Tenho a dizer que graças a um telefonema que recebemos perto das duas da manhã tivemos que sair de casa e, ala moços que se faz tarde, aí vão eles, feitos à estrada.
Cumprida a missão, entrámos na cama perto das quatro, uma espertina do caraças. Portanto, podem imaginar: o sono foi pouco, muito pouco.
Aproveitei para, em jejum, ir fazer umas análises que estavam prescritas e que estavam à espera do dia certo para serem feitas. Afinal, quando ia a sair de casa já com o frasco com a devida urina II, reparei que não eram para ser feitas agora mas sim daqui por uns cinco ou seis meses. Mas já não estive para me reorientar e fui na mesma. Que se lixe. A seguir fomos comprar o comprimido desparasitante para o cão.
Por acaso, de tarde, dormi um pouco. Mas nada que chegasse.
Mas depois, porque hoje foi dia, fomos jantar fora. Pelo caminho perguntei ao meu marido se queria viver comigo outros tantos. Disse que não respondia porque a pergunta estava para lá de surreal. Não percebi porquê.
A seguir ainda fomos buscar o urso cabeludo que tinha ficado em boa companhia.
Como é bom de ver, só quando, ao almoço, lá para as duas da tarde, ligámos a televisão é que vimos qualquer coisa. Mas o meu marido teve um acesso e desligou-a. Conclusão, não apenas não pude debruçar-me sobre o magno problema que absorve os neurónios de tutti quanti como, do que ouvi, não consegui extrair uma conclusão que fosse.
Primeiro: afinal para que é mesmo a comissão sobre a TAP? Não era para perceber quem é que aprovou aquela cena da indemnização da Alex Tomba-Todos? Isto, quiçá, para perceber que aquilo lá não é uma felga?
Ou não?
Será que aquela Comissão é um daqueles exemplares topológicos sem contornos, a materialização daquilo a que se chama geometria variável? Será que os objectivos variam consoante?
NB: É mesmo assim. Consoante. Sem palavra a seguir porque é o que me parece que acontece na comissão. Se, um dia, um qualquer diz batatas fritas na sessão seguinte o tema é sobre batatas fritas. Se nessa um diz gatinho azul, na seguinte anda tudo às voltas de gatinhos azuis. Uma never ending Comissão em que começou na indemnização da Gand'Alex e já vai nas notas que um tomou numa reunião qualquer que me parece que não tem nada a ver com o caso.
Isto já para não falar que, para o tom inquisitório ser ainda mais apurado, só falta mesmo haver ali uma pide Leninha (*) para andar à bofatada (escrito assim mas soar mesmo a estaladão) com aquela malta toda.
E, de cada vez que algum inquirido se descosesse e dissesse que sim, senhor, bebeu água antes de ir para ali, primeiro soltavam a Leninha e só depois é que se chamavam os macacos avençados para saltarem para as televisões e para as rádios a macaquearem o que foi dito. Claro está que os macacos não fazem a mínima sobre o tema, este ou qualquer outro, estão ali só mesmo para se macaquearem uns aos outros. O facto de todos, encarniçadamente, se porem a debater o dislate que é beber água antes de entrar para a sala de audiências é apenas porque sim, porque são pagos para isso. E isto quando o tema é beber água. Porque pior ainda quando algum inquirido entra em contradição e diz que se esqueceu de lavar as mãos depois de ter feito chichi quando todos assistiram que afinal até as lavou três vezes e até trocaram whatsapps a comentar o caso, Aí, sim, aí cai o carmo, a trindade e a portugália, e, por isso, ie, por causa dos bifes, o Montenegro desata a formar governo (à sombra, não vá apanhar algum escaldão).
Há dias andava o zoo comentadeiro às voltas com o parecer. Há ou não?, quem o tem? quem o escondeu? A malta toda a brincar ao lencinho queimado ou, na versão mais moderna, à caça ao ovinho da páscoa. E o Medina e as duas ministras não foram logo ali apedrejados, açoitados e alvejados com ovos podres porque não calhou. Mas foi por um triz.
Agora o tema são as notas. Há notas? Alguém escondeu as notas? Onde estão? Quem é que sabia das notas? E não há alho nem bugalho que não opine sobre as notas. E, uma vez mais, cinquenta vizinhas saltaram para a arena comentadeira, todas de língua e faca afiadas, tudo a clamar por justiça e só não cortaram ainda o pescoço ao Galamba porque parece que não apreciam arroz de cabidela.
E eu pergunto: mas não é normal tirar apontamentos nas reuniões? Meio mundo o faz. O que não é normal é andarem a cheirar as notas uns dos outros quais cães a cheirarem o rabo uns aos outros.
Mas parece que é o que os neo politicos, os jornalistas, os comentadeiros e os tomateiros gostam de fazer: cheirar o cu uns dos outros.
Sim, leram bem, Os tomateiros. Toda a gente opina sobre as notas, desde os mais ilustres desconhecidos, até às descabeladas do costume, até a uns pobres coitados que foram arrebanhados na rua e, à falta de melhor, quando já não há cão nem gato para opinar, já nem os pobres tomateiros escapam.
E tudo para quê? Para fuçarem nuns apontamentos que uns quaisquer tomaram numa reunião que não interessa nem ao menino jesus.
Até ouvi, de passagem, uma qualquer a descobrir a pólvora: que a ex-CEO do magnífico nome tinha reunido com o Galamba. Estava exorbitante a desgrenhada e enlouquecida criatura com a descoberta que tinha feito. E quem a ouvia, um entrevistador com ar alucinado, não foi capaz de lhe perguntar se ela não sabia que isso era o que era suposto acontecer: a tutela reunir com os órgãos de gestão da empresa. Se o Galamba reuniu com a ex-CEO fez apenas o que tinha que fazer. Mas aquela alimária falava como se tivesse descoberto que a Christine andava a vender coca ao ministro.
Parece que o país ensandeceu, de repente o espaço público transformado num filme cómico.
Não há pachorra.
Contudo.
Isto dito.
Tenho que perguntar ao Costa se ainda não percebeu que tem que ter cuidado com a marabunta que se acoita lá pelos ministérios. Quem é que selecciona e quem é que avaliza as competências daquela canalhada miúda que, sob o título de assessores e adjuntos (e recebendo como tal), se aboleta em lugares que deveriam estar reservados a gente de elevado calibre? O Costa ainda não percebeu que é tempo de chamar a brigada anti pragas? Ou tenho que ir lá levar desparasitantes de cão a ver se fazem fazem efeito também nessa tropa fandanga?
Pergunta a minha inocente ignorância: que conhecimentos e experiência de vida e da área em causa tem o jeitoso Frederico Pinheiro para ter sido Adjunto de um Ministro?
Li o CV do moço e nem para meu estagiário eu o quereria (isto quando eu ainda estava no activo, claro). Que credibilidade tem aquele rapaz para andar a coordenar reuniões, para acompanhar dossiers, para lidar com informação reservada? Alguém me diz?
Será que aquela rapaziada de quem dizem ser a gauche do PS, para agradar aos amigos da ex-geringonça, ainda acoitam maltinha dos Blocos, das Jotas e de sei lá onde mais?
E o nosso ubíquo Marcelo não consegue puxar pela sua iluminada cabeça e ver como se há-de (colectivamente) conseguir trazer para a vida pública gente capaz, competente, respeitável? Não consegue arranjar maneira de proibir a entrada a maltinha que pode ter muita graça a fazer teses de doutoramento (a expensas nossas) sobre temas que não interessam nem à carochinha ou a maltosa que gosta de fazer tricas laricas entre jotas mas que não tem a mínima competência ou respeitabilidade para assessor ou adjunto nem do raio que o parta, muito menos de um secretário de estado ou de um ministro?
Tempos houve em que os Ministros e Secretários de Estado eram a nata da sociedade, o melhor que o País tinha, O que se passa para gente dessa se recusar a ir agora para o Governo? Mas não vão nem que os banhem em ouro... E, se não há gente capaz que queira ir, depois é o que se vê. Só disto que agora se descobre que por lá anda.
Não pode ser.
Já agora: quem é que autoriza as bolsas para essa malta que para aí anda, eternamente, a fazer teses de mestrado e de doutoramento sobre bugigangas de assuntos, sobre tretas que não servem nem servirão nunca para nada que se aproveite? Andei eu anos e anos a trabalhar, de sol a sol, na economia real, como uma moira, deixando grande parte do meu ordenado em impostos, e ando agora a deixar parte da minha pensão de reforma, para andar a financiar o que me parece ser uma alegada trupe de imprestáveis que, em vez de trabalharem a sério, andam por aí entretidos a fazer merda respaldados pelas bolsas que recebem para fazer teses da treta? (Pardon my french)
Olhem, não há mesmo pachorra.
NOTA: Apesar de tudo, os indicadores económicos são fantásticos, a democracia funciona e, digam o que disserem, o PS ainda é a melhor alternativa para governar o País. Tem muito trabalhinho de casa para fazer? Oh se tem... Mas, enquanto não houver melhor, há que respeitar o voto dos portugueses e deixã-los continuar o trabalho que têm estado a fazer e que, por sinal, estão a fazer bem Que fique claro que o mecanismo fundamental nas democracias é o voto. E quem vota é o povo. Não é a comunicação social.
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Olhem, se é para atirar pedra, que entrem os meus amigos da Porta dos Fundos
E, já agora, pedra por pedra, que entrem também os meus amigos Monty Phyton