O dia foi daqueles muito atípicos. Um exame médico que me manteve no hospital durante mais de seis horas, parte das quais em jejum. E refiro isto do jejum só por referir pois, na verdade, foi o menor dos males. E não foi apenas a complexidade do exame e os tempos de espera entre cada fase como, sobretudo, o efeito de um fármaco cujo objectivo era mesmo o de avaliar como o corpo reagia a algo que o deixava nos limites.
- Durante breves minutos senti-me deveras mal. Enquanto isso, o meu corpo estava a ser monitorizado e um médico avaliava a evolução da minha condição. Durante aqueles breves instantes pensei que algo de mau se estava a passar e que não ia aguentar. O médico disse que estava quase a passar. E, de facto, pouco depois estava bem.
Interroguei-me depois em coincidência com o que me tinha interrogado antes e com o que a minha mãe se interrogou enquanto falávamos disto: será que faz sentido? será que é mesmo necessário? não será que, às tantas, uma pessoa não morre da doença para morrer da cura?
Mas não morri. Estou aqui. Só que estou um pouco off. Não sei se é por não ter bebido café, se por ter estado até ao meio da tarde praticamente em jejum, se é pela violência daquela parte do exame -- mas estou sem grande energia.
Não dá muito para perceber: a malta desatou toda a andar de carro, esquecendo a possibilidade dos transportes públicos? E isto é a consequência do fim de grande parte do teletrabalho? Acho que algumas campainhas deveriam tocar face ao que está a acontecer.
A cidade já está toda engalanada. O Natal já chegou à cidade. Mas entre telefonemas e fome e sono nem prestei grande atenção.
Para mais, estava preocupada. A nossa pequena fera tinha ficado sozinha, cá fora, durante mais de sete horas. A caminha, alguns brinquedos e a tigela da água e a da ração também cá fora. Quando, de manhã, estava a sair, partiu-se-me o coração ver como estava sentado, ar preocupado, virado para dentro de casa. Não devia perceber a que se devia tão injusto abandono.
Quando chegámos, ficou eufórico, doido de alegria, não conseguia parar, louco, louco de entusiasmo por ver que tínhamos regressado.
Ainda nem há dois meses está connosco e já há este forte e mútuo vínculo emocional.
E adormeceu mais cedo. Se calhar não dormiu durante o dia ou, então, o stress por se ver sozinho durante tantas horas foi grande demais.
Só depois fui tomar banho e fazer o jantar. Ainda pensámos ir comprar a refeição a algum lado mas ambos concordámos que a prioridade era vir directamente para casa para não deixarmos o pequeno urso mais tempo sozinho.
E, por absurdo que possa parecer (e é), depois de jantar, estive a trabalhar. Portanto, o dia foi mais do que longo e mais do que puxado e eu, com vossa licença, vou exercer o meu direito a ir mais cedo para a cama.
NB: Não digo qual foi o exame para não criar receios em quem, um dia, também tenha que o fazer. O médico explicou-me que a reacção àquela parte complicada do exame é muito variável. Portanto, não vale a pena eu criar receios que, para algumas pessoas, serão infundados. E, para a maior parte das pessoas, nem haverá qualquer necessidade de o fazer. Portanto, adiante que para a frente é que é caminho.
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Pinturas de M. F. Husain ao som de Plot Twist por Toby Johnson
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Desejo-vos um dia feliz
Tudo de bom.
1 comentário:
Adiante,para a frente é que é o caminho !
Gosto do seu espírito, da sua coragem ! Dar o exemplo que, avançando,as montanhas se baixam e o horizonte (nosso) se alarga !
Fique bem,um abraço amigo.
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