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de Jacqueline Secor |
E trópica mansamente
De leite entreaberta às tuas
Mãos
Feltro das pétalas que por dentro
Tem o felpo das pálpebras
Da língua a lentidão
Guelra do corpo
Pulmão que não respira
Dobada em muco
Tecida em água
Flor carnívora voraz do próprio
suco
No ventre entorpecida
Nas pernas sequestrada.
Maria Teresa Horta
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de Jacqueline Secor |
No seguimento do post de ontem, decidi fazer um post em homenagem a uma das partes mais fantásticas do corpo das mulheres. Já não é a primeira vez que o faço (por exemplo aqui e aqui) e provavelmente não será a última. É uma parte íntima, geralmente escondida, muitas vezes objecto de vergonhas, de tabus, muitas outras vezes transformada em arma de arremesso vernacular. E, no entanto, que delicadeza, que porta de entrada para um mundo de mistérios e prazeres. Felizmente a anatomia colocou-a num lugar em que está ao abrigo de olhares impróprios, protegendo-a de uma banalização que a tornaria menos secreta e menos desejada.
Por motivos que não alcanço, há quem a associe ao pecado e proíba imagens suas. Eu, pelo contrário, acho que a sua existência deveria ser glorificada e só por pensar que os meus filhos existem porque alguém transpôs esta entrada do meu corpo para no mais interior de mim depositar a sua semente e que ambos chegaram a este mundo descendo por mim e atravessando esta porta abençoada, ainda mais penso que pecado uma ova.
E agora chega de conversa. Vou ali buscar o meu chá, quentinho e bom. Aceitam um bolinho?
E viva a vulva
[O filme publicitário da polémica]
E até já.