No vídeo que coloquei no post a seguir a este, o entrevistador pede a Nicole Kidman que indique nomes icónicos da moda e ela responde: todas as mulheres fotografadas por Irving Penn, especialmente a sua mulher, Lisa Fonssagrives.
Lisa por Irving |
De facto, se há fotógrafo que tenha feito imagens de rara elegância, esse fotógrafo é, sem dúvida, Irving Penn.
Mas nem sempre Irving se focou nas poses bem comportadas ou na beleza tradicional, nem as suas musas icónicas foram sempre inequivocamente perfeitas ou reverentes e obrigadas. Beyond beauty é prova disso ao provocar a nossa perplexidade e, por vezes, as nossas aquietadas consciências. As fotografias dessa série foram feitas entre 1949 e 1950 e, imagine-se, apenas foram expostas depois de 1980. A nudez e a estranheza eram, então, ainda mais inquietantes do que hoje.
É um fotógrafo cuja obra bastante aprecio e, de certa forma, pasmo como um homem nascido em 1917 e vivendo entre meios tão normativos em termos de perfeição, conservou a semente de irreverência, tão visível em tantas das suas fotografias.
Irving inovou de várias formas, muitas delas pela simplificação e despojamento que introduziu nas sessões fotográficas: usava fundos lisos, cinzentos, cenários angulares, modelos posando de cara quase tapada, etc. Vendo agora, à distância, ainda nos admiramos. Todo ele era criatividade, emoção e intuição.
Vários artistas das mais variadas artes posaram para Irving. Picasso foi um deles e, digo eu, deve ter amado as fotografias de Irving. Toda a sua argúcia, vivacidade e sensualidade estão no olhar que o fotógrafo agarrou e que irradia a partir do centro, ocupando (ie, iluminando) quase toda a fotografia.
Mas quero agora focar-me, sobretudo, no que é diferente: os cenários, as poses, os rostos que, mesmo diferentes, proporcionam a quem olha, momentos de fruição e beleza.
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You are my sister
(cantado por essa outra criatura diferente: Antony)
Para falar da beleza ou da fealdade, socorro-me de novo de Agustina, agora com Camilo como personagem in Camilo - Génio e Figura.
Camilo: Feio sou eu, senhora. A fealdade exprime uma malignidade anónima. Em Nápoles, quando se passa por uma pessoa feia como eu, pensa-se logo que vai haver desgraça em casa. Aquele que é feio escolhe as vítimas e dá-lhes um destino apropriado. Um destino terrível.
Vieira de Castro: Acreditas nosso?
Camilo: Acredito. O princípio que cria uma desgraça transmite-se aos outros.
Ana: Julguei que era esse o efeito da beleza. A beleza pode ter sido criada por um mau princípio.
Camilo: O olhar dos outros descobre-nos a tara que nós cobrimos de talento e que queremos esquecer. Um feio provoca sempre um arrepio, mesmo naqueles que estão mais preparados. Adivinham a responsabilidade do feio, que é o de ser mau.
Ana: Isso comove-me. Vejo que está condenado ao mal.
Camilo: Sim, dona Ana. Condenado ao mal exterior: ao escândalo e à infâmia. Condenado ao mal interior: vergonha, inveja, sofrimento, desespero.
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Preconceitos.
Outros tempos, os tempos de Camilo - ou talvez não.
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Um artigo do The New York Times despertou há pouco a minha atenção. É um tema que me é caro: as diferenças, o direito à diferença, o direito à aceitação.
Changing Our Perceptions of Beauty
por KAREN BARROW
What is beauty?
Christine, with albinism, photographed by Rick Guidotti |
Mr. Guidotti saw a 12-year-old girl waiting for a bus with her mother. The girl had white-blond hair, eyebrows and lashes, pale skin and light eyes — the first time he had seen anyone with albinism. “She was gorgeous,” he said.
He searched medical textbooks for more photos of people with albinism, but the only images he found were of youngsters standing up against a wall with black bars over their eyes.
“As a fashion photographer, I was always told what was beautiful, but I saw beauty everywhere,” he said.
His work evolved into a not-for-profit organization, Positive Exposure, and is currently featured in a new documentary, “On Beauty.” His aim: to transform perceptions of people living with genetic, physical and behavioral differences, both among the public and health care professionals. “We need to get rid of those black bars,” he said. “It’s not about what you’re treating, it’s who you are treating.”
On Beauty: Early Trailer
Todos diferentes, todos iguais. Todos belos apesar de diferentes.
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Relembro que, já abaixo, poderão ver uma beldade respondendo de seguida a 73 perguntas.
Podem achar que isso não vale nada; mas experimentem a ver se conseguem, 73 respostas de seguida, pimba, pimba, pimba.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa sexta-feira.
Um dia feliz para todos, com muita sorte, com boas notícias, com muita esperança.
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