ladeira, dos descendentes ideológicos dos pastorinhos ou do camarada Lenine ou, ainda, de outros entes bem intencionados.

E era, hoje, para ter rematado à baliza na história das wild roses mas, depois da extraordinária Biblioteca chinesa que, lamentavelmente, me fica um bocado fora de portas e depois desta divagação vadia about uns jeitosos a quem resolvi dedicar uma dose de assédio remoto et pour cause platónico, já não tenho cabeça para mais sofrimentos. Fica para amanhã.

Obrigada pela vossa atenção.

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sábado, novembro 16, 2013

Mas afinal o Bruno Vieira Amaral, aquele do Bairro Amélia e de As Primeiras Coisas, é o quê? Um galã? Um actor de filmes porno? A julgar pela fotografia, não sei não.


Estou a ver que ainda tenho que comprar o livro para perceber. Na volta ainda é mesmo escritor. Mas, se me guiar pela fotografia, não sei que tipo de livros escreve ele. Tem um ar de malandreco, de marialva, nem sei. Só se escreve guiões de filmes porno. Será? Coisa boa não deve ser.

É que um escritor a sério não olha assim para a câmara, pois não...?

Bruno Vieira Amaral

(...)
um homem bom para ela,
um homem que não seja para as outras horas nem para todas as ocasiões,
um homem que não insista em levar o miúdo às cavalitas,
um homem que tenha um berbequim e que arranje tempo, ao domingo de manhã,
para montar os varões dos cortinados.


- se, em vez do fim da frase, tivesse transcrito o princípio vocês ficariam a dar-me razão ]


Tenho que tirar isto a limpo, é o que é.