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segunda-feira, outubro 04, 2021

O que são os Pandora Papers?

 

Devo dizer que acredito que Nuno Morais Sarmento, Vitalino Canas e Manuel Pinho não serão os únicos portugueses envolvidos. Estão a ser divulgados, creio, porque, sendo políticos, foram 'apanhados' no primeiro filtro da selecção. 

Acredito que, tal como de outros países., é provável que empresários portugueses e talvez gente do mundo do espectáculo e/ou futebol -- alguns se calhar de forma ocultada através de mulheres, filhos ou pessoas de confiança -- também de lá constem.

Como se refere nos vídeos abaixo, nem toda a gente que se movimenta nestes meios é criminosa ou a caminho de o ser. Haverá razões 'legais' que possam proteger alguns. E, note-se, que há muito boa gente do beau monde que não dá passo sem aconselhamento em optimização fiscal recorrendo aos melhores especialistas, frequentemente também muito bem integrados no beau monde (sejam de escritórios de advocacia sejam das melhores empresas de consultoria).

Relembro que quando se fala em paraísos fiscais não estamos forçosamente apenas a falar de destinos recônditos ou mediáticos. Também por cá (a nível insular) temos regimes fiscais de excepção e que são entidades que agem às claras que tratam da componente administrativa para que tudo esteja 'legal'. 

E, contudo, analisando a forma como aquilo funciona, espantamo-nos com o desplante de se ter uma tamanha fuga ao fisco de forma pretensamente legal. Quem defende aquilo, alega que, se não for ali, é noutro sítio qualquer. Tretas. Poderia não ser em lugar nenhum. E poderiam os gananciosos que querem pagar menos impostos, resignar-se a pagar pela mesma bitola que o comum dos mortais. Mas, enfim, se calhar isso seria num outro mundo, não neste.

E o que penso é que vai sendo tempo de os Estados se entenderem para acabar com esta descarada pouca vergonha. De facto, enquanto houver um, haverá hipótese de por lá passar o dinheiro.

Ocultar capitais ou usufruir de um regime fiscal especial ou seja o que for não me parece coisa compatível com a exigência democrática a que todos deveríamos estar obrigados. E já não falo em lavagem de dinheiro ou encobrimento de toda a espécie de ilicitudes. Acho tudo isso uma pouca vergonha, mesmo que apenas se trate de pagar menos impostos..

Mas se, em meu entender, as offshores e os paraísos fiscais deveriam pura e simplesmente ser banidos, que não se conclua que os três portugueses já identificados, lá por constarem dos ficheiros, praticaram actos ilícitos. Já se sabe que a comunicação social vai agora correr como um cão atrás de um osso em vez de ir ao fundo da questão.

E há um aspecto que eu gostaria de ver sociologicamente explicado: no caso mais benigno, o de apenas querer pagar menos impostos, o que leva alguém a correr riscos (legais ou reputacionais) para aforrar uns trocos como se fosse viver infinitamente? Não pensam, essas pessoas, que não faz sentido arriscar a prisão ou arrastar a sua honra pela lama, apenas para disporem de mais dinheiro para além do mais que muito de que já dispõem, como se fossem viver esta vida e mais dez a seguir? Acham que vale a pena o risco? Ou acham que nunca ninguém vai saber?

Há coisas que poderão fazer sentido nos regimes ditatoriais, oligárquicos, atrasados e fechados. Agora em países ditos civilizados, que sentido fazem estas práticas...? Ao pensar nisso, só penso que aquela gente o que é é uma cambada de burros.

Mas, enfim, a palavra à Guardian investigations team:

Pandora papers: biggest ever leak of offshore data exposes financial secrets of rich and powerful

(...) More than 100 billionaires feature in the leaked data, as well as celebrities, rock stars and business leaders. Many use shell companies to hold luxury items such as property and yachts, as well as incognito bank accounts. There is even art ranging from looted Cambodian antiquities to paintings by Picasso and murals by Banksy.

The Pandora papers reveal the inner workings of what is a shadow financial world, providing a rare window into the hidden operations of a global offshore economy that enables some of the world’s richest people to hide their wealth and in some cases pay little or no tax. 
There are emails, memos, incorporation records, share certificates, compliance reports and complex diagrams showing labyrinthine corporate structures. Often, they allow the true owners of opaque shell companies to be identified for the first time.

The files were leaked to the International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ) in Washington. It shared access to the leaked data with select media partners including the Guardian, BBC Panorama, Le Monde and the Washington Post. More than 600 journalists have sifted through the files as part of a massive global investigation.(...) 

What are the Pandora papers? - segundo o The Guardian



What are the Pandora Papers? - segundo o Washington Post



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Até já

segunda-feira, março 13, 2017

Alô, alô Paulo Núncio!
Na sua qualidade de fiscalista que "ajudou a criar 120 offshores na Zona Franca da Madeira", explique lá que cena é essa?
Não é uma fuga ao fisco que, por algum estranho motivo, é vista como legal?
Pergunto. É que, confesso, sou ignorante na matéria.



Com pinças por vários motivos, incluindo o da ignorância. 

Nunca percebi bem, num contexto internacional, especialmente quando há relações de confiança entre os Estados envolvidos, qual a lógica de haver offshores. Sempre que um Estado atrai empresas para os seus offshores, sabe, acho eu, que está a prejudicar fiscalmente o Estado na qual as empresas deveriam estar a pagar impostos. Poderia admitir que Estados pouco mais que fantasmas ou que pouco mais são do que barrigas de aluguer de dinheiros mal contados (ou que querem pagar menos do que devem), recorram a este engodo para terem alguma fonte de rendimento.


Mas, por exemplo, tenho muitas dúvidas quando um país normal, como é o caso de Portugal, tem uma plataforma de offshores. Dizem-me que a Madeira, ao atrair empresas que lá vão pagar impostos (menos do que pagariam em circunstâncias normais), tem receitas que lhe garante um desafogo agradável; e que para o Continente também é bom porque, assim, tem que enviar menos dinheiro para aquele dito paraíso fiscal.

Parece-me uma lógica daquelas 'se não os podes vencer, junta-te a eles' e isso nunca é coisa muito ética ou legítima.


Mas o que dizer quando empresas portuguesas, operando em Portugal, criam sucursais fictícias ou transferem a sua sede fiscal para a Madeira? O que dizer quando é criado todo um fluxo artificial para que os impostos sejam calculados e pagos na Madeira e não em Portugal?


Ganham essas empresas, claro, pois pagam menos impostos, e ganha a Madeira porque lhe cai, de mão beijada, uma receita fiscal. Mas, sendo que a Madeira faz parte de Portugal, qual a lógica? É que em vez de pagar o que devem, as empresas pagam menos. Fica o País a perder. Ou não...?

Pode ser que haja para aqui algum aspecto que me escape mas, a mim, leiga, o que me parece é que isto é uma fuga ao fisco legalizada. Mas, sendo fuga ao fisco, porquê legalizada?  

Estarei a ver o filme ao contrário?

Não é verdade que o Centro Internacional de Negócios da Madeira oferece apoio a quem lá quiser 'parquear' as suas sedes e/ou sucursais e que há um conjunto de fiscalistas especializados em guiar as empresas em todos os procedimentos para que tudo fique devidamente blindado? 


Como é que isto pode fazer sentido, à luz de um Estado de Direito?

Claro que estou a escrever isto ao saber que Paulo Núncio, enquanto fiscalista, segundo o Público, terá estado ligado ao registo de 120 "offshores", ao longo dos 10 anos em que trabalhou para a Zona Franca da Madeira, como fiscalista, antes de ir para o governo.


Transcrevo do Observador

O ex-secretário de Estado dos Asssuntos Fiscais Paulo Núncio colaborou no registo de mais de uma centena de empresas na Zona Franca da Madeira (ZFM), com a qual trabalhou durante dez anos, como fiscalista. A notícia, avançada pelo jornal Público este domingo, é relevante porque a publicação de dados sobre a Madeira foi a única dúvida oficial levantada pelo antigo secretário de Estado para não tornar públicas as informações sobre as offshores.

Entre 1997 e 2007, Núncio trabalhou como advogado fiscalista da MLGTS Madeira Management & Investment SA, uma empresa da sociedade de advogados Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados que prestava serviços de assessoria jurídica às empresas sediadas no Centro Internacional de Negócios da Madeira. Núncio era o responsável pelo escritório local da firma, quando a zona franca madeirense funcionava também como praça financeira.
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Para que os portugueses fiquem esclarecidos, melhor faria a Madame Cristas da Coxa Grossa se, em vez de andar a tentar limpar a barra do ex-Secretário de Estados dos Assuntos Fiscais do Governo de Passos Coelho ou a, num momento de particular infelicidade, a dizer que o país lhe deve muito, nos explicasse o funcionamento destes esquemas. 


Sendo advogada e chefe do partido dos contribuintes, não poderá elucidar-nos?


E a Marilú, sempre tão lesta a vir a terreiro dizer insanidades numa tentativa de denegrir a actuação no Ministro Centeno, desta vez por onde anda que ninguém lhe põe a vista em cima? 


Está com muita ocupação na Arrows? Não tem nada a dizer do que se passava no seu Ministério enquanto foi ministra? 


Ah criaturinha mais sonsa... A deixar queimar o seu ajudante e a ver se ninguém se lembra dela...



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Nota: fazendo uma pesquisa na google sobre o tema aparece, em 1º lugar o anúncio que se vê. Sai barato.

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quarta-feira, abril 06, 2016

Panama Papers: as vítimas dos offshores
Já agora:
O que é o ICIJ?
Como funciona? Como recolhe informação? Como se pode colaborar com eles?
[E, para espantar os horrores, João Vuvu e a mulher-a-dias conversam na sala de estar]


No Expresso:
Em comunicado, um porta-voz da Mossack Fonseca disse que a firma conduziu "as devidas diligências de forma minuciosa com todos os nossos novos e potenciais clientes, que muitas vezes excedem em rigor as regras e padrões atualmente existentes a que nós e outros estamos vinculados. Muitos dos nossos clientes vêm [até à Mossack Fonseca] através de firmas de advogados de renome em todo o mundo, incluindo os principais bancos correspondentes, que também estão abrangidos pelos protocolos internacionais ‘conhece o teu cliente’ e pelas suas próprias regulações e leis domésticas.” (...)

Um site a acompanhar: o do ICIJ, o International Consortium of Investigative Journalists

O que é o ICIJ?

The International Consortium of Investigative Journalists is a global network of more than 190 investigative journalists in more than 65 countries who collaborate on in-depth investigative stories.
Founded in 1997 by the respected American journalist Chuck Lewis, ICIJ was launched as a project of the Center for Public Integrity to extend the Center’s style of watchdog journalism, focusing on issues that do not stop at national frontiers: cross-border crime, corruption, and the accountability of power. Backed by the Center and its computer-assisted reporting specialists, public records experts, fact-checkers and lawyers, ICIJ reporters and editors provide real-time resources and state-of-the-art tools and techniques to journalists around the world. (...)

Porque é que o ICIJ existe?

The need for such an organization has never been greater. Globalization and development have placed extraordinary pressures on human societies, posing unprecedented threats from polluting industries, transnational crime networks, rogue states, and the actions of powerful figures in business and government.
The news media, hobbled by short attention spans and lack of resources, are even less of a match for those who would harm the public interest. Broadcast networks and major newspapers have closed foreign bureaus, cut travel budgets, and disbanded investigative teams. We are losing our eyes and ears around the world precisely when we need them most.
Our aim is to bring journalists from different countries together in teams - eliminating rivalry and promoting collaboration. Together, we aim to be the world’s best cross-border investigative team. (...)

Apelo à 'Fuga' de informação
LEAK TO US


The International Consortium of Investigative Journalists encourages whistleblowers everywhere to securely submit all forms of content that might be of public concern - documents, photos, video clips as well as story tips.
We accept all information that relates to potential wrongdoing by corporate, government or public service entities in any country, anywhere in the world. We do our utmost to guarantee the confidentiality of our sources.
Our motives are squarely aimed at uncovering important government and corporate activities that might otherwise go unreported, from corruption involving public officials to systemic failure to protect the rights of individuals. Journalists from the relevant countries will evaluate and pursue all leads and content submitted and, if merited, report on these issues.
There are basic safety measures you can take to protect yourself when giving information to ICIJ. For instance, details of phone calls made from a large building are often recorded on the building's electronic systems. There is nothing sinister in this. But it is safer to use a public phone when contacting a reporter, just as it is safer to use an internet cafe when sending files. (...)
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 As consequências do escândalo começam a surgir

Protesters in front of the Icelandic Parliament call for the resignation of Prime Minister Sigmundur Gunnlaugsson on April 4, 2016

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E sobre as vítimas de toda esta pouca vergonha à escala global?


Panama papers: As vítimas dos Offshores

Vídeo a ver

The Panama Papers is a global investigation into the sprawling, secretive industry of offshore that the world's rich and powerful use to hide assets and skirt rules by setting up front companies in far-flung jurisdictions. 
Based on a trove of more than 11 million leaked files, the investigation exposes a cast of characters who use offshore companies to facilitate bribery, arms deals, tax evasion, financial fraud and drug trafficking. 
Behind the email chains, invoices and documents that make up the Panama Papers are often unseen victims of wrongdoing enabled by this shadowy industry. This is their story.


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E, para que nem tudo sejam desgraças neste post, que entre o meu ídolo

João Vuvu e a mulher-a-dias em conversa na sala de estar, a meio de uma pausa para limonadas




Vejo isto e até me esqueço das big lavandarias de dinheiros obscuros.
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Este post vem na continuação deste outro
(também com os Panama Papers e com João de Deus, outros dos alter ego de João César Monteiro).

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terça-feira, abril 05, 2016

Sobre os Panama Papers diz João de Deus quando lhe perguntam se ele quer que se guarde a caquinha:
"Não, tudo o que é de mais, cheira mal"


Depois de ter falado de Paris e de ter trazido uns bailarinos que dançaram nas suas ruas em total liberdade e alegria, hesito. Procuro algo que me leve para longe da lama. Mas, meus Caros, não é fácil.




Gostava que o escândalo que os Panama Papers podem desencadear fosse tão grande, tão sujo, tão indecoroso, que conspurcasse irremediavelmente todos quantos se esquecem que são mortais, que não vão poder usufruir, pela eternidade fora, de todos os milhões que escondem em contas de empresas que escondem outras empresas e outras contas que escondem a origem, que escondem a fuga ao fisco, que escondem as manobras, os esquemas -- imensos e obscuros labirintos que a manha sabe tecer e que os poderes gostam de ignorar. Queria que fossem envergonhados na praça pública, nos ecrãs de televisão, nas ruas, gostavam que todos quantos impõem austeridade ao povo ou pagam ordenados de miséria aos empregados, ou fazem negócios graças a comissões ocultas ou traficam droga, armas ou pessoas, escorregassem na porcaria que pariram, gostaria que tudo o que se vai sabendo mostrasse a todos os corruptos, ladrões, espertalhões, vendidos, que de nada lhes valeu o que fizeram.

Sou uma ingénua, talvez, mas quero ser. Não sou daquelas pessoas que dizem 'gostava de não ser ingénua'. Ou não, eu sou ao contrário. Sinceramente acho que não sou tão ingénua como posso, por vezes, parecer; de facto, gostava de ser muito mais ingénua do que sou e é um trabalho de construção permanente: não quero ser cínica, não quero ser incrédula, não quero ser pessimista. Quero saber pouco, quero ter sempre presente o muito pouco que sei, e quero acreditar muito, acreditar em muitas coisas, no desconhecido, no infinito, no superiormente bom e belo, quero acreditar nos outros, quero estar cada vez mais próximo da natureza, quero encantar-me a toda a hora, quero que o meu olhar conserve alguma da luz que trouxe dentro de mim ao nascer, quero crer que ainda me vai ser dado viver num mundo que caminhe no sentido da justiça e da generosidade verdadeira. Não quer dizer que sempre o consigo mas quero conseguir, esforço-me por isso. Esforço-me por ser ingénua.

Face a tudo o que começa a ser divulgado a propósito disto dos Panama Papers, tenho esperança que todos quantos têm dinheiro escondido em offshores estejam, a esta hora, cheios de medo, medo de serem descobertos, medo de perderem o que tão alarvemente esconderam, medo de passarem por humilhações indisfarçáveis, por vergonhas insuportáveis. 

Empresas como as do moralista Senhor do Pingo Doce ou o do solidário Senhor do Continente que tão facilmente levantam arraiais fiscais de Portugal para irem pagar menos impostos noutros lugares -- ou tantas, tantas, tantas outras empresas que, recorrendo a pareceres de advogados ou consultores, fazem optimização fiscal, deslocalizando sedes para zonas francas ou abrindo empresas para parquearem isto ou aquilo em refúgios fiscais, não deveriam merecer o conluio das autoridades, de nenhumas autoridades, nem a nossa complacência. Ah, senão fogem e ainda é pior ou se não for aqui é noutro sítio qualquer, por isso, mais vale que seja aqui -- dizem os governantes cobardes. Pois, pois.


Pode ser que este escândalo salpique todos quantos fecham os olhos, acolhem alibis, encolhem os ombros, assobiam para o lado. Pode ser que este escândalo assuste essa gente. Tomara que se acobardem. Tomara que percebam que são finitos mas que a lama que os pode cobrir pode ser infinita.

Tomara que as televisões não os larguem, que os jornais não se calem, tomara que sejam achincalhados em público, tomara que não durmam tamanha a inquietação que lhes devore as entranhas.

Tomara que vão sendo libertadas, a conta-gotas, novas e novas revelações -- tomara que antes de voltarem a subornar, roubar, traficar, sonegar, pensem melhor, tremam de medo.

Tomara. Tomara.
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Apenas alguns exemplos:

British banker set up firm ‘used by North Korea to sell weapons’. Nigel Cowie’s front company also allegedly helped regime expand nuclear programme, Panama Papers show.


Fund run by David Cameron’s father avoided paying tax in Britain. Panama Papers reveal Ian Cameron hired Bahamas residents, including a part-time bishop, to keep offshore company exempt


Ou este outro de que transcrevo:

Um dos nomes envolvidos no escândalo Panama Papers é o do primeiro-ministro islandês. Durante uma entrevista a uma TV sueca, Sigmundur David Gunnlaugsson foi questionado sobre a empresa detida com a sua mulher, que teve títulos que valeram milhões de euros em três grandes bancos da Islândia que faliram durante a crise financeira de 2008. Por entre respostas atabalhoadas, o político acaba por abandonar a sala. O vídeo está a correr mundo.



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Ora eu, a situações destas, contraponho o João de Deus

A Comédia de Deus - Os Pintainhos


"- Quer que lhe guarde a caquinha, Senhor João?
- Não, tudo o que é de mais, cheira mal."

(João César Monteiro num dos seus momentos de antologia)


Nem mais. Grande João de Deus.

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Continua aqui

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E caso prefiram ver dançar com os cubanos nas ruas de Paris enquanto evoco a minha primeira visita, em turismo, à cidade da luz e da festa, é só descer.

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segunda-feira, abril 04, 2016

OMGYes que é como quem diz Oh my God...Yes...!
-- é o nome do site que explica tudo o que há a saber sobre o Big O
ou seja, o Orgasmo Feminino
Vamos lá a aprender, minha gente: é pr'ó menino e pr'á menina.
E, por causa disto, nem vou desenvolver aquela decisão inteligente do Láparo de se rodear de 4 belas espingardas na vice-presidência do PSD
E, claro, muito menos, falo dos Offshores e dos bichos caretas que, por lá, escondem e lavam o Big Money


Ora bem. Depois de ter partilhado convosco a minha breve visita à Tapada das Necessidades e de ter divulgado a hilariante campanha #PutMeFirst, chego então ao Big O. E, antão, assim sendo, vamos lá.


Oh my god... yes!




Nota introdutória

Mas primeiro deixem que confidencie: esta não era a minha ideia inicial. Estava numa de falar do estarola do Láparo que ainda não percebeu que, se uma coisa tem virtudes, pode deixar de as ter se ingerida em overdose. Já com aquilo da troika foi a mesma coisa: ele poderia ter seguido o memorando na dose recomendada; mas não: foi tudo em dose reforçada e à bruta. A menina padece de diarreia? Pois então vai Imodium, mas, se o Imodium faz bem, pois tome a menina três de cada vez e de hora a hora. E quando a menina, entupida até ao pescoço, for parar ao hospital a culpa terá sido da menina que é uma piegas.

E, portanto, seguindo o mesmo brilhante racional, se o Bloco de Esquerda se está a sair bem com a Catarina Martins e a Marisa Matias e se o PS também promoveu a Ana Catarina Mendes e se o CDS também lá tem agora a Cristas, pois ele há-de ultrapassá-los a todos e, de uma assentada, puxa 4 (quatro!) mulheres para vice-presidentes. E olha quem... : uma Pinókia, uma Peixeira, uma Sócia de uma boutique law firm e uma não sei bem o quê. Diz o meu marido: vai ser bonito quando desatarem todas a falar ao mesmo tempo... E todos os males fossem esses. Tem olho para tomar boas decisões, este Coelho. Não aprende, mas é que não aprende mesmo. Coisa nenhuma. Um caso perdido.

E, estando eu com esta em mente, vou ver as notícias para confirmar, não fosse ter percebido mal, e dou com aquela fuga de informação que revela parte da big laundry que grassa por esse submundinho da alta finança, do futebol, da baixa política, dos negócios, dos big cartéis de tudo e mais alguma coisa, off shores para tudo o que é bicho careta. E, perante, esta inundação de água suja, fico a pensar: caraças, mas o que é aquela infantilidade acéfala do láparo ao pé desta enxovia?

No entanto, estando ainda em fraca forma e ainda algo debilitada, senti que estava sem fôlego para tema tão longe da minha fraca sapiência na matéria. E, enquanto pensava que, a um domingo à noite, ninguém merece sujar os dedinhos com dinheiros escondidos por putins, pais de camerons, messis e até por idalécios de castro rodrigues de oliveira, resolvi refugiar-me num abrigo que, face a tudo isto, me saberia a edulcorado paraíso: a Madame Le Figaro. E por ali andava eu, descansada, vendo toilettes de casamento, sabendo da escolinha do petit prince George, quando dou com uma notícia que envolve a carismática jovem Emma que se tem destacado na luta feminista no mundo do cinema. Eu conto.

The Big O



Emma Watson veut démystifier l'orgasme féminin, ou seja, a jovem e bela feminista quer desmistificar o orgasmo feminino.


Curiosa, claro está, fui ver - é que nem fazia ideia que a coisa se tinha deslocado para terreno místico. Pois bem, diz a bela Emma que, desde que começou a contactar esta realidade, o OMGYes, tem sido uma revelação, que anda a descobrir os impenetráveis mistérios do orgasmo feminino.
Para começar, não sei se a palavra impenetrável aqui está bem escolhida e, a seguir, não sei se a coisa é misteriosa. Mas adiante.
Ou seja, avancei na leitura.
E estou a escrever isto em tom de brincadeira mas, por acaso, não é. Lembro-me de uma Leitora ter escrito que falo sobre o prazer feminino como se fosse um dado adquirido e não é, e contou que é um problema que tem e que lhe tem causado graves dificuldades ao longo da vida. Ao ler as suas palavras sentidas, imediatamente apresentei as minhas desculpas. É um assunto que não deve, mesmo, ser levado na ligeireza pois o prazer faz parte da vida e quem o não consiga alcançar deve mesmo procurar ajuda. Por isso, é sobretudo a pensar nas mulheres que não conseguem atingir o orgasmo (em França são 49%) ou nos homens que não fazem ideia de como agir ou de quem tem vergonha de assumir dificuldades, que aqui trago este tema. Sem tabus. O nosso corpo não deve ser um mistério nem uma fonte de vergonha. O nosso corpo deve ser compreendido e estimado. E o prazer não é pecado: é um direito. E um dever.
Couples who constantly explore new ways to increase pleasure are 5 times more likely to be happier in their relationships and 12 times more likely to be sexually satisfied.

Dado o adiantado da hora, segue mesmo em francês. Quem não saiba o suficiente da língua, pode tentar o translator da google mas, atenção, nada de conclusões precipitadas porque é sabido que o translator é useiro e vezeiro em aguadas.
Lancée en 2015 par la photographe Lydia Daniller et un pro du numérique, Rob Perkins, la plateforme OMGYes a pour but de montrer les bons gestes pour atteindre l'orgasme féminin, à travers des vidéos réalisées par des femmes et, dirons-nous, plutôt explicites. Témoignages, astuces, diagrammes, démonstrations, exercices pratiques... Valorisé par de véritables recherches médicales, le site promet « la première étude à grande échelle consacrée aux spécificités du plaisir féminin ».
Concrètement, près d’une cinquantaine de vidéos sont proposées, au prix de 25 euros chacune. Un investissement honnête pour des résultats semble-t-il garantis : « J’aurais aimé que l’expérience dure plus longtemps, s'est enthousiasmée Emma Watson pendant le débat. Le montant de l'inscription peut sembler cher mais les résultats sont vérifiés, ça vaut le coup », a précisé l'actrice, qui trouve nécessaire aujourd'hui de « démystifier l’orgasme féminin ». Selon une enquête de l’Ifop publiée en décembre 2015, 49% des Françaises admettent avoir « assez régulièrement » des difficultés à atteindre l’orgasme.

Ora, então, apesar do intuito do site ser vender vídeos a 25 euros cada, vamos lá entrar nele, só para ver como é: cliquem, por favor, no link.

Levantando o véu do prazer feminino, Oh my God... Yes:
OMGYes.com


Para quem não queira aventurar-se pelo site, aqui fica o vídeo de apresentação.

OMGYES Research based study exploring women's sexuality




E, para os que entraram no site e não são bons na navegação mas gostariam de perceber de que se trata, aqui fica o link para alguns exemplos, com casos práticos (atenção: com bolinha encarnada no canto). Estes podem ser vistos sem serem comprados pois são de curta duração e meramente exemplificativos. Não sei se conseguirão vê-los directamente ou se terão que, antes, confirmar que têm mais de 18 anos. E admito que os meus leitores sejam maiores de idade porque, se o não forem, deverão parar aqui e pedir informação aos papás e às mamãs, está bem?

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E, ao verem o que aqui coloco à vossa disposição, espero estar a contribuir para melhorar a vossa qualidade de vida - pelo menos, das minhas Leitoras (ou dos meus Leitores que têm parceiras e que ainda não perceberam bem a coisa, que é como quem diz).
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Acabemos com um pas de deux



Melody Mennite e Ian Casady dançam Petite Mort numa coreografia de Jiri Kylian

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E, agora, caso ainda não tenham lá estado, convido-vos a descerem até à Tapada das Necessidades
(depois deste post, o nome 'Tapada das Necessidades' até soa algo dúbio, ou é impressão minha?)

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quinta-feira, novembro 27, 2014

"Família de do ex-primeiro-ministro José Sócrates tem 383 milhões em offshores". "O número, astronómico, é o somatório dos movimentos bancários de uma empresa" cujos gestores são o tio, uma tia e primos do ex-primeiro-ministro José Sócrates", dizem notícias antigas postas outra vez a circular. Ora bem, então vamos lá outra vez a ver se a gente se entende.


Como referi no post abaixo - no qual deixei uma sugestão aos comentadores que não têm visto os seus comentários aqui publicados - tenho tido a caixa dos comentários a deitar por fora, uma coisa nunca vista. Muitos vão direitinhos para o lixo e, daí, no post a seguir, ter uma explicação para os lesados.

Mas há uns comentários que, de tão repetidos, merecem aqui uma resposta em post autónomo. Refiro-me a uns que transcrevem notícia antiga do Correio da Manhã e que hoje teve um refreshment no Sol e que já ouvi papagueado na TVI. Uns repetem outros, que repetem outros, que repetem outros, até que toda a gente repita como se de uma verdade inquestionável se tratasse. Assim funciona a boataria, a coscuvilhice. E depois ainda há quem venha, com ar de quem tem muita experiência na vida, dizer que onde há fumo, há fogo

Eu já transcrevo a notícia mas antes deixem que vos conte.


Imaginem um pequeno restaurante que, continuemos a imaginar, seja de tios e primos meus. 

Suponhamos que, por dia, são servidas 50 refeições a uma média de 10 euros cada. Teremos então 500 euros todos os dias, isto é 15.000 por mês, que entrariam na conta bancária

Mas todos os dias é comprado peixe, carne, legumes, fruta, etc, as matérias primas para confeccionar os pratos. Vamos supor que gastam 250 euros por dia. Teremos, pois 7.500 por mês. E há que pagar a renda do restaurante, e água, gás, electricidade, telefone, suponhamos 2.000 por mês para tudo isso, e mais os modestos ordenados, vamos supor 1.500 por mês. E há que pagar IVA e demais contribuições e há que pagar seguros, limpezas e sei lá que mais e, para facilitar os cálculos, admitamos que tudo isso fica em 4.000. Ou seja, no total teríamos 15.000 euros de despesas que sairiam da conta bancária.

Conclusão: coitados, a trabalharem todo o santo mês e são uns tesos, chapa ganha, chapa gasta, ou seja... saldo zero.

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Mas admitamos que alguma criatura avessa a matemática (ou de má fé) pegava no extracto bancário da conta do restaurante dos meus tios e primos, somava os movimentos bancários todos (os de entrada e os de saída) e concluía que essa conta tinha movimentado 30.000 euros (= 15.000 + 15.000). Não estaria errado de todo dizer isso, de facto, ao todo teriam sido movimentados os 30.000 euros, mas, se atendermos que uns eram movimentos de dinheiro a entrar e outros de dinheiro a sair, quem não prestasse atenção, concluiria Eh pá! gente rica! 30.000 euros por mês, ou seja 360.000 por ano! 

Se quisesse impressionar, até poderia pegar nos movimentos de 3 anos, chegando à linda quantia de 1.080.000€, ou seja, uma pequena fortuna! Poderia dizer: Os tios e primos daquela ali do blogue Um Jeito Manso têm uma empresa que movimenta autênticas fortunas! A soma dos movimentos bancários ultrapassa um milhão de euros!

E, no entanto, lá está, nem um tostão de saldo.

E mais: se a conta é de uma empresa dos meus tios e primos, por que raio tenho eu de ser metida na conversa? É que nem pouco mais ou menos. Sei lá eu das contas dos meus familiares. Era o que faltava.

Mas, sobretudo, somar todos os movimentos de uma conta bancária e chegar a um número bombástico pode dar parangonas no Correio da Manhã mas, de facto, apenas revela burrice, descredibilizando quem produz e divulga notícias destas.

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Finalmente transcrevo a notícia que Leitores - que querem pôr à prova a minha sanidade mental - me têm enviado e que está na base de notícias recentes do Sol e que há pouco ouvi na TVI:

O Correio da Manhã conta hoje que a família de do ex-primeiro-ministro José Sócrates tem 383 milhões em offshores. Os documentos foram entregues por Mário Machado. Acrescenta o CM que a empresa criada em 2000 no paraíso fiscal de Gilbraltar movimentou autênticas fortunas. Gestores são tio, tia e primos de Sócrates.
O número, astronómico, é o somatório dos movimentos bancários de uma empresa com sede em Caimão, cujos gestores são o tio, uma tia e primos dos ex-primeiro-ministro José Sócrates. A escritura da empresa foi feita em Gibraltar em 2000 e os documentos bancários relativos à mesma encontram-se no Departamento Central de Investigação e Acção Penal do Ministério Público, conta o Correio da Manhã.

Lá está, 380 milhões que resultam do somatório de movimentos. Linda coisa. Assim se faz o jornalismo em Portugal: imprecisões, manipulações, parvoíces. E assim se alimenta a coscuvilhice acéfala de tanta gente que por aí anda à cata de milho para pardais.
 

Como é óbvio sou totalmente contrária às contas em offshores, não conheço os tios e primos de Sócrates de lado nenhum nem faço ideia das verbas que têm nas contas bancárias, nem sei, nem me interessa se o dinheiro vem da herança da família ou se encontraram uma carteira debaixo de uma pedra. O que sei é que, se se quiser saber a riqueza de alguém ou de uma empresa, tem que olhar para o saldo e não para o entra e sai. 


Gosto que me enviem notícias, informações mas, por favor, não me enviem lixo, palermices. Sou pessoa dada a números, não é fácil deixar-me ir na cantiga de quem não respeita a lógica, o rigor, a verdade dos números.





Se o que está em causa é a honorabilidade de Sócrates, que a Justiça cumpra o seu papel, julgando com imparcialidade e verdade. A Justiça - não aqueles que não percebem sequer que não se soma alhos com bugalhos, nem percebem que uma pessoa não pode ser julgada pelos actos de outros.

Please.

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E agora desçam por favor para verem o conselho aos Leitores que me andam a enviar coisas como as que acima referi, ou conversas que metem insultos, porcos, maçonarias ou descortesias. 

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quarta-feira, outubro 29, 2014

Refúgios Fiscais: o Bê-a-bá. Offshores, testas de ferros, paraísos fiscais, sigilo, etc, etc. E é difícil? E é perigoso? ... Qual quê? Nada. Não é para irem já a correr fazer isto, certo?, é só para dar a conhecer a facilidade e impunidade que rodeia todos estes esquemas, é só para ajudar a que deixemos de ser tão inocentes.



Ilhas Caimão? Ilhas Cook? Ilhas no Cu de Judas? E qual o mal, ora essa? Alguém perde alguma coisa com isso?

Ricardo Salgado tem muitos milhões em contas dessas? E os outros dos milhões dos submarinos também? E o tal construtor civil? E tantos outros? Why not?, perguntarão se questionados.

Ora bem, o vídeo abaixo explica o esquema. Canja de galinha.

A maçada é quando alguém dá um passo em falso ou quando algum maçador dá com a língua nos dentes. Aí, galo dos galos!, o caldo entorna-se.

Mas quem tem os bolsos quentes e muita gente aos seus pés nunca pensa que a coisa vai correr mal.

O poder e o dinheiro dão uma pica que faz com que os ungidos se sintam invencíveis. E têm bons advogados, deputados amigos, secretários de estado avençados, jornalistas-papagaios e, portanto, estão habituados a pisar o risco e a nada lhes acontecer.

A adrenalina que isso dá, caraças. E que se lixem os impostos e os pobrezinhos e toda essa cáfila de moralistas.





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