Se há programa gostoso de ver é o MasterChef. Conseguimos acompanhar os movimentos, os tempos, as delicadezas, os cuidados, os termos da arte que é cozinhar.
Corrijo: da arte e da técnica. Não basta intuição, embora seja indispensável. A técnica é importantíssima. Vejo com fascínio, surpreendida com passos que dão, com premissas, com volteios que a mim nunca me ocorreriam.
Desde pequena que gosto de cozinhar.
Um dos meus brinquedos de estimação era um pequeno fogareiro de barro que me tinham comprado na Feira e tachinhos. Era eu bem pequena e já ali fazia 'comidinhas'. Uma vez, teríamos uns nove anos, juntámo-nos vários miúdos do bairro e, com o acordo das nossas mães, fomos sozinhos ao mercado para sermos nós, nesse dia, a fazer o nosso almoço. Uma festa. Sentíamo-nos independentes, felizes da vida. Comprámos carapauzinhos para fritar e tomate e cebola e salsa para fazermos arroz de tomate. Quando chegámos, obviamente não deixaram que fritássemos, nós, o peixe. Fritou-os a mãe de uma das minhas amigas. Mas fui eu que, com a ajuda de todos, fiz o arroz de tomate. Parece que ainda me lembro do cheirinho, do sabor, do maravilhoso sentimento de superação e realização.
Quando andava no liceu e tinha aulas apenas de manhã, como a minha mãe só chegava a casa ao fim da tarde, tal como o meu pai, frequentemente era eu que fazia o jantar. Fazia estufados, guisados, apurava o tempero. Quando os meus pais diziam que chegavam ao portão e já sentiam o cheirinho da minha comidinha caseira.
E continuo assim, amadora, intuitiva. Não tenho muita paciência para os requintes das técnicas minuciosas. Mas gosto de ver. Uma mistura de química, de biologia, de física, de estética. E de alma.
Ver os concorrentes do MasterChef a evoluírem, a apresentarem pratos complexos, criativos, bonitos, certamente saborosos, é um prazer.
_________________________________________________
Desejo-vos um belo dia de domingo
Sem comentários:
Enviar um comentário