segunda-feira, abril 15, 2024

Ditado popular: mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo
- de novo, a palavra ao meu marido -

 

O comunicado de Governo sobre o logro  fiscal é lamentável. Com a arrogância habitual, tentam enganar a malta e até ousam desafiar a capacidade de discernimento dos comentadores e jornalistas (o que, certamente, lhes vai ser cobrado mais cedo do que tarde).

Se o Montenegro e o circulo próximo não pretendessem enganar-nos deliberadamente, não tinham dito o que disseram na campanha eleitoral nem durante a discussão do programa do governo e teriam corrigido as notícias sobre o corte do IRS veiculadas pelos jornais que lhe são próximos e que tudo fizeram para promover o voto na AD.

É trágico que o Montenegro e os seus comparsas continuem  a afirmar que vão promover um alívio fiscal de 1.500 milhões de euros, mesmo que agora "não se esqueçam" de acrescentar que o corte é relativamente a 2023. 

Se queremos ter uma democracia na qual não valha tudo, um embuste descarado como este não pode passar impune. Se até aqui julgávamos que este tipo de actuação era apenas apanágio do Chega, agora vamos aceitar que a AD também o tenha? 

Vamos aos factos: existe um orçamento de Estado que está em vigor, aprovado pelo PS,  que inclui um alívio fiscal no IRS relativamente  a 2023 de 1.300 milhões de euros (aliás, parece que mais que isso, creio que 1.340 milhões).

O Montenegro, com o insuportável e cínico ar de gozo que o caracteriza, chamou "pipi" e "betinho" a este orçamento  e votou contra. 

Portanto, em 2024 existe um alívio fiscal superior a 1.300 milhões de euros que é da responsabilidade do PS. 

Existirá, se for verdade o que o PSD refere, uma gorjeta, uns trocos, qualquer coisa que, a título individual, nem dá para  a bica, 173 milhões de euros no total (menos do que um sexto do que já vigora) da responsabilidade do governo do PSD. 

Face a isso, o Montenegro  e o PSD continuarem a  afirmar que vão promover um alivio fiscal de 1.500 milhões de euros mesmo acrescentado que é relativamente  a 2023 é enganoso, é um embuste, é uma trapaça, é um logro. De facto, o grande choque fiscal prometido pela AD é qualquer coisa de insignificante face ao que já está em vigor. Não é choque nenhum. É um ajustamento e é um ajustamento ridículo pela sua dimensão. Esta é a verdade.

Promover toda uma campanha eleitoral suportada nesta trapaça é inqualificável e não abona nada em favor da atual liderança do PSD  nem dos que a promoveram.

A direita vai tentar desviar as atenções e tentar fazer passar a ideia que  a situação mundial requer diálogo e unidade para podermos fazer face às dificuldades e às imprevisibilidades.

Mas uma coisa é certa: justamente na situação actual o que não podemos mesmo é ter um PM que não é credível. E isso é que tem que ser dito.

3 comentários:

Anónimo disse...

É bem possível que tenham aldrabado. Não me espanta. É uma tradição política nacional.

Ainda assim: quem quis ser enganado que chore. Medo tinha eu do choque fiscal. Esse tipo de receitas no geral dá déficit gordo. Ainda bem que temos semestre europeu. Falta mesmo é aquela ideia de Bruxelas poder chumbar os orçamentos em caso de buraco acima da média.

Resumindo: cairam na real e vão gerindo os 7000 milhões anuais de serviço da dívida pública que não deixam margem para quase nada.

Esta já está. Falta a outra: as PPP. Como é sabido - e eu concordo - as PPP de Sócrates arruinaram-nos (têm parte nos 7000 mil milhões). Mas há outro bolo que a AD, ou melhor, o Garfield, queria pôr à venda: as PPP na educação e na saúde. Bem sei que nestas houve umas que correram bem e ainda assim acabaram com elas. Mas podem ser uma mina para negócios manhosos; quer dizer, para que os 7000 subam para 10.000.

Anónimo disse...

https://twitter.com/UmaPaginaSocial/status/1779197026732826793

ccastanho disse...

A falta de credibilidade, é o emblema da direita. Se fosse só a credibilidade do Montenegro a estar em causa...mas não, olhem para esta pérola do Passos Coelho:

-"“A Troika a partir de certa altura percebeu que havia um problema com o CDS. E passou a exigir cartas assinados por Paulo Portas. Eu julgo que ele [Portas] não sabe isto: para impedir uma humilhação do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, eu obriguei o ministro das Finanças [Vítor Gaspar] a assinar comigo e com ele a carta para as instituições. Assinámos os três. A Troika exigia uma carta só dele. Porque não confiava nele”, garante.

Uma das chatices de um gajo estar velho, é recordar muitas "filhas-da-putice" desta direita ao longo de décadas sentada no pote do Estado.