Não há palavras que possam descrever a harmonia suave, as cores puras, a perfeição inocente que por aqui se pode contemplar. Quem, como eu, vive entre prédios modernos, edifícios energeticamente eficientes onde as janelas não se podem abrir, perdendo tempo parada no trânsito, junto de pessoas que falam uma linguagem onde não constam palavras como beleza, encantamento, magia, chega a estes lugares e fica em êxtase. Mas não é por acaso que os procuro: procuro-os porque, de vez em quando, o meu corpo e a minha mente têm necessidade de uma pausa, de uma descida à terra verdadeira, de uma subida aos montes onde o oxigénio é absoluto.
Quem sugeriu que para aqui viéssemos foi o meu marido. Eu estava sem saber bem qual o refúgio onde me apetecia abrigar-me. Mas, logo que ele falou, apesar de já cá termos estado outras vezes, de imediato me agradou. Este é um lugar quase mágico. Tinha eu quinze anos quando cá vim pela primeira vez. Cá fui pedida em namoro, pela primeira vez a sério, ele com o braço passado pelos meus ombros, eu com o coração num alvoroço.
Depois disso, vim outras vezes, com os meus filhos, com amigos, só nós. Tal como agora: só nós.
E, como sempre, fotografo, fotografo. Como se quisesse guardar o que a a memória acaba por esbater ou transformar. E agora também para vos mostrar os montes reflectidos nas águas dos rios, as casas, que, ao longe, parecem casinhas pintadas num desenho, reflectidas nas águas, os rios transformados em espelhos onde se debruçam as coisas da terra.
Espero que consigam sentir, através destas minhas imagens, o que os meus olhos vêem quando, enlevados, contemplam estas paisagens.
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