terça-feira, junho 10, 2025

As ralações que este cãobeludo nos dá...

 

Claro que, depois de ter estado a dormir ferradamente no sofá, segundo o meu marido cerca de uma hora, cheguei à cama sem sono. Só consegui adormecer de madrugada. É impressionante como uma hora bem dormida durante o dia pode roubar umas quatro horas de sono durante a noite. Não percebo. 

Além disso estava preocupada. Como já aqui contei, o nosso fofo e felpudo cãobeludo arranjou uma grande infecção no quadril de uma pata posterior. Por isso, anda com um daqueles horríveis colares isabelinos. Como é óbvio, aquele funil incomoda-o pois bate em todo o lado. Não sei se por isso ou se por efeito secundário do antibiótico, não comeu nada de nada no domingo e praticamente também não bebeu água. A casa estava cheia de animação pelo que não deu para lhe prestarmos grande atenção mas, ao deitar-me e ao ver que a tigelinha da ração estava intacta e a da água também quase, fiquei apreensiva. 

Como vem sendo hábito, nestas situações recorro ao Chatgpt. Disse que mais do que 24 horas sem tocar na comida e na água pode ser sinal de preocupação. O meu marido também já tinha chegado à mesma conclusão. Por isso, pensámos que se, de manhã, estivesse tudo na mesma, poderia haver crise.

Além do mais, como ele andava desorientado com aquela coisa a bater em todo o lado, tínhamos já arranjado tigelinhas mais pequenas, que coubessem dentro do funil, já tínhamos tentado pô-las mais altas. Mas sem sucesso. Por isso, a esse nível já não sabia o que mais fazer.

E aconteceu mesmo: de manhã continuava a não ter comido nada. 

Tentei dar-lhe à mão. Nada. Estava murcho, apático, nada do que ele é. Continuou em jejum.

Entretanto, fomos ao ginásio já a pensar que de tarde teríamos que voltar ao veterinário. Sem comer e sem beber e com tanto calor, ainda ficava frágil e desidratado. 

Mas eis que, ao regressarmos a casa, a nuvem negra tinha desaparecido: a tigela da comida estava vazia e a da água já tinha um bocado a menos. Respirámos de alívio.

Quem não tem animais de estimação pode achar um exagero eu preocupar-me tanto com a doença do cão. Para muitas pessoas, um cão ainda é um instrumento que ladra para estar no exterior a afugentar estranhos. E ainda haverá quem os tenha presos por uma corrente e não perceba que isso é uma violência, uma maldade muito grande. Mas quem os tenha e os saiba estimar, compreenderá que é um ser vivo que faz parte da nossa vida, da nossa família, um amigo a quem deveremos estar gratos e que depende de nós, pelo qual somos responsáveis.

Fiquei, pois, felicíssima.

Desinfectar a pele infectada e aplicar a pomada continua a ser complicado pois teme à brava o spray, aquilo faz um barulhinho que o assusta e é frio. Mas o meu marido segura-o bem e aquilo que nem lhe dói. Incomoda-o e creio que agora lhe dá comichão, mas está menos inchado, já a cicatrizar.

Lembrei-me de pôr água numa daquelas tigelinhas pequeninas de plástico do IKEA, daquelas coloridas que se usam para fazer as papas dos bebés. Pus no chão. Andou ali de volta a ver como haveria de fazer a abordagem, entornou algumas vezes até que atinou. Agora já bebe dali nas calmas e está farto de beber. 

Ele come sempre ração de manhã e ao fim da tarde. Mas, à noite, não comeu. Contudo, quando estávamos a jantar, ele já todo arrebitado, pôs-se a dar saltos à minha volta, depois ia até à cozinha ao pé da ração e voltava para o pé de mim, depois ia para o pé da ração, dava saltos e voltava para o pé de mim, a olhar fixamente para mim. Pensei: está a querer que seja eu a dar-lhe a ração. O meu marido disse: alguma é. Fui buscar a tigela e pus um bocado de ração na minha mão e pus a minha mão em concha por dentro do colar. Bem... comeu, comeu, comeu tudo num instante. E ficou a olhar para mim. Percebi que queria mais. Fui ao saco buscar uma mão cheia e dei-lhe. Devorou. A dar ao rabo, feliz da vida. 

Depois de jantar, fizemos o tratamento e fomos fazer uma caminhada para dar tempo a que a pomada seja absorvida antes que ele chegue a casa e se deite. Ia feliz, só aos saltos, a brincar connosco. E eu também feliz. Está a voltar a ser ele.

Tirando isso, fomos às compras e tive expediente diverso a tratar. Adquirimos mais algum equipamento e maquinaria e o meu marido tem tido muito com que se ocupar. Diz que, de cada vez que compramos mais máquinas, mais sobra para ele. Mas gosto de o ver assim. Quando digo isso, ele responde: 'Isso sei eu, achas sempre muito bem pores-me a trabalhar...'. Brinca pois não sou eu que o ponho a trabalhar, é ele mesmo que cada vez está mais proactivo e diligente neste tipo de actividades de exterior.

E só espero que esta noite consiga dormir bem pois este dia feriado começa bem cedo, tenho que estar a pé muito antes do que me é habitual. Mas é por bom motivo!

________________________________________

Desejo-vos um dia feliz

2 comentários:

Anónimo disse...

Fiquei contente com as melhoras do amicao. Ter um 'familiar"desses menos bem, é uma preocupação tal é a sua dependência de nós e só pudemos retribuir todo o amor que nos dá. Bom feriado

Um Jeito Manso disse...

Tal e qual. Se tem instagram e quiser vê-lo, já todo feliz apesar de andar ainda com o funil, publiquei uma story em que lá anda ele aos saltos a ladrar para os cães do lado (a dita story só está disponível durante 24 horas pelo que só se pode ver até cerca das 18 horas). Obrigada!