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segunda-feira, fevereiro 08, 2016

Alô, alô Rosa Pinto! Foi V. que pediu os lagos do Alqueva?


A Leitora Rosa Pinto, que eu muito prezo, ontem escreveu num comentário: "Já que gosta de fotografar... umas fotos dos lagos do alqueva...coisa maravilhosa."

E eu, que sou bem mandada, cá estou a ver se as fotos fazem jus à beleza daqueles lugares.

O tempo esteve incerto, ora levemente toldado ora levemente ensolarado. Acho que as fotografias se ressentem com a incerteza da luz, parece que a refracção entorpece. De qualquer forma, aqui estão algumas das que fiz.

Este Alentejo após Alqueva é outro, ainda mais belo que antes, todo ele subtilezas, as terras a moldarem-se ao frescor das águas. E o rio tem requebros de ancas, todo ele curvas, as ilhas despontando da superfície azul como seios atrevidos, e as terras estão verdes, floridas, e há muitos pássaros, muitos cantos, especialmente ao entardecer. E depois há as lonjuras, as suaves elevações estendendo-se até onde a vista alcança, o horizonte sempre mais além, uma extensão desenhada entre águas, margens, lagos, árvores aqui e ali, silêncios, uma paz muito doce.

E há o que não posso trazer aqui: os perfumes, o perfume das ervas viçosas, das flores amarelas ou brancas, cheirosas, o cheiro limpo do campo banhado por águas azuis.

Também não consigo trazer aqui a aragem fria que sopra junto às muralhas dos castelos ou a aragem suave junto às margens dos lagos, ou o voo das andorinhas até aos ninhos de barro nos beirais, ou a tranquilidade das cegonhas no alto das torres, ou a beleza altiva de um cavalo branco que caminha sem pressa pelo monte abaixo.

Mas trago o que posso. Espero, Rosa, que goste. E espero, meus outros Leitores, que sintam vontade de ir ver aquilo que eu não consegui captar.


Mas vamos, uma vez mais, ao som da Gota de Água (uma música tradicional alentejana), num arranjo e interpretação que me encantam

Coros pelo Rancho de Cantares de Aldeia Nova de S.Bento; 
Ronda dos Quatro Caminhos;
Orquestra Sinfónica de Cordoba


















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E, à noite, num pátio, olhar as estrelas e ficar em sossego, respirando o ar puro, sentindo o tempo a fluir devagar, devagar, muito devagar.

De um de teus pátios ter olhado
as antigas estrelas,
do banco da sombra ter olhado
essas luzes dispersas
que a minha ignorância não aprendeu a nomear
nem a ordenar em constelações,
ter sentido o círculo da água
na secreta cisterna,
o odor do jasmim, da madressilva,
o silêncio do pássaro adormecido,
o arco do saguão, a humidade
- essas coisas, acaso, são o poema.

['O sul' de Jorge Luis Borges]

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Volto aqui para trazer para a linha da frente o poema de Florbela Espanca que Rosa Pinto deixou abaixo, em comentário, aproveitando para vos mostrar uma das árvores que fotografei:

Árvores do Alentejo 



Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a benção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!


Florbela Espanca

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa semana a começar já por esta segunda-feira.

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sexta-feira, junho 26, 2015

Quando será que aquelas abéculas do Eurogrupo, do FMI, da Comissão Europeia e do raio que os parta -- que andam a moer a paciência a toda a gente, em especial, aos pobres gregos que mereciam melhor sina -- atinam? Cambada de gente de vistas curtas, de abutres e de isildas. Só espero que, quando o assunto estiver finalmente resolvido, soltem um rocket circular gigante que se veja de todos os países... [Sobre o assunto Jara e Cavani e sobre os meus votos para as próximas legislativas portuguesas, por pudor, não falo aqui no título, só mesmo no fundilho do texto]


Quando se faz planeamento e controlo de gestão, olham-se para os números de forma abrangente e compreensiva, tentando perceber as tendências, como é que as variáveis externas impactam nas internas, a origem dos problemas, a razão de ser dos desvios face ao expectável, etc, etc. Geralmente olham-se com mais atenção os grandes números, que são os que influem decisivamente na condução das organizações, e não se perde tanto tempo com miudezas já que o esforço de as olhar em detalhe não paga o tempo que com elas se gastaria.

Em contrapartida, os contabilistas devem garantir que as contas estão certas ao cêntimo, que não há verbas transviadas, mal classificadas, etc. Apenas com uma contabilidade certa, correctamente balanceada, as pessoas do planeamento e do controlo de gestão podem focar-se com acuidade nas 'gordas', descansadas por saberem que, se quiserem ir aos peanuts, as verbas lá estarão devidamente arrumadas e conferidas.

Ora bem, vendo o disparate que desde há uns cinco anos se passa na gestão da crise financeira europeia, concluo que a Europa está entregue a gente com espírito de contabilista. Não estou a menosprezar os contabilistas, note-se. Mas os contabilistas devem fazer contabilidade, não gerir a União Europeia.

O assunto deve ser analisado por gente com visão, com uma visão holística, estratégica, humanista, gente que perceba o que correu mal na aplicação do ideal europeu e saiba corrigir a rota da condução desta União, gente que saiba o que é a Política.




Não é possível que se esteja a arrastar tamanha crise, uma crise que envergonha quem tenha dois dedos de testa, por causa de trocos. É que o que está em causa na crise financeira grega são amendoins. Houve lá excessos? Claro. Onde é que não houve? Houve lá, como houve em todo o lado, em especial em países com economias vulneráveis e que, ao longo de anos, serviram para alimentar os negócios alemães (no material de guerra, então, foi uma festa! de tudo os alemães venderam). A correcção dos desequilíbrios deve ser feita de forma inteligente, respeitando a dignidade dos povos, pugnando pelo desenvolvimento e pelo equilíbrio.

O que está a ser feito, a querer impor castigos à viva força, só me faz lembrar aquela senhora e o movimento por si capitaneado, uma tal Isilda Pegado que, em conjunto com os PaFs, querem que as mulheres que abortam não apenas paguem taxa moderadora como vejam antes a ecografia e a assinem. Gentinha mesquinha, má, má, que gosta que os outros ajoelhem vergados sob o peso da culpa. Uma vergonha.


Ora aquilo a que assistimos é que parece que na condução dos destinos da Europa se juntaram os contabilistas, as isildas, os láparos desta vida, os chernes e seus derivados, e, ainda, os agentes escusos que se ocupam dos jogos de poder e falhanço (porque, não nos esqueçamos, há sempre alguém que muito ganha quando alguém muito perde) - e o sarilho é infindável, uma teia cada vez mais ensarilhada, uma cambada de estarolas mentecaptos que não sabe sair do labirinto onde se enfiaram. E, claro, os abutres estão à espreita.




Mas, enfim, pode ser que um dia destes, algum desses palhaços ganhe tenência ou que comecem a aparecer Políticos (com maiúscula), inteligentes, honestos, corajosos, e que este regabofe acabe. 

Nesse dia, só espero que haja festa rija, bailes na rua, alegria, esperança, balões pelo ar.

Ora, nem de propósito recebi, de um Leitor a quem muito agradeço, um vídeo extraordinário. Melhor que o fogo de artifício da Madeira, que os balões de S. João, melhor do que tudo o que já se viu. É na Tailândia e é do além. E é o que deveria haver quando a Europa voltar a ser um espaço de liberdade, democracia, desenvolvimento e respeito pelas pessoas.


Giant Circular Rocket

(Para dias de festa rija)


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As imagens acima usadas para enfeitar o texto, que revelam o sentido de humor de quem as produziu, são da autoria do grego Manos Kaperonis (@manoskaperonis)


Há quem diga que, para compreender os outros, nada como nos calçarmos com os sapatos desses outros (sou uma desmiolada com os ditados, e isto que escrevi não me está a soar nada bem; deve ser outra coisa mas, enfim, agora não me ocorre nada melhor).
Ora, aqui a ideia é mudar de cabelo (ou de cabeça, mantendo o cabelo) a ver se compreendem os assuntos com a cabeça dos outros: a sonsa da Merkel a perceber o entalado do Tsipras e o cabelo da sabuja da Lagarde (Lacoisa)** com a cara do pedaço do Varoufakis**. 
Enfim, mesmo que não produza efeito prático, tem graça. Ao menos isso, que os gregos e os europeus em geral não percam o gosto pela alegria de viver.


[** As palavras Lacoisa e o pedaço do outro (pedaço do outro salvo seja, claro) não é de minha lavra: ver por favor, comentário abaixo da sempre inspirada Leitora Rosa Pinto]

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Recebi também, por mail, um outro vídeo que aqui divulgo, desejando que o povo grego que se vê como que enclausurado numa jaula com um leão, e quase parecendo que de lá não vai conseguir sair com muita saúde, tenha a presença de espírito e a coragem que Charlot teve.

(E quem diz o povo grego diz toda a gente que se vê aflita, metida num sarilho dos grandes, aparentemente sem razão para ter esperança: há sempre razões para acreditar). Por exemplo, eu tenho esperança. Apesar das sondagens, acredito que o povo português, nas eleições, vai fazer aos PaFs o mesmo que Jara fez ao Cavani* -- e, portanto, haja esperança, minha gente).



Charlie Chaplin na jaula do leão




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* Dizia eu que, apesar da aparente falta de assertividade de António Costa, que está a custar a arrancar, (e apesar do ar desbotado e infeliz dos cartazes do PS...), ainda estou convencida que, entre o PS, o PCP, o BE e o Livre, os portugueses vão fazer aos PaFs o que o Jara fez ao Cavani.
Aos que não acompanham estes gestos de salão, explico. E que me desculpem as pessoas finas que frequentam o Um Jeito Manso. Eu também sou fina, ora essa, mas, meus Caros, às vezes tem mesmo que ser.

Com vossa licença, mostro e transcrevo


A jogar em casa, o Chile eliminou os uruguaios, detentores do título, num jogo carregado de polémica e com duas expulsões na seleção do Uruguai. Uma delas, a de Cavani, foi crucial no desfecho da partida e está a correr mundo devido ao gesto do defesa chileno Jara, que provocou o avançado uruguaio ao introduzir um dedo no rabo do avançado.


Nem mais.
(Temos pena.)

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Resumindo e baralhando: Está mais do que na hora de nos vermos livres de pró-chernes, ácaros, pinókias, vice-portas, cães com pulgas, schäubles, lagardes rastejantes, hollandes pastelões, vírus, láparos e bicheza ruim de toda a espécie.


Neste caso, do láparo, (como nos restantes): lixo com ele. 
E a seguir, toca de lavar as mãos com um bactericida dos valentes.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira. 
Aliás, todas as sexta-feiras são de uma beleza estonteante. Belas e boas, boas, boas.

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domingo, junho 14, 2015

Notícias da beira-Tejo -- com rosas dentro [2º post de 3]


Os meus passos levam-me para a beira da água. O Ginjal é para mim, de facto, um love affair (ou melhor, um caso de ménage a trois: eu, o Ginjal e Lisboa).
Mais tarde recolher-me-ei ao ninho, procurarei o cheiro da terra. Sou mulher-bicho e invento-me entre as águas e a terra. E, soubesse eu voar, e habitaria também os largos espaços, o ar.
Mas antes de me acolher à terra, primeiro busco o azul, o ar limpo e fresco que sobe do rio, o cheiro lavado da maresia. O meu olhar tem que se purificar neste rio por onde deslizam em silêncio os veleiros e em cuja margem uma roseira provocante oferece rosas rubras aos espíritos alados e aos inocentes boémios que por aqui passam.

Lisboa é, vista daqui, um desenho suave, casinhas, pequenas árvores, uma aguarela feita com desvelo. E a ponte é uma moldura rendilhada, refinada.

E eu sou uma menina deslumbrada que ainda não conseguiu perceber como é possível uma tal beleza.



Havia no meu tempo um rio chamado Tejo 
que se estendia ao Sol na linha do horizonte. 
Ia de ponta a ponta, e aos seus olhos parecia 
exactamente um espelho 
porque, do que sabia, 
só um espelho com isso se parecia





Nas pedras do passeio sobre o mar, uma frase interpela-me: 'Hoje foste um bom robot???'. Sorrio, fotografo. Penso que não sou um robot, que ainda tenho a capacidade de olhar e ver, de achar graça às provocações, de apreciar o desenho das letras, de sentir, de sonhar. Mas penso que as cidades estão cheias de robots, de gente com o coração fechado e sem brilho nos olhos, gente que deseja ser, acima de tudo, um bom robot. 

Sorrio, penso que talvez tenha sido um anjo brincalhão, de asas cor de fogo e olhos de água, que aqui tenha deixado esta inteligente interpelação.




Os velhos cais e os frágeis passadiços entram pelo rio, indiferentes às marés, já habituados a fazerem parte desta paisagem que me deixa sempre deslumbrada como se nunca antes tivesse testemunhado tanta perfeição, tanta suavidade nas linhas da cidade, no colorido ameno, na luz que sobe do rio para envolver o casario. Os pescadores curvam-se para preparar as canas mas, vistos de longe, é como se venerassem as águas ou prestassem homenagem a Lisboa, a bela.




Um homem da tripulação de um dos cacilheiros sobe para a casa do leme, a bandeira hasteada esvoaça, a cidade espraiada em fundo, a linha azul do rio  -- e tudo me parece uma coreografia elegante, uma encenação espontânea. Penso: deveria passar agora aqui uma gaivota. Mas não passa nenhuma, nem sequer nenhuma mulher a voar.




Mas logo, um pouco mais à frente, uma mulher pousou num banco, na margem do rio. Talvez tenha vindo a voar ou talvez tenha saído das águas azuis que correm a seus pés. Olha a bela cidade em frente. Está silenciosa. Talvez espere o seu amor que talvez venha no barco que se aproxima. Talvez feche os olhos e pense beijo vejo, vejo beijo. Talvez.




Há uma dança contra a corrente
beijo vejo, vejo beijo
elas, belas
só comi uma vez
oh, como não?
Formosas barbatanas
dengosas
já pedi perdão
que agora só beijo, vejo beijo, oh tão grande é o desejo
(...)


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A itálico:
lá em cima um excerto do 'Poema da Memória' de António Gedeão, in 'Poemas Póstumos' enviado pela Leitora Rosa Pinto a quem agradeço e que pode ser visto na íntegra em comentário aqui abaixo; 
no fim, um excerto do poema 'À primeira vista' de Sónia Baptista in Tempus Fugit da Editora Mariposa Azual, um livro que tem desenhos de Bárbara Assis Pacheco

Maria Ana Bobone interpreta Nome de Mar

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sexta-feira, março 20, 2015

Escala para medir o que é que uma mulher quer com os homens a partir do tamanho do decote, da altura da saia e da altura dos saltos dos sapatos - para marialvas papalvos, claro


Vi no Bored Panda as imagens de uma campanha a favor da igualdade de géneros e contra os preconceitos machistas que avaliam as mulheres a partir da forma como se arranjam. E devo dizer que achei uma coisa bem feita.

É uma campanha divertida e chama a atenção. Foi promovida pela Terre Des Femmes, uma organização suiça que luta a favor da igualdade de géneros. A campanha foi concebida por Theresa Wlokka com os estudantes da Miami Ad School na Alemanha.


E o que vos tenho a dizer é que, obviamente, não apenas concordo que é uma estupidez tirar ilações morais a partir da forma como nós, mulheres, nos arranjamos como, feita parva, dei por mim a olhar para mim própria, a aferir tamanhos pela escala. E concluí que, algum papalvo que me olhasse com olhinhos matarruanos, diria de mim que, pelo decote, eu estava a pedi-las (no mínimo) quando, afinal, a questão é mais calor já que não consigo usar decotes subidos (acho que nunca na vida usei gola alta). 




Pelo salto dos sapatos, seria atrevida



E pelas saias não concluiria nada já que estava com calças.


...

Conclusão: quem vê decotes, pernas ou saltos não vê corações nem cabeças. 
E quem quiser saber o que é que a mulher quer deverá perguntar-lhe e não fazer juízos parvos.

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E a propósito do que as mulheres querem, trago cá para cima o comentário que a Leitora Rosa Pinto escreveu:

E se eles conseguissem ler os nossos pensamentos?



Seria bom que os homens, na maior parte das vezes, conseguissem entrar na cabeça das mulheres, mesmo que fosse só muitoooo de vez em quando. Talvez assim conseguissem perceber aquilo que esperamos deles, ou aquilo que nos motiva, quando somos inundadas por pensamentos de todo o tipo e de toda a espécie, desde as coisas mais banais às mais importantes e que lhes dedicamos tempo, o nosso tempo, a pensar no assunto. Afinal, não é à toa que o pai da psicanálise se dedicou a este assunto durante grande parte da sua vida.

Que no que toca o amor, que queremos que nos digam se estamos bonitas, mesmo quando achamos que estamos ou quando nos sentimos inseguras, mas que prezamos a sua opinião e que, muitas vezes, é tudo quanto basta para nos pôr um sorriso de orelha a orelha no rosto. Que valorizamos um companheiro que se abra connosco e nos diga o que o preocupa, que partilhe o que lhe vai na alma - e que isso não significa que sejamos intrometidas - mas apenas que nos preocupamos. Que prezamos a honestidade e a comunicação numa relação e que não há nada pior do que sentirmo-nos enganadas ou omissas em relação a algo. Que gostamos de manifestações espontâneas, sem medos nem pudores de dizer-nos cara a cara que nos amam, mesmo que tenham de fazer figura de ridículos perante terceiros. Afinal, se há motivo pelo qual vale a pena fazer papel de ridículo à frente dos outros, é por amor. Que nos assumam, por inteiro, como sua, sem medos de nos dar um beijo na rua, de nos pegar na mão, ou perante os amigos.

Que nos façam sentir especiais e que valorizem esta capacidade extraordinária de carregarmos o mundo inteiro no colo, de tocar toda a orquestra (passando o eufemismo) e de isso ser motivo para se sentirem ainda mais atraídos por nós - e não somente na hora de ir para a cama - e que, no final do dia, como quem nos lê o pensamento, nos ajude a estender a roupa em casa, a lavar a loiça ou simplesmente nos diga: "deixa estar querida que eu faço".

"Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada!" Afinal Freud já sabia a resposta.



Ler mais: http://expresso.sapo.pt/o-que-querem-as-mulheres-afinal=f825684#ixzz3UsHOIbLS


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Nem mais!

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quinta-feira, março 12, 2015

Senhoras e senhores: é a matemática segundo a Rosa Pinto e o Firme. E AS MATEMÁTICAS NÃO MENTEM!!! - o caso prático de Portugal nos tempos que correm.


Depois de no post abaixo ter dado palco à matemática na poesia com o acompanhamento de uma música bela demais, mudo de registo - embora me mantenha no domínio da matemática só que, desta vez, condimentada com humor. 

Transcrevo de seguida, tal e qual, o que recebi em comentários ou por mail dos Estimados Leitores Rosa Pinto e Firme. 

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Diz o Leitor Firme:



Se a Matemática é exacta... claro que não há erro. E, no entanto...
1/2 morto é igual a 1/2 vivo? É! 
Multiplicando 2 fracções por um mesmo número, a igualdade mantém-se, certo?

Ora bem. Se aplicarmos o princípio ao que disse acima... 

1 morto = 1 vivo 

e isto não bate nada certo.

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Responde a Leitora Rosa Pinto:



Ah, hoje estou meio morta!!!! (mas 100% viva).

Racionais misturados com vida e morte é capaz de levar a uma hipotenusa irracional.







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Disserta o Leitor Firme:


A Isaac Newton, Leibnitz, Euler, Gauss, Galois, Fermat... não lhes ocorreu!

Matemática:

Que significa 100%?

Que é dar MAIS de 100%?

Alguma vez te perguntaste como são essas pessoas que dizem que dão mais de 100%? Todos  assistimos a reuniões onde nos pedem que demos mais de 100%.

De que é composto esse 100%?

Aqui está uma simples fórmula matemática que pode ajudar a responder a estas perguntas: utilizemos a seguinte tábua que nos dá a percentagem numérica das letras do nosso alfabeto.

A = 1
B = 2
C = 3
D = 4
E = 5
F = 6
G = 7
H = 8
I = 9
J = 10
K = 11
L = 12
M = 13
N = 14
Ñ = 15
O = 16
P = 17
Q = 18
R = 19
S = 20
T = 21
U = 22
V = 23
W = 24
X = 25
Y = 26
Z = 27


Então, podemos deduzir o seguinte sobre algumas atitudes, ou acções, utilizadas normalmente nas actividades laborais:

T-R-A-B-A-L-H-A-R
21+19+1+2+1+L+8+10+1+19 = 84%

S-A-B-E-D-O-R-I-A
20+1+2+5+4+16+19+9+1 = 77%

D-E-C-I-S-A-O
4+5+3+9+20+1+16= 58%

I-N-I-C-I-A-T-I-V-A
9+14+9+3+9+1+21+9+23+1= 99%

L-E-A-L-D-A-D-E
12+5+1+12+4+1+4+6 = 45%

E

D-E-S-O-N-E-S-T-O-S
4+5+20+16+14+5+20+21+16+20 = 141%

M-E-N-T-I-R-O-S-O-S
13+5+14+21+9+19+16+20+16+20 = 153%

C-O-R-R-U-P-T-O-S-
3+16+19+19+22+17+21+16+20=153%


MORAL DA HISTÓRIA

Com base nesta teoria, podemos afirmar, que é matematicamente certo que em certos lugares como Portugal  isso acontece:

Não é então aconselhável TRABALHAR, ter SABEDORIA, ter DECISÃO e INICIATIVA, e um bom DESEMPENHO, porque só te consideram, quanto muito a 100%.

E estão mais valorizados os DESONESTOS, MENTIROSOS, CORRUPTOS E DESAVERGONHADOS porque esses sim, são tão bons que ultrapassam e excedem largamente os 100%.


As matemáticas não mentem... pois…

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As imagens de construções surreais são da autoria de  Matthias Jung, tendo eu tido conhecimento delas através do Bored Panda.

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E sigam, por favor, para a poesia na matemática, e, mais concretamente, para o amor dito de uma forma gráfica.

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sábado, março 07, 2015

Mais um caso de sucesso: o casal que foi para França e oh la la. E o alentejano e as mulheres nuas.


Depois de, no post já abaixo ter dado corpo (uma parte do corpo, mais precisamente) a uma dúvida existencial e de, mais abaixo ainda, ter enunciado os prós e os contras de uma exaustiva lista de potencias candidatos às próximas eleições presidenciais, aqui repesco dois comentários desta sexta-feira, o primeiro do Leitor Firme e o segundo da Leitora Rosa Pinto. E os meus agradecimentos, claro.
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Nada como incentivar o sentimento de esperança, divulgando casos de sucesso. Cavaco Silva, por exemplo, gosta muito de o fazer. Penso até que tem sido nesse contexto que o temos visto a elogiar vacas que riem, éguas tristes por não terem cavalos à perna, máquinas que fritam ovos (ou coisa que o valha).

Hoje vamos na senda de um caso de sucesso familiar. 

Um casal hoje muito rico há tempos foi para França com uma mão à frente e outra atrás!

Daí à fortuna foi simples... Ela tirou a mão da frente... Ele tirou a mão de trás!

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Um velho alentejano tinha um bonito lago na sua enorme propriedade. Depois de algum tempo sem ir ao local, decidiu naquele dia dar uma olhada geral para ver se estava tudo em ordem.



Pegou um balde para aproveitar o passeio e trazer umas frutas das árvores pelo caminho, e ao aproximar-se do lago, escutou vozes femininas, animadas e divertidas… Então viu um grupo de jovens mulheres a tomar banho no lago, completamente nuas.




Chegou mais perto e, com isso, todas elas fugiram para a parte mais funda do lago, deixando apenas a cabeça fora de água. Uma das mulheres gritou:

- Não saímos daqui enquanto o senhor não se for embora!

Ao que responde o alentejano:

- Calma moças, eu não vim até aqui para vê-las nadar ou para vê-las sair nuas do lago!

E, levantando o balde, prosseguiu ele:

- Eu só vim dar comida ao crocodilo…
.....


E permitam que relembro: sigam, por favor, para os dois posts já a seguir que isto hoje, por estas bandas, está que não se aguenta.

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Dúvida existencial: crochet ou tricot?


No post abaixo transcrevi o conteúdo de um mail que recebi com uma isenta análise das vantagens e desvantagens de cada um dos potenciais candidatos a presidente da República. Está um trabalho bem feito e inclui alguns de quem eu não me lembrava. 

Mudo de registo e partilho uma outra pérola recebida por mail, desta vez uma dúvida existencial. 


Legenda (da autoria de Rosa Pinto):

Ponto de dificil execução em linha de algodão.
Modelo recomendado para o verão que se aproxima.
Ah, o rabo da moça (acho que ninguém vai reparar) realça os abertos e fechados do trabalho manual!!!!!

.....

E sigam, por favor, para os candidatos a PR

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domingo, janeiro 18, 2015

Cristiano Ronaldo e Irina Shayk estão separados. As suspeitas foram confirmadas pelo agente de Irina, a ex-futuro membro do clã Aveiro. O mundo de repente torna-se mais animado: afinal o CR7 está outra vez solteiro! [Fotografias dos tempos de namoro e a poética do amor nas escolhas de Rosa Pinto]


Tinha já eu repescado para aqui as escolhas poéticas da Leitora Rosa Pinto quando ouvi que Irina Shayk tinha mandado dizer pelo agente que sim senhores, se tinha mesmo separado de Cristiano Ronaldo, o tal que, de sobrancelhas arranjadinhas, brinquinho reluzente, arrebatou no outro dia a sua terceira bolinha (tem três bolinhas e de ouro!) e que, em vez de agradecer também à namorada, soltou um grito que por pouco não fez a audiência sair dali a fugir não fosse aquilo querer dizer que ele tinha visto o lobo mau no meio da sala.


Portanto, perante tão estimulante notícia, tenho que fazer a agulha e reorientar o post. Um assunto destes, que vai deixar os fãs de um e outro cheios de expectativas, não poderia deixar de merecer um espaço aqui no Um Jeito Manso que, como é sabido, é como a casa da mãe Joana, cabe cá tudo.

Ora bem, vejamos lá o que tenho a dizer sobre este facto.

Não sou entendida em futebol mas os factos falam por si e tenho que reconhecer que o rapaz tem jeito para a bola. É uma máquina de marcar golos e de fazer dinheiro. E, como portuguesa, orgulho-me do facto. Não sei bem porquê, e também não posso dizer que seja coisa que me faz vibrar por aí além mas, seja como for, é português o melhor jogador do mundo da actualidade e isso é bom.

Dizem-no focado, disciplinado, de uma entrega total quando tem uma bola nos pés e que, não menos importante, é boa pessoa. E não é de grandes teorias, não é de modéstias coitadinhas, não se perde com conversas inúteis - e isso também abona a favor dele.

Onde eu já vacilo é na estética da coisa. Tem feições certinhas, tem um corpo bem feito e bem trabalhado, é certo, mas, que hei-de eu fazer?, não faz nada o meu género. Todo depilado, desde as pernas às sobrancelhas passando pelas axilas... E aqueles penteadinhos e aqueles brinquinhos... Não dá, nada a fazer. 

Este sábado estava a almoçar num restaurante cantonês ali à Almirante Reis e ao nosso lado um jovem casal. Ela parecia saída de uma capa de revista, cabelo preto nem tratado, corte Bob com franja, cat-eye com um eye-liner perfeito, um casaco de pêlo alto azul claro, jeans justos, botas de salto bem alto. Impec. O namorado não lhe ficava atrás, jeans, camisola salvo erro em preto e bordeaux, um cachecol nos mesmos tons enrolado ao pescoço, barba, cabelo bem penteado com um pouco de gel. Pensei: dariam uma bela sessão de editorial numa revista de moda. 
Mas, às tantas. o meu marido pergunta-me em voz baixa: Já viste as unhas do gajo?
Olhei e ele estava a fazer-lhe uma festa no braço e só vi uma unha. Estava pintada de cinzento escuro brilhante. Ainda pensei: entalou o dedo, ficou com a unha preta e, para disfarçar, o vaidosão pintou a unha.
Mas logo ele rodou a mão no braço de pêlo azul e vi que tinha uma unha de cada cor: uma encarnado pujante, outra azul marinho, outra castanho rosado... Devo ter ficado de boca aberta.
Ou seja, às tantas os homens arranjarem-se desta forma, com estes pormenores que eu ainda acho abichanados, é coisa banal e eu é que estou a ficar antiquada.

Enfim. O que a mim me desagrada no Ronaldo enquanto exemplar masculino, às tantas é o que faz entrar as meninas em delírio, sei lá, já não digo nada.

De resto, sempre me fez um bocado de confusão como é que uma rapariga como a Irina, que circula em tudo o que é palco da alta roda mediática, encaixava naquele clã tão cheio de Aveiros. A Elma, a Kátia, a D. Dolores - que devem ser mesmo umas queridas e que devem mimar e proteger o seu querido Cristiano e mais o Cristianinho - dariam o espaço vital de que Irina Shayk parece precisar? Sempre me pareceu duvidoso mas, enfim, para dizer a verdade nunca foi tema que atormentasse a minha mente.


Parece que o comunicado do agente de Irina diz que a separação não tem nada a ver com o clã Aveiro e eu acredito que não, que o problema deve mesmo ser outro, deve ter a ver com o todo o package.

Irina vem assim juntar-se a Merche Romero e outras que provaram e que, por algum motivo, não gostaram ou não se adaptaram ou a quem eles passou ordem de marcha - coisa lá deles.

E, assim sendo, não sabendo que mais dizer sobre o tema, passo ao registo recordatório: imagens de quando o CR7 e Irina eram o casal de ouro, os namorados mediáticos que a indústria da moda e da publicidade disputavam. As primeiras imagens pertencem à sessão fotográfico produzida para a Vogue e que esteve a cargo de Mario Testino, a penúltima é da autoria de James Houston e a última não faço ideia.





Se concordarem, introduzimos aqui uma nota dissonante: vamos com Agnes Obel - Fuel to Fire



Do you want me on your mind or do you want me to go on
I might be yours as sure as I can say
Be gone be faraway


E, agora sim, chamo agora Rosa Pinto a juntar-se à festa, trazendo as suas escolhas literário-poéticas.

Espero que nem ela nem os mais puristas se ofendam por eu trazer para aqui, à mistura com mundanidades e outras frioleiras, alguns grandes nomes da literatura mas eu acho que a literatura fica bem em qualquer lado e - digo eu - tomara que todos os albergues espanhóis (tipo de alojamento no qual este blogue se insere) acolhessem bem as almas dadas à poesia.



E quando me escrevias, era tão belo o que me contavas que me despia para ler as tuas cartas. Só nua eu te podia ler. 
(...)

Mia Couto




MOTE 
«Não te beijo e tenho ensejo
Para um beijo te roubar;
O beijo mata o desejo
E eu quero-te desejar.» 
GLOSAS 
Porque te amo de verdade,
'stou louco por dar-te um beijo,
Mas contra a tua vontade
Não te beijo e tenho ensejo. 
Sabendo que deves ter
Milhões deles p'ra me dar,
Teria que enlouquecer
Para um beijo te roubar. 
E como em teus lábios puros,
Guardas tudo quanto almejo,
Doutros desejos futuros
O beijo mata o desejo. 
Roubando um, mil te daria;
O que não posso é jurar
Que não te aborreceria,
E eu quero-te desejar!

O Beijo Mata o Desejo, António Aleixo




Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza. 
Pablo Neruda



Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.


Soneto do Amor Total, Vinícius de Morais




Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada... 
Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio... 
Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo... 
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós! 

David Mourão-Ferreira, in "Infinito Pessoal"



Dá a surpresa de ser. 
É alta, de um louro escuro. 
Faz bem só pensar em ver 
Seu corpo meio maduro. 

Seus seios altos parecem 
(Se ela tivesse deitada) 
Dois montinhos que amanhecem 
Sem Ter que haver madrugada. 

E a mão do seu braço branco 
Assenta em palmo espalhado 
Sobre a saliência do flanco 
Do seu relevo tapado. 

Apetece como um barco. 
Tem qualquer coisa de gomo. 
Meu Deus, quando é que eu embarco? 
Ó fome, quando é que eu como ? 

Dá a Surpresa de Ser, Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

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Bye bye Irina Aveiro. Good luck Irina Shayk.

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E, prontos, é isto.

Agora vou ali ler mais um bocado do Expresso ou ver o episódio de ontem do Borgen e talvez ainda cá volte. Logo vejo. Até já.

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