Depois da uma da manhã, chegada a casa, já mais para lá do que para cá, não é altura para me pôr com grandes efusões ou com reportagens fotográficas feitas com telemóvel.
Passei umas duas ou três fotografias para o computador e não se pode dizer que estejam famosas. Não me apeteceu levar a máquina fotográfica porque, se é para curtir o momento, não é para estar, ao mesmo tempo, a registá-lo. Mas tive pena pois não resisti e os meios eram completamente desadequados.
Tirando isso: os jardins do Palácio Marquês de Pombal são muitos bonitos e todo aquele espaço merece ser visitado.
Chegámos antes das nove e ainda não tinha anoitecido. A frequência do concerto era praticamente toda na base -- como hei-de dizer? -- do casual-chic, do urban-soft-jazz, do cool-executive, alternative-teacher, ou seja, tudo na boa e com um certo bom ar. Aliás, já quando estávamos a escolher restaurante no centro da cidade, víamos nitidamente quem é que, a seguir, ia curtir o som e o ambiente Melody Gardot.
Mas pode ser impressão minha, pode ser que também por lá houvesse muitos intelectuais-depressivos, jet-set da blogosfera, nerds jururus ou directores de informação de canais televisivos (por acaso, vi lá um desta última espécie mas também encaixa bem nos que acima referi, de malta na boa).
O espaço dedicado ao cool-jazz-fest está apelativo, bem arranjado, e a zona dos comes, bebes e relaxes está bem conseguida. De resto, todo aquele espaço, mesmo sem arranjos especiais, convida ao estar-se por ali, na boa.
Ainda comi um gelado Santini de chocolate e maracujá que durou enquanto dei um passeio pelos outsides do Palácio. E só então depois nos dirigimos à zona do concerto.
As iluminações traziam magia às árvores -- e isto, dito assim, pode soar-vos a gongorismo bacoco. Talvez o seja. Mas a verdade é que as árvores ora azuis ora roxas ora verdes ou encarnadas pareciam árvores encantadas.
As iluminações traziam magia às árvores -- e isto, dito assim, pode soar-vos a gongorismo bacoco. Talvez o seja. Mas a verdade é que as árvores ora azuis ora roxas ora verdes ou encarnadas pareciam árvores encantadas.
O concerto começou com Pierre Aderne, cada vez mais soft, a voz de veludo, o jeitinho sedutor de quem sabe ter uma voz macia como seda.
Não podendo aqui colocar vídeos do próprio concerto, permitam-me que escolha outros, ao acaso.
Não podendo aqui colocar vídeos do próprio concerto, permitam-me que escolha outros, ao acaso.
A sua voz cola-se ao estilo Melody Gardot como um abraço doce, uma carícia longa que ela aceita e que, mal acaba, logo pede mais. Ele fez a primeira parte e acabou com uma canção que dizia que 'ela está quase a chegar'.
E chegou -- depois de um intervalo talvez longo demais (longo demais dada a hora que já era e o dia de semana, que é dia de trabalho para alguns. Mas, enfim, coisa de somenos).
E chegou -- depois de um intervalo talvez longo demais (longo demais dada a hora que já era e o dia de semana, que é dia de trabalho para alguns. Mas, enfim, coisa de somenos).
O concerto foi, de facto, sobretudo uma potente afirmação da extraordinária arte performativa de Melody Gardot que passa do registo intimista para o rock possante e daí para o jazz feito por e para loucos para logo, sedutora, no meio de beijos, voltar a prender a assistência com o sussurro da sua voz envolvente.
Com uma banda fantástica, um grupo de rapazes felizes que imprimiram electricidade e alegria à actuação, Melody Gardot esteve como peixe na água: falando em português, deixando-se embalar pelos carinho e reconhecimento da assistência.
Encostei a cabeça no ombro do meu companheiro, ou, melhor, encostei-me toda a ele (a noite estava fresca e eu apenas tinha levado um casaquinho mais fino do que um tule, pelo que, volta e meia me dava o frio), deixei-me estar a olhar a lua que fugia das árvores para se juntar às nuvens. No final, já estava toda a gente de pé a dançar e, aí, fiz o gostinho ao pé e ao corpo: deixei que o som forte da banda de Melody e da sua própria voz tomasse o comando de mim.
E não conto mais nada porque já estou a dormir e esta quinta-feira é outro dia jeitoso. Deixo-vos, antes, com a diva Melody.
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Presumo que as gralhas sejam mais que muitas mas, acreditem, isto já não sou eu a escrever, são os meus dedos descuidados. Assim que possa, reverei o texto para o deixar mais clean. Agora já não consigo fazer mais nada.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma quinta-feira muito feliz, com boas notícias, com alegria.
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