Tenho o nome de uma flor
quando me chamas.
Quando me tocas,
nem eu sei
se sou água, rapariga,
ou algum pomar que atravessei.
De palavra em palavra
a noite sobe
aos ramos mais altos
e canta
o êxtase do dia.
Colhe
todo o oiro do dia
na haste mais alta
da melancolia.
Oh tempo tempo tempo,
tempo de colher
o que temos maduro:
o lume dos olhos
a luzir no escuro.
Sobre o teu corpo caio -
daquele modo que o verão tem de espalhar os cabelos
na água esparsa dos dias
e faz das peónias uma chuva de oiro
ou a mais incestuosa das carícias.