O amor entre um homem e uma mulher (ou entre dois homens ou entre duas mulheres) não é infinito, não é incondicional, não é intemporal, não resiste a todos os escolhos, não acolhe todos os perdões nem todas as tolerâncias. É o contrário. É efémero, frágil, limitado. Contém ódios, acusações, raivas, incompreensões.
Mas se, apesar de tudo isso, ele consegue ir sobrevivendo ou, mesmo, ir-se tornando-se mais forte e sábio, então é muito bom. É o tipo de amor que nunca deve ser dado por adquirido. Nunca. É demasiado falível para isso. Mas, enquanto durar, é bom. Ter-se uma boa companhia, alguém que nos ajude a superar as dificuldades, alguém que nos perceba, que nos ampare, que nos faça rir, que nos desafie é bom. Termos alguém a quem dedicar o nosso carinho, a nossa atenção, o nosso apoio é bom, termos com quem partilhar os bons e os maus momentos também é bom.
Por isso, ver casais a andar é coisa de que gosto. Gosto de os fotografar. É como se caminhassem sozinhos no meio do mundo.
Se vejo casais já com alguma idade mas ainda conservando a ternura da mão dada ou do braço dado enterneço-me.
E, se vejo casais jovens, intimamente desejo que a vida lhes sorria e que eles sorriam à vida e que tenham a sorte de se sentir amados e de saberem construir o caminho pelo qual caminharão.
Um ano bom é um ano no qual nos sentimos amados. E, ao terminar o ano, é em afectos que mais penso: que o ano novo venha com afecto para mim e para todos os que amo. E para todos os que, aí desse lado, me acompanham.