sexta-feira, janeiro 10, 2020

O que diz a Li -- e o que eu acrescento





Não fazia ideia de quem era Lidewij Edelkoort, conhecida por Li Edelkoort, até ler o artigo What does fashion’s top trend-spotter think we’ll be wearing in the 2020s?

Gostei de ler e gostei de saber que há uma pessoa que é reconhecida por intuir tendências, pessoa essa a que, até agora, o tempo tem dado sempre razão.

E gostei de saber o que a intuição lhe diz sobre o que aí vem, no curto prazo. Agradam-me as suas previsões. 

Aliás, estou a começar o meu ano nesse comprimento de onda: deitei fora sacos de tralha, coloquei para doar sacos de roupa e estou a reciclar blusas que não vestia desde que as galinhas tinham dentes. 

Também já disse à minha filha que, quando pensar que precisa de alguma roupa, antes de ir a uma loja, venha cá escolher (separei roupa boa em que, não sei como, já coube e que agora, intuo, lhe ficará melhor ainda a ela que a mim, na altura). E vou dizer o mesmo à minha nora.

Sempre fui contra o desperdício. Nesta volta que dei aos roupeiros descobri vestidos que eram da minha cunhada e de que ela se desfez no tempo em que os peixes tinham penas. Agora dei-os mas dei-os apenas porque não me servem e porque não faz o género da minha filha. Mas, à última hora, repesquei um conjunto com um look étnico que representa um tempo que já era e que está de novo a ser e que, quem sabe, ela queira para usar no verão, nas férias, nos fins-de-semana desta vida.

As lojas rebentam de saldos e eu fecho os olhos, passo ao largo. Em contrapartida, agrada-me cada vez mais a ideia da vida simples, do convívio em família, dos passeios em contacto com a natureza, de, cada vez mais, conhecer de perto o meu lindo país.

E agrada-me, de forma cada vez mais deleitada, coisa quase a tender para o místico (salvo seja), a ideia de me deixar encantar com a luz, com o rendilhado de sombra nos muros, com o perfume das flores e das árvores, agrada-me o cheiro da maresia e olhar a força das ondas do mar.

No dia de Natal vesti-me de branco, calças brancas e túnica branca de flores. O meu marido perguntou se eu estava numa de Iemanjá. Não tinha pensado nisso mas agradou-me a ideia. No dia de Ano Novo vesti outra vez umas calças brancas e uma blusinha em azul muito, muito clarinho. E, tendo retomado o trabalho, tem-me custado voltar aos tons mais executivos, nomeadamente às calças pretas. Associado a isso está a franqueza mais absoluta. Falo e digo o que penso. Construtivamente mas sem filtros, directa, sem pactuar com o que acho que está mal. 
Passei ao largo dos comentários ao que o ministro Augusto Santos Silva disse sobre a falta de qualidade dos empresários porque me apanhou numa época em que tinha mais que fazer mas, caraças, não é mais do que óbvio que não são os trabalhadores que contribuem para a falta de produtividade da economia?
Bem. Livrarias, convívio, locais arrumados, roupas românticas e simples. E menos viagens de avião e passeios mais locais. E sempre a simplicidade. E boa onda. A boa onda é fundamental.

E comportamentos menos politicamente correctos. E inesperados desconcertos e gargalhadas e boa música e boa arte. E dança. E caminhadas à beira mar ou no meio das árvores. E ironia.
Gosto tanto de ironia. Tenho é que treinar pois, por escrito, é uma gaita. A gente a escrever e a rir por dentro e, aí desse lado, como só lêem e não adivinham os sorrisos interiores, não percebem e é natural que não percebam. E é uma chatice. Levam-me a sério e não há coisa mais chata do que uma pessoa ser levada a sério.
E misturar alhos com bugalhos desde que não reajam quimicamente entre si no sentido pestilento do termo, e provocações que fazem soltar pássaros e risos. E, sem querer (que é como quem diz), pisar os calos às virgens cagonas e, também sem querer, tirar o tapete aos pipi-cagões desta vida, convencidos que têm o rei na barriga.

E abrir os braços e rir e abrir os braços e respirar fundo. E rir. 

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As flores, tão lindas, tão lindas, por acaso não são flores: são bolos. E quem os faz, tão lindos, é Jane Taylor. Não sei se quem os come não fica a chorar, não por mais mas por arrependimento por ter destruído uma obra de arte. E vem tudo ao som de Haley Reinhart a interpretar Shook.
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E queiram conhecer os privilégios do putativo latifundiário Habitualmente que é um maluco daqueles que, cá para mim, não quer cá saber de coisas nem se assusta com comparações (até porque, diga-se em abono da verdade, ainda não é claro se o tamanho importa ou se não importa) e, inteligentemente, preocupa-se é por os mamilos da amada não se eriçarem.

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Tirando isso, uma happy friday para vós-outros, beijinhos e abraços e o que eu estimo é o que eu desejo.

2 comentários:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Perante isto só posso dizer: Viva la vida!

Um dia cheio de brilho.

Um Jeito Manso disse...

Olá Francisco,

Que comentário tão bom, com tanta luz e simpatia nas palavras. Obrigada.

um abraço, Francisco. E um sábado luminoso para si.