terça-feira, janeiro 31, 2017

Bolas! Já estou mais descansada!
Parece que o livro do Valter Hugo Mãe foi parar ao Plano Nacional de Leitura devido a um erro informático.
Assim, já percebo. Nenhum humano de bom senso recomendaria um livro do Valtinho para ser lido por crianças.
E não é pelo palavreado. É que aquilo não é literatura: aquilo é o populismo aplicado à escrita.


E já sei que estou a pôr-me a jeito. De cada vez que aqui ferro o dente na canela do Valtinho, logo alguém mais devoto vem tentar chamar-me à razão. Que ele é bom, mesmo bom. Mas é escusado, Leitoras. 

E reparem como não tenho medo: vou confessar aquilo que fará as mais devotas ainda afiarem mais o dente para ripostarem a preceito - nunca li nenhum livro do Valtinho. Juro. Nunca.

Como sempre faço de cada vez que escolho um livro, abro, folheio. Farejo a escrita. Leio em diagonal e olha lá. E não me enganam. Nunca fui capaz de trazer um cá para casa.

De cada vez que dou uma hipótese, deixa cá ver se não estou a ser preconceituosa, fecho o livro, enjoada, à segunda ou terceira diagonal. Não dá. Prosa de enleio fácil. Prosa de engate. Mas engate sem sofisticação. Engate pobrezinho. Prosa besta metida a poética, prosoleio desenxabido, coisinha a fingir de elegância oriental mas de quem da orientalidade não bebeu senão o chá barato do restaurante chinês. 

Parece que naquele tal livro 'o nosso reino' o valtinho põe em escrita actos que não o levarão nunca a conseguir ter o filho que há anos anda a ver se faz. 

Não reproduzo aqui. Este é um blogue de família, apenas se usam palavras de salão.

Quando o meu filho era pequeno, mas pequeno de andar na infantil, dizia palavrão que até fervia. Eu zangava-me. Proibia-o. Mas, descarado, volta e meia la vinha palavrão. Ameaçava-o. Nada. Um dia disse: mais um palavrão e levas pimenta na língua. Bem dito, bem feito. Desafiando-me, como sempre fazia, novo palavrão. Agarrei-o e pus-lhe um bocado de pimenta na língua, Deu um salto, aflito, aflito, a chorar. Assustada, arrependida, agarrei-o e fui a correr à casa de banho lavar-lhe a língua, lavar, lavar. 

Acho que não deu resultado nenhum. A mim é que fez efeito que ainda hoje, arrependida, me lembro do disparate que fiz. 

Casalinho mais fofo
Outra vez, com ar malicioso disse que uma qualquer era fofa. Não percebi o ar malicioso. Teria uns quatro ou cinco anos, nem sei. Perguntei: mas que é que tem ser fofa? E ele com ar cada vez mais malandro: Não sabes...? E eu, ingénua, Fofa...? E ele com ar de intelectual, a ensinar-me, 'gosta de mulheres...'. O esforço que fiz para não me desatar a rir. E a minha filha, uns seis ou sete anos, a dizer-me em segredo, 'mãe, acho que ele quer dizer fufa'. E eu siderada, sem imaginação para uma saída airosa. 

Agora imagine-se que chegava ao 8º ano e lhe davam a ler o livro do Valtinho. Então é que eu estava feita... Ficava legitimada aquela tentação que o rapaz tinha de dizer o que não devia. 


Disparate. Disparate puro. 

Mas, pronto, se não foi gente parva que cometeu tal dislate mas sim um vulgar erro informático já fico mais descansada. Embora, na volta, não foi erro informático nenhum. Foi erro mas de outra natureza: alguma admiradora, quiçá uma daquelas que lhe escrevem a oferecer-se para serem a mãe da criança que ele tanto quer parir, teve um lapsus vaginae e em vez de escrever José Rodrigues Miguéis saiu-se com Valter Hugo Mãe. Compreende-se, são parecidos.

Tirando isso, se o erro vai ser corrigido, o país pode sossegar e voltar à normalidade. Melhor dizendo: podemos voltar a ficar à coca a ver quando é que o láparo volta a sair da toca para fazer mais algum disparate e a malta se rebolar a rir. Até já dou por mim a pensar nele e a incitá-lo: salta macaquinho.

Ah. O mundo afinal é perfeito. Tão bom, tão bonitinho este mundo, fofinho mesmo. 

Até vou acabar o meu dia de hoje a ouvir as palavras sábias e sensíveis de tão ilustre e inspirador escritor.
(Valtinho, valtinho, o que seria do nosso reino sem ti, quiduxo mai lindo? - aqui que ninguém nos ouve, digo eu de mim para mim, sonhadora)
Vejamo-lo e ouçamo-lo:

Valter, o filho de mil homens e uma primeira frase demolidora.


Ui.


O que faz uma primeira frase.


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Mas olhem, meus Caros Leitores -- apesar de certamente arrasados com as palavras enlevantes de um dos nossos mais badalados e peludos escritores, um dos melhores Crisóstomos da nossa vida -- não deixem de descer para contactarem de perto com outros seres especiais. Melania, Ivanka e Donald. Fantásticos, eles.


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Ivanka e Melania, as sensíveis mulheres da famíla Trump


Na mesma altura em que o marido avança com o afamado muro a separar o México dos Estados Unidos, muro esse que, segundo ele, os mexicanos vão pagar mas sobre o qual agora prometeu ao presidente mexicano não falar em público, a sensitive Mrs Melania Trump fez-se fotografar para a capa da Vanity Fair do México (do México, justamente) a alimentar-se de diamantes. Com se comesse massa, ela enrola fiadas de diamantes numa colher com a ajuda de um garfo.



E no mesmo fim de semana em que o papá lançou a confusão com a lei anti-imigrantes e com um discurso anti-refugiados, a menina do papá, aquela com quem o pai diz não ter um caso apenas por ser sua filha, fez-se fotografar com o marido, o influente Jared Kushner, exibindo um reluzente vestido platinado Carolina Herrera com o modesto valor de $4.990 -- e publicou a imagem do glamorous outfit no Instagram. Iam a um baile, numa das suas múltiplas presenças em cenas afins.



Claro que logo meio mundo lhe caíu em cima e lembrou que o vestido fazia lembrar as capas térmicas em que, na recente onda de baixas temperaturas, se embrulharam as crianças refugiadas de Lesbos tentando não morrer de frio.


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Algum incómodo, Caros Leitores...?

Não sei porquê. Estes são os fantásticos tempos em que um palhaço chamado Trump foi eleito e, tal como prometeu, está a estilhaçar conquistas de gerações.

Donald Trump in office

Trust me, I’m the president

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Mas, seja como for, caso sejam sensíveis, queiram descer que aí abaixo o ar desanuvia.
É um vídeo e read my lips, dudesé fantástico.

A sério.

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Fantastic...!


Não é novidade. É viral. Logo de manhã, mal abri o mail de trabalho, já tinha o vídeo enviado por um colega. Pela forma convincente como o recomendava, abri. Sorri. Têm razão, eles: com humor o apanharemos.

Entretanto, já o vi também nos jornais, toda a gente fala deste vídeo. Mas porque isto aqui no Um Jeito Manso também é um bocado diário, faço questão de aqui o ter. Pró memória.

A Holanda apresenta-se a Trump usando as suas ridículas expressões, os seus pueris exageros.



The Netherlands welcomes Trump in his own words





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Também com o humor te derrotaremos, ó palhaço Trump.

We'll grab you by the pony, by your tiny, tiny little, little pony. Got it...?

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segunda-feira, janeiro 30, 2017

I am the captain of my soul




Talvez por ter a rotina alterada, talvez por ainda estar sob efeito do último relaxante muscular que tomei (para aí há uns dois ou três dias), talvez porque a noite de ontem, sábado, foi obra, todos cá em casa, um chinfrim que só visto, os miúdos numa animação tal que me deram conta da cabeça (isto de estar mau tempo e não desopilarem na rua para, em casa, estarem minimamente sossegados, ontem deu num pico de energia simultânea que me ia fundindo os neurónios), a verdade é que chego a esta hora e estou a modos que off.

Há bocado estive a ler em voz alta o horóscopo chinês não apenas para o meu animal como para o dos restantes. Mas, a cada frase, já me estava a dar vontade de bocejar.

Agora já se foram todos deitar e apenas eu me deixei ficar. Estou a ver o programa da Anabela Mota Ribeiro e o Curso de Cultura Geral com a Ana Luísa Amaral e gosto de a ouvir, tem uma dicção perfeita e um tom de voz encorpado que me agrada. Também me agrada o que ela diz. Agora fala o antropólogo Miguel Vale de Almeida mas não está a dizer nada que me encante. Também ali está uma senhora com um cabeleira farta mas ainda não percebi quem é porque estou a escrever e a ouvir mais do que a ver.



Hoje de tarde, depois de chegar de um passeio na praia, que estava gelada, a fotografar redes de pesca, o mar, um trabalho do Bordalo II, e quem por ali andava, fui ao supermercado e, depois de arrumar as coisas, deitei-me em cima da cama e adormeci profundamente. Até me lembro de ter sonhado. Que sono tão bom eu dormi. Curto mas bom.

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Ah... é a Adriana Molder. Diz que não se sente culpada de flanar, de andar sem destino. Que é obsessiva quando trabalha mas que, depois, gosta de degustar o ócio. Diz que é assim aos 40 tal como era aos 12, quando estava de férias. Tem um ar um pouco ansioso.
Parece-me que o programa tem a ver com as influências do mundo exterior, parece-me que viveram no exterior durante algum tempo.
Nunca vivi no estrangeiro. Apenas em serviço ou em férias, coisas de curta duração. O maior período fora de seguida foi um mês. E nunca estive sozinha. Estar sozinha no estrangeiro, isso, desconheço. Acho que não gostaria, Também nunca vivi sozinha cá. Nem sequer fui alguma vez ao cinema sozinha. Ou à praia. Não gosto de estar sozinha. Só à noite na sala -- mas a isso não se pode chamar estar sozinha.

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Dizia eu, lá atrás, que, de tarde, tinha adormecido. Depois, quando acordei, fiz sopa, fiz o jantar desta segunda-feira, passado um bocado fiz o jantar de domingo, depois tomei banho, depois vi uma apresentação para uma reunião que tenho de manhã, depois respondi a alguns mails de trabalho (e calma, não trabalho em casa ao fim de semana por prazer ou devoção mas porque esta segunda vai ser complicada, tinha mesmo que adiantar algumas coisas), depois estive a enviar fotografias que tinha feito de manhã no parque, depois estive a preparar a roupa de amanhã porque de manhã não terei tempo para isso, depois chegaram eles, os novos habitantes cá de casa, e os mais pequenos estiveram a brincar, depois jantámos, depois brincaram mais um bocadinho, depois cama, depois a mãe esteve aqui na sala e esteve a ouvir-me ler o seu horóscopo chinês, como se fazem umas bolinhas de maçã e aveia (apple energy bites) e os efeitos benéficos de usar o açúcar misturado com o shampoo como esfoliante natural. E etc.

E agora que estou aqui e que tinha pensado escrever sobre um assunto da actualidade, estou nesta preguiça, sem energia para o que quer que seja.


Não respondo a comentários, não respondo a mails, uma vergonha. Mas é tal a indolência que me tolhe as mãos (e o raciocínio) que, como podem ver, não passa disto. Desculpem-me.

Nem a corrida em osso no Valls, nem a vitória de Benoit Hamon, nem as inqualificáveis anormalidades do palhaço Donald, nem a vitória do Moreirense (tema que chegou a dar uma certa disputa entre os dois meninos, ele a dizer que o apoiava e ela a dizer que gostava de todas as equipas menos do Moreirense), nada -- não consigo alinhar meia dúzia de palavras sobre o que quer que seja.


Tenho aqui ao meu lado um livro sobre Guilherme Parente, pintor de que muito gosto, e gostava tanto de transcrever parte de uma sua entrevista ou, então, um pouco do livro de Imre Kertész do qual, antes de adormecer, ainda consegui ler um pouco (e ontem também; vá lá). Mas nem isso. Senhores. Nem isso. 

E li há pouco alguns blogues, destes que aqui tenho na minha galeria. Algumas coisas boas. Pensei: vou fazer um cadavre exquis com frases de uns e outros. Estava a pensar se lhe dava a forma de poema ou de prosa. Pois, pois. E energia para isso? É que nem energia para desempatar entre a poesia e a prosa.


Por isso, vocês desculpem-me: hoje fico-me por aqui (apesar de agora estar a ver o Jordi Savall e só isso justificar que, em condições normais, eu fizesse até uma directa).
Antes de me ir deitar, ainda vou ver ver se os meninos estão tapados. Geralmente não estão, especialmente ele.
No entanto, para tentar que não protestem e não me exijam de volta o dinheiro do bilhete, deixo-vos com um dos poemas preferidos de Mandela e do qual eu também muito gosto. Tomara que também gostem e que achem que justifica o tempo que vos fiz perder até aqui chegarem.


Invictus de William Ernest Henley lido por Morgan Freeman


Out of the night that covers me, 
      Black as the pit from pole to pole, 
I thank whatever gods may be 
      For my unconquerable soul. 

In the fell clutch of circumstance 
      I have not winced nor cried aloud. 
Under the bludgeonings of chance 
      My head is bloody, but unbowed. 

Beyond this place of wrath and tears 
      Looms but the Horror of the shade, 
And yet the menace of the years 
      Finds and shall find me unafraid. 

It matters not how strait the gate, 
      How charged with punishments the scroll, 
I am the master of my fate,
      I am the captain of my soul. 


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Entretanto, a Anabela Mota Ribeiro, já publicou as listas dos participantes do programa deste domingo, 29 de Janeiro do ano da graça de 2017. Como apanhei o programa já no final, não vi esta parte. Leio agora.


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E, se ainda tiverem saco para tal, aceitem o meu convite e desçam, por favor, até à campanha da H&M: Bring it on

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Bring it on
- uma campanha interessante


Não sei onde são feitas as roupas da H&M e até admito que não difira das restantes. Se compramos, queremos bons preços. Quem as produz sabe disso e, naturalmente, ainda quer ter lucro. A concorrência é feroz neste mundo global e os mais pobres são o elo mais fraco, aqueles que, por tuta e meia, confeccionam a roupa que o mundo dito civilizado consome. É assim. Podemos bradar aos céus e rasgar as vestes que dá no mesmo. É assim. Até que alguma hecatombe aconteça e o mundo comece de novo.

Por isso, não vou aqui debruçar-me sobre a consciência social da empresa H&M. Não a conheço. No entanto, conheço bem demais a lógica que impera na gestão das empresas, em especial das que operam em contexto internacional, para me permitir veleidades desse tipo.

Portanto, passando por cima desse pormaior, apenas aqui registo a recente campanha de reaproveitamento de roupa usada. A campanha está bem concebida, o vídeo é interessante, a ideia é boa. E, para já, no meio de tanta estupidez, já me contento com estas (pequenas) coisas.

H&M - Bring it on


Don’t let fashion go to waste. Bring garments you no longer want, from any brand and in any condition, to your nearest H&M. We’ll make sure they get a new life. Go to hm.com to find out more about Garment Collecting and our way to sustainable fashion.


Selon la marque, 5% seulement de nos vêtements sont recyclés au lieu d’être envoyés vers la décharge. Une situation dramatique contre laquelle H&M lutte depuis 2013, l’année où l'enseigne a mis en place son système de collecte dans ses boutiques au niveau international. Depuis le début de l’opération, elle a pu récolter environ 40 000 tonnes de vêtements, rapportées par les clients en échange d’un bon d’achat. Un bon moyen de se faire plaisir sans culpabiliser. 

Depuis 2014, la griffe produit d’ailleurs une ligne fabriquée à partir de pièces récoltées baptisée “Close the loop”. Cette année, la dite-collection accueillera de nouvelles pièces entièrement fabriquées à partir de denim usagé et sera disponible en ligne à partir du 30 janvier 2017.

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domingo, janeiro 29, 2017

A democracia no início de uma nova era


Talvez um dia o Passos Coelho, depois de acumular negas para a Câmara de Lisboa, resolva convidar Cláudio Coelho. 

Cláudio Coelho, conhecido por ser jogador de poker e, sobretudo, pelas suas participações nos reality shows apadrinhados por Madame Teresa Guilherme e pelos mediáticos romances que vai tendo com estrelas do seu calibre, uma das quais Cátia Aveiro, embalado pela fama, com o ego em cima face a ser capa de tantas revistas e a ser tão requisitado, resolva que está na hora de pôr a sua arte e manha ao serviço do povo.


E talvez o povo português, iludido, seguindo o exemplo dos americanos que puseram um biltre platinado na presidência, achem que mais vale um não político, um sujeito esperto e charmoso, do que um qualquer outro sem graça e com menos antena do que o Cláudio Coelho -- e o elejam.

E, portanto, depois do que tenho visto nos últimos tempos, não me admiraria muito que também o nosso pobre país aparecesse um dia maculado pela presença de um qualquer espécime desse estilo ao comando dos destinos de uma cidade, quiçá até de todo o país.

Hoje, enquanto não chegava a nossa vez na caixa do supermercado, deixei o meu marido na fila e fui espreitar as revistas. Uma notícia deixou-me espantada: Maria Vieira diz que o desaguisado com Ana Bola ainda acaba no tribunal. Pasmei. Sempre achei que fossem amigas e gente decente. Abri a revista e li em diagonal. Tricas expostas ao público no facebook, bloqueio de uma e outra na rede de amigos, cenas que não percebi mas que me pareceu terem a ver com comentários no facebook.


Mulheres já maduras, com mundo, e para aí andam em bate-boca nas rede sociais. É este o mundo em que tudo se propaga, onde tudo se empola, emporcalha e desvirtua. 

É o tempo da democracia mais absoluta, sem representantes. Cada voz vale por si e tanto como as demais. É este mundo imediatista, populista, em que a opinião de um burro vale tanto como a de um sabedor, em que um cão ou um gato pode ter a sua página com milhares de seguidores, em que todos seguem todos e todos sabem quem são os amigos de um e outro, em que toda a gente solta likes ou emite opiniões que não valem um caracol mas que logo se enchem de likes e se propagam como coisa importante. Ecos de ecos de coisa nenhuma.

Mais: os mais carenciados, os mais vulneráveis são os primeiros a gostar de espreitar a vida de fausto dos ricos e famosos e os primeiros a darem o seu voto quando uma qualquer dessas bestas douradas se apresenta a votos, mesmo que a besta anuncie que vai espezinhar ainda mais os carenciados e favorecer os esquemas, a fuga ao fisco ou, até, o comportamento mais misógino, retrógrado e execrável.

Não sei como se combate esta onda. Mas sei que tem que ser combatida.


O que se passa nos Estados Unidos é de vómito. Aquelas imagens que nos chegam, o Trump à secretária -- rodeado de figuras de enfeite que mais parecem saídos de uma comédia do Borat -- a assinar determinações que parecem anedotas de mau gosto, são de uma pessoa se arrepiar. Assina e mostra para as câmaras. Só falta aparecer a seguir uma do género da Teresa Guilherme, com um vestido coberto de lantejoulas, apertado para além do razoável, com decote até ao umbigo, cabelos até meio das costas e riso alarve, aparecer a comentar e louvar o sucedido. Os reality shows a chegarem à Casa Branca. O impensável a acontecer. E nós a assistirmos. Em directo e a cores.


E, no entanto, se Donald Trump, depois de todo o lixo que já produziu nesta semana, se apresentasse de novo a votos era capaz de ainda ter uma votação idêntica à que obteve. 

Pacheco Pereira tem escrito sobre isso e tem escrito bem. Mas ele elucubra sobre como estamos. Chora sobre leite derramado. Chove no molhado. O mesmo que eu estou a fazer mas com sabedoria e um mérito que não tenho. No entanto, face ao que está a acontecer é preciso mais do que isso, é preciso quem veja mais longe e saiba como travar esta onda.

Isto a que assistimos é a democracia em formato lúmpen e daqui, como se vê, não sai nada de bom; só sai rebotalho. 

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Já agora deixem que partilhe convosco:

Com que se parece uma Democracia: um retrato do fim de semana da tomada de posse nos EUA




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E, também já agora, uma graça

A Boa Mãe -- La Madre Buena (The Good Mother)


The tale of a Mexican mother torn between her politics and pleasing her only son’s request – to have a Donald Trump piñata for his birthday party.




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sábado, janeiro 28, 2017

Rir é uma coisa contagiante.
Pelo menos para mim é; estou aqui farta de me rir



Já aqui contei alguns momentos embaraçosos pelos quais passei por não conseguir parar de rir. É um problema que tenho: o meu riso é fácil. E, se quero ocultar ou oprimir o riso, estou feita. Como um vulcão, o riso explode, incontrolável.

Agora estou a lembrar-me. Estava a fazer um pós doc, um daqueles cursos de gestão avançada, eu entre la crème de la crème não apenas a nível de colegas de curso quer de professores, gente do melhor convidada entre a nata da sociedade.

Ao meu lado, um amigo. Ele, daqueles que faz observações em surdina e sem que a expressão deixe transparecer.

O professor, um conhecido ex-ministro muito cheio de si próprio. A turma disposta em U e o professor pavoneando-se dentro do U. A cada banalidade ou repetição que a sumidade soltava, o meu amigo fazia umas observações mordazes, sardónicas, mas parecendo estar a prestar a maior das atenções. Às tantas começou a dar-me vontade de rir. E, quanto mais queria parar, mais o riso começava a ficar à solta. À minha frente, na outra perna do U uma outra começava a perceber que eu estava a ficar morta de riso e começou também a rir. Eu não queria encará-la e, ao mesmo tempo, queria dizer ao meu colega que se calasse. Só que ja estava a ficar fora de mim. Desatei num riso já impossível de parar, a outra do outro lado também a ficar roxa de tanto rir, eu já com lágrimas cara abaixo e o meu amigo, terrível, cada vez a fazer-me rir mais. Tive que sair da sala, à pressa, a rir a bom rir.

Outra vez, estava numa reunião chatérrima, com gente a apresentar os seus feitos mas num detalhe estupidificante. Toda a gente já bocejava por todo o lado. Mesa também em U e eu numa das pernas mas perto da cabeceira. À cabeceira, na ponta, e, portanto, em ângulo directo comigo, um colega meu que, a bem dizer, se estava bem nas tintas para aquilo tudo. Então, enquanto um craque qualquer explicava a melhoria que tinha introduzido lá num processo qualquer e que tinha levado a uma economia de dois milhões -- e detalhava cada pequeno passo que tinha dado -- o meu colega começou a assobiar baixinho, com a mão à frente da boca. Quase ninguém o devia ouvir mas eu, que estava tão perto dele, não podia deixar de ouvir. O outro a explicar tudo bem explicadinho e o meu colega a soltar longos trinados. Bem. Começa a dar-me uma vontade de rir que já não aguentava. O outro que estava do outro lado perguntou-me 'então...? o que foi...?' e eu fiz-lhe sinal para o outro que assobiava. Então, começou ele, baixinho, com as mãos debaixo do tampo da mesa, a acompanhar com batidas. Eu já não me aguentava. Do outro lado da mesa, um outro levantava o queixo, querendo saber o que se passava. Eu queria parar de rir pois, às tantas, toda a gente reparava e eu não teria como explicar. Acabei por fazer de conta que estava a receber uma chamada e saí à pressa da sala.

A minha filha é que nem eu. Contou que um dia, numa reunião, tenho ideia que com um gago que falava pelos cotovelos, para ver se lhe passava a vontade de rir, teve a peregrina ideia de beber água. Só que, no momento em que tinha metido água na boca, o gago se saíu com mais uma. Então ela, incapaz de se conter, teve uma explosão de riso e salpicou toda a gente. Uma vergonha. Mas nem assim conseguiu conter-se. Quem sai aos seus...

Até o meu filho, que é super contido e se incomoda com os excessos da mãe e da irmã, volta e meia se deixa contagiar e desata-se também a rir desbragadamente.

E, pronto, vem isto a propósito do vídeo abaixo com o qual já me fartei de rir. Riam-se também, está bem?

Quando os membros do Júri não conseguem parar de rir
Factor - X



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E queiram, por favor, descer até ao post que se segue: mulheres femininas e alegres de dar gosto.

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Para mim, pode ser tudo.
Bem, passo bem sem aquele da pizza.



Nem faço ideia quanto custa cada modelito destes. Mas, partindo do princípio que guardado está o bocado para quem o há-de comer, ou seja, que um dia destes vai sair-me o euromilhões, eu diria que gosto de tudo. Uns para moi-même, outro para a minha filha, outro para a minha nora, outro para a minha prima que eu acho parecida com a Julia Roberts, outro para a filha dela que é alta e esbelta e faz ballet, outra para a minha outra prima, elegantésima, senhor doutora da ponta dos cabelos às unhas dos pés, outro para a filha dela que fisicamente parece minha filha e que, ao que consta, é danada para a princadeira como eu era na idade dela (agora não, agora estou muito mais ajuizada), outro para a minha princesinha mais linda quando crescer. E, pensando melhor, não apenas um modelido para cada uma mas uns dois ou três -- e, para mim, meia dúzia.


E a alegria das maquilhagens delas, e a jovialidade radiosa daqueles desfiles, aquela música e aquela forma de dançar tão italianas.

É tudo bom nesta marca. É uma marca feminina.

Gosto do padrão da roupa, do corte, do cair dos tecidos, gosto da maquilhagem, dos penteados.



Nos perfumes é que não sou grande fã. Usei o Light Blue quando apareceu e era novidade. Gostava. Depois banalizou-se, deixei de querer usar.


Dolce & Gabbana Primavera Verano 2017 Milán



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Bom dia alegria!

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sexta-feira, janeiro 27, 2017

Porcos muito humanos ou humanos muito porcos?
Seja como for, o que foi eleito presidente dos Estados Unidos já fez adiantar o Doomsday Clock.
Os riscos são reais e cada vez maiores, dizem os cientistas.

[Mas a malta parece que prefere continuar a dançar no convés]





Estou como talvez adivinhem: recém acordada depois de ter adormecido profundamente no sofá. Agora é isto. Não é pelos meninos que esses são uns doces, dormem toda a noite. Isto é porque, acho que com aquelas mudanças brutais de temperatura entre o interior e o exterior, em Madrid, vim de lá com um torcicolo do caneco. Então, tomo um comprimido (que se pode tomar até 3 por dia mas eu apenas tomo 1), um relaxante muscular, que não actua o suficiente nos músculos do pescoço e ombros mas que, em contrapartida, mal aqui me sento, me deixa neste lindo estado. Era capaz de dormir uma semana de seguida, tal a soneira e moleza que desce em mim. Depois acordo a pensar que deveria ir já para a cama mas, ao mesmo tempo, sem vontade de ir sem antes escrever mais alguma coisa. 

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Choveu muito de dia. Perto da hora do almoço ia a passar na 24 de Julho. Pôs-se ao meu lado um camião grande que levantava água dos dois lados como um hovercraft e, nesse instante, uma onda passou por cima do meu carro, deixando eu de ver o exterior. Acto reflexo fechei os olhos e, quando os abri, ainda não via nada. Pensei: bonito serviço, faço o quê? Só que, felizmente, o camião acelerou e eu fiquei para trás. Um susto.

O resto do dia foi todo assim: sobressaltos, sustos e... uff, passou. Todo o santo dia. Não se aguenta.

Até que cheguei a casa e tudo ficou tranquilo e feliz.


Há bocado, enquanto tentava manter-me acordada a ver se arranjava energia para responder aos comentários, passei os olhos pelo DN. E li uma notícia que me deixou incomodada. Nada de que não tivesse já ouvido falar e até, mesmo, visto algumas imagens arrepiantes. Mas é daquelas coisas, uma pessoa pensa que são invenções, que, apesar do perigo ser real, as comissões de ética  hão-de regular, impedir e que, portanto, nada a temer. Mas depois lê-se isto, com indicações precisas e percebe-se que a tecnologia anda à frente, avança sem baias, e que, um dia destes o mundo ainda acaba nas mãos de robots e... humanóides.

Transcrevo uma parte:

Cientistas misturam homem e porco e criam animal híbrido


Cientistas criaram embriões de um animal híbrido que tem genes de humanos e porcos, numa investigação que pretende fazer crescer órgãos humanos em animais para serem usados em transplantes.


A criação desta quimera - uma referência aos monstros da Grécia Antiga que eram a mistura de dois ou mais animais - é tida pela comunidade científica como um grande passo na produção de órgãos humanos, saudáveis e compatíveis com os pacientes.

"O principal objetivo é criar tecidos ou órgãos funcionais e que possam ser transplantados, mas ainda estamos longe disso. É um importante primeiro passo", disse Juan Carlos Izpisua Belmonte, investigador do Instituto Salt para Estudos Biológicos, na Califórnia. Estes órgãos poderiam ser usados ainda para testar medicamentos e tratamentos em segurança.

Para isso, os cientistas colocaram células estaminais de humanos em embriões de porcos. Daí resultaram dois mil híbridos que foram implantados nos suínos. Desenvolveram-se mais de 150 embriões que eram maioritariamente porco e tinham cerca de 10 mil células humanas, segundo um artigo na revista científica Cell. (...)

Este estudo reacendeu as discussões éticas e os receios sobre os animais híbridos, com várias pessoas a questionarem se estas quimeras terão aparência humana ou se terão as capacidades intelectuais dos homens. Alguns apontam ainda o risco de surgirem animais inteligentes que consigam escapar dos laboratórios.

Belmonte afirma que estas questões são motivadas por mitos e defende que todas as experiências são realizadas em locais meticulosamente controlados. (...)


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Pois, tomara que sim, tomara que não haja cientistas malucos, tomara que tudo seja controlado como deve ser. Mas a perfeição humana é uma raridade e o que vejo é que, por todo o lado (e agora nos Estados Unidos nem se fala...) a estupidez campeia.

E isto no mesmo dia em que surge uma outra notícia do mesmo calibre:


Relógio do Juízo Final diz que estamos mais perto do apocalipse.


Faltam apenas dois minutos e meio para a meia-noite, indica agora o Relógio do Juízo Final (o Doomsday Clock, no original), um relógio simbólico em que a meia-noite representa a destruição por uma guerra nuclear. Responsabilidade do Bulletin of the Atomic Scientists, é atualizado anualmente em função do que se passa no mundo. Este ano, graças a Donald Trump, a meia-noite está mais próxima trinta segundos do que estava. (...)

O presidente Trump teve muito a dizer no último ano. Tanto as suas declarações como ações como presidente eleito romperam romperam com precedentes históricos de formas perturbadores", defende o Bulletin of the Atomic Scientists, considerando irrefletidos os comentários de Donald Trump sobre o arsenal nuclear dos Estados Unidos. O organismo criticou ainda o facto de Trump rejeitar aconselhamento de especialistas acerca da segurança internacional e as pessoas escolhidas para cargos importantes no Departamento de Energia e da Agência de Proteção Ambiental.


"Resumindo, apesar de só agora ter tomado posse, as declarações intempestivas do presidente, a sua falta de abertura para aconselhamento de peritos e as nomeações questionáveis agravaram a já má situação da segurança internacional", lê-se.(...)

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The "Doomsday Clock," which the Bulletin of the Atomic Scientists uses to illustrate how close the group thinks the world is to destruction, has moved to two minutes and 30 seconds to midnight.


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O primeiro vídeo, lá em cima, não tem nada a ver com isto. Apenas tento humanizar um pouco esta visão um bocado apocalíptica destes perturbantes tempos que vivemos.

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Permito-me ainda convidar-vos a descer até ao post seguinte: aí o mundo é ainda um lugar maravilhoso.

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Há homens no mar


A beleza, a bravura, a inteireza.

Ia dizer que há imagens que dispensam descrições, adjectivos, pontos de exclamação, reticências.
A que até as palavras são adereço desnecessário. 
Ia dizer mas até isso me parece fútil.


há homens no mar 


homens
nem os mais pobres
dos pobres
nem os mais bravos
dos bravos
homens 

na areia da praia
gaivotas debicam restos
sem outra arte 
que a de saber esperar

há homens no mar 
deixem-nos ser 
deixem-nos ganhar

[Poema de ahcravo]

Vídeo de Jorge Bacelar

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quinta-feira, janeiro 26, 2017

Podem chamar-me alienada à vontade.
(Na companhia de Bach e Shakespeare ia por-me a dedicar atenção a um láparo mal resolvido...? É o ias.)



Não me apetece falar do tonto do láparo, cadáver político adiado que por aí anda lançando a confusão. Não gosto muito de tripudiar em cima de pobres coitados que não medem o que dizem e que vivem dando tiros nos próprios pés. Claro que poderia regozijar-me com as maluqueiras do dito láparo que mais não faz do que fazer unir ainda mais os partidos que apoiam o governo bem como reforçar os apoios dos so called parceiros sociais em torno do governo.

Ou seja, com um Presidente da República solidário com o Governo, com a Concertação Social cada vez mais concertada e com a geringonça estruturalmente mais madura, o láparo é o idiota útil que une e fortalece os seus adversários (e torna adversários os que, em tempos, o apoiavam) e, na prática, apenas prejudica o partido que dirige.



Portanto, eu podia falar disto. Mas não estou muito para aí virada.

Não sendo dada a práticas católicas, sou, contudo, como muito bem sabem, uma alma pia e generosa. A caridade espicha por cada um dos meus poros. A bondada transparece do meu semblante, do meu olhar, dos meus gestos. Sou assim. Boazinha, boazinha, boazinha. Na verdade, santa em vida.


Quando o láparo era um perigo para o país, sentia-me motivada para denunciar os seus maus propósitos, para o desancar por ser tão incompetente, tão reverente perante os fortes, tão castigador para com os fracos, tão néscio que parecia não compreender sequer o impacto das suas estúpidas decisões. Agora, assim, vendo-o desorientado e em permanente exercício de autofagia, o meu coração comove-se perante tão destituída criatura. Ou melhor, todo o meu ser se mostra cheio de piedade pelo infeliz, ou melhor, pelo desinfeliz (e digo desinfeliz porque parece que a tão desconexa figura só palavras parvas e sem sentido assentam bem)


Assim sendo, com vossa licença, depois de, nos dois post abaixo, já ter desabafado em forma de vídeo (Trump oblige), volto a dirigir-me para o mundo das coisas boas pois é aí que me sinto em casa.

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Interpretações de Bach




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Shakespeare - Soneto 130



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. Aqui já acima, temos Stephen Fry a ler o soneto 130 de Shakespeare ‘My mistress’ eyes are nothing like the sun’

. Sobre o primeiro vídeo, de AlexDirk Freyling,  transcrevo o texto que o acompanha no Vimeo:
My friend Maximilian is a cellist. I was wondering how Bachs famous "Toccata und fuge d-moll" played on the cello sounds. I arranged several setups. He played Bach all day long in different locations. The short film shows a few of those Bach-sets. Tanja plays the muse. I intend to use scene-fragments of the "Bach play" as part of a documentation about my point of view regarding contemporary art. I relate to the 20.century Expressionism.
. As fotografias são do National Geographic

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E caso queiram imergir no mundo Trump queiram ir deslizando por aí abaixo. 

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#TrumpFacts - The Trumpilation


E deu mesmo ordem para a macacada do muro a separar o quintal dele do México. O que se pensava serem sound bites desprovidos de sentido que ia bolsando ao longo da campanha está a começar a ser posto em prática.

Não penso que os States sejam o mundo mas acho que, por tudo, são um exemplo para o mundo. E assistir ao impensável assusta-me pois os disparates, quando à solta, auto-propapagam-se a um ritmo geométrico. 

Obama ou Hillary (ou os democratas em geral) não são virgens ou meninos do coro e ordens suas que são de arrepiar não são uma nem duas.

Mas, quando se compara isso com os riscos advenientes de ter um maluco ao leme de tamanho barco, percebe-se que é quase comparar o mal que alguém pode fazer com uma fisga e o que pode acontecer com um destrambelhado ao comando de um arsenal bélico incomensurável.

Entretanto, tamanha é a palhaçada que dali sai que toda a espécie de vídeos ou cartoons, humorísticos ou não, não param de aparecer.

Como este:


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Leitura labial errada


É vulgar ver as pessoas que sabem que estão a ser filmadas colocarem a mão ou qualquer coisa à frente da boca, não vá, pela leitura dos movimentos labiais conseguir reconstituir-se a conversa.

O vídeo abaixo mostra uma possível leitura labial e, vendo bem, os lábios acompanham a dicção. Contudo...

O que eles disseram no Dia da Tomada de Posse de Trump



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quarta-feira, janeiro 25, 2017

E, para terminar por hoje, mais uma coisa diferente:
um homem que ainda traz flores à sua amada, a sua amada que lê um poema sobre ele e uma pintora que retrata a poetisa.
Poetry Portraits


Esta quarta-feira vou ter um dia de dureza. Nem vos digo nem vos conto. Não iam acreditar. 

Mas quando chegar a casa, à noite, terei a graciosidade da minha menina, linda, linda, 
de manhã vem lavar os dentes ao mesmo tempo que eu, traz-me ganchinhos para eu lhe fazer o penteado, depois pede que lhe ponha também perfume e lá vai toda coquette e linda,
e as irrequietudes do mais pequeno 
no outro dia, ao chegar a casa, não me vendo, perguntou em voz alta, como se chamasse por mim: "Então onde está a bela senhora?", e eu, meu deus, toda me derreti. Não por ele me chamar assim mas pela elegância do tratamento. Tem quatro anos, vinha do judo, ainda fardado, todo malandreco, e sai-se-me com uma destas
e, ao transpor a porta de casa, tudo o que foi agreste durante o dia ficará do lado de fora pois toda eu estarei entregue à doçura destes menininhos e da sua mãe que agora estão de pernoita cá em casa.

E, portanto, o que posso dizer antes de me retirar para os meus aposentos é que, se há bocado, depois de eles terem ido para a cama, já aqui estive a dormir, agora estou na boa e satisfeita por me ter ocorrido ir à procura de coisas diferentes. Gostei mesmo. 

Deixo-vos com o último vídeo por hoje e peço que o vejam porque é mesmo bonito.


A poetisa Wendy Cope e o pintor Scott Pohlschmidt: Poetry Portraits



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E queiram, por favor, continuar a descer que hoje há para todos os gostos
(espero eu)

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Uma forma diferente de apresentar um trabalho ou defender uma causa.
[E vejam como estou bem comportada que nem vou comentar aquilo que mais me saltou à vista]


Desnudar o corpo ou desnudar a alma, qual a diferença?

Poesia, dança ou cinema, qual a forma de expressão mais sagrada?

Não sei se Alejandro Jodorowsky é bom naquilo que faz e, portanto, não é por isso que aqui está. Palpita-me, até, que é rapaz para vender algum jogo branco mas, a sério, não faço ideia. Está porque o vejo numa casa bonita a apresentar as suas ideias de uma forma curiosa. E, claro está, que vi (ou melhor, quase não vi) outra coisa curiosa. Mas ando a ver se me porto bem e, portanto, cala-te boca.



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E queiram continuar a descer que isto hoje está para coisas que fogem à normalidade. 
No bom sentido.

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Ingrid Silva
alguém verdadeiramente diferente


Deu-me para isto, hoje: para procurar coisas ou pessoas diferentes.

Estive, num relance, a percorrer as notícias e nada me inspira. O mundo anda muito igual a si próprio e a nivelar-se por baixo. Tenho necessidade de sair disto, tenho vontade de espreitar o que, de alguma forma, se consegue afirmar pela diferença (e pelo bom gosto -- coisas diferentes mas de mau gosto abomino; tem que haver elegância, elegância em tudo).
Agora que é quase meia-noite e que devo ir para a cama que a alvorada agora é cedo e tudo tem que ser rápido, sem um minuto a perder, é que parece que estou a espertar. Isto de ser noctívaga é uma coisa uma bocado chata.

Mas agora descobri Ingrid Silva e este vídeo comoveu-me.


Das favelas do Rio ao ballet profissional em Nova Iorque


Vejam, por favor.


E, caso vos apeteça continuar com coisas diferentes, abaixo há mais.

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Mais coisas diferentes....?
Ok


Um dia destes logo vos conto melhor porque é que chego a esta hora e durmo, durmo. Há não sei quanto tempo que não consigo responder a mails ou comentários.

Agora estou na mesma. De vez em quando acordo e, como estou com o computador em cima das pernas, ocorre-me espreitar qualquer coisa. Mas coisas diferentes. Farta de coisas monótonas já eu estou. Não sei se isto é tão diferente quanto eu gostaria mas, pelo menos, não é a chapa quatro de que tudo está cheio.


Julia Wieniawa i Zeppy / Na zawsze



The Big Pink - Hit the ground 


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Para qualquer coisa diferente



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terça-feira, janeiro 24, 2017

O guardador de neve.
[E a gestão por objectivos]




Onde eu trabalho, tal como em todas as grandes empresas, trabalha-se 'por objectivos'. 

Todos os anos, cada pessoa recebe os seus objectivos e se tiver pessoas a trablhar consigo, terá que os desdobrar, atribuindo-lhes também objectivos. Devem ser mensuráveis.

Há também uma componente comportamental. Consoante o nível hierárquico em que se está, assim a exigência em relação a alguns aspectos, aumenta ou diminui.

Em paralelo existe o momento da avaliação. Cada pessoa tem uma reunião com o seu superior hierárquico e ele transmite como nos avalia; e quem tem subordinados tem que fazer o mesmo.

Isto é assim desde há anos.


Já mudei de funções, de empresa, de local de trabalho -- mas isto mantém-se.

Já apareceram também consultores de toda a espécie e feitio para, a mando da administração, conceber a melhor metodologia por forma a que os objectivos melhor espelhem os desígnios da empresa e a que a valiação seja a mais rigorosa possível.

Contudo, como já aqui o disse muitas vezes, para mim isto é uma treta sem sentido, sem valor acrescentado, uma gaita que dá trabalho e chateia. 

Em muitos anos disto, nunca vi que a gestão tenha melhorado um niquinho que seja por usarmos estes métodos.


Escusado será dizer que o custo disto não é só o trabalho que nos ocupa (quando poderíamos empregá-lo de forma mais produtiva), nem o gasto com consultores, mas também o custo com 'ferramentas'. É que para suportar esta coisa já ninguém está para métodos arcaicos e, portanto, vá de inventar sistemas informáticos artilhados, que dão uma trabalheira a alimentar. Claro que, também aqui, estou em contra-corrente.

Para avaliar os meus subordinados não preciso de coisas sofisticadas, uma folha de papel e um lápis chegam. Tu não fizeste o que devias ou gostas de te armar em estrela quando eu quero é gente que saiba trabalhar em equipa. Portanto, numa escala de 1 a 5, levas 3 e é uma sorte. Coisa assim, nesta base.

Levar isto da avaliação a sério enjoa-me. Gente que se acha um ás da gestão, que tudo é por objectivos, que são os maiores da cantareira, como se soubessem como gerir de agora até ao fim dos tempos, e, afinal, eles próprios, perecíveis. Morrem como todos os outros. Lembro-me de os ouvir a destilar grandes lições de boa gestão e de como eram feras a apontar e controlar objectivos. Depois ouve-se a notícia: morreram.


A verdadeira gestão das empresas (ou do que quer que seja) anda a milhas disso. E, no entanto, embora apregoe aos sete ventos que não ligo a essas tretas, que acho que é contraproducente e que deveriam era deixar as pessoas em paz, ninguém me liga a mim.

A boa gestão é uma gestão conhecedora, inteligente, arrojada, próxima, em que há liderança e reconhecimento, em que os objectivos se seguem em equipa e se vão adaptando à medida das circunstâncias. Não é nada destas macacadas.

Não tarda nada estou a ser massacrada com isto e, enquanto me censuram por ser uma eterna desalinhada, marcam-me datas limites para cumprir com o planeamento da coisa.

Acho que parte do lucro das empresas deve ser distribuído pelos colaboradores e que deve ser distribúido de forma justa mas lá está. Tenho aqui cem. Tu que foste impecável, levas 20, tu que andaste a chatear a cabeça a toda a gente mas ainda assim fizeste algumas coisas de jeito, levas 5, tu que és um boa onda mas te esforças pouco também levas 5. E assim sucessivamente. Sem espinhas.

Mas isto foi moda que se arreigou dentro das empresas e não há maneira de sair de lá.

Além disso, também pode muito bem acontecer que eu esteja completamente errada. Pode ser.

Mas duvido.


Vi agora um vídeo da National Geographic que me encheu de admiração (e de alguma inveja). Uma história fabulosa.

The Snow Guardian


Welcome to Gothic, Colorado—one of the coldest places in the United States. This ghost town has been abandoned since the 1920s, but there is at least one person who still calls it home. For more than 40 years, current resident billy barr has lived in a small cabin, recording data about the snowpack to pass the time. In this short film, Morgan Heim of Day’s Edge Productions profiles the legendary local who inadvertently provided scientists with a treasure trove of climate change data.

He Spent 40 Years Alone in the Woods, and Now Scientists Love Him 



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Como billy barr (com minúsculas) deve ser feliz, tão longe destas tretas da gestão eficiente, tão perto da verdade da natureza.

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Traduzi The Snow Guardian por 'guardador de neve' quando talvez fosse preferível 'o guardião da neve'. Mas 'guardador' soa-me melhor e acho que se adapta melhor ao conceito de vida de bill.

Apeteceu-me ter aqui este trecho da banda sonora de Paris, Texas e fotografias de bichos raros e transparentes e de uma flor identicamente transparente por um qualquer motivo que agora não estou bem a ver (ou melhor, não me apetece dissertar a esse respeito)

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E queiram descer, por favor, para constatarem até que ponto Trump é um balelas metido a besta e agora eleito para presidente dos Estados Unidos. Vejam e digam-se se não é de loucos.


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