segunda-feira, setembro 14, 2020

Ó Senhora Professora, acha que vai vencer a guerra se andar com o nariz de fora da máscara...?


Ao ver na televisão um dos noticiários da noite, a reportagem mostrava o regresso à escola. Numa sala de aula, a professora, toda empolgada, exortava à máxima atenção e cuidado, dizia que vamos vencer esta guerra, que nada de beijinhos e abraços e que, sempre, sempre, sempre de máscara. E, ao dizê-lo, tinha o nariz fora da máscara. Os miúdos ouviam-na e viam-na atentamente. Creio que ela nem deu por isso. Ou, sabe-se lá, na volta, para falar com mais veemência, sente necessidade de receber ar mais fresco e alivia um bocado a coisa.

Tenho para mim que muita gente ainda não percebeu que o maior risco em termos de se ser contagiado é inalar directamente gotículas com o coronavírus. 
Inalar -- inspirar ar pelas vias respiratórias, boca ou nariz 
Portanto, quando é consciente, o que leva as pessoas a baixar deliberadamente a máscara ou, pelo menos, deixá-la descair? Não saberão o perigo que é, especialmente quando estão em espaços fechados? Ou, mesmo em espaços abertos, quando estão a menos de metro e tal de distância de outras pessoas?

No outro dia a minha mãe dizia-me que é normal, na televisão, nos programas da manhã ou da tarde, estarem todos próximos uns dos outros, sem máscara. 

Aliás, ainda ontem o referi depois de ver, em horário nobre, o escandaloso mau exemplo que jornalistas responsáveis como José Alberto Carvalho ou Pedro Mourinho estavam a dar ao país. Da madama patroa nem vale a pena falar -- a única coisa que lhe interessa é o culto da sua própria imagem e o dinheiro que ela lhe pode render. 

Talvez seja, pois, oportuno a DGS voltar a fazer campanhas públicas para reavivar os cuidados a ter, ensinando o correcto uso de máscaras, das luvas (quando é caso disso), do desinfectante para uso cutâneo, do desinfectante de superfícies ou quais os cuidados a ter ao entrar em casa ou ao trazer compras para dentro de casa (lavar as que são laváveis?, deixá-las um ou dois dias em repouso, em especial se forem plásticos ou metais? umas horas se se tratar de tecido ou de papel?).

Agora que as escolas voltaram a ter aulas presenciais, perdendo-se o controlo a quem contacta com quem seria bom que toda a gente tivesse bem claro quais as principais formas de contágio e a forma mais eficaz de as prevenir. Os números de Setembro deixam antever o que está à espreita. Por isso, todos os cuidados são poucos.

Quantas vezes já eu vi pessoas que ao reconhecerem-se na rua, para se cumprimentarem, baixam a máscara e ficam a conversar animadamente a cerca de meio metro de distância? A minha mãe, no outro dia, com alguma naturalidade pegou no telemóvel de outra pessoa para falar com uma terceira pessoa que estava do outro lado da linha. Quando, estupefacta, lhe perguntei se se tinha esquecido da regra básica de evitar partilhar objectos que andam próximo da cara (como é o caso dos telemóveis), caíu nela e disse que tinha sido um gesto espontâneo, que nem se tinha lembrado da covid.

Portanto, é altura de mais e mais campanhas, campanhas simples, sugestivas, que incorporem a experiência e os conhecimentos dos últimos meses.

1 comentário:

Lúcio Ferro disse...

Olá UJM.
Tudo isso ok e tal. Mas não nos podemos esquecer que a grande maioria das pessoas está farta destas restrições e destes cuidados permanentes. Não nos podemos esquecer também de que não podemos viver em modo bolha, mesmo aqueles de nós que têm dinheiro suficiente para não trabalhar ou que ainda estão em teletrabalho. Por fim, até quando é que o medo vai continuar a ditar os nossos comportamentos? Olhe, dou-lhe alguns exemplos. Em julho tive aqui um dos meus melhores amigos, que não via desde março. Acha que não o abracei? Claro que o abracei, claro que conversámos imenso sem máscars. Em agosto, esteve cá outro grande amigo e queria ir a restaurantes e fomos e quando nos despedimos lá se deu aquele grande abraço. Sei que estes dois amigos não têm tido grandes precauções, por exemplo não higienizam nem comidas nem sapatos. E depois, não são dos meus melhores amigos? Vou deixar de estar com eles, por causa do merdinhas?. Último exemplo, muitas vezes, no meu empreendimento, tenho de ajudar as pessoas que cá trabalham: acartar móveis, etc, etc. Eles não usam máscara, vou obrigá-los? Mais uma vez, precauções sim, paranóia não. Viver, só por si, UJM, já é um grande risco.
Abraço solidário.